Objetos de Aprendizagem para o Ensino de Trigonometria

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Objetos de Aprendizagem para o Ensino de Trigonometria
no Programa M@tmídias
Fábio Henrique Patriarca1
GD7 – Formação de Professores que Ensinam Matemática
Resumo do Trabalho: Este artigo refere-se a um projeto de pesquisa de mestrado, cujo objetivo é analisar
os objetos de aprendizagem utilizados em um curso de Formação Continuada de Professores de
matemática, relativos ao conteúdo de Trigonometria, especialmente quanto ao potencial de construção de
conhecimento profissional docente e integração de tecnologia à prática pedagógica. A metodologia da
pesquisa é do tipo qualitativa, por análise documental, e será desenvolvida em três etapas: coleta de dados
históricos do Programa, seleção e organização dos dados estocados no ambiente virtual e por fim
tratamento dos dados. O aporte teórico se constrói a partir das ideias de Shulman sobre o conhecimento
profissional docente e do conceito de conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo, discutido por
Mishra e Koehler. Para este artigo foram selecionados para apresentação resultados preliminares relativos
à fase de análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias da Secretária de Educação do
Estado de São Paulo.
Palavras-chave: Programa M@timídias. Objetos de Aprendizagem. Formação Continuada. Ensino de
Matemática.
Introdução
A vivência na Educação e na docência levou-me a perceber que muitas eram as
dificuldades para romper com velhos paradigmas e desenvolver propostas didáticas
diferentes das tradicionais e que pudessem contribuir de uma forma mais efetiva para a
construção de conhecimentos em Matemática. O que vivenciei nas escolas era sempre a
mesma coisa, tanto em relação à organização do espaço físico e da sala de aula, quanto em
relação aos conteúdos a serem desenvolvidos e ás práticas pedagógicas dos professores,
tudo da mesma forma que aprendi, da época em que estudei, embora os tempos fossem
outros, os alunos outros e as necessidades sociais e tecnológicas também outras.
Sou Professor de Matemática atuante da Rede Estadual Publica Paulista há 15 anos, na
Educação Básica, como Professor titular de cargo. A situação da docência em
Matemática neste segmento de ensino me angustiava e causava indignação, isso levoume a buscar, em cursos de formação continuada, respostas para as minhas inquietações,
visando melhoria da minha atuação em sala de aula, procurando atender as
especificidades dos meus alunos. O interesse era desenvolver uma sistemática de
1
Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN – [email protected] Orientadora: Prof.ª Dra.
Nielce Meneguelo Lobo da Costa - [email protected]
atividades significativas e de formas de ensinar que permitissem colocar meus alunos
em atividade, conduzindo os próprios processos de aprendizagem.
Diante disso, e para atender às minhas necessidades de formação continuada e de meus
alunos, de cruzar culturas dentro da escola, de dar abertura para que os alunos fossem
protagonistas de seu aprendizado, comecei, em 2001, a frequentar cursos oferecidos
pelo Núcleo Regional de Tecnologia Educacional - NRTE da Diretoria de Ensino a qual
a escola onde atuava está vinculada. Tais cursos eram voltados ao uso de recursos
tecnológicos no ensino de matemática e vinham ao encontro do que eu buscava para
transformar a minha postura e prática docente, uma vez que a tecnologia começava a
entrar na sala de aula e a minha formação inicial não fora suficiente para que eu me
sentisse preparado para aplicar atividades com recursos tecnológicos com meus alunos.
Esclareço que sou oriundo de uma formação tecnicista2.
Os cursos no NRTE eram ministrados com softwares educacionais, entre eles o cabri
géomètre, jogos e funções, fracionando, supermáticas3, entre outros e neles muito
aprendi. Durante esses cursos e para continuar a acompanhar as mudanças, ingressei no
curso de Licenciatura Plena em Pedagogia4 para poder vivenciar novas experiências e
adquirir novos conhecimentos pedagógicos e metodológicos na Educação, o que trouxe
outras possibilidades para a minha atuação profissional.
