- - TERAPEUTICA DA DISLIPIDEMIA NO IDOSO TEXTO_Quitéri a Rato Quitéria Agostinho Mateus Rato Introdução Importância da dislipidemia no idoso Especialista de Cardiologia pela Ordem dos Médicos. Assistente Hospitalar de Cardiologia do Hospital de S. Bernardo, Setúbal. Competência em Gestão de Serviços e Cuidados de Saúde pela Ordem dos Médicos É responsável pela Consulta Externa do Serviço de Cardiologia, pelas relações com os Cuidados de Saúde Primários, pela Área de Lípidos e Aterosclerose e pelo Laboratório de Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial. É membro das seguintes Sociedades: Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Sociedade Médica dos Hospitais da Zona Sul. Foi bolseira da Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde. Resumo do artigo A população portuguesa está a envelhecer; por um lado a esperança média de vida aumentou, por outro a taxa de natalidade baixou. É sabido que a doença coronária é muito prevalente nos idosos, o que se relaciona com o facto de neste grupo etário estarem presentes muitos dos factores de risco para doença coronária, nomeadamente: dislipidemia, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus/intolerância à glicose e sedentarismo. Os indivíduos acima de 65 anos têm uma elevada prevalência de hiperlipidemia, com níveis de colesterol total superiores a 240 mg/dL em aproximadamente 25% dos homens e 42% das mulheres. A terapêutica da dislipidemia no idoso já provou não só ser segura, como também benéfica. Como nos outros grupos etários, o primeiro passo na orientação terapêutica é determinar o risco individual e a primeira medida a mudança do estilo de vida. A decisão para instituir terapêutica farmacológica no idoso, bem como os níveis lipídicos a atingir, deve seguir as orientações científicas gerais. Mas no idoso é particularmente difícil distinguir entre prevenção primária e secundária, dada a alta prevalência de doença aterosclerótica subclínica. As estatinas são o fármaco de primeira linha para baixar o colesterol das LDL nos idosos, o que se encontra baseado nos dados de diversos estudos clínicos. 28 A população portuguesa está a envelhecer; por um lado a esperança média de vida aumentou, por outro a taxa de natalidade baixou. Com os avanços da medicina e as novas tecnologias a esperança média de vida provavelmente continuará a aumentar, aumentando ainda mais a proporção de idosos. As despesas médias com a saúde são superiores nos idosos. Em geral, metade das despesas de uma pessoa com a saúde ocorrem após os 65 anos.1 Mas os idosos são frequentemente subtratados devido a alguns mitos e considerações à volta do custo-benefício de determinadas terapêuticas. Por outro lado, é sabido que a doença coronária é muito prevalente neste grupo etário, levando a uma significativa mortalidade e morbilidade. Aproximadamente 80% de todas as mortes devidas a doença cardiovascular ocorrem após os 65 anos de idade.1 A elevada prevalência de doença coronária nos idosos está relacionada com o facto de neste grupo etário estarem presentes muitos dos factores de risco bem estabelecidos para doença coronária, nomeadamente: dislipidemia, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus/intolerância à glicose e sedentarismo. No entanto, e até recentemente, pouca atenção tem sido posta na medicina preventiva no idoso, provavelmente por se pensar erradamente que a prevenção já seria muito tardia para ser efectiva. De facto, a evidência de estudos científicos, randomizados e controlados, demonstra que a prevenção cardiovascular não só é efectiva no idoso, mas até leva a uma maior redução de eventos que nos indivíduos mais jovens.2 29 “NOS IDOSOS SEM DOENÇA CORONÁRIA CLINICAMENTE MANIFESTA É IMPORTANTE CONSIDERAR A PRESENÇA DE DOENÇA ATEROSCLERÓTICA SUBCLÍNICA, SOBRETUDO QUANDO O RISCO ABSOLUTO É ELEVADO E O BENEFÍCIO DO TRATAMENTO É MAIOR.” Os indivíduos acima de 65 anos têm uma elevada prevalência de hiperlipidemia, com níveis de colesterol total superiores a 240 mg/dL em aproximadamente 25% dos homens e 42% das mulheres.3 Devido ao facto de a doença coronária ser frequentes nos idosos, o risco relativo entre cohorts com níveis elevados e baixos de colesterol diminui com a idade.4 Assim, o excesso no risco absoluto (risco atribuível) é uma medida mais correcta nos idosos,1 mas que nem sempre tem