Objetos de Aprendizagem para o Ensino de Trigonometria no Programa M@tmídias Fábio Henrique Patriarca1 GD7 – Formação de Professores que Ensinam Matemática Resumo do Trabalho: Este artigo refere-se a um projeto de pesquisa de mestrado, cujo objetivo é analisar os objetos de aprendizagem utilizados em um curso de Formação Continuada de Professores de matemática, relativos ao conteúdo de Trigonometria, especialmente quanto ao potencial de construção de conhecimento profissional docente e integração de tecnologia à prática pedagógica. A metodologia da pesquisa é do tipo qualitativa, por análise documental, e será desenvolvida em três etapas: coleta de dados históricos do Programa, seleção e organização dos dados estocados no ambiente virtual e por fim tratamento dos dados. O aporte teórico se constrói a partir das ideias de Shulman sobre o conhecimento profissional docente e do conceito de conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo, discutido por Mishra e Koehler. Para este artigo foram selecionados para apresentação resultados preliminares relativos à fase de análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias da Secretária de Educação do Estado de São Paulo. Palavras-chave: Programa M@timídias. Objetos de Aprendizagem. Formação Continuada. Ensino de Matemática. Introdução A vivência na Educação e na docência levou-me a perceber que muitas eram as dificuldades para romper com velhos paradigmas e desenvolver propostas didáticas diferentes das tradicionais e que pudessem contribuir de uma forma mais efetiva para a construção de conhecimentos em Matemática. O que vivenciei nas escolas era sempre a mesma coisa, tanto em relação à organização do espaço físico e da sala de aula, quanto em relação aos conteúdos a serem desenvolvidos e ás práticas pedagógicas dos professores, tudo da mesma forma que aprendi, da época em que estudei, embora os tempos fossem outros, os alunos outros e as necessidades sociais e tecnológicas também outras. Sou Professor de Matemática atuante da Rede Estadual Publica Paulista há 15 anos, na Educação Básica, como Professor titular de cargo. A situação da docência em Matemática neste segmento de ensino me angustiava e causava indignação, isso levoume a buscar, em cursos de formação continuada, respostas para as minhas inquietações, visando melhoria da minha atuação em sala de aula, procurando atender as especificidades dos meus alunos. O interesse era desenvolver uma sistemática de 1 Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN – [email protected] Orientadora: Prof.ª Dra. Nielce Meneguelo Lobo da Costa - [email protected] atividades significativas e de formas de ensinar que permitissem colocar meus alunos em atividade, conduzindo os próprios processos de aprendizagem. Diante disso, e para atender às minhas necessidades de formação continuada e de meus alunos, de cruzar culturas dentro da escola, de dar abertura para que os alunos fossem protagonistas de seu aprendizado, comecei, em 2001, a frequentar cursos oferecidos pelo Núcleo Regional de Tecnologia Educacional - NRTE da Diretoria de Ensino a qual a escola onde atuava está vinculada. Tais cursos eram voltados ao uso de recursos tecnológicos no ensino de matemática e vinham ao encontro do que eu buscava para transformar a minha postura e prática docente, uma vez que a tecnologia começava a entrar na sala de aula e a minha formação inicial não fora suficiente para que eu me sentisse preparado para aplicar atividades com recursos tecnológicos com meus alunos. Esclareço que sou oriundo de uma formação tecnicista2. Os cursos no NRTE eram ministrados com softwares educacionais, entre eles o cabri géomètre, jogos e funções, fracionando, supermáticas3, entre outros e neles muito aprendi. Durante esses cursos e para continuar a acompanhar as mudanças, ingressei no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia4 para poder vivenciar novas experiências e adquirir novos conhecimentos pedagógicos e metodológicos na Educação, o que trouxe outras possibilidades para a minha atuação profissional. No ano de 2003 apresentei um projeto para a função de Coordenador Pedagógico do período Noturno da escola e, nessa função, passei a ser responsável por duas salas de oitava série e mais quatorze salas de Ensino Médio atendendo a todos os componentes curriculares. Como Coordenador Pedagógico5 do período Noturno e professor de Matemática durante o período diurno, procurei discutir questões educacionais relevantes abordadas em formação continuadas das quais participei, em minhas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo, HTPC6, nas quais trabalhava em grupo de professores por área de conhecimento. Exerci essa função administrativo-pedagógica até final do ano letivo de 2 Sistemática de ensino, que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes. 3 Software que a escola recebia de acordo com a formação dos Professores. 