No ano de 2003 apresentei um projeto para a função de Coordenador Pedagógico do
período Noturno da escola e, nessa função, passei a ser responsável por duas salas de
oitava série e mais quatorze salas de Ensino Médio atendendo a todos os componentes
curriculares. Como Coordenador Pedagógico5 do período Noturno e professor de
Matemática durante o período diurno, procurei discutir questões educacionais relevantes
abordadas em formação continuadas das quais participei, em minhas Horas de Trabalho
Pedagógico Coletivo, HTPC6, nas quais trabalhava em grupo de professores por área de
conhecimento. Exerci essa função administrativo-pedagógica até final do ano letivo de
2
Sistemática de ensino, que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo
professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser
totalmente programada em detalhes.
3
Software que a escola recebia de acordo com a formação dos Professores.
4
Complementação pedagógica na Faculdade Integrada de Amparo (FIA)
5
Função administrativa – pedagógica, em designação, pelo Diretor da Escola, atendendo a escolha feita
pelo Conselho de Escola.
6
Horas de Trabalho com o Professor Coordenador de acordo com o número de aulas atribuídas de cada
Professor, sendo máximo de 3 HTPC por semana por Professor.
2004. Desempenhar essa função e enfrentar os desafios intrínsecos a ela despertou meu
interesse pela formação de professores.
Findo o período de Coordenação Pedagógica, nos anos de 2005, 2006 estive diretamente
atuando em sala de aula como Professor de Matemática do Ensino Fundamental ciclo II.
A experiência na Coordenação Pedagógica me apurou o olhar, não mais ensinava com a
preocupação de terminar o livro didático e sim pensando na aprendizagem das crianças, e
em como recuperar aqueles que ficavam um pouco aquém da turma.
Fui convidado pela Diretora da Escola, no ano de 2007, para ser Vice Diretor e, nessa
nova atribuição profissional enfrentei novos desafios inerentes à gestão de uma escola.
Além disso, tive contato mais intensivo com a Diretoria de Ensino, ao participar de
reuniões e demais atividades. Isso oportunizou nova ampliação da visão que tinha sobre
a Educação no Estado de São Paulo.
Um novo desafio se fez presente em minha vida ao assumir a função de Professor
Coordenador da Oficina Pedagógica – PCOP7de tecnologia, em agosto de 2007 e, em
2008, ao ocupar a função de PCOP dessa vez, de Matemática na Diretoria de Ensino da
Região de Jundiaí.
O contato com os professores de Matemática passou a ser bem frequente e, vivendo
bem de perto a realidade de cada escola, senti necessidade de me aperfeiçoar para que as
minhas Orientações Técnicas na Diretoria de Ensino, fossem ao encontro das
necessidades dos professores da Região de Jundiaí.
No ano de 2010 participei do Curso de Pós-graduação no Ensino de Matemática do
Programa Redefor8 –, oferecido por meio de parceria entre a UNICAMP e o Governo
do Estado de São Paulo, sempre buscando o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas
para fortalecer o ensino da Matemática naquela Diretoria de Ensino e sempre
acompanhando a crescente presença da tecnologia em sala de aula.
Com essa trajetória, em diversas esferas da Educação, a formação continuada de professores
sempre esteve presente, e nela uma das minhas metas foi a de formar o professor de acordo
com as suas necessidades, trazendo como ferramenta a tecnologia para dentro da sala de
aula, em consonância com o Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
7
Professor Coordenador da Oficina Pedagógica – PCOP, função em designação pela Dirigente Regional
de Ensino, após apresentação de projeto de trabalho e entrevista com Supervisores de Ensino.
8
Programa de Formação Docente. Cursos oferecidos em parceria com as Universidades Públicas do
Estado de São Paulo.
