Marli Stela Santana Maciel

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS – FMTAM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
NEUROPARACOCCIDIODOMICOSE
ABORDAGEM CLÍNICA E TERAPÊUTICA
FABIO FRANCESCONI DO VALLE
MANAUS
2008
i
FABIO FRANCESCONI DO VALLE
NEUROPARACOCCIDIODOMICOSE
ABORDAGEM CLÍNICA E TERAPÊUTICA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas, em
convênio com a Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas, para obtenção do
título de Mestre em Doenças Tropicais e
Infecciosas.
Orientador: Prof. Dr. Sinésio Talhari
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos Francesconi do Valle
MANAUS
2008
Ficha Catalográfica
VALLE, Fábio Francesconi do
Neuroparacoccidiodomicose
Abordagem clinica e terapêutica
xiil, 97f.
Dissertação (Mestrado) Programa de P6s Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas, em convenio com a Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas.
1. Paracoccidoides brasiliensis 2. paracoccidioidomicose
3. neuroparacoccidioidomicose
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Antônio Carlos e Laudicéia, o
meu mais profundo reconhecimento pelos
ensinamentos da vida.
A minha esposa, Valeska, por todo o apoio e
incentivo.
Ao meus irmãos por sempre torcerem pelo meu
sucesso.
A todos aqueles que me incentivaram nesta
jornada, meus mais sinceros agradecimentos.
iv
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), Universidade do Estado
do Amazonas (UEA), Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e
Fundação Muraki, que apoiaram a realização deste estudo.
Prof. Dr. Sinésio Talhari, pela orientação deste trabalho.
Prof. Dr. Antônio Carlos Francesconi do Valle, pela co-orientação deste trabalho.
Prof. Dr. Marcus Tulius T Silva, pela colaboração na submissão das publicações.
Prof. Dra. Regina Lana Braga Costa, pela colaboração na submissão das
publicações.
A todos da equipe do IPEC que atenderam e cuidaram dos pacientes deste presente
estudo
Aos colegas de mestrado, em especial pela agradável convivência durante o curso.
A todos que, em algum momento, com palavras de incentivo, me ajudaram a
concluir este trabalho.
A todos os pacientes participantes deste estudo, meu respeito e sincera gratidão.
v
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS: Acquired Immunnodefiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência
Humana Adquirida)
AMP-c: adenosina monofosfato ciclooxigenase
ALT: alanino aminotransferase
AST: aspartato aminotransferase
CD4+: Sub-população de Linfócitos T com Antígenos de Superfície 4+
CD8+: Sub-população de Linfócitos T com antígenos de Superfície 8+
CIE: contraimunieletroforese
DNA: Desoxiribonucleic Acid (Ácido Desoxirribonucleico)
DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica
ELISA: Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
FCA: forma crônica do adulto
FMT-AM: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
GAPDH: gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase
γGT: gama glutamiltranspeptidase
gp43: glicoproteína de 43 kDa
gp70: glicoproteína de 70 kDa
HE: Hematoxilina – Eosina
HLA: human leucocyte antigen
IB: imunoblot
IDD: imunodifusão dupla
IL-2: interleucina 2
IL-4: interleucina 4
IL-5: interleucina 5
IL-10: interleucina 10
IL-12: interleucina 12
IL-23: interleucina 23
IFN: interferon
IFI: Imunofluorescência Indireta
IPEC - instituto de pesquisas clínicas Evandro Chagas
kDa: kilodaltons
IgG: imunoglobulina G
µm: micrômetro
LCR: líquido céfalo raquidiano
mL - mililitro
mm - milímetro
NPCM: neuroparacoccidioidomicose
PA: postero anterior
P. brasiliensis: Paracoccidioides brasiliensis
PCM: paracoccidioidomicose
PCR: polymerase chain reaction
PFGE: pulsed-field gel eletrophoresis
PPD: derivado proteico purificado
RNA: Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico)
RNM: ressonância nuclear magnética
SMZ/TMP: associação de sulfametoxazol e trimetoprim
vi
SNC: sistema nervoso central
TC: tomografia computadorizada
TGF: tumor growth factor
TLR: toll like receptor
VADS - vias aerodigestivas superiores
VHS: velocidade de hemossedimentação
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Aspectos clínicos segundo o total de vezes em os órgãos foram
acometidos nos pacientes com Neuroparacoccidioidomicose
atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro Chagas...........
31
Manifestações neurológicas relatados entre os pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................
33
Características das lesões observadas à TC dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................
35
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Tabela 9
Tabela 10
Aspectos epidemiológicos segundo os dados demográficos dos
pacientes com Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto
Pesquisas Clínicas Evandro Chagas...............................................
29
Classificação clínica, sintomas e origem diagnóstica dos
pacientes com N e u r o p a r a c o c c i d i o i d o m i c o s e atendidos
no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro Chagas............................ 31
Aspectos
laboratoriais
dos
pacientes
com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................ 32
Seqüência dos sintomas observado entre os pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................ 33
Classificação
neurológica
dos
pacientes
com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................ 34
Localização das lesões neurológicas dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................ 35
Características tomográficas das lesões apresentadas pelos
pacientes com Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto
Pesquisas Clínicas Evandro Chagas............................................... 36
Aspectos
liquóricos
do
exame
dos
pacientes
com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................ 37
Terapêutica dos pacientes com Neuroparacoccidioidomicose
atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro Chagas............
38
Seqüelas
pós-tratamento
dos
pacientes
com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas
Clínicas Evandro Chagas................................................................. 39
ix
RESUMO
Micose de grande importância na América Tropical, a paracoccidioidomicose é
causada pelo fungo térmo-dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. O Brasil contribui
com aproximadamente 80% de todos os casos relatados, com maior concentração
de casos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A paracoccidioidomicose não é
considerada doença de notificação compulsória, fato que dificulta estimar a sua real
freqüência. Em áreas endêmicas acomete entre um e três pacientes por 100.000
habitantes, com prevalência entre 5,6 a 17,5%. Com mortalidade variável entre 4,8%
e 22,5%, a paracoccidioidomicose é a oitava causa de morte entre as doenças
infecciosas e recorrentes no Brasil. Micose sistêmica de evolução
predominantemente crônica, com ampla variedade de manifestações clínicas
acomete preferencialmente os pulmões; assim como as mucosas das vias
aerodigestivas superiores, linfonodos, pele e adrenais. Dentre os sistemas
considerados menos acometidos, temos o sistema nervoso central. Por vez
considerado raro, o acometimento deste sistema ocorre numa freqüência que varia
de 1,4% a 47,6%. Com o objetivo de contribuir com o conhecimento sobre a
neuroparacoccidioidomicose estudo retrospectivo, de revisão de prontuários dos
pacientes com paracoccidioidomicose atendidos no Instituto de Pesquisas Clínicas
Evandro Chagas, entre janeiro de 1991 e dezembro de 2007, foi confeccionado. A
freqüência
da
neuroparacoccidioidomicose
e
seus
aspectos
clínicos,
neuroradiológicos e terapêuticos foram os alvos do estudo em questão. Os casos
de PCM no período do estudo foram identificados. Pacientes com doença
neurológica corresponderam a 3,8% da casuística (14 pacientes). Todos eram do
sexo masculino. Origem de área rural, trabalho com o solo antes dos 20 anos de
idade, baixa escolaridade, história de tabagismo e alcoolismo foi a história
epidemiológica típica. A forma crônica do adulto foi a predominante, com somente
um caso classificado como juvenil, de evolução subaguda. A forma neurológica
predominante foi a granulomatosa, ou pseudotumoral. Acometimento meníngeo
somente ocorreu associado aos granulomas. Convulsão foi o sintoma mais
freqüente, seguido de distúrbios motores, cefaléia e síndrome cerebelar. Distúrbios
psiquiátricos relacionados à neuroparacoccidioidomicose, foram importantes em dois
casos. As manifestações neurológicas precederam as queixas sistêmicas em 14%
dos casos, enquanto compôs quadro de recaída da doença (após tratamento
irregular) em 33% dos pacientes. O diagnóstico por biópsia cerebral, ocorreu em três
ocasiões. Os outros casos foram definidos com identificação do agente em outro
órgão associada a achados neuradiológicos compatíveis. A lesão típica, à
tomografia computadorizada de crânio, foi hipodensa, nodular, com captação anelar
de contraste e edema perilesional. Localização supretentorial foi a mais freqüente. A
terapêutica mais empregada foi a associação entre sulfametoxazol/trimetoprim e
fluconazol. Em um caso foi indicada neurocirurgia terapêutica para descompressão
medular e em outro caso itraconazol foi utilizado após intolerância a outras
medicações. O tempo de tratamento variou, entre os casos, e foi baseada no
acompanhamento clínico, laboratorial e neurológico. Apesar da real freqüência da
neuroparacoccidioidomicose ser desconhecida, há evidências clínicas que suportem
o exame neurológico de rotina nos casos de paracoccidioidomicose.
Palavras
chaves:
Paracoccidoides
neuroparacoccidioidomicose
brasiliensis,
paracoccidioidomicose,
x
ABSTRACT
Paracoccidioidomycosis, caused by the thermally dimorphic fungus Paracoccidioides
brasiliensis, is of great importance in Tropical Americas. Brazil contributes with 80%
of all reported cases. The majority of those are from the South, Southeast and WestCenter of the country. The real frequency of this mycosis is unknown. In endemic
areas 1 to 3 patients in 100.000 inhabitants are affected, with prevalence rates
between 5,6% to 17,5%. The mortality rates vary form 4,8% to 22,5% and, in Brazil
paracoccidioidomycosis corresponds to the eighth cause of death considering the
chronic and relapsing infectious diseases. Systemic mycosis with chronic evolution,
with a broad range of clinical manifestations, mainly affects the lungs; mucous
membranes of the aerodigestive system, limph nodes, skin and adrenal glands are
the orther organs commonly affected. Central nervous system is among the organs
less affected. Once considered rare this system is affected in a frequency that varies
from 1,4% to 47,6%. To contribute with the knowledge of these manifestation a
retrospective study with analisys of medical records from IPEC, between january
1991 and december 2007, was designed. The frequency of central nervous system
paracoccidioidomycosis and it’s clinical, radiolodical and therapeutical aspects were
noted. Considering all PCM cases of the period the central nervous system was
affected in 3,8% of the cases (14 patients). All were male. The typical epidemiologic
history was: born in rural area, work with ground soil before 20 years of age, low
scholarity rate, smoking and alcoholism. Chronic type of the disease was noted in all
but one. This case was classified as juvenile type with subacute evolution. The
pseudotumoral disease was the predominant neurogical form of the disease.
Meningeal disease occured only associated with the granulomas. Seizure was the
most common symptom, followed by motor disturbance, headache and cerebellar
symptons. Psychiatric manifestations were important in two cases. Neurologic
disease preceded the systemic sinptons in 14% of the cases; in 33% occured in the
relapse after irregular treatment. Cerebral biopsy was performed in three cases. The
other cases were defined with identification of the fungus from other organ
associated with compatible neuroradiologic exam. The typical tomographic lesion
was an hypodense nodule, with ring like contrast enhancement and perilesional
edema. Supratentorial localization was more frequent. The prefered treatment
schedule was associtaion of sulfametoxazol/trimetoprim and fluconazol. In one case
neurosurgery was indicated to relieve medullar compression. Itraconazol was
performed in one case due to multiple allergic reactions. Treatment time varied
between cases and was based on clinical, neurological and radilogical criteria.
Among the contributions of this study we recomend routine neurological examination
in all cases of paracoccidioidomycosis.
Keywords:
Paracoccidoides
neuroparacoccidioidomycosis
brasiliensis,
paracoccidioidomycosis,
xi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................
1
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
Histórico ........................................................................................
Agente Etiológico .........................................................................
Ecologia ........................................................................................
Epidemiologia................................................................................
Patogênese..................................................................................
Imunologia.....................................................................................
Forma clínicas ............................................................................
Diagnóstico Laboratorial ...............................................................
1
2
4
6
8
10
12
15
1.8.1
Exame micológico .......................................................................
15
1.8.2
Exame histopatológico ................................................................
16
1.8.3
Exame sorológico .........................................................................
16
1.9
Tratamento ...................................................................................
17
1.10
Paracoccidioidomicose do sistema nervoso central .....................
19
1.10.1
Histórico ........................................................................................
19
1.10.2
Definição .......................................................................................
19
1.10.3
Epidemiologia ...............................................................................
19
1.10.4
Clínica ...........................................................................................
20
1.10.5
Diagnóstico ...................................................................................
21
1.10.6
Tratamento ...................................................................................
24
1.10.7
Revisão dos casos relatados ........................................................
25
2. OBJETIVOS ..................................................................................................
27
3
2.1
Geral .............................................................................................
27
2.2
Específicos ...................................................................................
27
MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................
28
3.1
Modelo de Estudo ...........................................................................
28
3.2
Universo de Estudo .........................................................................
29
3.2.1
População de Referência.................................................................
29
3.2.2
População de Estudo.......................................................................
29
3.2.3
Participantes.....................................................................................
29
3.3
Procedimentos e Aspectos Éticos ...................................................
29
xii
3.4
Análise de dados.............................................................................
30
4
RESULTADOS..............................................................................................
31
5
DISCUSSÃO .................................................................................................
42
6
CONCLUSÕES .............................................................................................
49
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................
50
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
51
9
ANEXOS .......................................................................................................
72
A
Tabela dos casos de NPCM publicados..........................................
72
B
Protocolo atendimento paciente PCM no IPEC...............................
75
C
Artigo – Meningoencephalitis due to Paracoccidioides brasiliensis
85
D
Artigo – Long term outcome of a cohort of cerebral
paracoccidioidomycosis patients......................................................
88
1
1. INTRODUÇÃO
Micose sistêmica de grande interesse para a América Latina, a
paracoccidioidomicose (PCM) é uma infecção granulomatosa sistêmica causada
pelo fungo termo-dimórfico, ainda não conhecido em sua fase sexuada, denominado
Paracoccidioides brasiliensis. Apresenta distribuição heterogênea com áreas de alta
e baixa endemicidade. De evolução predominantemente crônica (tipo adulto), pode
apresentar-se nas formas aguda e subaguda (tipo juvenil) (Shikanai-Yasuda et al.,
2006).
1.1 Histórico
A PCM foi descrita pela primeira vez por Adolpho Lutz, em 1908, sob a
denominação de hifoblastomicose pseudococcidióidica. No período de 1909 a 1912,
Spendore (1912) observou novos casos da doença e descreveu mais
detalhadamente o agente etiológico, que recebeu o nome de Zymonema brasiliensis.
A partir de 1928, outros casos da micose foram registrados no Brasil e na América
do Sul.
Por aproximadamente duas décadas, a doença foi confundida com a
coccidioidomicose e coube à Almeida, em 1930, diferenciar definitivamente o
Paracoccidioides brasiliensis (P. brasiliensis) do Coccidioides immitis. Em 1971, na cidade
de Medelin (Colômbia), após reunião de micólogos das Américas o termo
Paracoccidioidomicose foi recomendado; desde então, amplamente utilizado.