4 Complementação pedagógica na Faculdade Integrada de Amparo (FIA) 5 Função administrativa – pedagógica, em designação, pelo Diretor da Escola, atendendo a escolha feita pelo Conselho de Escola. 6 Horas de Trabalho com o Professor Coordenador de acordo com o número de aulas atribuídas de cada Professor, sendo máximo de 3 HTPC por semana por Professor. 2004. Desempenhar essa função e enfrentar os desafios intrínsecos a ela despertou meu interesse pela formação de professores. Findo o período de Coordenação Pedagógica, nos anos de 2005, 2006 estive diretamente atuando em sala de aula como Professor de Matemática do Ensino Fundamental ciclo II. A experiência na Coordenação Pedagógica me apurou o olhar, não mais ensinava com a preocupação de terminar o livro didático e sim pensando na aprendizagem das crianças, e em como recuperar aqueles que ficavam um pouco aquém da turma. Fui convidado pela Diretora da Escola, no ano de 2007, para ser Vice Diretor e, nessa nova atribuição profissional enfrentei novos desafios inerentes à gestão de uma escola. Além disso, tive contato mais intensivo com a Diretoria de Ensino, ao participar de reuniões e demais atividades. Isso oportunizou nova ampliação da visão que tinha sobre a Educação no Estado de São Paulo. Um novo desafio se fez presente em minha vida ao assumir a função de Professor Coordenador da Oficina Pedagógica – PCOP7de tecnologia, em agosto de 2007 e, em 2008, ao ocupar a função de PCOP dessa vez, de Matemática na Diretoria de Ensino da Região de Jundiaí. O contato com os professores de Matemática passou a ser bem frequente e, vivendo bem de perto a realidade de cada escola, senti necessidade de me aperfeiçoar para que as minhas Orientações Técnicas na Diretoria de Ensino, fossem ao encontro das necessidades dos professores da Região de Jundiaí. No ano de 2010 participei do Curso de Pós-graduação no Ensino de Matemática do Programa Redefor8 –, oferecido por meio de parceria entre a UNICAMP e o Governo do Estado de São Paulo, sempre buscando o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas para fortalecer o ensino da Matemática naquela Diretoria de Ensino e sempre acompanhando a crescente presença da tecnologia em sala de aula. Com essa trajetória, em diversas esferas da Educação, a formação continuada de professores sempre esteve presente, e nela uma das minhas metas foi a de formar o professor de acordo com as suas necessidades, trazendo como ferramenta a tecnologia para dentro da sala de aula, em consonância com o Currículo Oficial do Estado de São Paulo. 7 Professor Coordenador da Oficina Pedagógica – PCOP, função em designação pela Dirigente Regional de Ensino, após apresentação de projeto de trabalho e entrevista com Supervisores de Ensino. 8 Programa de Formação Docente. Cursos oferecidos em parceria com as Universidades Públicas do Estado de São Paulo. No ano de 2013, fui convidado a desempenhar a função de formador na Escola de Formação de Professores “Paulo Renato Costa Souza” – EFAP, coordenadoria pertencente à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, responsável pela Formação Continuada dos Professores e Gestores das Escolas Públicas Estaduais. Na EFAP, tive contato com vários cursos na área de Matemática como, por exemplo, o de Educação Fiscal, Educação Matemática nos Anos Iniciais – EMAI, Melhor Gestão Melhor Ensino – Formação de Formadores e o Programa M@tmídias – Objetos de Aprendizagem multimídia para o ensino de Matemática. Esse caminho trilhado me trouxe compreensão de que somos eternos aprendizes e devemos acompanhar as mudanças que ocorrem não só em relação à Educação, mas também de forma global, o que reflete tanto na vida social, como na vida acadêmica ou funcional dos indivíduos. Isso me remete às “Dez Novas Competências para Ensinar”, de Phillippe Perrenoud (2000), texto em que ele afirma que o educador é responsável por administrar sua própria formação continuada, na busca constante de construir novos conhecimentos e acompanhar as tendências educacionais. Nas palavras do autor: I. Saber explicitar as próprias pratica. II. Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação continuada. III. Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede). IV. Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo. V. Acolher a formação dos colegas e participar dela. (PERRENOUD, 2000, p.158) Todos esses fatores me motivaram a cursar o Mestrado em Educação Matemática ofertado pela Universidade Anhanguera de São Paulo, iniciado no primeiro semestre de 2014. Nele a intenção é, na linha de pesquisa de Formação de Professores que Ensinam Matemática investigar a formação continuada de Professores de Matemática empreendida no Programa M@tmídias – Objetos de Aprendizagem multimídias para o ensino de Matemática. A pesquisa de mestrado foi delimitada à investigação de duas edições do Curso de Formação Continuada de Professores de Matemática do Programa, denominados: M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem multimídia para o ensino de Matemática, da 2ª série do Ensino Médio. Nos dois cursos a pesquisa se ateve ao conteúdo de trigonometria do Currículo Oficial do Estado de São Paulo. Objetivo Geral Na pesquisa o objetivo geral é o de: Analisar os objetos de aprendizagem utilizados em um curso de Formação Continuada de Professores de matemática, relativos ao conteúdo de Trigonometria, quanto ao potencial de construção de conhecimento profissional docente e integração de tecnologia à prática docente. Utilizo o termo “objeto de aprendizagem”, segundo a definição dada pelo Portal RIVED do Ministério da Educação9 que o define como sendo “qualquer recurso que possa ser reutilizado para dar suporte ao aprendizado”. Sua principal ideia é 'quebrar' o conteúdo educacional disciplinar em pequenos trechos que podem ser reutilizados em vários ambientes de aprendizagem. Justificativa Desenvolver metodologias inovadoras com uso de recursos tecnológicos tem desafiado muitos educadores que ministram aulas no Ensino Fundamental e Ensino Médio no Estado de São Paulo. Atualmente as tecnologias de informação e comunicação estão presentes em todos os lugares, inclusive em nossas salas de aula, sendo parte do cotidiano dos nossos alunos, às vezes prematuramente. Este cenário exige transformações em relação ao modo de ensinar e aprender, o que leva a mudanças na metodologia de ensino do professor. Perrenoud (2000) chama a atenção às essas mudanças quando menciona: A escola não pode ignorar o que passa no mundo. Ora, as novas tecnologias da informação e comunicação (TIC) transformam espetacularmente não só as nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar (p.125). As ideias de Perrenoud expostas no excerto acima corroboram o que acredito. É necessário transformar as nossas aulas, fazer com que o aluno sinta-se participante da construção de seu conhecimento. A formação de um professor de Matemática se dá por meio do curso de graduação que, por sua vez, tenta preparar o futuro docente para adentrar os caminhos da iniciação cientifica e da pesquisa, bem como, lhe fornecer um embasamento teórico e prático referente à sua formação e para a sua postura profissional. Contudo, os feitos do curso de matemática para professores do ensino fundamental e médio nem sempre garantem o sucesso de seus alunos. 9 www.rived.mec.gov.br Segundo Menezes (2011), “... mesmo considerando a formação inicial que todos os professores já possuem em suas respectivas disciplinas de atuação, é importante garantir conhecimento suplementar para que possam realizar seu trabalho nas circunstâncias da rede estadual de ensino e em consonância com os propósitos dela” (p.107). A partir deste dilema, Ball, Thames e Phelps (2008) destacam que o mais importante é saber e ser capaz de ensinar a matemática dentro do trabalho de ensinar. Destacam ainda que os cursos do programa de formação de professores, na disciplina de matemática, tendem a ser acadêmico e distante da realidade da sala de aula. Por esse motivo, os professores acabam por não adquirir o conhecimento necessário para ajudar os estudantes a aprender os conteúdos matemáticos, o que requer uma base de conhecimentos matemáticos para o ensino. Diante disso surgiu