No ano de 2013, fui convidado a desempenhar a função de formador na Escola de
Formação de Professores “Paulo Renato Costa Souza” – EFAP, coordenadoria
pertencente à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, responsável pela
Formação Continuada dos Professores e Gestores das Escolas Públicas Estaduais. Na
EFAP, tive contato com vários cursos na área de Matemática como, por exemplo, o de
Educação Fiscal, Educação Matemática nos Anos Iniciais – EMAI, Melhor Gestão
Melhor Ensino – Formação de Formadores e o Programa M@tmídias – Objetos de
Aprendizagem multimídia para o ensino de Matemática.
Esse caminho trilhado me trouxe compreensão de que somos eternos aprendizes e
devemos acompanhar as mudanças que ocorrem não só em relação à Educação, mas
também de forma global, o que reflete tanto na vida social, como na vida acadêmica ou
funcional dos indivíduos. Isso me remete às “Dez Novas Competências para Ensinar”,
de Phillippe Perrenoud (2000), texto em que ele afirma que o educador é responsável
por administrar sua própria formação continuada, na busca constante de construir novos
conhecimentos e acompanhar as tendências educacionais. Nas palavras do autor:
I.
Saber explicitar as próprias pratica.
II.
Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa
pessoal de formação continuada.
III.
Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe,
escola, rede).
IV.
Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do
sistema educativo.
V.
Acolher a formação dos colegas e participar dela.
(PERRENOUD, 2000, p.158)
Todos esses fatores me motivaram a cursar o Mestrado em Educação Matemática
ofertado pela Universidade Anhanguera de São Paulo, iniciado no primeiro semestre de
2014. Nele a intenção é, na linha de pesquisa de Formação de Professores que Ensinam
Matemática investigar a formação continuada de Professores de Matemática
empreendida no Programa M@tmídias – Objetos de Aprendizagem multimídias para o
ensino de Matemática.
A pesquisa de mestrado foi delimitada à investigação de duas edições do Curso de
Formação Continuada de Professores de Matemática do Programa, denominados:
M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem multimídia para o ensino de Matemática, da
2ª série do Ensino Médio. Nos dois cursos a pesquisa se ateve ao conteúdo de
trigonometria do Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
Objetivo Geral
Na pesquisa o objetivo geral é o de: Analisar os objetos de aprendizagem utilizados em
um curso de Formação Continuada de Professores de matemática, relativos ao conteúdo
de Trigonometria, quanto ao potencial de construção de conhecimento profissional
docente e integração de tecnologia à prática docente.
Utilizo o termo “objeto de aprendizagem”, segundo a definição dada pelo Portal RIVED
do Ministério da Educação9 que o define como sendo “qualquer recurso que possa ser
reutilizado para dar suporte ao aprendizado”. Sua principal ideia é 'quebrar' o conteúdo
educacional disciplinar em pequenos trechos que podem ser reutilizados em vários
ambientes de aprendizagem.
Justificativa
Desenvolver metodologias inovadoras com uso de recursos tecnológicos tem desafiado
muitos educadores que ministram aulas no Ensino Fundamental e Ensino Médio no
Estado de São Paulo. Atualmente as tecnologias de informação e comunicação estão
presentes em todos os lugares, inclusive em nossas salas de aula, sendo parte do
cotidiano dos nossos alunos, às vezes prematuramente. Este cenário exige
transformações em relação ao modo de ensinar e aprender, o que leva a mudanças na
metodologia de ensino do professor.
Perrenoud (2000) chama a atenção às essas mudanças quando menciona:
A escola não pode ignorar o que passa no mundo. Ora, as novas tecnologias
da informação e comunicação (TIC) transformam espetacularmente não só as
nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de
pensar (p.125).
As ideias de Perrenoud expostas no excerto acima corroboram o que acredito. É
necessário transformar as nossas aulas, fazer com que o aluno sinta-se participante da
construção de seu conhecimento.