Até 1940, a doença era fatal, apesar de inúmeras tentativas de tratamento.
Iodeto de potássio, sais de cobre, iodeto de sódio, vacinas polivalentes, radioterapia,
metais pesados, azul de metileno, além de outros foram utilizados sem sucesso. O
prognóstico da doença foi definitivamente alterado com a introdução da sulfapiridina,
por Ribeiro, em 1940.
2
1.2 Agente Etiológico
O Paracoccidioides brasiliensis, agente causador da paracoccidioidomicose, é
um fungo termo-dimórfico, ou seja, capaz de sofrer mudanças estruturais sob
influência da temperatura. À temperatura de 220C aparece como micélio, forma
filamentosa não patogênica, enquanto que à 370C produz a forma leveduriforme,
forma patogênica (San-Blas, 1993). No laboratório, em cultivo entre 190C e 280C, o
fungo inicia seu crescimento por colônias que assumem aspecto algodonoso ou
aveludado - após período de três a quatro semanas. O micélio é composto por
emaranhado de hifas finas, ramificadas, septadas de paredes hialinas com
clamidospórios. No cultivo à 350C, o P. Brasiliensis cresce mais rapidamente e forma
colônia serosa, cor creme, de aspecto cerebriforme. Esta é composta por elementos
globosos, de parede amplamente refringente, que podem apresentar um ou mais
brotamentos (Restrepo, 1995).
A composição genética do Paracoccidioides brasiliensis é pouco conhecida
pois, como o estado teleomórfico (sexual) do fungo ainda não foi determinado, a
análise genética clássica fica prejudicada. Com o advento da eletroforese em gel de
campo pulsado [pulsed-field gel eletrophoresis (PFGE)] tornou-se possível a
caracterização genômica, mapeamento gênico e a biotipagem molecular
epidemiológica de microorganismos refratários à análise genética, onde incluí-se o
P. brasiliensis. Por esta técnica, na análise de 12 isolados, identificou-se uma
variação genômica de 25,8 Mb a 73,6 Mb e uma ploidia que variou entre os isolados
(Feitosa et al., 2003).
Outro instrumento muito útil, capaz de fornecer informações sobre a fisiologia
do fungo, é a análise de transcriptomas. Trata-se de técnica de análise indireta
através de proteases. Dentre outras análises, foi possível identificar vias de
sinalização celular que regulam diversos eventos do P. brasiliensis como
morfogênese e virulência (Fernandes et al., 2005). Em relação ao ciclo celular do
fungo foi possível a identificação dos principais mecanismos envolvidos no reparo de
DNA e presença de vias mutagênicas (Reis et al., 2005), além de informações sobre
o seu metabolismo (Arraes et al., 2005). O projeto transcriptoma do P. brasiliensis
3
permitiu revisão atualizada sobre o seu genoma funcional, realizada por Felipe et al.
(2005).
A patogenicidade do fungo está intimamente relacionada às suas mudanças
morfológicas, pois os fungos dimórficos que não são capazes de transformarem -se
de micélio para levedura são normalmente avirulentos (Nemececk et al., 2006).
Postulou-se que o dimorfismo ocorra em 4 etapas: a) percepção do estímulo
externo; b) transdução; c) modificação da expressão gênica; d) reorganização
estrutural com modificações morfológicas (San-Blas et al., 2002). Os mecanismos
envolvidos na transformação do fungo ainda não estão elucidados, mas as vias
metabólicas, tais como a do AMP-c (Chen et al., 2007) e alguns genes como o ras
em resposta a proteínas de choque (Fernandes et al., 2007), podem estar
relacionados à transformação fúngica.
A parede celular do P. brasiliensis, assim como a de outros fungos é
composta principalmente por lipídios, glucans, citina e proteínas. Os dois primeiros
não variam em quantidade entre as duas formas, porém a citina é mais numerosa
nas leveduras enquanto que as proteínas nos micélios (Kanetsuna et al., 1969).
Análise ultra-estrutural identificou que os micélios possuem parede celular de uma
camada, enquanto que as leveduras possuem três camadas em sua parede
(Carbonell e Rodrigues, 1968). Existem diferenças qualitativas em relação ao
polissacarídeo que compõe a parede celular do fungo; na fase leveduriforme há o
predomínio do α-glucan enquanto que na fase miceliana são os β-glucan e
galactomannan que predominam (San Blas, 1993).
Nos tecidos ou materiais biológicos o agente se apresenta como elementos
esféricos, de 2 a 30 µm de diâmetro, de parede bi-refringente, com número e
tamanho variados. Gêmula de maneira uni ou multi polar e os brotamentos ligam-se
à célula mãe por estreito istmo citoplasmático. Todas estas características são
inerentes ao P. brasiliensis; porém, apenas a imagem de brotamentos múltiplos tipo
roda de leme é patognomônica do fungo (Valle e Costa, 2001).
4
O P. brasiliensis sintetiza, dentre outros, um antígeno composto por
glicoproteína de peso molecular 43, o gp43 (Puccia e Travassos, 1991). Este tem
sido utilizado no diagnóstico da PCM e provavelmente está implicado na patogênese
do fungo através de sua ligação com a matriz extra-celular do hospedeiro (Vicentini
et al., 1994).
O 17 β-estradiol inibe in vitro e in vivo a transformação de micélio para
levedura. Tal fato, poderia explicar a alta incidência da doença nos homens e a
relativa proteção nas mulheres. (Restrepo et al., 1984; Salazar et al., 1988).
1.3 Ecologia
Atualmente, o conhecimento sobre a ecologia do P. brasiliensis é escasso.
São pouco conhecidos seu nicho ecológico, seu modo de viver e suas relações. Esta
compreensão se faz importante para a identificação das regiões onde o patógeno se
encontra e o mapeamento das áreas de risco para a aquisição de infecção, as
“reserváreas”. Estas dependem de diversos fatores abióticos tais como precipitação
pluviométrica, umidade e temperatura. As regiões de florestas tropicais e
subtropicais com solos ácidos, temperatura entre 100 e 280, abundantes cursos de
água e precipitações pluviométricas entre 500 a 2.500 milímetros são tidas como
“reserváreas” do P. brasiliensis (Restrepo, 1985).
Desde o seu primeiro relato, o P. brasiliensis foi isolado do solo em poucas
ocasiões: Negroni (1966) na Argentina; Abornoz (1971) na Venezuela; Silva-Vergara
et al. (1998) e Terçarioli et al. (2007), ambos no Brasil. Esse autor verificou a
importância da umidade e da composição do solo para o crescimento do fungo, não
sendo a textura do solo um fator determinante. Diferentes cepas do fungo
apresentaram taxas de crescimento variadas mesmo quando sob as mesmas
condições.
A dificuldade de isolamento do P. brasiliensis a partir do solo poderia ser
explicada pelo uso de agrotóxicos, pois alguns agentes utilizados em plantios
diversos inibem o crescimento do P. brasiliensis “in vitro” (Ono et al., 2002). De
5
forma alternativa diversos pesquisadores procuraram infecção e PCM doença em
animais sentinelas, como mecanismo auxiliar para o entendimento da
ecoepidemiologia desta micose.
O tatu Dazypus novemcinctus possui papel reconhecido na ecoepidemiologia
da PCM. O fungo já foi isolado a partir de vísceras de tatus assim como do solo de
suas tocas (Terçarioli et al., 2007). O primeiro isolamento do P. brasiliensis em tatus
foi realizado no Brasil por Naif et al. (1986). Posteriormente, Macedo et al. (1999),
Bagagli et al. (1998) e Silva-Vergara et al. (2000) no Brasil; Corredor et al. (1999) na
Colômbia isolaram o fungo do Dazypus novemcinctus e confirmaram que além de
portadores, estes tatus, podem desenvolver a doença. Tentativas de isolamento de
outras espécies de tatu foram frustradas (Macedo et al., 1999), exceto no caso dos
tatus da espécie Cabassous centralis na Colômbia (Corredor et al., 2005).
É sabido que os cães podem desenvolver PCM doença desde 1911, com os
estudos experimentais de Pereira e Viana (1911). A infecção já foi identificada por
testes sorológicos de cães realizados por Mós e Fava-Neto (1974) e por Ono et al.
(2001) com positividades variando entre 48,8% e 89,5%; porém sem visualização ou
isolamento do fungo de órgãos internos, em nenhum dos casos. Em 2004, foi
relatado o primeiro caso de doença em cão diagnosticado por meio de histopatologia
e biologia molecular; entretanto sem o isolamento do fungo (Ricci et al., 2004). A
partir destes relatos o papel dos cães na ecoepidemiologia da PCM vem ganhando
importância (Neves et al., 2006).
Outros animais já foram estudados de forma isolada sem resultados
definitivos. Estudos sorológicos realizados em primatas (Corte et al., 2007) e em
equinos (Conti-Diaz et al., 1972) evidenciaram resultados positivos. Em nenhum dos
casos houve isolamento do fungo. Também com relatos isolados já identificou-se o
fungo em morcegos (Grose e Tamsitt, 1965), em primata (Johnson e Lang, 1977) e
de fezes em pingüins (Garcia et al., 1993). O significado destes achados ainda
permanecem indefinidos.
6
Conti-Días (2007) propôs hipótese sobre estratégia ecológica altamente
eficiente baseada em importante reservatório natural do parasita. Provavelmente
animais heterotérmicos oriundos de ambientes de água fresca. A residência no solo
seria apenas transiente com alta dispersão, associada a alta capacidade de infectar
humanos e animais. Modelos para avaliar esta hipótese precisam ser desenvolvidos.
1.4 Epidemiologia
PCM é a micose sistêmica mais importante da América Tropical. Ocorre de
forma endêmica desde os 200 de latitude norte, no México, até 350 de latitude sul, na
Argentina. Não foram descritos casos autóctones nos países insulares do Caribe,
(exceto Trinidad), Nicarágua, Belize, Suriname, Guiana, Guiana Francesa e Chile.
Todos os pacientes descritos fora da América Latina viveram ou viajaram para algum
país de área endêmica; e apresentaram período de latência médio de 15 anos
(Brummer et al., 1993). Estima-se que 50% dos habitantes de zonas endêmicas
tenham sido expostos ao agente desta micose, com 10 milhões de pessoas
infectadas, e que aproximadamente 2% destas venham apresentar a forma
disseminada da doença (Shikanai-Yasuda et al., 2006).
O Brasil encontra-se no centro da área endêmica e é responsável por
aproximadamente 80% dos casos relatados, seguido pela Colômbia e Venezuela
(Restrepo, 1985). A maioria destes ocorre nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Porém, notáveis alterações nas características demográficas da população atingida
e na distribuição da PCM no Brasil vem sendo percebidas. Abertura de novas frentes
agrícolas, com substituição das atividades tradicionais e o desmatamento são
prováveis causas destas mudanças.
Anteriormente considerada incomum na Amazônia, sua freqüência nesta
região vem aumentando (Shikanai-Yasuda et al., 2006). A presença da PCM na
região foi inicialmente identificada por inquéritos epidemiológicos através de testes
cutâneos e sorológicos no município de Coari, Amazonas, (Mok e Fava Neto, 1978)
e entre algumas tribos indígenas da Amazônia brasileira (Mok et al., 1979; Coimbra
et al., 1994). Talhari et al. (1988) em estudo referente ao período de 1973 a 1983,
7
incluindo os estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, identificaram a PCM
como a segunda micose profunda mais importante na região. Fonseca et al. (1999)
relataram 12,7% de casos tipo juvenil; todos oriundos do interior do Pará, em
casuística de 102 pacientes. O autor chama atenção para a alta proporção de casos
juvenis no Norte do Brasil que são de 2 a 3 vezes superior à média do sudeste e do
sul do país.
Nas áreas endêmicas a infecção ocorre geralmente nas duas primeiras
décadas de vida (Londero e Melo, 1988). A PCM é geralmente diagnosticada em
adultos, entre 30 e 60 anos de idade, e observada excepcionalmente em crianças
(3%) e adultos jovens (10%) (Lacaz et al., 1991). O sexo masculino é acometido
com razão média de 13 casos para cada mulher, enquanto esta relação pode chegar
a 150 para 1 na Colômbia, Equador e Argentina. Indivíduos saudáveis de ambos os
sexos em áreas endêmicas apresentam a mesma positividade ao teste com
paracoccidioidina, o que indica que a taxa de infecção é semelhante, mas a
progressão para doença é muito maior nos homens (Brummer et al., 1993).
Acredita-se, que um dos fatores de risco mais importantes para aquisição da
infecção sejam profissões ou atividades relacionadas ao manejo do solo
contaminado com o fungo. Em casuística de 39 pacientes na Colômbia, o trabalho
relacionado ao solo foi relatado em 53,8%; mas, quando se avaliou o local de
residência dos pacientes, em um mapa ecológico, 95% viviam nas áreas de floresta
tropical ou subtropical ou próximo delas (Restrepo et al., 1970).
Por não se tratar de doença de notificação compulsória não é conhecido o
número exato de casos. A incidência anual em áreas endêmicas foi estimada entre 1
e 3 por 100.000 habitantes (Londero e Ramos, 1990). A prevalência no Brasil,
demonstrada em testes intradérmicos com paracoccidioidina varia de 5,6% a 17,5%.
Uma análise dos casos registrados, baseado em estatísticas de diversos serviços,
mostra uma incidência anual alta que varia entre 10,2 e 139,6 casos por ano (Wanke
e Londero, 1998).
8
A taxa de mortalidade dos casos de PCM varia de 4,8% a 22% (Valle et al.,
1998). Entre 1980 e 1995 a taxa de mortalidade anual por PCM no Brasil foi de 1,45
por milhão de habitantes - com um total de 3181 mortes, com a média anual de
198,81. No norte foram 9,44 mortes/ano com taxa de 1,06 por milhão de habitantes;
no sudeste, os mesmos valores foram respectivamente 106,69 e 1,81. A PCM foi a
oitava causa de morte entre as infecções crônicas e recorrentes no Brasil, o que
consolida esta infecção como importante agravo de saúde pública (Ziadir et al.,
2002).
Os estudos de HLA indicam que fatores genéticos podem ter papel na
suscetibilidade para aquisição da PCM. O HLA-A9 esteve associado aos casos com
doença pulmonar progressiva (Restrepo et al., 1983). Os carreadores de HLA-B40
apresentaram um risco relativo entre 4,3 a 29,2 de desenvolver PCM comparado
com os que não possuem este antígeno (Lacerda et al., 1988; Goldani et al., 1991).
Outros antígenos relacionados foram: HLA-A2, HLAB7 e HLA-B21. Em estudo
realizado por Dias et al (2000) não houve associação entre HLA e PCM.