meu interesse pessoal em investigar e pesquisar a formação continuada dos professores de matemática. O contexto de pesquisa escolhido foi o Programa M@timídias criados pela Escola de Formação de Professores do Estado de São Paulo, (EFAP). Esse Programa tem a finalidade de oferecer formação continuada aos docentes da disciplina de Matemática, para a utilização, em sala de aula, de recursos tecnológicos – objetos de aprendizagem: vídeo, áudios, softwares, experimentos, aliados com as Situações de Aprendizagens que constitui os Cadernos do Professor e Aluno do Currículo Oficial do Estado de São Paulo. Ao participar desse Programa por meio dos cursos como tutor e gestor, surgiu o interesse em desenvolver uma pesquisa para entender como a formação continuada nele desenvolvida pode contribuir para a pratica docente do professor de matemática. A partir das discussões e reflexões propostas nos fóruns e também depois de assistir as videoaulas, cujo foco era o de verificar a possibilidade de um possível “diálogo” entre os Objetos de Aprendizagem e as Situações de Aprendizagem tratadas nos Cadernos do Professor, procurei compreender como os professores se apropriaram de tais objetos, a fim de integrá-los as Situações de Aprendizagem, e se os mesmos apresentam um conhecimento especializado do conteúdo ou se pelo menos o desenvolveram. Ao discutir sobre determinados objetos de aprendizagem e sua possível integração com determinadas Situações de Aprendizagem, em sala de aula, os professores acabam por apresentar diferentes métodos/procedimentos. As escolhas exigem conhecimento e habilidade matemática que, por sua vez, são importantes para o ato de ensinar e conseguir relacionar com a situação de aprendizagem a qual está trabalhando o Professor. Os objetos de aprendizagem utilizados nesse curso, como exemplos, são do repositório M3, da Universidade Estadual de Campinas, mas o Programa M@tmídias, deixa o Professor a vontade para que ele escolha de onde for melhor o uso dos objetos de aprendizagem. Considerando esses pressupostos, minha pesquisa tem como intenção colaborar com o rompimento de um ensino que sentimos fragmentado e descontextualizado e contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que contemplem o ensino da Matemática de forma a levar os alunos a refletirem sua prática e sua construção potencializando novos saberes para utilização na vida social. Buscando pesquisas relacionadas ao uso de tecnologias em sala de aula e à formação continuada de Professores, encontrei a pesquisa de Dias (2010) desenvolvida em um contexto de implantação de inovações curriculares no Ensino Médio juntamente com a formação continuada e interação online entre Professores Coordenadores de Matemática da Rede Estadual Paulista, a escolha dessa pesquisa foi motivada pela interação online nela analisada, uma vez que a questão da interação online também será abordada nesta pesquisa por meio das discussões de fóruns. Os referenciais teóricos utilizados pela pesquisadora relativos ao conhecimento profissional, na perspectiva de Shulman, servirão de suporte também nesta pesquisa. Outra pesquisa que analisamos foi a de Nifoci (2013), a qual apresenta uma análise dos conhecimentos revelados por professores de Matemática em um curso de formação continuada ao utilizarem objetos de aprendizagem disponíveis no repositório M3 como recursos tecnológicos. Identifiquei relação com minha pesquisa, uma vez que Nifoci (ibid) relacionou objetos de aprendizagem com a tecnologia e o currículo oficial do Estado de São Paulo. Entretanto a pesquisadora, diferentemente da proposta desta pesquisa, criou um grupo de estudos de professores para análise dos objetos de aprendizagem. O aporte teórico da referida pesquisa veio das ideias de Shulman sobre o conhecimento profissional, de Mishra e Koehler sobre o conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo revelado pelos professores participantes ao longo dos encontros. A revisão de literatura está em andamento, para subsidiar a pesquisa. Metodologia da Pesquisa A pesquisa é do tipo qualitativo, por análise documental. Segundo GIL (2008), na Pesquisa Documental se utilizam materiais que ainda não receberam tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações. Procedimentos metodológicos Etapa 1: Coleta dos dados históricos do Programa M@timídias. Etapa 2: Seleção e Organização