sido usada, o que dificulta a interpretação dos diferentes estudos neste grupo etário. O risco absoluto estima a probabilidade de um indivíduo vir a desenvolver doença coronária num determinado período de tempo. O risco atribuível define a diferença no risco absoluto entre grupos com níveis elevados e baixos de colesterol. Com recurso a um modelo matemático verificou-se que na população do estudo de Framingham, e para cada factor de risco, o risco de doença coronária aumenta continuamente com a idade.5 O Honolulu Heart Study sublinhou a utilidade da determinação do risco atribuível nos idosos e confirmou que o colesterol elevado tem um maior impacto no desenvolvimento da doença coronária em homens idosos do que nos de meia-idade, fortalecendo a ideia de se efectuar o rastreio e intervenção em idosos com hipercolesterolemia.6 A prevalência de aterosclerose subclínica em indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos foi avaliada no Cardiovascular Health Study e foi superior a 30%, aumentando ainda mais com a idade.7 Assim, nos idosos sem doença coronária clinicamente manifesta é importante considerar a presença de doença aterosclerótica subclínica, sobretudo quando o risco absoluto é elevado e o benefício do tratamento é maior.1 Terapêutica da dislipidemia no idoso A terapêutica da hipertensão arterial é consensualmente aceite como muito efectiva no idoso, mas a terapêutica hipolipemiante, apesar de menos consensual, já provou não só ser segura, como também benéfica neste grupo etário.1,2,8 É de salientar que as diferentes orientações científicas para o tratamento da dislipidemia não definem um limite etário para a prescrição de terapêutica hipolipemiante em doentes com doença coronária ou risco aumentado para doença coronária. Como nos outros grupos etários, o primeiro passo na orientação terapêutica é determinar o risco individual e a primeira medida a mudança do estilo de vida. No idoso deve-se dar ainda maior ênfase às medidas não farmacológicas (mudanças dietéticas, actividade física e redução do peso), já que neste grupo etário muitos indivíduos se encontram polimedicados e o risco de interacções medicamentosas se encontra aumentado. A modificação dos hábitos alimentares, com redução da ingestão de gorduras saturadas e de hidratos de carbono de cadeia simples e privilegiando as gorduras insaturadas, os ácidos gordos poli-insaturados da série ómega-3 e o aumento da proporção de proteínas na dieta (especialmente provenientes do peixe) deve ser aconselhada. Também está demonstrado que os estanóis e os esteróis vegetais inibem a absorção intestinal de colesterol, mesmo na presença de dietas pobres em colesterol, com redução de colesterol das LDL em cerca de 15% e 10%, respectivamente. Produtos alimentares enriquecidos em esteróis/estanóis vegetais encontram-se comercializadas há já algum tempo, mas o seu efeito só se verifica se a ingestão ocorrer de forma continuada, pelo que a sua ingesta deve ser diária e nas quantidades recomendadas. Uma outra intervenção dietética “OS IDOSOS SÃO FREQUENTEMENTE SUBTRATADOS DEVIDO A ALGUNS MITOS E CONSIDERAÇÕES À VOLTA DO CUSTO-BENEFÍCIO DE DETERMINADAS TERAPÊUTICAS.” que tem provado ser efectiva é a ingestão diária de fibras solúveis. As fibras solúveis, como a pectina e a goma guar, existentes em frutos, leguminosas, aveia e cevada, contribuem para reduzir o colesterol das LDL (5 a 10%) porque reduzem a absorção intestinal do colesterol, mas sem impacto significativo no colesterol das HDL. Além disso, e como são fermentadas no cólon, induzem a produção de ácidos gordos de cadeia curta, que por sua vez inibem a síntese hepática de colesterol, aumentando a depuração do colesterol das LDL. Os programas de exercício físico e de reabilitação cardíaca que incluem doentes idosos com doença coronária provaram produzir uma modesta mas estatisticamente significativa melhoria no perfil lipídico, com aproximadamente 5% de redução no colesterol total, 15% de redução nos trigliceridos, 3% de redução no colesterol das LDL e aumento de 6% no colesterol das HDL.9 Em subgrupos de doentes idosos com colesterol das HDL muito baixo e hipertrigliceridemia, registaram-se aumentos maiores do colesterol das HDL, que chegaram a atingir os 15%.9 Estes efeitos positivos do exercício físico no perfil lipídico, que se podem adicionar aos