Existem hábitos muito relacionados à PCM, especialmente com a forma
crônica da doença. O tabagismo está presente em 93% dos pacientes com a forma
crônica, comparado com 36% na população geral. Os tabagistas com mais de vinte
anos de consumo apresentam risco de 10,1 vezes para adoecer de PCM, enquanto
que o consumo de 20 ou mais cigarros/dia se correlaciona com desenvolvimento
mais precoce da doença (dos Santos et al., 2003). O consumo de álcool chega a
80% dos doentes. Em relação ao álcool existe maior associação com bebidas
destiladas. Quando as doses ingeridas são superiores a 100 ml de álcool por dia a
taxa de recorrência da doença é mais freqüente (Martinez e Moya, 1992).
1.5 Patogênese
Na natureza o P. brasiliensis apresenta-se como estruturas filamentosas,
contendo propágulos infectantes, chamados conídios. Inalação é considerada a
principal rota de infecção na PCM. A viabilidade desta rota com posterior
disseminação da infecção já foi anteriormente demonstrada em modelo experimental
9
com hamsters Syrian (Tani et al., 1987). Uma vez inalados, os propágulos dão
origem a formas leveduriformes do fungo que constituirão sua forma parasitária nos
tecidos do hospedeiro (Shikanai-Yasuda et al., 2006). Nos indivíduos
imunocompetentes a fase de infecção do P. brasiliensis evolui com quadro subclínico
ou pode causar alteração pulmonar inespecífica transiente. A inoculação traumática
é um provável mecanismo de infecção (Valle et al., 1999).
No hospedeiro, o fungo dá origem a lesão primária acompanhada de
acometimento linfático satélite, assim formando o complexo primário, que pode ser
pulmonar hilar ou, em alguns casos, do tegumento e linfonodos satélites. Neste
momento pode ocorrer disseminação hematogênica para outros órgãos e tecidos
(Montenegro e Franco, 1994). Quase não existe documentação da formação do
complexo primário. Em uma ocasião detectou-se lesão calcificada no pulmão
(Brummer et al., 1993), em outra o achado foi acidental após pneumectomia devido
a carcinoma de pulmão (Severo et al., 1979).
A maioria dos indivíduos infectados permanece com infecção assintomática e
expressa reação de hipersensibilidade retardada a um antígeno de polissacáride do
P. brasiliensis, a paracoccioidina. A doença pode então, manifestar-se com
progressão do complexo primário, com reativação dos focos quiescentes após
período de latência (reinfecção endógena) ou com reinfecção exógena (Montenegro
e Franco 1994). A PCM geralmente se manifesta anos após a infecção com
reativação endógena; em muitos casos fora da área endêmica (Shikanai-Yasuda et
al., 2006).
A diversidade de formas clínicas relacionadas à PCM resulta de complexa
relação entre o hospedeiro e o fungo. Como estes são eucariotas e não móveis,
dependem de suas capacidades de adesão para interação seletiva com os
diferentes alvos no meio em que se encontram. Hoje o mecanismo de adesão é
considerado etapa determinante na patogênese do fungo. As proteínas fúngicas
reconhecidas com função de adesão são: as glicoproteínas de 54 kDa, de 43kDa
(gp43), de 32 kDa, de 30 kDa e de 19 kDa; o gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase
(GAPDH), a paracoccina e a triosefosfato isomerase (González et al,. 2005; Barbosa
10
et al., 2006; Pereira et al., 2007). A adesividade também influencia a virulência do
fungo como demonstrado por Vicentini et al. (1994).
Apesar do P. brasiliensis não ser um fungo essencialmente intracelular, a
capacidade de internalização parece ser um passo crucial para o desenvolvimento
da doença no hospedeiro. Pelo menos dois diferentes mecanismos estão envolvidos
no processo de internalização do fungo: um, microfilamento dependente e o outro,
microtúbulo dependente (Mendes-Giannini et al., 2004). Este processo não somente
funciona como mecanismo de evasão à fagócitos, mas também, poderia facilitar
posterior disseminação do fungo. Ainda não se identificou nenhuma invasina do
fungo nem os seus receptores celulares correspondentes (Mendes-Giannini et al.,
2007).
O fungo induz as células epiteliais a produzirem pseudopodia, movimento
actina-dependente da superfície celular, que internaliza o organismo. Segue-se com
preservação do fungo em vacúolo intracelular por envolvimento do citoesqueleto
celular; etapa essa dependente dos microfilamentos. Provavelmente, o fungo entra
na célula como protoplasto e regenera a sua parede celular no citoplasma.
Posteriormente, existe indução de processo de apoptose celular seguido de morte
da mesma (Mendes-Gianinni et al. 2004). Esta seqüência de eventos poderia
explicar a capacidade do P. brasiliensis em promover a infecção e disseminação
tecidual. A migração dos patógenos pelas células endoteliais seria outro pré requisito
para a disseminação da doença. Monteiro Silva et al. (2005) demonstraram “in vitro”
que o P. brasiliensis é capaz de atravessar as células endoteliais e preservar a sua
capacidade reprodutiva.
1.6 Imunologia
A evolução da PCM depende da interação entre o fungo e a resposta imune
do hospedeiro, havendo cura espontânea, equilibrium - foco quiescente ou doença.
Em áreas endêmicas, a incidência de PCM doença é baixa entre as pessoas que
apresentam teste cutâneo positivo para paracoccidioidina; o que sugere resistência
na maioria dos casos de exposição ao fungo (Greer e Restrepo 1976).
11
De forma geral a PCM se enquadra no modelo bipolar traçado para outras
doenças, como a hanseníase. Os pacientes com forma disseminada e disfunção
grave da imunidade celular estariam no polo anérgico, enquanto os que evoluem
com doença localizada e imunidade celular preservada estariam no pólo hiperérgico
(Valle e Costa, 2001). A formação de granulomas acompanha este modelo bipolar,
onde os pacientes com as formas mais graves da doença apresentam lesões com
poucos granulomas mal formados, repletos de fungos viáveis em seu interior. Os
pacientes com doenças localizadas apresentam granulomas bem formados,
epitelióides, com poucos fungos em seu interior interior (Walmsley et al., 2002).
Em modelos experimentais, a presença de resposta do tipo Th1, com
produção de interferon (IFN) gama e interleucina (IL) 2 estão associados a proteção
e fenótipo de resistência. Em contrapartida, nas formas clínicas mais graves, existe
predomínio de resposta dos linfócitos da subpopulação Th2 com ativação policlonal
de linfócitos B, eosinofilia, produção de IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10, baixa ativação de
macrófagos e produção aumentada de anticorpos (Habib et al., 1989). A
imunoreatividade dos pacientes às gp43 e gp70 apesar de alta não é protetora
(Bernard et al., 1997) e os níveis elevados de anticorpos circulantes se
correlacionam com a gravidade da doença (Calish et al., 1998). A forma aguda
apresenta altas titulações de IgG4, que estão relacionadas com a gravidade da
doença e podem servir como parâmetro de acompanhamento clínico e terapêutico
(Juvenale et al., 2001).
Associação entre PCM e resposta imune celular deficitária já foi previamente
demonstrada (Mendes e Raphael, 1970). Influência sobre as células dendríticas,
inibindo a produção de IL-12 e TNF alfa (Ferreira et al., 2004) e elevando a produção
de IL-10, modula negativamente a atividade microbicida do hospedeiro, contribuindo
para a suscetibilidade deste ao fungo (Ferreira et al., 2007). Produção de IL-10 sem
as outras citocinas Th1 levam a hiporesponsividade do hospedeiro ao fungo e
presença de granulomas mal formados. Estes dados mostram uma disregulação do
perfil das citocinas (Bernard et al., 2001). Os macrófagos, os maiores responsáveis
pela defesa celular contra o fungo, são capazes de digerir este patógeno
principalmente quando sob influência do INF gama, mas incapazes na sua ausência
12
(Bacchi et al., 1994). Desta forma, a ação sobre as células apresentadoras de
antígeno tem como primeiro efeito influência sobre a função fagocitária dos
macrófagos.
Na PCM não existe defeito primário dos linfócitos (Costa et al., 1983; Costa et
al., 1986); a disfunção parece estar relacionada ao bloqueio da reatividade das
células efetoras (ação qualitativa), que é reversível com o tratamento da micose
(Arango e Yarzábal, 1982). Fatores circulantes com efeito imunossupressor já foram
identificados tanto em modelos experimentais (Castaneda et al., 1988) como em
pacientes com PCM. As glicoproteínas secretadas pelo fungo parecem possuir esta
ação ou por formar imunocomplexos circulantes (Habib et al., 1992) ou por ação
direta nas membranas de células efetoras (Mendes-Gianinni et al., 1989).
O papel da IL-12, IL-23 e IFN gama como atuantes na proteção contra formas
disseminadas da doença é salientado com a descrição de um pacientes com a forma
disseminada e deficiência herdada da subunidade ß 1 do receptor de interleucina 12
e 23 (Moraes-Vasconcelos et al., 2005).
1.7 Formas Clínicas
A classificação clínica atualmente utilizada foi a proposta por Franco et al.
(1987), melhor detalhada por Mendes (1994) e adotada pelo consenso brasileiro
realizado em 2006. A PCM é então classificada em: 1 - Paracoccidioidomicose
infeção; 2 - Paracoccidioidomicose doença – forma aguda/ subaguda ou forma
crônica (unifocal ou multifocal); 3 – Seqüelas.
A PCM infecção, por definição, se caracteriza por ausência de sinais e
sintomas de doença e presença de teste intradérmico com paracoccidioidina positivo
(Mendes, 1994). Inquéritos epidemiológicos demonstram que a infecção é adquirida
nas primeiras duas décadas de vida com pico de incidência entre 15 e 19 anos de
idade (Albornoz e Albornoz 1971). A fase de contágio aguda, apesar de ser
normalmente assintomática, pode se apresentar com sintomas agudos inespecíficos,
com a denominação de forma pulmonar aguda (ou sintomática) (Ramos et al., 1981).
13
A PCM de evolução aguda e/ou subaguda, também denominada tipo juvenil,
representa 3 a 5% dos casos (Blotta et al,. 1999); mas, pode alcançar 12 a 14%
como relatado por Fonseca et al. (1999). O tipo juvenil ocorre nos casos em que,
após infecção, a lesão pulmonar primária não entra em fase regressiva, com
disseminação do fungo por via hematogênica. Esta forma apresenta quadro clínico
polimórfico com disfunção celular imune importante e pode acometer qualquer
órgão. A prevalência do órgão afetado parece variar com a faixa etária na qual a
criança é acometida (Londero e Melo, 1983). Em geral se apresenta com
manifestações extra-pulmonares, principalmente decorrentes do acometimento do
sistema fagocítico-mononuclear (baço, linfonodos, fígados e medula óssea) pele e
trato digestivo (Valle e Costa, 2001). O tipo juvenil pode acometer adultos até os 35
anos de idade. Nesta forma clínica não existe predileção entre os sexos (ShikanaiYasuda et al., 2006).
A forma crônica do adulto é a forma clínica mais comum e corresponde a 90%
dos casos. Adultos, do sexo masculino, entre 30 e 60, anos são os mais acometidos.
A progressão geralmente é lenta e gradual (Shikanai-Yasuda et al., 2006). A
enfermidade pode ser subdividida em unifocal, quando somente um órgão ou
sistema é acometido, ou multifocal quando mais de um órgão ou sistema são
acometidos (Valle; Costa, 2001). Acrescentar critérios de gravidade (leve, moderado
e grave) à classificação clínica auxilia no planejamento terapêutico do paciente.
O pulmão é o órgão mais acometido na forma crônica, sendo afetado em até
90% dos pacientes; em 25% dos casos é o único órgão envolvido. Em muitos
pacientes os sintomas respiratórios são desproporcionais à extensão da doença,
que sugerem quadros pulmonares mais leves. Disfunções secundárias ao processo
fibrótico são comuns e levam, com freqüência, a quadro de doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) (Shikanai-Yasuda et al., 2006).
Lesões das mucosas das vias aéreas ocorrem em aproximadamente 53,6% a
85,4% dos casos (Shikanai-Yasuda et al., 2006). A lesões oral são caracterizadas
por úlceras de base granulomatosa, infiltrada com hemorragia puntuada (estomatite
14
moriforme de Aguiar Pupo). Lesões de evolução mais crônica podem apresentar
aspecto vegetante ou comportamento destrutivo. Essas lesões associadas aos
linfonodos cervicais aumentados podem ocasionar confusão diagnóstica com
carcinoma espinocelular (Meneses-Garcia et al., 2002). Sialorréia, dentes em mau
estado de conservação geralmente acompanham a doença na cavidade oral. Em
30% dos casos as lesões dominam o quadro clínico (Bicalho et al., 2001). As lesões
laríngeas acometem preferencialmente as regiões glóticas e supra glóticas (Negroni,
1993). O acometimento deste órgão pode evoluir com disfonia em mais de 50% dos
casos (Valle et al., 1995).
As lesões cutâneas são observadas em 19% a 54% dos pacientes, com
apresentação clínica variada, tais como lesões ulceradas e verrucosas, pústulas,
pápulas e vegetações. Pontilhado hemorrágico nas lesões ulceradas é sugestivo de
PCM. Regiões periorificiais, na face, são consideradas por alguns autores como
freqüentemente acometidas. Os linfonodos mais afetados na PCM são os cervicais.
A evolução com abscedação e secreção caseosa sugere também diagnóstico
diferencial com tuberculose tipo escrofuloderma (Negroni, 1993).
As supra renais são as glândulas mais freqüentemente acometidas pelo P.
brasiliensis e em algumas regiões é a principal causa de insuficiência deste órgão,
que geralmente apresenta recuperação após o tratamento específico contra o fungo
(Valle et al., 1993). A ocorrência de PCM em outros órgãos e sistemas já foram
relatados, por exemplo: ossos e articulações, trato gastrintestinal, olhos e trato
urogenital. A doença ocular pode levar a cegueira e deve ser suspeitado em
pacientes procedentes de área endêmica com quadro de blefarite crônica ou lesão
palpebral ulcerada (Silva et al., 1988). O comprometimento genital é pouco usual,
sendo o pontilhado hemorrágico observado com menos freqüência (Marques, 2003)
A seqüelas são resultantes da reparação cicatricial induzida pelo tratamento.
As principais são: doença pulmonar obstrutiva crônica; cicatrizes atróficas;
microstomia; estretamento laríngeo; e insuficiência adrenal (Shikanai-Yasuda et al.,
2006).
15
Pacientes com PCM freqüentemente apresentam co-morbidades de natureza
infecciosa e não infecciosa. Dentre os processos infecciosos destacam-se a
tuberculose, com associação em 5 a 10% dos casos, associação esta considerada
superestimada por alguns autores; enteroparasitoses, com particular ênfase à
estrongiloidíase; exacerbação infecciosa de doença pulmonar obstrutiva crônica e
AIDS. Suspeita de co-morbidade deve ser maior nos casos que não respondem
adequadamente ao tratamento apesar do uso regular com antifúngicos (ShikanaiYasuda et al., 2006).
A relação entre a PCM e tuberculose é reconhecida, porém pouco estudada.