A formação de um professor de Matemática se dá por meio do curso de graduação que,
por sua vez, tenta preparar o futuro docente para adentrar os caminhos da iniciação
cientifica e da pesquisa, bem como, lhe fornecer um embasamento teórico e prático
referente à sua formação e para a sua postura profissional. Contudo, os feitos do curso
de matemática para professores do ensino fundamental e médio nem sempre garantem o
sucesso de seus alunos.
9
www.rived.mec.gov.br
Segundo Menezes (2011), “... mesmo considerando a formação inicial que todos os
professores já possuem em suas respectivas disciplinas de atuação, é importante garantir
conhecimento suplementar para que possam realizar seu trabalho nas circunstâncias da
rede estadual de ensino e em consonância com os propósitos dela” (p.107).
A partir deste dilema, Ball, Thames e Phelps (2008) destacam que o mais importante é
saber e ser capaz de ensinar a matemática dentro do trabalho de ensinar. Destacam ainda
que os cursos do programa de formação de professores, na disciplina de matemática,
tendem a ser acadêmico e distante da realidade da sala de aula. Por esse motivo, os
professores acabam por não adquirir o conhecimento necessário para ajudar os
estudantes a aprender os conteúdos matemáticos, o que requer uma base de
conhecimentos matemáticos para o ensino.
Diante disso surgiu meu interesse pessoal em investigar e pesquisar a formação
continuada dos professores de matemática. O contexto de pesquisa escolhido foi o
Programa M@timídias criados pela Escola de Formação de Professores do Estado de
São Paulo, (EFAP). Esse Programa tem a finalidade de oferecer formação continuada
aos docentes da disciplina de Matemática, para a utilização, em sala de aula, de recursos
tecnológicos – objetos de aprendizagem: vídeo, áudios, softwares, experimentos, aliados
com as Situações de Aprendizagens que constitui os Cadernos do Professor e Aluno do
Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
Ao participar desse Programa por meio dos cursos como tutor e gestor, surgiu o
interesse em desenvolver uma pesquisa para entender como a formação continuada nele
desenvolvida pode contribuir para a pratica docente do professor de matemática.
A partir das discussões e reflexões propostas nos fóruns e também depois de assistir as
videoaulas, cujo foco era o de verificar a possibilidade de um possível “diálogo” entre
os Objetos de Aprendizagem e as Situações de Aprendizagem tratadas nos Cadernos do
Professor, procurei compreender como os professores se apropriaram de tais objetos, a
fim de integrá-los as Situações de Aprendizagem, e se os mesmos apresentam um
conhecimento especializado do conteúdo ou se pelo menos o desenvolveram. Ao
discutir sobre determinados objetos de aprendizagem e sua possível integração com
determinadas Situações de Aprendizagem, em sala de aula, os professores acabam por
apresentar diferentes métodos/procedimentos. As escolhas exigem conhecimento e
habilidade matemática que, por sua vez, são importantes para o ato de ensinar e
conseguir relacionar com a situação de aprendizagem a qual está trabalhando o
Professor.
Os objetos de aprendizagem utilizados nesse curso, como exemplos, são do repositório
M3, da Universidade Estadual de Campinas, mas o Programa M@tmídias, deixa o
Professor a vontade para que ele escolha de onde for melhor o uso dos objetos de
aprendizagem.
Considerando esses pressupostos, minha pesquisa tem como intenção colaborar com o
rompimento de um ensino que sentimos fragmentado e descontextualizado e contribuir
para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que contemplem o ensino da
Matemática de forma a levar os alunos a refletirem sua prática e sua construção
potencializando novos saberes para utilização na vida social.