efeitos da farmacoterapia, também ajudam a melhorar o estado funcional geral e a qualidade de vida nos idosos. No entanto, a adesão dos idosos à alteração do estilo de vida e sobretudo à sua manutenção é difícil de obter; mas o cumprimento das medidas preconizadas, ainda que parcial, permite o uso de doses menores de fármacos, o que reduz o risco de efeitos acessórios. A decisão para instituir terapêutica farmacológica no idoso, bem como os níveis lipídicos a atingir, deve seguir as orientações científicas gerais. Mas no idoso é particularmente difícil distinguir entre prevenção primária e secundária, dada a alta prevalência de doença aterosclerótica subclínica. Em adição, o risco absoluto de eventos cardiovasculares no idoso é muito elevado, particularmente na presença de doença aterosclerótica subclínica, a qual pode ser diagnosticada por ultrasonografia carotídea (espessura do complexo média-íntima carotídeo > 0,10 cm), índice de pressão tornozelo/braço (< 0,9) e alterações ecocardiográficas e electrocardiográficas. 30 Existem vários fármacos disponíveis para o tratamento das dislipidemias com efeitos específicos e diferentes sobre o perfil lipídico, o que deve ser tido em atenção aquando da sua prescrição. Os fibratos reduzem os trigliceridos de 20 a 50%, o colesterol LDL de 5 a 20% e aumentam o colesterol HDL de 10 a 20%. O ácido nicotínico reduz os trigliceridos de 20 a 50%, o colesterol LDL de 5 a 25% e aumenta o colesterol HDL de 15 a 35%, reduzindo ainda a lipoproteína.a As resinas baixam o colesterol LDL de 15 a 30%, aumentam o colesterol HDL de 3 a 5%, mas podem fazer subir os trigliceridos, pelo que a sua prescrição deve ser efectuada com muita precaução nos indivíduos com dislipidemia mista. Os inibidores da redutase da 3-hidroxi-3metilglutaril-coenzima A (estatinas) baixam o colesterol das LDL de 18 a 55%, aumentam o colesterol das HDL de 5 a 15% e reduzem os trigliceridos de 7 a 30%. Nas estatinas têm ainda sido descritos os chamados “efeitos pleiotrópicos” que são independentes da acção nos lípidos. Eles incluem efeitos vasodilatadores (pela libertação de óxido nítrico), efeitos anti-inflamatórios nas células endoteliais vasculares, bem como efeitos anti-proliferativos e anti-migratórios das células musculares lisas da parede vascular (este último, nem todas). As estatinas também reduzem a libertação do factor tecidual, inibem a actividade do tromboxano (levando à inibição da activação plaquetária), modulam o recrutamento de células inflamatórias e reduzem a expressão de moléculas de adesão na parede vascular. Recentemente, foi comercializado o primeiro de uma nova classe de fármacos, a ezetimiba, que 31 inibe selectivamente a absorção do colesterol, com um bom perfil de segurança e tolerabilidade. A co-administração da ezetimiba com uma estatina resulta numa redução adicional de 18 a 24% nos níveis de colesterol LDL. É muito melhor tolerada do que as resinas, de mais fácil administração e com muito menos efeitos secundários, pelo que a associação estatina/ezetimiba deve ser de primeira escolha nos doentes com níveis de colesterol LDL muito “NA AUSÊNCIA DE CONTRA-INDICAÇÕES, OS INDIVÍDUOS ENTRE elevados e que não tolerem doses altas de estatina ou que não atinjam reduções ideais nas concentrações de colesterol LDL com as doses máximas de uma estatina isoladamente. As estatinas são os fármacos de primeira escolha na redução do colesterol das LDL e diversos estudos clínicos (prevenção primária e secundária) já demonstraram a sua eficácia na redução dos eventos cardiovasculares. Atendendo ao facto de se tratar de um grupo de alto risco, com patologias crónicas, muitas das quais associadas a doença cardiovascular, as estatinas são na maior parte dos casos o fármaco de eleição nos idosos.1,8 No entanto, o ácido nicotínico, os fibratos, as resinas e a ezetimiba também podem ter a sua utilidade, o que deve ser ponderado individualmente. OS 65 E OS 80 ANOS DE Estatinas no idoso IDADE, COM DOENÇA As estatinas são o fármaco de primeira linha para baixar o colesterol das LDL nos idosos, o que se encontra baseado nos dados de diversos estudos clínicos, nomeadamente: Scandinavian Simvastatin Survival Study (4S), Cholesterol and Recurrent Events (CARE), Long-term Intervention with Pravastatin in Ischemic Disease (LIPID), Air Force/Texas Coronary Atherosclerosis