No estudo de 159 casos, a associação com tuberculose ocorreu em 15%, mas em
somente 1/3 destes a infecção estava ativa (Valle et al., 1992). Pouco mais de uma
centena de casos de coinfecção de PCM e AIDS foram relatados até o ano de 2003
(Marques, 2003). Estes se apresentam com quadro clínico misto - manifestações
clínicas das formas aguda e crônica. Nestes casos em geral, linfócitos T CD4+ são
inferiores a 200 células/mL. É possível que a coinfecção AIDS/PCM seja menos
freqüente por conta do uso profilático das sulfas nos enfermos com AIDS. Nestes
pacientes o índice de mortalidade é alto com valores entre 25 e 30% (Marques et al.,
1995; Marques, 2003).
1.8 Diagnóstico Laboratorial
1.8.1 Exame micológico
O padrão ouro do diagnóstico da PCM é a identificação do fungo nos exsudatos ou
tecidos. O exame micológico direto é de extrema utilidade, pois os pacientes podem
apresentar riqueza de fungos no material coletado. O fungo se desenvolve “in vitro”
em grande variedade de meios de cultura. Os mais recomendados são: ágar
Sabouraud e ágar extrato de levedura, contendo em sua composição, inibidores de
contaminantes. A incubação é realizada em temperatura entre 200C a 280C e a
identificação do fungo é feita pela reversão da colônia filamentosa à leveduriforme,
após incubação a 380C (Valle e Costa, 2001).
16
1.8.2 Exame histopatológico
No exame histopatológico observa-se infiltrado inflamatório granulomatoso
onde se pode observar elementos parasitários de diversos tamanhos, com
brotamentos simples ou múltiplos. Observância de gemulação múltipla é
considerada diagnóstica; em alguns casos a correlação com a cultura permite
confirmação diagnóstica. Coloração com PAS ou com impregnação argênica
permitem melhor visualização do fungo (Valle e Costa, 2001). O citodiagnóstico é o
método que pode ser utilizado em exsudatos, principalmente pulmonares, lesões
mucosas e cutâneas (Mattos, 1979; Mattos et al., 1991; Cardoso et al., 2001; Talhari
et al., 2008).
1.8.3 Exame sorológico
A pesquisa de anticorpos contra componentes antigênicos do P. brasiliensis
tem sido empregada como meio diagnóstico da PCM desde sua introdução por
Moses (1916). As provas sorológicas específicas têm importância no diagnóstico e
no acompanhamento do tratamento (Valle et al., 1998). O substrato antigênico mais
importante é o derivado da glicoproteína, com peso molecular de 43kDa.
São os seguintes métodos sorológicos específicos: imunodifusão dupla em
gél de ágar (IDD), contraimunieletroforese (CIE), imunofluorescência indireta (IFI),
ensaio imunoenzimático (ELISA) e imunoblot (IB). Estes testes apresentam
sensibilidade entre 85% e 100%. Os títulos elevados apresentam correlações
clínicas com a gravidade de doença. Resultados falso negativos estão relacionados
aos casos muito localizados ou em imunossuprimidos. A IDD pode ser falso negativa
em 9,8% dos casos, principalmente na forma juvenil. A especificidade dos testes
varia de 85% a valores próximos de 100%. Reações falso-positivas podem ocorrer
em pacientes com histoplasmose e aspergilose (Shikanai-Yasuda et al., 2006).
A IDD é o principal método sorológico. Recomenda-se acompanhar a titulação
dos testes sorológicos durante o tratamento. É desejável que ocorra a negativação
dos títulos ou a estabilização na diluição de 1:2 ou menos. Em associação com
17
técnica imunoenzimática, a sensibilidade pode chegar a 100%, estando indicada,
principalmente, nos casos de dúvida diagnóstica (Valle et al., 2001). Face à
complexidade da resposta humoral dos pacientes com PCM foi sugerida utilização
de diferentes técnicas sorológicas para detecção de anticorpos IgG, IgA e IgM anti P.
brasiliensis (Martins et al., 1997).
Entre os problemas com os testes sorológicos na PCM, está a falta de
antígeno padronizado. A gp43 é a principal fonte antigênica, sendo obtida através da
cultura do fungo. Esses antígenos, denominados antígenos crus, possuem maior
taxa de reação cruzada com outras micoses; portanto, recomenda-se antígenos
purificados para aumentar a especificidade (Torres et al., 1975). Com a evolução das
técnicas de biologia molecular o desenvolvimento de antígenos purificados passou a
ter menor custo, aumentando o potencial para aplicabilidade prática - um exemplo é
o extrato purificado da proteína recombinante p27 (Correa et al., 2007).
Para evitar as reações cruzadas com infecções causadas por outros fungos,
tais como histoplasmose e lobomicose, utiliza-se a pesquisa direta de componentes
do P. brasiliensis. A técnica da polymerase chain reaction (PCR), provavelmente será
utilizada na rotina com esta finalidade, pois apresenta alta sensibilidade e
especificidade. Seqüências do fungo com já foram relatadas (Marques, 2003).
1.9 Tratamento
Até o ano de 1940 não havia tratamento adequado e a PCM era uma doença
progressiva e fatal. Com a utilização de derivados da sulfa por Ribeiro (1940) houve
mudança no prognóstico desta micose. O uso desta medicação foi considerado por
muitos autores, como supressivo (Sampaio, 1963). Pelo longo tempo de tratamento
e dificuldade de administração da anfotericina B, aliado ao risco de efeitos colaterais
potencialmente graves, um derivado imidazólico, o miconazol, foi utilizado com
sucesso na terapêutica da PCM. Foi considerada medicação efetiva, relativamente
segura, mas com altas taxas de recidiva de doença quando utilizada por pouco
tempo, sendo recomendado o tratamento prolongado (Stevens et al., 1978). Por
18
conta de seu perfil farmacocinético e farmacodinâmico hoje esta medicação é
somente encontrada disponível para aplicação tópica (Tavares, 2006).
No início da década de oitenta o cetoconazol foi o derivado imidazólico mais
utilizado na PCM, sendo considerada droga segura com boas taxas de cura
(Restrepo et al., 1983). O itraconazol, inicialmente utilizado em murinos (McEwen et
al., 1985) e considerado tão eficaz quanto o cetoconazol (Negroni et al., 1987), foi
usado em humanos pela primeira vez com sucesso em 25 indivíduos (Negroni et al.,
1987) e posteriormente considerado seguro para a prática clínica (Restrepo et al.,
1987).
Derivados de sulfonamidas, em associações ou não, são utilizadas na PCM
desde a sua introdução (Ribeiro 1940). Foram poucos estudos clínicos realizados
com esta medicação. Barravieira et al (1989) demonstraram que associação com
trimetoprim possui efeito sinérgico contra o P. brasiliensis. Hoje a associação de
sulfametoxazol e trimetoprim (SMZ/TMP) corresponde ao fármaco mais utilizado na
prática clínica (Valle e Costa, 2001).
O uso da anfotericina B na dose de 1mg/kg/dia atualmente se restringe aos
casos graves da doença ou aos casos com disabsorção suspeita (Shikanai-Yasuda
et al., 2006). As formulações lipídicas da anfotericina B parecem não ter resultado
satisfatório na terapêutica da PCM (Dietze et al., 1999).
O longo período de tratamento pode diminuir a adesão do paciente e
aumentar as taxas de recaídas e falhas terapêuticas. Valle et al (1992) identificaram
uma taxa de abandono em até 30% dos casos. Apesar da limitação de estudos
comparativos com diferentes esquemas terapêuticos, sugere-se o itraconazol como
a opção que permitiria o controle das formas leves e moderadas da doença em
menor período de tempo; mas o custo da droga é um fator limitante (ShikanaiYasuda et al., 2006). A terbinafina já foi utilizada com sucesso em um caso de PCM
crônica (Ollague et al., 2000).
19
Ainda não temos a medicação ideal para esta importante micose. O custo,
tempo de tratamento, potencialidade de efeitos colaterais e possibilidade de
desenvolvimento de resistência indicam a necessidade de desenvolvimento de
novas drogas (Visbal et al., 2005).
1.10 Paracoccidioidomicose do sistema nervoso central
1.10.1 Histórico
Pereira e Jacobs (1919), onze anos após à descrição original da PCM, foram
os primeiros a relatar um caso de provável acometimento do sistema nervoso central
pelo P. Brasiliensis. Maffei, em 1943, comprovou a presença do fungo em tecido
cerebral. Coube a Lacaz et al. (1947) documentarem o primeiro relato de tratamento
eficaz na paracoccidioidomicose do sistema nervoso central com o uso de derivados
da sulfa no tratamento de paciente com doença medular; este foi também o primeiro
paciente de acometimento medular relatado. Ritter et al (1947) descreveram o
primeiro caso com abordagem cirúrgica; Roca e Franco (1957) avaliaram o papel da
neurocirurgia no tratamento desta enfermidade; Levy et al. (1960) isolaram o fungo a
partir do líquor, pela primeira vez.
1.10.2 Definição
O comprometimento do sistema nervoso central (SNC) e/ou de seus
envoltórios pelo Paracoccidioides brasiliensis é consequente à disseminação linfo/
hematogênica, a partir de foco ativo de infecção. A este quadro denomina-se
neuroparacoccidioidomicose (NPCM) (Almeida et al., 2005).
1.10.3 Epidemiologia
A freqüência da NPCM não é conhecida; admite-se que sua ocorrência seja
maior do que se acreditava. Estudos de autópsia identificaram freqüência que variou
de 9,65% a 27,27% (Azevedo, 1949; Pereira et al., 1965). Em trabalhos clínicos, no
20
Brasil, este valor variou de 1,4% a 13,9% (Paniago et al., 2000; Almeida et al., 2004).
Na Venezuela, a freqüência foi de 9,7% (Tristano et al., 2004).
Raphael (1966) em análise sistemática de 55 pacientes com PCM identificou
14 com acometimento neurológico; destes, 5 não tinham queixas ou apresentavam
sintomas leves, não referidos pelo paciente. Em análise por tomografia
computadorizada (TC), no estudo de 40 indivíduos com PCM, sem queixas
neurológicas, 12,5% (5) tinham lesão central (Hutzler et al., 1985). Em 21 pacientes,
a ressonância nuclear magnética (RNM), evidenciou 10 casos com NPCM; destes,
apenas dois apresentavam sintomas; em 8 a doença neurológica era silenciosa
(Castro et al., 1999).
1.10.4 Clínica
O acometimento do SNC na paracoccidioidomicose em geral compõe o
quadro da forma crônica do tipo adulto. O acometimento exclusivo do SNC
geralmente ocorre em menos de 10% a 15% dos casos (Gasparetto et al., 2003;
Fagundes-Pereyra et al. 2006). A presença da doença em outros órgãos é a regra e
o pulmão é o órgão mais relacionado à NPCM - está acometido em até 92,9% dos
pacientes (Plá et al., 1994). Também devemos estar atentos ao acometimento das
mucosas das vias aerodigestiva superiores (VADS), linfonodos e pele.
São duas as formas clínicas principais da NPCM: meníngea e pseudotumoral
ou granulomatosa (Pereira et al., 1965). Existe predomínio marcante da forma
pseudotumoral. Esta pode apresentar envolvimento meníngeo associado;
geralmente restrito a sua imediata vizinhança em 0% a 30,8% dos granulomas
(Gasparetto et al., 2003; Almeida et al., 2004; Fagundes-Pereyra et al., 2006). O
acometimento meníngeo exclusivo é menos freqüente e dependendo da casuística
pode ocorrer em até até 10% dos casos (Elias Jr et al., 2005). Na forma meníngea,
as meninges basais são as mais comumente atingidas (Pereira et al., 1965) o que
pode gerar dificuldade diagnóstica com a tuberculose meníngea (Maehlen et al.,
2001).
21
As lesões parenquimatosas encefálicas apresentam-se sob a forma de
granulomas solitários ou múltiplos, localizando-se principalmente nos hemisférios
cerebrais, cerebelo, tronco e medula espinhal. O acometimento medular pelo P.
brasiliensis ocorre em 0,6% dos casos de PCM e 4% dos casos de NPCM. O nível
de comprometimento mais comum é o torácico (58%), seguido do cervical (25%) e
ambos, em 8% (Almeida et al., 2004).
As manifestações neurológicas variam com a localização, número e tamanho
das lesões assim como a presença de acometimento meníngeo. Face à compressão
das vias de circulação do líquido céfalo-raquidiano, pode ocorrer hidrocefalia
obstrutiva (Rodacki et al, 1995). Os sintomas neurológicos precedem os sistêmicos
em 21% dos casos. Em 33% surgem concomitantemente aos sintomas sistêmicos e
em 46% após (Almeida, 2005).
A queixa mais comum é a cefaléia - 21% a 70% dos pacientes. Em torno de
30% a 50% pode haver síndrome convulsiva e/ou hemiparesia. Estes sintomas,
junto com a cefaléia, compõem os achados clínicos mais encontrados na NPCM
(Gasparetto et al., 2003; Almeida et al., 2004; Elias Jr et al., 2005; Paniago et al.,
2006; Fagundes-Pereyra et al., 2006). Alterações cognitivas são relatadas em até
53.8% dos casos (Fagundes-Pereyra et al., 2006). Sintomas relacionados às
síndromes cerebelares são freqüentemente observados – em até 40% (Elias Jr et
al., 2005). Acometimento do tronco cerebral pode ampliar as possibilidades de
manifestações clínicas com quadros de síndromes extrapiramidais, mesencefálicas,
pontinas ou bulbares (Teive et al., 2002; Leal Filho et al., 2006).
1.10.5 Diagnóstico
O diagnóstico definitivo da NPCM idealmente seria realizado com o
isolamento fúngico, em cultura, a partir de tecido do sistema nervoso central ou do
líquido céfalo raquidiano (LCR). Pela dificuldade de acesso e potencial morbidade,
presença de sinais e/ou sintomas neurológicos, com imagem compatível em
paciente com a enfermidade sistêmica comprovadamente causada pelo P.
brasiliensis, é considerada suficiente para o diagnóstico da NPCM (Almeida, 2005).
22
Achados histológicos do tecido nervoso mostram lesão circunscrita com área
de necrose central onde os parasitas podem ser identificados. Na porção externa há
infiltrado inflamatório composto por células epitelióides, células gigantes, linfócitos e
plasmócitos. Astrocitose reativa pode ser encontrada nos tecidos vizinhos (Pereira et
al, 1965; Franco e Montenegro, 1982; Nóbrega et al, 1982). Necrose supurativa está
associada a formação de granulomas menos compactos e sua intensidade está
diretamente relacionada ao número de parasitas extracelulares. Dos achados
histológicos somente a múltipla gemulação pode ser considerada diagnóstica.
Achados neurocirúrgicos caracteriza-se por lesões bem demarcadas do tecido
circunvizinho e que podem ser aderidas às meninges (Rodacki et al, 1995).