dos materiais estocados no AVA– EFAP do Programa, relativos a duas edições do Curso de Formação Continuada de Professores de Matemática, M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem multimídia para o ensino de Matemática, relativos ao conteúdo de trigonometria do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, da 2ª série do Ensino Médio. Etapa 3: Tratamento e análise dos dados. A análise dos dados históricos do Programa será interpretativa, pelo método de análise de conteúdo. Quanto aos registros estocados nos Fóruns de discussão das turmas e as atividades postadas que envolvem os objetos de aprendizagem referentes à trigonometria, a análise será por categorização e análise de conteúdo. Serão analisadas também as Atividades de Vivencia postadas no ambiente virtual. Para este artigo foi selecionado a apresentação de resultados preliminares relativos à análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias. O Contexto da Pesquisa No Estado de São Paulo, nas últimas décadas, tem havido várias mudanças curriculares na Educação Básica, que reorientam o ensino de Matemática, objetivando mais qualidade e eficiência na Educação. Em 2008 foi implantado um novo Currículo Oficial no Estado de São Paulo, tal processo de implantação partiu de uma história e de experiências de práticas acumuladas, ou seja, nos dizeres da (SEESP, 2008, p. 8) “da sistematização, revisão e recuperação de documentos, publicações e diagnósticos já existentes e do levantamento e análise dos resultados de projetos ou iniciativas realizados”. Para a implementação desse Currículo Oficial, em 2008, O Programa Mais Qualidade da Escola10, lançado pelo Governo do Estado de São Paulo, dentre outras ações, criou no mesmo ano a Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores – “Paulo Renato Costa Souza” – EFAP, com a missão de oferecer formação continuada aos servidores da Educação a fim de atualizar, aperfeiçoar e propiciar formação compatível com a política educacional da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo - SEESP. Entre os diversos projetos desenvolvidos pela EFAP, está o Programa M@tmídias – Objetos de aprendizagem com multimídias, neste texto referido como Programa M@tmídias. Análise do Programa M@tmídias A análise dos documentos históricos do Programa M@tmídias indicou que ele foi concebido e implementado pelo Departamento de Programas e Educação Inicial e Continuada da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo “Paulo Renato Costa Souza” - EFAP, a partir de 2010. O Programa M@tmídias é composto por três cursos, destinados a professores que lecionam no Ensino Médio, com o intuito de prepará-los para utilizar na sala de aula recursos tecnológicos, de tal modo que eles possam oportunizar aos seus alunos a construção de conhecimentos matemáticos. Outra intenção do Programa M@tmídias foi o de dar suporte ao professor para o uso em sala de aula de materiais de implementação do Currículo Oficial do Estado de São Paulo articulando-os com outros recursos e possibilidades disponibilizadas por diversas tecnologias. O primeiro curso do Programa foi o M@tmídas 3 – Objetos de aprendizagem com multimídias – ofertado preferencialmente aos professores de 3º ano do Ensino Médio, para atingir os alunos concluintes deste nível de ensino, proporcionando vivência e o uso do Currículo Oficial do Estado de São Paulo juntamente com os objetos de aprendizagem. Em 2013 foi lançado o segundo curso, denominado M@tmídias 2 – Objetos de aprendizagem com multimídias – ofertado aos professores de 2º ano do Ensino Médio e no ano de 2014, há a previsão de oferta do terceiro e último curso que integra esse 10 Programa de Qualidade da Escola - PQE Resolução 74/2008 - visa garantir o direito fundamental de todos os alunos das escolas estaduais paulistas poderem aprender com qualidade e a necessidade de disponibilizar à unidade escolar diferentes indicadores de natureza quantitativa e qualitativa que forneçam diagnósticos acerca da qualidade do ensino oferecido e possibilitem a definição de metas. Programa, o M@tmídias 1 – Objetos de aprendizagem com multimídias destinado preferencialmente aos professores de 1º ano do Ensino Médio. Cada curso do Programa M@tmídias é composto por 5 módulos, oferecido totalmente a distância, pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA – EFAP)11, com duração de 