Buscando pesquisas relacionadas ao uso de tecnologias em sala de aula e à formação
continuada de Professores, encontrei a pesquisa de Dias (2010) desenvolvida em um
contexto de implantação de inovações curriculares no Ensino Médio juntamente com a
formação continuada e interação online entre Professores Coordenadores de Matemática
da Rede Estadual Paulista, a escolha dessa pesquisa foi motivada pela interação online
nela analisada, uma vez que a questão da interação online também será abordada nesta
pesquisa por meio das discussões de fóruns. Os referenciais teóricos utilizados pela
pesquisadora relativos ao conhecimento profissional, na perspectiva de Shulman,
servirão de suporte também nesta pesquisa.
Outra pesquisa que analisamos foi a de Nifoci (2013), a qual apresenta uma análise dos
conhecimentos revelados por professores de Matemática em um curso de formação
continuada ao utilizarem objetos de aprendizagem disponíveis no repositório M3 como
recursos tecnológicos. Identifiquei relação com minha pesquisa, uma vez que Nifoci
(ibid) relacionou objetos de aprendizagem com a tecnologia e o currículo oficial do
Estado de São Paulo. Entretanto a pesquisadora, diferentemente da proposta desta
pesquisa, criou um grupo de estudos de professores para análise dos objetos de
aprendizagem. O aporte teórico da referida pesquisa veio das ideias de Shulman sobre o
conhecimento profissional, de Mishra e Koehler sobre o conhecimento pedagógico
tecnológico do conteúdo revelado pelos professores participantes ao longo dos
encontros.
A revisão de literatura está em andamento, para subsidiar a pesquisa.
Metodologia da Pesquisa
A pesquisa é do tipo qualitativo, por análise documental. Segundo GIL (2008), na
Pesquisa Documental se utilizam materiais que ainda não receberam tratamento
analítico ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.
Além de analisar os documentos de “primeira mão” existem também aqueles que já
foram processados, mas podem receber outras interpretações.
Procedimentos metodológicos
Etapa 1: Coleta dos dados históricos do Programa M@timídias.
Etapa 2: Seleção e Organização dos materiais estocados no AVA– EFAP do Programa,
relativos a duas edições do Curso de Formação Continuada de Professores de
Matemática, M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem multimídia para o ensino de
Matemática, relativos ao conteúdo de trigonometria do Currículo Oficial do Estado de
São Paulo, da 2ª série do Ensino Médio.
Etapa 3: Tratamento e análise dos dados.
A análise dos dados históricos do Programa será interpretativa, pelo método de análise
de conteúdo. Quanto aos registros estocados nos Fóruns de discussão das turmas e as
atividades postadas que envolvem os objetos de aprendizagem referentes à
trigonometria, a análise será por categorização e análise de conteúdo. Serão analisadas
também as Atividades de Vivencia postadas no ambiente virtual.
Para este artigo foi selecionado a apresentação de resultados preliminares relativos à
análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias.
O Contexto da Pesquisa
No Estado de São Paulo, nas últimas décadas, tem havido várias mudanças curriculares
na Educação Básica, que reorientam o ensino de Matemática, objetivando mais
qualidade e eficiência na Educação.
Em 2008 foi implantado um novo Currículo Oficial no Estado de São Paulo, tal
processo de implantação partiu de uma história e de experiências de práticas
acumuladas, ou seja, nos dizeres da (SEESP, 2008, p. 8) “da sistematização, revisão e
recuperação de documentos, publicações e diagnósticos já existentes e do levantamento
e análise dos resultados de projetos ou iniciativas realizados”.
Para a implementação desse Currículo Oficial, em 2008, O Programa Mais Qualidade
da Escola10, lançado pelo Governo do Estado de São Paulo, dentre outras ações, criou
no mesmo ano a Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores – “Paulo
Renato Costa Souza” – EFAP, com a missão de oferecer formação continuada aos
servidores da Educação a fim de atualizar, aperfeiçoar e propiciar formação compatível
com a política educacional da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo - SEESP.
Entre os diversos projetos desenvolvidos pela EFAP, está o Programa M@tmídias –
Objetos de aprendizagem com multimídias, neste texto referido como Programa
M@tmídias.