As alterações liquóricas são pouco específicas, de baixo valor diagnóstico e o
exame micológico geralmente é negativo; mesmo nos casos de acometimento
meníngeo. A positividade à cultura pode ocorrer somente após múltiplas coletas de
líquor (Lorenzoni et al., 2002). Segundo Raphael (1966) a positividade da fixação de
complemento acima de três, hipoglicorraquia e pleocitose são achados sugestivos,
mas a principal alteração liquórica se caracteriza por aumento das proteínas totais e
aumento da proporção das gama globulinas (alteração qualitativa) que pode ocorrer
em 45% dos casos (Almeida et al., 2004).
Reações imunológicas no líquor e no soro podem contribuir para o
diagnóstico da NPCM; em alguns casos podem ser positivas no líquor e negativas
no soro. A técnica de imunodifusão tem positividade entre 0% a 7,2% (Almeida et al.,
2002; Marque da Silva et al., 2005) com possibilidade de reação cruzada com outros
processos infecciosos do sistema nervoso central, tais como histoplasmose e
criptococose (Almeida, 2005). O método de ELISA para detecção do antígeno gp43
apresenta positividade entre 89% a 100% na PCM (Almeida et al., 2002; Marques da
Silva et al., 2005). O método de inibição de ELISA (inh-ELISA) para detecção dos
antígenos gp43 e gp70 no líquor foi positivo em 100% dos 14 pacientes avaliados. A
concentração do gp43 foi considerada significativamente maior quando comparado
com o gp70 (p<0.001). O ELISA convencional foi positivo em 100% dos casos na
detecção dos mesmos antígenos (Marques da Silva et al., 2005).
23
Antes das técnicas de neuroimagem em muitos casos os diagnósticos de
NPCM eram feitos após neurocirurgia ou necrópsia (Nóbrega et al, 1982). Apesar da
neuroimagem não ser específica, ela auxilia tanto no auxílio diagnóstico como no
controle de cura da NPCM. O diagnóstico diferencial neuroradiológico se faz com
abscessos piogênicos, pseudotumores granulomatosos e infecciosos, metástases e
tumores expansivos necróticos (Faria et al., 2004).
Na tomografia computadorizada (TC) de crânio as imagens típicas são lesões
hipodensas, com captação anelar de contraste, circundada por edema perilesional
discreto. O tamanho dos granulomas varia de 10mm a 45mm (média de 23mm).
Hidrocefalia pode ser observada em 25% a 41% dos casos (Gasparetto et al., 2003;
Almeida, 2005; Elias Jr et al., 2005). Em casuística de 20 pacientes identificou-se
quatro padrões de achados tomográficos, sendo eles: lesão hipodensa com
captação anelar de contraste (45%); lesão calcificada com captação anelar de
contraste (20%); lesão hipodensa multiloculada com captação anelar de contraste
(10%); realce subaracnóide difuso (5%) (Elias Jr et al 2005). Presença de atenuação
hiperdensa à TC se correlacionou a lesões com mais de cinco meses de evolução
(Gasparetto et al., 2003). Os achados tomográficos com ausência de lesões
imaturas (cerebrite), presença de lesões encapsuladas associadas a sintomas
neurológicos relativamente leves sugerem que o paracoccidioidoma cerebral seja de
crescimento lento e assintomático no período de sua formação (Rodacki et al, 1995).
A ressonância nuclear magnética (RNM) é o método ideal para a visualização
de lesões granulomatosas e do acometimento meníngeo na NPCM. Em casuística
de 13 pacientes a TC não foi capaz de detectar lesão do SNC em três casos. Em
dois destes a RNM identificou múltiplas lesões enquanto que o terceiro caso evoluiu
para êxito letal com doença cerebral (Paniago et.,2006). Como a maioria dos casos
são estudados pela TC os aspectos à RNM precisam ser melhor caracterizados. As
imagens se caracterizam por nódulos hipo ou iso intensos em T1 e hipointensos em
T2 e no FLAIR e captação anelar de contraste sugestivo de reação granulomatosa
com necrose central. Sinal hiperintenso pode ser encontrado em T2 (Castro et al.,
1999; Almeida et al. 2004). O sinal hipointenso em T2, decorrente de produtos da
degradação da hemoglobina e acúmulo de radicais livre, é altamente sugestivo de
24
NPCM. Este achado difere do halo periférico encontrado nos abscessos bacterianos
(Magalhães et al., 1993).
A ressonância espectroscopica protônica magnética, utilizada por Faria et al
(2004) ajuda a diferenciar NPCM de criptococose, toxoplasmose e abscesso
tuberculoso (Gupta et al., 2001).
O acompanhamento neuroradiológico no pós-tratamento ainda não foi
realizado de forma sistemática. São consideradas imagens residuais lesões
hiperdensas com captação irregular de contraste e lesões calcificadas. A
normalização ocorre em torno de 36% dos casos (Almeida et al., 2004).
1.10.6 Tratamento
Não existe consenso quanto à primeira escolha de tratamento para a NPCM,.
Em geral a associação sulfametoxazol-trimetoprim é a mais utilizada e a anfotericina
B é utilizada nos casos resistentes ou intolerantes às sulfonamidas, mesmo sem ser
capaz de atravessar a barreira hematoencefálica (Almeida, 2005).
O fluconazol é um imidazólico com excelente penetração no SNC e pode ser
utilizado isoladamente ou em associação. (Valle e Costa, 2001). O itraconazol não
possui penetração adequada no SNC, mas já foi utilizado com sucesso em caso de
NPCM (Villa et al, 2000).
O voriconazol é um novo triazólico, disponível em apresentações oral e
venosa, com ação antifúngica de amplo espectro. Estudos ‘in vitro’ evidenciam
atividade do vorinconazol contra o P. brasiliensis (Kappe, 1999), desta forma esta
droga apresenta uso potencial na PCM. Face a sua penetração no sistema nervoso
estaria indicado na neuroparacoccidioidomicose (Shikanai-Yasuda et al., 2006).
A neurocirurgia, como método terapêutico da NPCM não está bem estudada.
Na maioria das vezes, o procedimento cirúrgico foi realizado antes do diagnóstico.
25
Indicações prováveis são: hidrocefalia grave, compressão medular ou lesão única
refratária à medicação específica (Elias Jr et al., 2005).
A NPCM pode ser letal se não for diagnosticada e tratada de forma adequada.
O atraso diagnóstico compromete o prognóstico, influenciando a taxa de mortalidade
da doença. Em 24 pacientes de NPCM tratados com a dose usual de SMX/TPM
houve 17% de mortalidade (Almeida et al., 2004). Existe relato de caso com provável
resistência ao tratamento e evolução para o acometimento do SNC e posterior êxito
letal (Duarte et al., 1999).
1.10.7 Revisão dos casos relatados (Anexo A)
Até o momento foram relatados 360 casos de NPCM . O Brasil com 91,11%
destes e a Argentina com 3,06%. Seguem a Colômbia, Venezuela e Peru .
Ao todo, em 229 doentes, 213 eram do sexo masculino (93%) e 16 do sexo
feminino (7%), com relação de 13,3 homens para cada mulher afetada; em 207
casos,198 (95,6%) apresentavam a forma crônica e 9 (4,4%) a aguda.
A classificação neurológica foi possível em 305 pacientes. A forma
granulomatosa correspondeu a 88,5% (270) dos casos. Dentre as 270 lesões
pseudotumorais, 147 (54,4%) apresentavam-se no compartimento supratentorial, 55
(20,4%) no infratentorial e 47 (17,4%) em ambos. Lesões medulares
corresponderam a 21 (8,8%) casos. Meningite associada à lesão granulomatosa foi
identificada em 8,1% dos granulomas. Meningite exclusiva foi relatada em 35
(11,5%) ocasiões.
Na avaliação de 250 indivíduos com NPCM a doença era unifocal em 24
(9,6%). A seqüência dos sintomas foi relatada em 151 destes. O sintoma neurológico
precedeu o sistêmico em 14,6% (22), dos casos. O surgimento foi concomitante em
8,6% (13) e posterior em 68,2% (103) dos enfermos.
26
O diagnóstico de NPCM foi obtido através de necrópsia em 13,2% (33), peça
cirúrgica em 41,4% (103) e biópsia de outro órgão em 45,4% (113) de 249 casos.
Em 145 a sorologia do líquor foi positiva em 8,4% (12) dos pacientes e identificação
do fungo por exame direto e/ou cultura possível em 10,5% (15).
Ocorreram 100 óbitos em 268 (37,3%) casos estudados. Quando se compara
a mortalidade, antes e após 1980, observam-se 48 (69,7%) mortes dentre 69
doentes no primeira fase e 52 (26,1%) óbitos em 199 na segunda fase.
27
2. OBJETIVOS
2.1
Geral
Analisar a prevalência dos casos de NPCM ocorridos no Instituto de
Pesquisas Clínicas Evandro Chagas IPEC/FIOCRUZ no período de janeiro de 1991
a dezembro de 2006.
2.2
Específicos
‣ Estimar a frequência da NPCM;
‣ Determinar o perfil epidemiológico da NPCM com dados sobre o sexo, a faixa
etária, história de trabalho com solo e moradia em área rural até os 20 anos de
idade, escolaridade e o consumo de álcool e de tabaco;
‣ Identificar enfermidades associadas a saber: tuberculose pulmonar,
estrongiloidíse e HIV/AIDS;
‣ Classificar os casos em crônicos ou agudos/subagudos;
‣ Identificar a presença de sintomas gerais (febre, emagrecimento e anorexia) e os
órgãos acometidos em associação à doença neurológica;
‣ Identificar as principais manifestações neurológicas ocorridas no curso da NPCM;
‣ Descrever a correlação temporal entre sintomatologia neurológica e sistêmica;
‣ Verificar as formas clínicas de NPCM;
‣ Descrever os achados tomográficos: característica das lesões, número, e
topografia;
‣ Descrever os achados liquóricos;
‣ Avaliar resposta terapêutica nas diversas formas de NPCM;
‣ Verificar presença de seqüelas e defini-las se for o caso.
28
3.
3.1
MATERIAL E MÉTODOS
Modelo de Estudo
Trata-se de um estudo retrospectivo de série de casos de NPCM, realizado
por análise de prontuários, do ambulatório de micologia/paracoccidioidomicose do
Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas IPEC/FICRUZ Rio de Janeiro, no
período de janeiro de 1991 a dezembro de 2006.
O IPEC é um centro de referência para micoses, situado na FIOCRUZ do
Rio de Janeiro. Recebe anualmente, em média, 25 novos casos de
paracoccidioidomicose. A maioria dos pacientes são referenciados de áreas rurais
do Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais e São Paulo. No IPEC, a abordagem
clínica dos pacientes com PCM inclui, atendimento multiprofissional com
acompanhamento médico, farmacêutico, psicológico, nutricional e de assistente
social.
Apesar de todos os casos de paracoccidioidomicose do período em questão,
terem sido avaliados pela mesma equipe médica, e que esta segue um protocolo de
atendimento conforme explicitado no anexo B, este estudo pode ter sofrido viés de
aferição. As possíveis distorções relacionadas as informações contidas nos
prontuários provavelmente foram minimizadas, não somente por haver uma equipe
treinada que segue critérios específicos de definição de caso, mas também por
haver padronização da conduta semiológica e terapêutica dos casos de
paracoccidioidomicose
29
3.2 Universo do Estudo
3.2.1 População de Referência
O estudo teve como alvo pacientes com paracoccidioidomicose atendidos no
ambulatório de micologia/paracoccidioidomicose do Instituto de Pesquisas Clínicas
Evandro Chagas IPEC/FICRUZ Rio de Janeiro, no período de janeiro de 1991 a
dezembro de 2006.
3.2.2 População de Estudo
A população de estudo foi composta por pacientes com diagnóstico de PCM e
acometimento do sistema nervoso central demonstrado clinicamente e por
neuroimagem ou isolamento do fungo deste sistema.
3.2.3 Participantes
Pacientes que tenham critério de NPCM correspondente ao período do
estudo.
3.3 Procedimentos e Aspectos Éticos
Tratou-se de um estudo de série de casos de pacientes atendidos no período
de janeiro de 1991 a dezembro de 2006, o que impossibilita a obtenção do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Entretanto, através da
assinatura de um Termo de Compromisso, os pesquisadores envolvidos se
comprometem a manter em sigilo a identidade dos pacientes, assim como a
confidencialidade e a privacidade dos dados obtidos nesse estudo. Os
resultados obtidos com essa pesquisa serão divulgados em comunicações
científicas. Este projeto foi aprovado conforme parecer consubstanciado do
comitê de ética do IPEC número 038/2007 protocolado sob o número
0040.0.009.000-07.
30
3.4
Análise de dados
Os dados de prontuário foram armazenados em um banco de dados e
analisadas as seguintes variáveis:
Epidemiológicas: sexo, idade, raça, atividade ocupacional e moradia até os 20
anos de idade, escolaridade e história de tabagismo e de alcoolismo;
Clínicas: classificação clínica, órgãos acometidos e co-morbidades;
Laboratoriais: exame micológico direto e cultura e sorologias;
Radiológicas: achados tomográfico e de ressonância;
Terapêuticas: resposta terapêutica aos tratamentos utilizados;
Evolutivas: recidivas, reinfecções e seqüelas.
Serão descritas as freqüência simples das variáveis categóricas.
31
4.
Resultados
De janeiro de 1991 a dezembro de 2006, 367 pacientes foram admitidos no
IPEC com o diagnóstico de paracoccidoidomicose. Manifestação neurológica foi
observada em 14 pacientes, o que correspondeu a taxa de prevalência de 3,8%.
Todos os pacientes de NCPM eram do sexo masculino, com média de idade
de 41,78 anos (21 a 57 anos de idade). Nove (64,29%) destes eram brancos, três
(21,43%) negros e dois (14,29%) pardos. Treze (92,86%) nasceram em área rural
endêmica e 10 (71,43%) referiram história de trabalho com o solo até vinte anos de
idade. Atualmente somente três (21,43%) mantém ofício relacionado ao solo. A
escolaridade dos pacientes foi baixa: um com segundo grau completo, três com o
primeiro grau completo e 10 com primeiro grau incompleto. Todos os indivíduos
referiram consumo regular de álcool e 13 de tabaco (tabela 1)
Tabela 1 - Aspectos epidemiológicos segundo os dados demográficos dos pacientes
com Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto de Pesquisas Clínicas
Evandro Chagas.
Origem Trabalho com Trabalho
Esc Consumo Consumo
área rural solo até 20a solo atual
álcool
tabaco
1 M
N
43
S
S
N
1
S
S
2 M
B
35
S
S
N
2
S
S
3 M
N
20
N
N
N
1
S
N
4 M
P
48
S
S
N
1
S
S
5 M
P
42
S
S
N
1
S
S
6 M
B
52
S
S
N
1
S
S
7 M
N
40
S
S
S
1
S
S
8 M
B
41
S
S
S
4
S
S
9 M
B
57
S
S
N
1
S
S
10 M
B
46
S
N
N
1
S
S
11 M
B
45
S
S
N
2
S
S
12 M
B
42
S
N
N
2
S
S
13 M
B
41
S
S
S
1
S
S
14 M
B
33
S
N
N
1
S
S
Esc - escolaridade; M masculino; Ne –negro; P – pardo; B – branco; S – sim; N – não; 1 – primeiro
grau incompleto; 2 – primeiro grau completo; 4 – segundo grau completo
Casos Sexo Cor Idade
32
PCM tipo adulto foi identificado em 13 dos 14 casos, um caso foi classificado
como tipo juvenil, de evolução subaguda. No momento da admissão, no IPEC, todos
apresentavam doença em outro órgão, além do acometimento do SNC, com a média
de 3,85 órgãos acometidos por paciente.