60h cada um dos cursos. Na figura 1 está exposta a tela de entrada de um dos cursos. Figura 1: Tela de entrada do ambiente virtual de aprendizagem dos cursos Fonte: http://efp.cursos.educacao.sp.gov.br/ Acesso em 19/09/2014 Observe que o acesso é via login e senha e a tela expõe a entrada do M@timídias 2 – 2ª Edição – 2014. Nos módulos, 1, 2, 3 e 4 a proposta é que os cursistas passem por atividades discursivas, atividades objetivas e fóruns de discussão, tanto sobre o conteúdo do módulo quanto do conteúdo tratado no Sistema de Avaliação e Rendimento do Estado de São Paulo SARESP. Além disso, em cada um dos quatro primeiros módulos, os cursistas vivenciam três objetos de aprendizagem por módulo, todos do repositório M312. O módulo 5 de cada curso é o módulo de vivência, aonde os professores deverão aplicar com seus alunos um dos objetos de aprendizagem discutidos no Cursos, escolhido por eles, documentar a aplicação e produzir um relatório a ser postado no AVA – EFAP. O relatório de vivência deve conter todos os procedimentos adotados pelo professor na execução da atividade e relatar o que ocorreu em sala de aula. 11 12 Site da Escola de Formação www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Default.aspx?tabid=2931 Disponível em <m3.ime.unicamp.br>. Acesso em 19/09/2014 Os conteúdos abordados nos Cursos estão em consonância com o Currículo Oficial do Estado de São Paulo, de acordo com o quadro abaixo: Quadro 1: Conteúdos abordados em cada um dos Cursos do Programa M@tmídias M@tmídias 1 M@tmídias 2 Trigonometria M@tmídias 3 Módulo 1 Números e Sequências Módulo 2 Funções Módulo 3 Funções Exponenciais e Logarítmica Análise Combinatória e Probabilidade Funções Módulo 4 Geometria Plana Geometria Métrica Espacial Estatística Módulo 5 Atividade de Vivência Atividade de Vivência Atividade de Vivência Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares Geometria Analítica Equações Algébricas e Números Complexos Fonte: Acervo próprio O foco principal do Programa é a prática do professor de Matemática e seu papel na construção de conhecimentos matemáticos dos alunos do Ensino Médio. A proposta é incentivar o uso de tecnologias da informação e comunicação nas aulas de Matemática como meio auxiliar nos processos de ensino e de aprendizagem, além de possibilitar a discussão e reflexão sobre a prática, em ambiente virtual de aprendizagem – AVA – EFAP. Assim sendo, os documentos históricos do projeto evidenciam que, com o Programa é intenção da SEESP impulsionar o uso pedagógico de objetos de aprendizagem nas escolas da rede pública, de modo que eles possam colaborar, de maneira dinâmica e atraente, para o ensino e a aprendizagem de matemática, complementando assim as atividades propostas nas Situações de Aprendizagem do Caderno do Professor do Currículo do Estado de São Paulo. Conclusões O levantamento e análise dos dados históricos estocados no ambiente virtual de aprendizagem AVA – EFAP do Programa M@timídias, levou à decisão conjunta entre mim e a orientadora, por delimitar a pesquisa e analisar o conteúdo de trigonometria que está integrado ao curso M@tmídias 2 – Objetos de Aprendizagem para o Ensino de Matemática módulo 1. Até o momento foram coletados todos os dados relativos à primeira e segunda edição e identificados o número de participantes, número de turmas, conteúdo desenvolvido e objetos de aprendizagem utilizados. Uma leitura preliminar das discussões que aconteceram nos fóruns pedagógicos e também uma verificação do conteúdo do curso nos evidenciou a pertinência em investigar os objetos de aprendizagem utilizados em um curso de Formação Continuada de Professores de matemática, relativos ao conteúdo de Trigonometria, quanto ao potencial de construção de conhecimento profissional docente e integração de tecnologia à prática docente, especialmente por este ser um conteúdo em que houve muita solicitação de professores quanto a novas práticas em sala de aula para tornar as aulas mais dinâmicas, uma vez que os alunos hoje apresentam um perfil tecnológico ativo, ou seja, necessitam de aplicações mais práticas e relacionadas ao mundo, para que possam construir seu conhecimento. Referências Bibliográficas BAGÉ, I. B. Proposta para a prática do professor do Ensino Fundamental I de noções de Geometria com o uso de Tecnologias. 199 f. 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