Análise do Programa M@tmídias
A análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias indicou que ele foi
concebido e implementado pelo Departamento de Programas e Educação Inicial e
Continuada da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de
São Paulo “Paulo Renato Costa Souza” - EFAP, a partir de 2010. O Programa
M@tmídias é composto por três cursos, destinados a professores que lecionam no
Ensino Médio, com o intuito de prepará-los para utilizar na sala de aula recursos
tecnológicos, de tal modo que eles possam oportunizar aos seus alunos a construção de
conhecimentos matemáticos. Outra intenção do Programa M@tmídias foi o de dar
suporte ao professor para o uso em sala de aula de materiais de implementação do
Currículo Oficial do Estado de São Paulo articulando-os com outros recursos e
possibilidades disponibilizadas por diversas tecnologias.
O primeiro curso do Programa foi o M@tmídas 3 – Objetos de aprendizagem com
multimídias – ofertado preferencialmente aos professores de 3º ano do Ensino Médio,
para atingir os alunos concluintes deste nível de ensino, proporcionando vivência e o
uso do Currículo Oficial do Estado de São Paulo juntamente com os objetos de
aprendizagem.
Em 2013 foi lançado o segundo curso, denominado M@tmídias 2 – Objetos de
aprendizagem com multimídias – ofertado aos professores de 2º ano do Ensino Médio e
no ano de 2014, há a previsão de oferta do terceiro e último curso que integra esse
10
Programa de Qualidade da Escola - PQE Resolução 74/2008 - visa garantir o direito fundamental de todos
os alunos das escolas estaduais paulistas poderem aprender com qualidade e a necessidade de disponibilizar
à unidade escolar diferentes indicadores de natureza quantitativa e qualitativa que forneçam diagnósticos
acerca da qualidade do ensino oferecido e possibilitem a definição de metas.
Programa, o M@tmídias 1 – Objetos de aprendizagem com multimídias destinado
preferencialmente aos professores de 1º ano do Ensino Médio.
Cada curso do Programa M@tmídias é composto por 5 módulos, oferecido totalmente a
distância, pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA – EFAP)11, com duração de
60h cada um dos cursos. Na figura 1 está exposta a tela de entrada de um dos cursos.
Figura 1: Tela de entrada do ambiente virtual de aprendizagem dos cursos
Fonte: http://efp.cursos.educacao.sp.gov.br/ Acesso em 19/09/2014
Observe que o acesso é via login e senha e a tela expõe a entrada do M@timídias 2 – 2ª
Edição – 2014.
Nos módulos, 1, 2, 3 e 4 a proposta é que os cursistas passem por atividades discursivas,
atividades objetivas e fóruns de discussão, tanto sobre o conteúdo do módulo quanto do
conteúdo tratado no Sistema de Avaliação e Rendimento do Estado de São Paulo SARESP. Além disso, em cada um dos quatro primeiros módulos, os cursistas
vivenciam três objetos de aprendizagem por módulo, todos do repositório M312. O
módulo 5 de cada curso é o módulo de vivência, aonde os professores deverão aplicar
com seus alunos um dos objetos de aprendizagem discutidos no Cursos, escolhido por
eles, documentar a aplicação e produzir um relatório a ser postado no AVA – EFAP. O
relatório de vivência deve conter todos os procedimentos adotados pelo professor na
execução da atividade e relatar o que ocorreu em sala de aula.