Febre, perda de peso e/ou anorexia foram encontrados em 12 pacientes
(85,7%). Doença pulmonar sintomática ocorreu em 9, mas evidência radiológica de
acometimento pulmonar foi identificada em 13 enfermos. Os outros órgãos afetados
foram: mucosa das vias aerodigestivas superiores (VADS) (11 pacientes); adrenais
(7 pacientes); linfonodos (5 pacientes); pele (3 pacientes); osso, língua e fígado (1
paciente cada) (tabela 2). A micose acometeu as VADS em 19 ocasiões: mucosa
oral em 7; lábio 5; larínge 4; e mucosa nasal 3 (figura 1).
A origem diagnóstica da PCM foi: mucosa orofaríngea em 4 casos, pulmões
em 3, larínge em 2, linfonodos em 1 e língua em 1. O sistema nervoso central foi a
fonte diagnóstica em três ocasiões (tabela 2). As biópsias cerebrais evidenciaram à
microscopia óptica infiltrado mononuclear, com predomínio de histiócitos e células
gigantes, em torno de tecido necrótico, com presença de estruturas leveduriformes
arredondadas de tamanhos e gemulações variados; que foram melhor visualizadas
na coloração pela prata. Em nenhum caso houve realização de cultura do tecido
cerebral.
33
Tabela 2 – Classificação clínica, sintomas e origem diagnóstica dos pacientes com
N e u r o p a r a c o c c i d i o i d o m i c o s e atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas
Evandro Chagas.
Órgão Acometido
Supra
N
Sintomas
Órgão
Casos Forma
Pulmão VADS renais Linf Outros
clínica
órgãos Sistêmicos*
diagnóstico
1
FCA
3
S
S
S
N
N
Língua
Língua
2
FCA
6
S
S
S
S
S
N
Linfonodo
3 Juvenil
3
S
N
S
N
S
Pele
Orofarínge
4
FCA
4
S
S
S
N
N
Fígado
Pulmão
5
FCA
2
N
S
S
N
N
N
Orofarínge
6
FCA
5
N
S
S
N
S
Pele
Orofarínge
7
FCA
3
S
S
S
N
S
N
Cérebro
8
FCA
3
S
S
S
N
N
N
Laringe
9
FCA
5
S
S
S
S
N
N
Laringe
10
FCA
7
S
S
S
S
N Pele/osso
Cérebro
11
FCA
3
S
S
N
S
N
N
Pulmão
12
FCA
3
S
S
N
S
N
N
Cérebro
13
FCA
4
S
S
S
S
N
N
Orofarínge
14
FCA
3
S
S
N
S
N
N
Pulmão
N – número; ; linf – linfonodo; FCA – forma crônica do adulto; S – sim; N – não;
* sintomas sistêmicos (febra, anorexia e/ou perda de peso)
1
13
Lábio
5
19
1
7
1
5
Língua
Pele
3
Pulmão
Linfonodo
Orofaringe
7
Mucosa Nasal
3
Laringe
4
Ossos
Fígado
Mucosa VADS
Adrenais
Figura 1- Aspectos clínicos segundo o total de vezes em os órgãos foram
acometidos nos pacientes com Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto
Pesquisas Clínicas Evandro Chagas.
34
A sorologia para o HIV foi negativa em todos os pacientes. Exame direto do
escarro foi realizado em todos os casos, sendo positivo para P. brasiliensis em três;
em um Cryptococcus neoformans foi identificado com posterior confirmação de
criptococose pulmonar. Tuberculose esteve relacionada à PCM em quatro ocasiões:
em uma a doença estava em atividade e em três havia história de tratamento
recente (menos de um ano antes do diagnóstico de PCM). Estrongiloidíase foi
diagnosticada 4 (28,57%) vezes. A imunodifusão dupla foi positiva em 11 casos com
titulação média de 30, variando de 2 a 128. Em três casos o resultado foi falso
negativo (tabela 3).
Tabela 3 – Aspectos laboratoriais dos pacientes com Neuroparacoccidioidomicose
atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro Chagas.
Casos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
S – sim; N – não;
Escarro
C.neoformans
Normal
Normal
PCM
Normal
Normal
Normal
Normal
Normal
Normal
PCM
PCM
Normal
PCM
S. estercoralis
N
N
N
S
N
N
S
N
S
S
N
N
N
N
HIV
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
Tuberculose
S
N
N
S
N
N
N
N
S
N
S
N
N
N
IDD
32
N
128
N
8
8
32
8
8
N
8
32
64
2
Sinais ou sintomas relacionados à PCM em outro órgão esteve presente na
totalidade da amostra: em 11 (78,57%), as manifestações sistêmicas precederam o
quadro neurológico; em 5, a doença no SNC ocorreu em vigência de tratamento
irregular e recidiva de doença. O tempo médio entre o início dos sintomas e as
alterações neurológicas foi de 24 meses (7 a 43 meses). Em dois (14,28%)
pacientes a PCM iniciou com sintomas neurológicos; em um (7,14%) o surgimento
das queixas foi concomitante. O quadro neurológico mais encontrado foi convulsão
(57,14%), seguido de distúrbios motores (28,57%), cefaléia (28,57%) e sintomas
cerebelares (21,42%) (tabela 4 e figura 2).
35
Tabela 4 – Seqüência dos sintomas observado entre os pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Casos
D1sist
D1Neuro
Seq sint
Tto regular tempo meses
1
P
N
43
01/10/1995
07/05/1999
2
P
S
11
14/08/1997
10/07/1998
3
P
N
17
04/01/1991
23/06/1992
4
P
N
25
11/01/1993
08/02/1995
5
P
S
13
08/09/2003
08/10/2004
6
P
S
41
01/01/1993
25/06/1996
7
A
S
-10
02/05/1999
20/07/1998
8
A
S
-6
08/10/1999
10/04/1999
9
P
S
63
22/02/2001
30/05/2006
10
P
S
14
15/08/1995
01/10/1996
11
P
S
14
15/11/2003
24/01/2005
12
P
N
22
06/06/1997
06/04/1999
13
C
S
0
12/07/2004
12/07/2004
14
P
N
33
12/12/1992
07/09/1995
D1sint - data do primeiro sintoma sistêmico estimada tomando como base a primeira consulta e
tempo dos sintomas; D1neuro - data do primeiro sintoma neurológico ; tto - tratamento; P – posterior;
A – anterior; S – sim; N – não;
ra
m
er
id
te
al
ns
Sí
nd
ão
ro
in
m
tr
D
ac
e
is
ce
tú
ra
rb
re
ni
i
b
an
o
A
el
ps
m
a
a
r
né
iq
ui
si
a
át
To
ric
nt
o
ei
r
Se a
cç
ão
m
Sí
ed
nc
ul
op
ar
e
Pa
ra
lis
ia
C
ab
ef
du
al
éi
sc
a
en
te
C
on
vu
ls
ão
10,0
ip
5,0
H
8
Si
nd
Pi
7,5
4
2,5
3
3
2
2
1
1
1
1
1
Figura 2 - Manifestações neurológicas relatados entre os pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
36
Todos os pacientes foram submetidos ao estudo de neuroimagem - 13 casos
à tomografia computadorizada de crânio e dois à ressonância nuclear magnética. A
forma pseudotumoral foi encontrada em todos. Em 3 (21,42%) houve extensão
meníngea do granuloma; meningite exclusiva não foi encontrada. Um caso foi
classificado como encefalite (caso 3).
A lesão pseudotumoral apresentou-se de forma isolada em 7 (50%) ocasiões,
e havia 2 ou mais lesões nos outros 7 pacientes. Os granulomas foram de
localização exclusivamente supratentorial em 9 (64,28%) casos, infratentorial em 1
(7,14%) e acometeu ambos os compartimentos em 3 (21,42%). Medula espinhal foi
acometida em uma ocasião ao nível de T12. O tronco cerebral foi o local mais
afetado, foram 7 casos (50%) com 16 lesões o que correspondeu a 37,20% das
lesões; 6 (42,85%) pacientes apresentaram lesão nos lobos frontais e parietais com
8 (18,60%) lesões, 4 (28,57%) no cerebelo com 6 (13,95%) lesões e 2 (14,28%) os
lobos occipitais e temporais com 2 (4,65%) granulomas (tabelas 5 e 6).
Tabela 5 – Classificação neurológica dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Lesão Única x
Número
Supra Infra Ambos
Múltipla
lesões
1 Pseudotumoral
M
7
S
N
N
2 Pseudotumoral
M
4
N
N
S
3
Encefalite
U
1
S
N
N
4 Pseudotumoral
M
4
S
N
N
5 Pseudotumoral
M
7
N
N
S
6 Pseudotumoral
M
4
S
N
N
7 Pseudotumoral
U
1
S
N
N
8 Pseudotumoral
M
2
S
N
N
9 Pseudotumoral
U
1
N
S
N
10 Pseudotumoral
M
8
N
N
S
11 Pseudotumoral
U
1
S
N
N
12 Pseudotumoral
U
1
S
N
N
13 Pseudotumoral
U
1
S
N
N
14 Pseudotumoral
U
1
N
N
N
Supra – supratentorial; infra – infratentorial; M – múltipla; U – única; S – sim; N – não;
Casos
Forma Clínica
Medula
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
S
37
Tabela 6 – Localização das lesões neurológicas dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Localização
Número de lesões
Tronco
Frontal
Parietal
Occiptal
Temporal
Cerebelo
Medula
Número
pacientes
%
16
8
8
2
2
6
1
37,2%
18,6%
18,6%
4,7%
4,7%
14,0%
2,3%
%
7
6
6
2
2
4
1
50,0%
42,9%
42,9%
14,3%
14,3%
28,6%
7,1%
Considerando-se os 43 granulomas encontrados a TC visualizou 39. À RNM
verificaram-se 3 lesões, que não previamente visualizadas pela TC. Em 16
pseudotumores, através da TC, o tamanho variou de 8,5 mm a 35 mm (média de
18,96 mm). Dentre as 39 lesões analisadas pela TC, 37 eram hipodensas (94,87%)
e todas apresentavam realce por contraste, sendo anelar em 32 (82,05%) e nodular
em 7 (17,94%). Em 25 (64,10%), o edema era perilesional; era difuso em 5 (12,82%)
e ausente em 9 (23,07%); o efeito de massa esteve associado à 7 (17,94%)
granulomas ( figura 3 e tabela 7).
2
40
7
9
30
5
20
37
32
25
10
0
dad
si
De
ed
te
ras
t
n
o
ec
ão
s
a le
ão
aç
apt
d
ma
Ede
C
Figura 3 -Características das lesões observadas à TC dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
38
Tabela 7 – Características tomográficas das lesões apresentadas pelos pacientes
com Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Lesão
1
2
3
4
5
6
7
Tamanho
(mm)
35
NR
NR
NR
NR
NR
NR
Densidade
Captação
contraste
anelar
nodular
nodular
anelar
anelar
nodular
nodular
Edema
Efeito
massa
S
N
N
N
N
N
N
hipo
Difuso
hipo
Peri
hipo
Peri
hipo
Peri
hipo
Peri
hipo
Peri
hipo
Peri
hipo com hiper
8
30
anelar
Peri
S
periférico
9
8,5
hipo
anelar
N
N
10
NR
hipo
anelar
Difuso
S
11
NR
hipo
anelar
Difuso
S
12
NR
hipo
anelar
Difuso
S
13
NR
hipo
anelar
N
N
14
24
hipo
anelar
Difuso
S
15
12
hipo
anelar
Peri
S
16
NR
hipo
anelar
Peri
N
17
NR
hipo
anelar
Peri
N
18
NR
hipo
anelar
Peri
N
19
NR
hipo
anelar
Peri
N
20
NR
hipo
anelar
Peri
N
21
NR
hipo
anelar
N
N
22
NR
hipo
nodular
N
N
23
NR
hipo
nodular
N
N
24
15
hipo
anelar
N
N
25
25
hipo
anelar
Peri
N
26
20
hipo
anelar
N
N
27
10
hipo
anelar
N
N
28
14
iso
anelar
Peri
N
29
25
hipo
anelar
Peri
N
30
NR
hipo
anelar
Peri
N
31
NR
hipo
anelar
Peri
N
32
NR
hipo
anelar
Peri
N
33
NR
hipo
anelar
Peri
N
34
NR
hipo
anelar
Peri
N
35
NR
hipo
anelar
Peri
N
36
NR
hipo
nodular
Peri
N
37
14
iso
anelar
Peri
S
38
15
hipo
anelar
Peri
N
39
18
hipo
anelar
N
N
NR – não relatado; hipo – hipodenso; iso – isodenso; hiper – hiperdenso; Peri –perilesional; S – sim;
N – não;
39
Análise do líquor foi realizada em 6 casos. A celularidade média foi de 7, com
variação de 1 a 29. A glicose média foi de 72,80mg/dL (62 mg/dL a 80 mg/dL) e as
proteínas totais, 50mg/dL (42mg/dL - 57mg/dL). O exame direto e culturas para
fungos, bactérias e micobactérias foram negativos em todos os casos, a sorologia
para herpes, HIV, HTLVI/II e sífilis também foram negativas. A imunodifusão dupla
para P. brasiliensis foi positiva no caso de encefalite. com titulação de 1:64 (tabela
8).
Ta b e l a 8 – A s p e c t o s l i q u ó r i c o s d o e x a m e d o s p a c i e n t e s c o m
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Exame
Cels
Ptn
Gli
Cl
Nø
IDD
Direto
mm3
mg/dL
mg/dL
mg/dL
1
Neg
Neg
2
41
N
2
Neg
Neg
3
54
80
122
N
3
Neg
Neg
29
80%
42
73
110
64
8
Neg
Neg
6
44
74
123
N
12
Neg
Neg
1
20%
53
62
0
N
14
Neg
Neg
1
57
75
112
N
Cels – células; Nø - neutrófilos; ptn – proteína; Gli – glicose; Cl – cloro; IDD – imunodifusão dupla;
Neg – negativo; S – sim; N – não;
Casos
Cultura
Sulfametoxazol-trimetoprim (SMX/TMP) foi utilizado em todos os pacientes
como monoterapia ou em combinação. Fez-se monoterapia em 3 ocasiões; em 10
associou-se ao fluconazol. A anfotericina B foi utilizada em 3 casos na fase de
indução. Em um caso o itraconazol foi instituído pois o paciente apresentou
intolerância às outras opções. Cirurgia,com finalidade terapêutica, foi indicada para o
caso de PCM medular (caso 14), para descompressão da medula (tabela 9). Doses
encontram-se especificadas no anexo B.