Prevention Study (AFCAPS/TexCAPS), Heart Protection Study (HPS), Prospective Study of Pravastatin in the Elderly at Risk (PROSPER) e o Anglo-Scandinavian Cardiac Outcomes Trial-Lipid-Lowering Arm (ASCOT-LLA). Em conjunto, o resultado destes estudos demonstrou que o tratamento com estatinas reduz os eventos CORONÁRIA E/OU PATOLOGIAS CRÓNICAS ASSOCIADAS A DOENÇA CARDIOVASCULAR, DEVEM SER TRATADOS COM ESTATINAS.” cardiovasculares e a mortalidade global e que é seguro e bem tolerado nos idosos.1 Os dois maiores estudos que analisaram a terapêutica com estatinas no idoso foram HPS e o PROSPER, que passamos a analisar ainda que sucintamente. No HPS foram incluídos 20.536 indivíduos de ambos os sexos, com elevado risco de morte por doença coronária (antecedentes de doença cardiovascular e/ou diabetes e/ou hipertensão arterial medicada) e colesterol total ≥ 3.5 mmol/L (135 mg/dL), entre os 40 e os 80 anos de idade, dos quais 5806 com idade igual ou superior a 70 anos à data da entrada no estudo.10 Os indivíduos foram randomizados para sinvastatina 40 mg por dia ou placebo e o follow-up médio foi de 5 anos. A mortalidade por todas as causas foi significativamente reduzida no grupo que fez sinvastatina, maioritariamente devido a uma redução de 18% no risco relativo de morte coronária. Além disso houve uma redução de 27% na incidência de enfarte do miocárdio não fatal ou morte por causa coronária, de 25% na incidência de acidente vascular cerebral (AVC) não fatal ou fatal e de 24% na revascularização coronária e não coronária. A redução dos eventos não foi significativa no primeiro ano do estudo, mas foi muito significativa em cada ano subsequente. Houve também uma redução de 25% na incidência de AVC não fatal ou fatal. É de salientar que a redução dos eventos ocorreu independentemente da idade. O maior estudo realizado especificamente no idoso foi o PROSPER que incluiu 5.804 indivíduos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 70 e os 82 anos, com doença vascular (coronária, cerebral ou periférica) ou risco aumentado de a desenvolver e colesterol total entre 4.0 e 9.0 mmol/L (155mg/dL e 348 mg/dL) e trigliceridos inferiores a 6.0 mmol/L (531 “A MELHORIA DA IMPLEMENTAÇÃO DAS ACTUAIS ORIENTAÇÕES PARA O TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA EM ÚLTIMA ANÁLISE DEPENDE DO CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E DA FORMA COMO ABORDAM O RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL, EM PARTICULAR NO GRUPO DE PESSOAS ACIMA DOS SESSENTA E CINCO ANOS DE IDADE.” mg/dL).11 Os indivíduos foram randomizados para pravastatina 40 mg por dia ou placebo, tendo o follow-up médio sido de 3,2 anos. A pravastatina reduziu o colesterol das LDL em 34%, tendo demonstrado uma redução de 15% no risco relativo no end-point primário combinado de morte coronária, enfarte do miocárdio não-fatal e acidente vascular cerebral (AVC) fatal ou não fatal. A morte coronária e o enfarte do miocárdio nãofatal foram reduzidos em 19%, mas não se observaram diferenças relativamente ao AVC (risco relativo=1.03). No entanto houve uma redução de 25% nos acidentes isquémicos transitórios. Os investigadores do estudo sugeriram que poderá ser necessário uma terapêutica com estatinas a longo prazo para demonstrar benefícios na redução da incidência de AVC, mas é de notar que no Anglo-Scandinavian Cardiac Outcomes Trial (ASCOT) o tratamento de hipertensos com 10 mg de atorvastatina por dia, durante 3,3 anos, reduziu significativamente a incidência de AVC fatal e não fatal em 27%, comparativamente com o placebo.12 Os autores do PROSPER vieram a concluir que a pravastatina reduz o risco de doença coronária de forma similar no idoso e em populações mais jovens, o que já havia sido demonstrado. O estudo suportou ainda o perfil de segurança e tolerabilidade da pravastatina no idoso. Existem pequenos estudos que analisaram especificamente o benefício do tratamento com estatinas no idoso com insuficiência renal crónica. O idoso, ainda que com insuficiência renal crónica ligeira e microalbuminúria, tem uma susceptibilidade aumentada para eventos cardiovasculares. O aumento no risco é comparável com o risco relacionado com a diabetes e a hipertrofia ventricular esquerda.13 As semelhanças entre a aterosclerose e a glomeruloesclerose (ambas envolvendo disfunção endotelial) levaram