11
12
Site da Escola de Formação www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Default.aspx?tabid=2931
Disponível em <m3.ime.unicamp.br>. Acesso em 19/09/2014
Os conteúdos abordados nos Cursos estão em consonância com o Currículo Oficial do
Estado de São Paulo, de acordo com o quadro abaixo:
Quadro 1: Conteúdos abordados em cada um dos Cursos do Programa M@tmídias
M@tmídias 1
M@tmídias 2
Trigonometria
M@tmídias 3
Módulo 1
Números e Sequências
Módulo 2
Funções
Módulo 3
Funções Exponenciais
e Logarítmica
Análise Combinatória e
Probabilidade
Funções
Módulo 4
Geometria Plana
Geometria Métrica Espacial
Estatística
Módulo 5
Atividade de Vivência
Atividade de Vivência
Atividade de Vivência
Matrizes, Determinantes e
Sistemas Lineares
Geometria Analítica
Equações Algébricas e
Números Complexos
Fonte: Acervo próprio
O foco principal do Programa é a prática do professor de Matemática e seu papel na
construção de conhecimentos matemáticos dos alunos do Ensino Médio. A proposta é
incentivar o uso de tecnologias da informação e comunicação nas aulas de Matemática
como meio auxiliar nos processos de ensino e de aprendizagem, além de possibilitar a
discussão e reflexão sobre a prática, em ambiente virtual de aprendizagem – AVA –
EFAP. Assim sendo, os documentos históricos do projeto evidenciam que, com o
Programa é intenção da SEESP impulsionar o uso pedagógico de objetos de
aprendizagem nas escolas da rede pública, de modo que eles possam colaborar, de
maneira dinâmica e atraente, para o ensino e a aprendizagem de matemática,
complementando assim as atividades propostas nas Situações de Aprendizagem do
Caderno do Professor do Currículo do Estado de São Paulo.
Conclusões
O levantamento e análise dos dados históricos estocados no ambiente virtual de
aprendizagem AVA – EFAP do Programa M@timídias, levou à decisão conjunta entre
mim e a orientadora, por delimitar a pesquisa e analisar o conteúdo de trigonometria que
está integrado ao curso M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem para o Ensino de
Matemática módulo 1. Até o momento foram coletados todos os dados relativos à
primeira e segunda edição e identificados o número de participantes, número de turmas,
conteúdo desenvolvido e objetos de aprendizagem utilizados. Uma leitura preliminar
das discussões que aconteceram nos fóruns pedagógicos e também uma verificação do
conteúdo do curso nos evidenciou a pertinência em investigar os objetos de
aprendizagem utilizados em um curso de Formação Continuada de Professores de
matemática, relativos ao conteúdo de Trigonometria, quanto ao potencial de construção
de conhecimento profissional docente e integração de tecnologia à prática docente,
especialmente por este ser um conteúdo em que houve muita solicitação de professores
quanto a novas práticas em sala de aula para tornar as aulas mais dinâmicas, uma vez
que os alunos hoje apresentam um perfil tecnológico ativo, ou seja, necessitam de
aplicações mais práticas e relacionadas ao mundo, para que possam construir seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas
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noções de Geometria com o uso de Tecnologias. 199 f. Dissertação de Mestrado
Profissional e, Educação Matemática, Pontifícia Universidade Católica – PUC, São
Paulo, 2008.
BALL, D.L.; THAMES, M.H.; PHELPS, G. Content knowledge for teaching: what makes
it special? Journal of Teacher Education, Washington, US, v.59, n.5, p.389-407, 2008.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008.
MENEZES, L. C. Considerações e recomendações sobre a EFAP e seus cursos. In:
Fernando José de Almeida & Vera Lucia Cabral Costa (org.). Quantidade é qualidade
(PP.104-117). São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011.
PERRENOUD, P. Dez novas Competências para ensinar. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2000.
SÃO PAULO, (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do Professor: Matemática.
Ensino Médio – Vol 1, 2, 3 e 4. Séries 1ª, 2ª, 3ª. São Paulo: SEE,2008.
SCHÖN, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA A.
(Ed.). Os professores e a sua formação (pp.77 a 91). Lisboa: D. Quixote, 1992.
SHULMAN, L. Those Who Understand: Knowledge Growth in Teaching,
Educational Researcher, v. 15, n. 2, p. 4-14, 1986.
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