Todos os pacientes foram acompanhados por 10 a 189 meses (média de
75,35 meses). Um paciente faleceu de causa não relacionada à PCM (choque
cardiogênico por cardiopatia alcoólica). Oito pacientes terminaram o tratamento, com
tempo médio de 42 meses. Em todos os casos houve negativação da sorologia. Dos
5 pacientes que ainda estão em tratamento somente dois não completaram 24
meses de medicação ao final da análise, em dezembro de 2006 (tabela 9).
40
Tabela 9 – Terapêutica dos pacientes com Neuroparacoccidioidomicose atendidos
no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro Chagas.
Tempo
Tempo
Tratamento
acompanhamento
(meses)
1 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
N
N
†
56
2 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
S
N
24
79
3 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
N
N
36
187
4 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
N
N
24
132
5 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
S
N
tto
13
6 SMZ/TMP
SMZ/TMP
S
N
58
58
7 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
S
N
84
71
8 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
S
N
37
58
9 SMZ/TMP
SMZ/TMP
S
N
tto
10
10 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
S
N
24
119
11
AnfoB
Itraconazol
S
N
tto
14
12
AnfoB
SMZ/TMP+F
N
N
tto
58
13
SMZ/TMP
SMZ/TMP
S
N
tto
11
14 SMZ/TMP+F
SMZ/TMP+F
N
S
36
189
SMZ/TMP – sulfametoxazol/trimetopriim; F – fluconazol; AnfoB – anfotericina B; † - óbito; S – sim; N –
não;
Casos
Tratamento
indução
Tratamento
manutenção
Tratamento
regular
Tratamento
cirúrgico
Em onze (78,57%) pacientes foi identificada a presença de seqüelas. Estas
foram divididas em sistêmicas e neurológicas. Três apresentaram ambos os tipos de
seqüelas, 5 somente seqüelas sistêmicas e 3, somente neurológicas. Os seis
pacientes em tratamento estão nesta lista. Nove pacientes estão em tratamento com
anti convulsivantes (tabela 10).
41
Tabela 10 - Seqüelas pós tratamento dos pacientes com
Neuroparacoccidioidomicose atendidos no Instituto Pesquisas Clínicas Evandro
Chagas.
Anti
Seqüela
Calcificação
Seqüela sistêmica
convulsivante?
neurológica
TC
1
S
NA
NA
NA
2
N
IA
N
S
3
S
N
N
N
4
S
N
Convulsão
S
5
N
N
Dist motor
S
6
N
AI
N
S
7
S
N
Dist motor
N
8
N
DPOC + DIS
Amnesia
N
9
S
DPOC+IA+DIS
N
N
10
N
IA
Dist motor + ataxia
S
11
N
DPOC+IA+TRA
Dist motor
S
12
S
IA
N
N
13
N
IA
N
S
14
N
N
N
N
S – sim; N – não; NA – não avaliado; DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica; DIS – disfagia;
TRA – traqueostomia; IA – insuficiência adrenal; Cv – convulsão
Casos
TC seriada por um ano foi possível em 9 pacientes correspondendo a 27
lesões e por dois anos em 7 com 22 lesões. Na análise evolutiva, das lesões, o
tamanho e intensidade do edema foram os primeiros sinais a desaparecerem,
seguido da diminuição do tamanho da lesão. Nove lesões calcificaram após período
médio de 23 meses. Em sete casos houve pelo menos uma TC normal antes da
calcificação da lesão.
42
5.
Discussão
A prevalência do envolvimento neurológico na PCM não é conhecida. A
NPCM era considerada manifestação rara da doença. Atualmente considera-se o
SNC como alvo potencial do P. brasiliensis. Diversos estudos sobre a prevalência da
NPCM já foram realizados. Em necrópsias, a freqüência variou de 9,65% a 27,27%
(Azevedo, 1949; Pereira et al., 1965). Em análises clínicas este valor foi de 1,4% a
13,9% (Paniago et al., 2000; Almeida et al., 2004). Na casuística estudada a
prevalência de NPCM foi de 3,8%. Quando os estudos são realizados em pacientes
assintomáticos a freqüência fica entre 12,5% e 47,6% (Raphael, 1966; Hutzler et al.,
1985; Castro et al., 1999). Os dados mostram discrepância entre as diversas
estatísticas, o que reforça a necessidade de identificarmos o real impacto desta
forma clínica na PCM.
Esta casuística está de acordo com a literatura, com predomínio da forma
crônica do adulto – em 92,85%. A revisão dos casos publicados apresentados em
nossas referências revelou relação de 13,3 homens para cada mulher, os nossos 14
pacientes foram do sexo masculino. Apesar da forte relação do manuseio com solo
nos primeiros 20 anos de vida e PCM, Restrepo et al. (1970) já salientavam maior
importância do mapa ecológico e a relação do homem com as “reserváreas”. Nesta
casuística somente o caso tipo juvenil não viveu os primeiros 20 anos de vida em
área endêmica.
Tabagismo e alcoolismo são fatores reconhecidamente relacionados à forma
crônica da PCM. Todos os pacientes declararam consumo de álcool e tabagismo,
mas não foi possível a coleta de dados padronizados. O real impacto desses hábitos
no desenvolvimento de doença neurológica ainda está por ser definido. É possível
que a influência dos mesmos na gravidade dos casos possa indiretamente
influenciar o acometimento do SNC, mas estudos futuros precisam ser realizados
para elucidar esta questão (Martinez e Moya 1992: Santos et al., 2003).
43
Sabe-se que manifestação neurológica exclusiva (unifocal) pode ocorrer em
9,6% dos casos (anexo A) de PCM. Em nossa estatística, não foi encontrado
nenhum caso com doença neurológica unifocal; este fato, poderia ser justificado pela
utilização de protocolo de atendimento, como o do IPEC, em que se realiza pesquisa
ativa de PCM nos principais órgãos atingidos pelo P. brasiliensis.
Todos os 14 pacientes, na admissão, apresentavam doença em outro órgão,
cada um, com média de 3,85 órgãos acometidos (incluindo o SNC). Os pulmões
foram os órgãos mais afetados- 13 (92,85%), seguindo-se pelas mucosas das vias
aerodigestivas, glândulas adrenais, linfonodos e pele. Plá et al. (1994) relataram
92,9% de acometimento pulmonar na NPCM. Queixas inespecíficas, tais como:
febre, anorexia e perda de peso, foram identificadas 12 (85,71%) vezes, sendo
consideradas manifestações freqüentes.
Em geral, sintomas relacionados a outros órgãos, precederam os
neurológicos em 78,57% (11 casos) da nossa casuística, com intervalo médio de 24
meses (7 a 43 meses), entre o primeiro sintoma e o quadro neurológico. Em 5
enfermos a doença neurológica ocorreu após tratamento irregular, compondo o
quadro de recidiva. Não possível saber se este quadro estava presente desde o
início da doença ou se ocorreu posteriormente, durante a recidiva. Na literatura
sintoma neurológico inicial ocorreu em 14,6 % dos casos, valor semelhante ao de
nossa casuística (14,28%).
Neurocirurgia diagnóstica foi realizada em 3 pacientes, mas em somente um
destes a sintomatologia neurológica precedeu a sistêmica (caso 7). Nos outros dois
os sintomas sistêmicos estavam presentes há 14 (caso 10) e 22 (caso 12) meses
respectivamente; ambos com isolamento do fungo em outro órgão. Nos outros
pacientes, o diagnóstico foi efetuado na mucosa orofaríngea (4), pulmões (3), larínge
(2), linfonodo (1) e língua (1).
A sorologia para o HIV foi negativa em todos os doentes; AIDS não se
mostrou coinfecção importante. História de tuberculose foi observada em quatro
ocasiões, mas somente em uma foi documentada. Quagliato Júnior et al. (2007)
44
ressaltam que apesar da existência da associação entre estas duas enfermidades
ela é, provavelmente, superestimada por confusão diagnóstica. Um caso tinha
criptococose pulmonar concomitante. Casos anteriores foram relatados e
relacionados à imunossupressão desencadeada pela PCM (Bernard et al. 1996;
Shikanai-Yasuda et al., 1992).
Convulsão foi o sintoma mais encontrado (57,14%) seguindo-se alterações
motoras, cefaléia (28,57% cada) e distúrbios cerebelares (21,42%). Almeida et al.
(2004) referem que a cefaléia é o sintoma mais freqüente, ocorrendo em 21% a 70%
das vezes. Independente da ordem relatada convulsão, cefaléia e distúrbios motores
são as manifestação neurológicas mais comuns da PCM, seguidas pelas síndromes
cerebelares (Gasparetto et al., 2003; Elias Jr et al., 2005; Paniago et al., 2006;
Fagundes-Pereyra et al., 2006).
Distúrbios psiquiátricos nunca foram relatados anteriormente, sendo
observado em dois casos da presente série: um apresentou psicose aguda, com
déficit de atenção e memória (caso 3) e o outro quadro de delírio (caso 7); em
ambos houve reversão dos sintomas com o tratamento. Outros sintomas incomuns
foram: amnésia (2 pacientes); síncope e paralisia do abduscente (1 paciente cada).
No caso 9 houve surgimento de quadro de cefaléia leve, sem outras queixas
neurológicas. Por tratar-se de cefaléia de início recente, optou-se por realização de
TC com documentação da lesão cerebral. Este caso reforça a importância de se
valorizar todas as queixas neurológicas em pacientes com PCM (Raphael, 1966).
A forma pseudotumoral ou granulomatosa acometeu todos os indivíduos de
nossa casuística. A forma pseudotumoral corresponde a 88,5% (anexo A) de todos
casos de NPCM. Apesar de não ter havido nenhuma meningite, extensão meníngea
foi observada em 3 (21,42%) ocasiões. Extensão meníngea pode estar associada
aos granulomas em 0 a 30% das vezes (Gasparetto et al., 2003; Almeida et al.,
2004; Fagundes-Pereyra et al., 2006). Meningite isolada é menos comum e
representa 2% dos casos, e pode causar confusão diagnóstica com meningite
tuberculosa (Maehlen et al., 2001).
45
As lesões parenquimatosas podem apresentar-se de forma isolada ou por
múltiplos granulomas. Na metade (7) dos nossos pacientes houve lesão única, nos
restantes duas ou mais lesões. Os pseudotumores tendem a localizar- se nos
hemisférios cerebrais, cerebelo e tronco encefálico (Almeida et al., 2004). A região
supratentorial foi acometida em 85,71% (12) dos pacientes, mas o acometimento
exclusivo ocorreu em 64,28% (9). Localização infratentorial exclusiva ocorreu
somente em uma (7,14%) ocasião. Em relato de 17 pacientes os granulomas
localizaram-se preferencialmente nos lobos parietais (35%) e hemisférios
cerebelares (35%) (Gasparetto et al., 2003). Em nossa casuística o tronco foi
afetado em 50% dos casos, seguido pelos lobos frontais e parietais (42,85%),
cerebelo (28,57%), lobos temporais e occipitais (14,28). A medula espinhal que pode
ser acometida em até 8% dos episódios de doença granulomatosa, em nossa
casuística correspondeu a 7,14% (1).
A RNM se mostrou melhor para detectar as lesões cerebrais dos pacientes
com PCM. Em um dos nossos pacientes a RNM detectou 3 lesões granulomatosas
não visualizadas pela TC. Em publicação com 13 pacientes, houve 3 ocasiões onde
a TC foi normal apesar de presença de doença neurológica (Paniago et al., 2006).
Estes dados sugerem que a RNM é o método de neuroimagem de escolha.
Através do exame tomográfico identificaram-se 39 lesões. Dezesseis lesões
aferidas apresentaram tamanho médio de 18,96 mm (8,5 mm a 35 mm). Esta média
provavelmente está superestimada, pois somente as maiores lesões foram
mensuradas. Em contrapartida, em uma lesão com 35 mm à TC apresentava 40 mm
à RNM. A variabilidade do tamanho das lesões indica que a medida não é importante
para o diagnóstico neuroradiológico da NPCM.
A lesão típica de nossa casuística era hipodensa (94,87%), captante de
contraste (100%), com padrão anelar (82,05%) e edema perilesional (64,10%). As
principais séries de casos apresentam resultados concordantes aos da nossa
casuística (Gasparetto et al., 2003: Elias Jr et al., 2005: Paniago et al., 2006:
Fagundes-Pereyra et al., 2006).
46
Em publicação recente, com 20 casos de NPCM, quatro padrões tomográficos
foram descritos: lesão hipodensa com realce anelar de contraste; lesão calcificada
com realce anelar; lesão hipodensa multiloculada com realce anelar e realce
subaracnóide difuso (Elias Jr et al., 2005). Lesões isodensas foram identificadas em
5% dos nossos pacientes; um caso tinha halo hiperdenso. O sinal hiperdenso já foi
relacionado a casos com mais de 5 meses de evolução (Gasparetto et al., 2003).
Apesar do padrão de realce do tipo anelar ser o mais freqüente, o realce nodular
correspondeu a 18% dos nossos pacientes. Padrão similar já foi relatado
anteriormente (Paniago et al., 2006). Considerando os casos do presente estudo
pode-se acrescentar mais quatro padrões tomográficos relacionados à NPCM:
lesões isodensas, lesões com sinal hiperdenso periférico, captação nodular de
contraste e encefalite. Edema difuso, com efeito de massa foi visto em 29% dos
nossos pacientes
Somente um paciente foi classificado como tipo juvenil. Este apresentou
manifestações neurológicas atípicas, com encefalite e psicose. Trata-se do primeiro
caso com encefalite relacionada com PCM. Neste caso os dados epidemiológicos
não foram sugestivos de PCM; o diagnóstico neurológico foi possível, por
identificação de doença em outro órgão e sorologia positiva no líquor, com titulação
1:64. Este foi o único exemplo, de nossa série, em que o líquor foi de valor
diagnóstico. Nos outros 5 pacientes os achados foram inespecíficos. Com a
utilização do ELISA e da inibição de ELISA, para a detecção de antígenos
purificados, o líquor passará a ter papel mais significativo para o diagnóstico da
NPCM (Almeida et al., 2002: Marques da Silva et al., 2005).
O consenso de PCM não indica tratamento específico para a forma
neurológica (Shikanai-Yasuda et al., 2006). A escolha terapêutica principal dos casos
deste estudo foi a associação de SMZ/TMP e fluconazol. A primeira vez em que esta
associação foi prescrita, foi para paciente com encefalite (caso 3). Como ele
apresentava recorrência pela segunda vez, com risco de resistência ao SMZ/TMP, e
pelo fato do fluconazol, atingir níveis terapêuticos no SNC, optou-se pela associação
47
com resultados satisfatórios. Nos casos em que o SMZ/TMP foi utilizado como
monoterapia, os pacientes foram considerados menos graves.