ao conceito de que os benefícios das estatinas podem ser utilizados na prevenção da progressão da doença renal.13 Todas as estatinas podem estar associadas a algum grau de elevação das transaminases hepáticas, embora a incidência seja inferior a 2% (quando a toxicidade é definida como uma elevação superior a três vezes o limite superior do normal). A incidência de miopatia é muito baixa. No entanto, é importante salientar que o declínio das funções hepática e renal associado à idade, pode levar a uma redução da clearance das estatinas e dos seus metabolitos o que, e especialmente quando há associação com fármacos metabolizados pela mesma via, 32 aumenta a probabilidade de efeitos adversos. Assim, no idoso é aconselhável começar a terapêutica com estatinas em baixas doses e utilizar o menor números de fármacos possível. Bibliografia 1. Deedwania P, Volkova N. Dyslipidemia and lipidlowering therapy in the elderly. Expert Rer Cardiovasc Ther 2005;3(3):453-63. Conclusão O número de idosos está a crescer, correspondendo a um segmento cada vez maior da população. A doença cardiovascular é a causa mais frequente de morte neste grupo etário e a hipercolesterolemia é um factor de risco particularmente forte para doença coronária nos idosos. As medidas preventivas não farmacológicas devem ser mais largamente implementadas, já que para além da melhoria do perfil metabólico e do estado de saúde se observa uma melhoria da qualidade de vida. A redução do colesterol das LDL provou diminuir os eventos cardiovasculares em indivíduos até aos 80 anos de idade, mas faltam estudos para provar a sua eficácia em indivíduos acima dessa idade. Assim, na ausência de contra-indicações, os indivíduos entre os 65 e os 80 anos de idade, com doença coronária e/ou patologias crónicas associadas a doença cardiovascular, devem ser tratados com estatinas. A melhoria da implementação das actuais orientações para o tratamento da dislipidemia em última análise depende do conhecimento dos profissionais de saúde e da forma como abordam o risco cardiovascular global, em particular no grupo de pessoas acima dos sessenta e cinco anos de idade. Quitéria Rato 33 2. Andrawes W F, Bussy C, Belmin J. Prevention of Cardiovascular Events in Elderly People. Drugs Aging 2005;22(10):859-76. 3. Dalal D, Robbins J. Management of hyperlipidemia in the elderly population: na evidence-based approach. S Med J 2002;95(11)1256-61. 4. Hall KM, Luepker RV. Is hypercholesterolemia a risk factor and should it be treated in the elderly? Am J Health Promot 2000;14:347-56. 5. Urlich S, Hingonari A, Martin J, Vallance P. What is the optimal age for starting lipid-lowering treatment? A mathematical model. BMJ 2000;320(7242):1134-40. 6. Benfante R, Reed D, Frank J. Do coronary heart disease risk factors measured in the elderly have the same predictive roles as in the middle-aged. Comparisons of relative and attributable risks. Ann Epidemiol 1992;2(3):273-282. 7. Kuller L, Borhani N, Furberg C, Gardin J, Manolio T, O’Leary D, Patsy B, Robbins J. Prevalence of subclinical atherosclerosis and cardiovascular disease and association with risk factors in the Cardiovascular Health Study. Am J Epidemiol 1994;139(12):1164-79. 8. Pohlel K, Grow P, Helmy T, Wenger NK. Treating dyslipidemia in the elderly. Curr Opin Lipidol 2006;17:54-57. 9. Levi CJ. Treatment of hyperlipidemia in elderly persons with exercise training, nonpharmacologic therapy and drug combination. Am J Geriatr Cardiol 2004;13(3, Suppl 1):29-33. 10. Heart Protection Study Collaborative Group. MRC/BHF Heart Protection Study of cholesterol lowering with sinvastatina in 20.536 high-risk individuals: A randomised placebo-controlled trial. Lancet 2002;360:7-22. 11. Shepherd J, Blauw GJ, Murphy MB, e tal. Pravastatin in elderly individuals at risk of vascular disease (PROSPER): A randomised controlled trial. Lancet 2002;360:1623-30. 12. Sever PS, Dahlof B, Poulter NR, et al. Prevention of coronary and stroke events with atorvastatin in hypertensive patients who have average or lowerthan-average cholesterol concentrations, in the AngloScandinavian Cardiac Outcomes Trial-Lipid Lowering Arm (ASCOTT-LLA): A multicentre randomised controlled trial. Lancet 2003;361:1149-58. 13. Buemi M, Senatore M, Corica F et al. Statins and progressive renal disease. Med Res Rev 2002;22:76-84.