APRENDIZAGEM, INTERESSE E SENTIDO: A PROGRESSÃO CONTINUADA E O PERIGO DOS AUTOMATISMOS. EIXO: POLÍTICAS DE SUBJETIVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS. FERRAZ, Thien Spinelli. Mestre em Filosofia. ASSER / UNESP, [email protected]. Progressão continuada; Política educacional; Aprendizagem. Concebendo a Educação e a Política enquanto processos socioculturais compostos ao menos de duas dimensões complementares (a formal e a informal) no presente trabalho buscamos investigar em que medida as políticas educacionais – especialmente aquelas articuladas à educação formal – colaboram para a construção das subjetividades contemporâneas e daquilo que os sujeitos produzem enquanto suas identidades, isto é, suas afirmações de pertencimento a interesses, hábitos, valores, grupos, etc. Em meio às diversas políticas educacionais existentes – como as políticas de cotas, o ensino profissionalizante, os financiamentos universitários, entre outras – procuraremos nos deter na avaliação dos impactos socioculturais de uma política em especial: o regime da progressão continuada aplicado nas escolas de ensino fundamental. Ao refletirmos sobre essa política pública vemos que um de seus aspectos “positivos” deveria ser a realização de um acompanhamento da aprendizagem escolar de modo gradual e não estanque, com vistas à formação de um sujeito crítico, ou seja, capaz de refletir sobre o significado das relações sociais que o envolvem. No entanto, tendo em vista as péssimas condições de estruturação socioeconômica dessa política (salários, tempo, qualificação, etc.), nada disso ocorre, pois os diretores e toda a equipe pedagógica se veem pressionados por exigências quantitativas no que se refere à aprovação escolar. Com efeito, a qualidade dessa política fica dilacerada pelas exigências burocráticas decorrentes da pressão exercida pelo poder público por melhorias nos “índices quantitativos”. Além disso, vemos que um dos impactos “negativos” dessa política para a formação de novas subjetividades é que o estudante se vê diante de uma espécie de “lógica de automatismos” na qual ele reconhece que sua participação, esforço e/ou entendimento das aulas é dispensável, uma vez que sua evolução nos ciclos escolares é uma espécie de obrigatoriedade, uma “aprovação automática” imposta pela burocracia escolar. Se o envolvimento do aprendiz é desnecessário para sua aprovação, exigir que ele veja sentido e se dedique às práticas escolares é algo extremamente frágil perante a oferta de outros caminhos de aprendizagem que sua subjetividade reconhece fora do ambiente escolar. Neste sentido, compreendendo que a dimensão política desponta em toda relação na qual existam forças e interesses, por fim procuraremos avaliar em que sentido esta política formal para a educação pode atuar como uma política informal de estruturação dos processos de subjetivação contemporâneos.