Apesar do itraconazol não ser a medicação ideal para micoses no SNC, um
de nossos pacientes foi tratado com esta droga; intolerância às outras opções
terapêuticas foi a indicação, além de relato anterior de NCPM tratado com
itraconazol (Villa et al., 2000). Apesar destes relatos ainda não há evidência de que
o itraconazol esteja indicado para os casos de NPCM. A anfotericina B não foi
utilizada em nossos casos, excetuando-se quando realizada antes do
encaminhamento ao nosso serviço.
As recomendações sobre o tempo de tratamento da PCM variam conforme a
droga utilizada e a gravidade da doença; atualmente os critérios de escolha não são
baseados em evidências clínicas (Menezes et al., 2006). O tempo máximo
recomendado para a terapêutica da PCM não ultrapassa 24 meses (ShikanaiYasuda et al., 2006). Em nossa casuística, os critérios para a suspensão da
medicação foram: regressão do quadro clínico; melhora da lesão neurológica à
neuroimagem; e acompanhamento da titulação sorológica com IDD. No fim do
estudo, 8 (57,14%) indivíduos tinham terminado o tratamento - média de 42 meses.
Dentre os outros que ainda faziam tratamento, somente dois não tinham completado
os 24 meses recomendados. Terapia adjuvante para o controle de convulsões foi
indicada em 9 de nossos pacientes.
Esta casuística apresentou uma longa média de acompanhamento - 75,35
meses (10 a 189 meses), o que permitiu acompanhar as seqüelas, principalmente as
decorrentes do acometimento neurológico. Presença de seqüelas foi detectada em
onze (78,57%) pacientes. Em três casos houve presença tanto de seqüela
neurológica como decorrente de acometimento de outros órgãos, aqui denominada
de sistêmicas. Em cinco houve somente seqüela sistêmica e em três somente
neurológica. A neurológica foi detectada em seis doentes. Um paciente desenvolveu
quadro convulsivo que surgiu durante o tratamento, fato correlacionado com lesão
calcificada (caso 4). Seqüelas motoras foram observadas em três pacientes. Um
48
paceinte desenvolveu tanto seqüela motora como cerebelar. Um caso evoluiu com
amnésia.
Um enfermo portador de quadro medular (14) durante anos apresentou
distúrbio motor secundário à NPCM, mas com o tratamento específico e fisioterapia
regular houve melhora da sintomatologia neurológica. Este caso demonstra a
importância do acompanhamento e suporte fisioterápico
As seqüelas radiológicas foram encontradas em 10 pacientes. Em nove
ocorreram calcificações que esta surgiram, em média, 23 meses após a primeira TC.
Lesões calcificadas e hiperdensas já foram descritas como lesões residuais na
NPCM. Nõ há relato de TC normal antes da calcificação. Este achado indica a
necessidade de acompanhamento neuroradológico, mesmo quando a TC estiver
normal. Em um caso houve retração das cisternas, provavelmente secundário à
processo cicatricial.
Em nossa casuística não ocorreu nenhum óbito, devido à NPCM. Até 1980, a
taxa de mortalidade foi de 69,7%, enquanto que após 1980 a mortalidade foi de
26,13% (anexo A). Em casuística recente verificou-se 17% de mortalidade (Almeida
et al., 2004). Mesmo com a melhora da taxa de mortalidade, esta ainda pode ser
considerada alta. O diagnóstico precoce e acompanhamento regular dos pacientes é
fundamental para a redução desta taxa. Não foi possível avaliar a influência da
terapia combinada SMZ/TMP e fluconazol sobre o impacto na mortalidade. Outros
estudos devem ser realizados.
49
6.
Conclusões
‣O acometimento neurológico não foi raro na casuística estudada;
‣A forma crônica do adulto é a mais associada à NPCM;
‣Pacientes do sexo masculino, com baixa escolaridade, contato com o solo
nos primeiro 20 anos de vida, tabagismo e alcoolismo estiveram associados
aos casos relatados;
‣Febre, perda de peso e/ou anorexia foram sintomas freqüentes;
‣Os pulmões foram os órgãos mais associados à doença neurológica;
‣As mucosas aerodigestivas superiores foram a principal fonte diagnóstica;
‣Convulsão foi o sintoma mais encontrado;
‣Distúrbios psiquiátricos podem ser desencadeados pela NPCM;
‣Doença neurológica pode ocorrer, após tratamento irregular, compondo o
quadro de recidiva;
‣A forma pseudotumoral é a mais freqüente manifestação neurológica da
NPCM;
‣Encefalite pode ser causada pelo Paracoccidioides brasiliensis;
‣A RNM se mostrou mais sensível que a TC para detectar os granulomas na
paracoccidioidomicose;
‣A lesão típica na TC era hipodensa com realce anelar de contraste e edema
perilesional;
‣A localização dos granulomas mais freqüente foi a supratentorial;
‣O líquor não se mostrou importante para o diagnóstico quando resultado
negativo;
‣O tratamento preferencial foi a associação entre SMZ/TMP e fluconazol;
‣Itraconazol pode ser uma opção terapêutica;
‣Neurocirurgia está indicada em casos de compressão medular;
‣As seqüelas neurológicas são causas de morbidades nos pacientes com
NPCM;
‣A neuroimagem pode ser utilizada para o acompanhamento radiológico;
‣A calcificação pode ocorrer como imagem residual;
‣O tempo médio de tratamento foi superior a dois anos e a alta depende de
critérios clínicos, sorológicos e radiológicos;
50
7.
Considerações Finais
Pesquisa sistemática do acometimento neurológico deve ser realizado em
todos os casos de PCM. A NPCM é, via de regra, manifestação da forma crônica da
paracoccidioidomicose. Por possuir diversas manifestações clínicas é fundamental a
suspeição clínica, para o diagnóstico da NPCM. Os dados epidemiológicos não
diferem das outras formas clínicas e o acometimento associado de outros órgãos é
usual, principalmente o pulmão e as VADS. A forma juvenil é desafio diagnóstico por
ser menos freqüente nessa forma clínica e por poder se expressar
semiologicamente de forma atípica. Esta forma clínica pode ser ainda mais atípica,
como no caso da encefalite com manifestações de psicose exógena. Assim como na
clínica, a neuroimagem é inespecífica e pode apresentar-se de diversas formas;
porém, a imagem característica é hipodensa com captação anelar de contraste e
edema perilesional. Existem evidências que indicam a RNM como o exame de
escolha para NPCM, mas estudos comparativos com a TC são necessários. Com as
técnicas de neuroimagem e o aumento de conhecimento relativo à importância da
neuroparacoccidioidomicose, o diagnóstico anatomo patológico do tecido cerebral
deve ser feito somente em casos excepcionais. O tratamento é o mesmo das outras
formas clínicas. Porém julgamos que a associação de SMZ/TMP e fluconazol dá
boas respostas terapêuticas, mas deve ser avaliada a sua eficácia em estudos
posteriores. O tempo de tratamento não está definido sendo importante o
acompanhamento regular clínico e de imagem nestes pacientes.
51
8.
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72
ANEXOS
ANEXO A - TABELA DOS CASOS NPCM PUBLICADOS
Autor
Pereira JM e Jacobs F
Maffei
Prado et al.
Sammartino
Lacaz et al.
Ritter
Azevedo
Fialho
Canelas et al.
Pinto Lima
Tenuto et al.
Del Negro et al.
Gama e Maffei
Cunha et al.
Rocca e Franco
Aun
Portugal-Pinto
Levy et al.
Machado e Miranda
Lemmi e Pimenta
Sampaio
Martinez et al.
Coutinho
Dominguez
Marques
Perino et al.
Pinto
Raphael e Pereira
Campos e Cadematori
Pereira et al
Guzman
Silveira da Motta
Portugal et al.
Portugal-Pinto et al.
Raphael
Peña
Picado et al
Ehrenfried et al
Coutinho
Oliveira et al.
Pimenta et al.
Braga e Okamura
Saraiva Gomez et al.
Brandão et al.
Farage Filho et al.
Araújo et al
Argollo et al.
Coutinho
Gomes
Turovetzky et al.
Número de
casos
1
1
1
1
1
1
3
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
14
2
2
1
3
14
3
1
3
1
3
7
1
3
1
1
1
1
3
3
1
Ano
1919
1943
1946
1947
1947
1948
1949
1949
1951
1952
1952
1954
1954
1955
1957
1957
1959
1959
1960
1960
1960
1960
1961
1961
1961
1962
1962
1962
1963
1965
1965
1965
1966
1967
1966
1967
1967
1968
1971
1971
1972
1973
1973
1974
1977
1978
1978
1979
1980
1980
País
Publicação
Brasil
Brasil
Argentina
Argentina
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Peru
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Venezuela
Brasil
Venezuela
Brasil
Argentina
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Venezuela
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Colômbia
Venezuela
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Colômbia
Colômbia
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
73
Autor
Pedro et al.
Portugal -Pinto et al.
Nohmi et al.
Domingos et al.
Nóbrega et al.
Noleto et al.
Londero e Melo
Minguetti e Madalozzo
Minguetti
Gonçalves et al
Diaz e Gomez
Okamura e Pimenta
Hutzler et al.
Franco et al.
Inza et al.
Guerreiro et al.
Rodulfo e Gomez
Machiori et al.
Heinisch e Coral
Barravieira et al.
Dantas et al.
Araújo et al.
Fernandes e Saraiva
Salomon et al.
Morato-Fernandes et al.
Teive et al.
Correa et al.
Guimarães et al.
Bestoso et al.
Herrera et al
Pires et al.
Corrêa
Magalhães e Bacheschi
Plá et al.
Correa et al.
Moura et al.
Neto
Rios-Gonçalves et al.
Rodacki et al.
Sousa et al.
Colli et al.
Pacheco et al.
Campos et al
Duarte et al.
Valle et al.
Noro et al.
Duarte et al.
Castro et al
Villa et al.
Silva et al.
Maehlen et al.
Lambertucci et al.
Teive et al.
Finamor et al.
Lorenzoni et al.
Negroni e Helou
Gaspareto et al.
Almeida et al
Número de
casos
2
2
1
1
15
1
1
1
7
1
1
1
5
1
1
1
1
1
1
1
1
2
3
1
1
1
1
1
7
2
1
11
5
3
1
1
33
1
6
1
2
1
3
1
1
11
1
10
1
1
1
1
1
1
1
1
17
24
Ano
1980
1980
1981
1982
1982
1983
1983
1983
1983
1983
1984
1984
1985
1985
1985
1987
1988
1989
1989
1989
1990
1990
1990
1990
1991
1991
1991
1991
1991
1991
1992
1992
1993
1994
1994
1994
1994
1995
1995
1995
1996
1996
1996
1997
1998
1998
1999
1999
2000
2000
2001
2001
2002
2002
2002
2003
2003
2004
País
Publicação
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
NR
Brasil
Brasil
NR
Brasil
Brasil
Brasil
Venezuela
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Argentina
Peru
Brasil
Brasil
Brasil
Venezuela
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Colômbia
Brasil
Noruega
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Argentina
Brasil
Brasil
74
Autor
Tristano et al.
Ivernici et al.
Paniago et al.
Elias Jr et al.
Leal filho et al
Fagundes-Pereira et al
Número de
casos
1
1
13
20
1
13
Ano
2004
2004
2004
2005
2006
2006
País
Publicação
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
75
ANEXO B - PROTOCOLO CLÍNICO PARA DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E
SEGUIMENTO DE PACIENTES PROTADORES DE PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Protocolo clínico para diagnóstico, tratamento e seguimento de
pacientes portadores de Paracoccidioidomicose
Prof. Antonio Carlos Francesconi do Valle
Dra. Regina Lana Braga Costa
CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO:
1.pacientes matriculados no IPEC que não tenham condições de serem
acompanhados no ambulatório:
por intercorrências clínicas
por recaída da doença
para avaliações clínico-laboratoriais pertinentes aos projetos de pesquisa
em andamento
PROCEDIMENTOS NO ATO DA INTERNAÇÃO:
a
1.Anamnese e exame físico completos no prontuário (no ato de 1
internação) ou resumo de internação (nas re-internações)
2.Exames inespecíficos:
•hemograma com VHS e plaquetas, glicemia, uréia, creatinina, Na+ , K+,
Cl- bilirrubinas totais e frações, TGO, TGP, fosfatase alcalina, γGT,
76
lipidograma completo (pré,durante e pós tratamento com itraconazol), TAP
e PTT;
•Rx de tórax (PA e perfil) e TC de tórax
•E.P.F (3 amostras de fezes), E.C.G., E.A.S.
•pesquisa de BAAR em escarro (3 amostras)
•anti-HIV após aconselhamento
•ultra-sonografia abdominal nos pacientes com as formas juvenis
•teste de estímulo rápido com ACTH – realizado às sextas-feiras pela
manhã no Hospital-Dia. Nos pacientes que fizeram teste pelo método com
repouso prévio e que precisam de teste pós-terapêutico deverá ser feito
pedido por escrito para realização de exame com técnica semelhante, no
IPEC ou Hospital de Ipanema.
3. Exames específicos:
•pareceres da otorrinolaringologia e neurologia (nas internações de 1ª vez
e recaídas)
•TC de crânio segundo indicação da Neurologia
•sorologia para fungos – imunodifusão dupla (Ouchterlony)
•exame micológico do material colhido de escarro (3 amostras em dias
diferentes), biópsias ou de secreções: enviar o material
imediatamente ao laboratório de micologia em frasco com solução
salina estéril.
•exame histopatológico das lesões: colocar o fragmento em frasco com
formol a 10% e enviar ao Laboratório de Anatomia Patológica.
4. Outros procedimentos
•avaliação pelo Serviço de Nutrição
•pedir aos familiares os blocos ou lâminas em branco de lesões que
tenham sido biopsiadas em outros serviços
•inserção do paciente nos projetos de pesquisa adequados após
esclarecimento e assinatura dos termos de consentimento.
77
TRATAMENTO
Usualmente o tratamento é de longa duração para permitir o
controle das manifestações clínicas e prevenção das recaídas. O tempo de
tratamento é de 12 meses nas formas leves e de 18 a 24 meses nas formas
moderadas a graves.
Além do tratamento antifúngico específico (tabela 1) o paciente
deverá receber assistência para as condições gerais, como tratamento
odontológico e reposição protéico-calórica adequada. Fazem parte do
tratamento coadjuvante: a corticoterapia nos casos com baixa reserva adrenal
78
ou doença de Addison, e o tratamento das outras co-morbidades
(enteroparasitoses, tuberculose, DPOC, infecções bacterianas pulmonares,
aids).
MEDICAMENTOS:
a
1 . opção - SMX/TMP - primeira escolha para adultos, com base na
facilidade de administração, melhor tolerabilidade e distribuição gratuita pela
rede pública.
a
2 . opção – itraconazol: indicado nos pacientes com baixa adesão ao
tratamento (ingesta irregular do SMX/TMP), devido ao alto custo.
a
3 opção: Anfotericina B (dose total de 50 mg/kg ou 2 a 3 g para
adultos), iniciando com 0,25 mg/kg/dia e, dependendo da tolerância,
aumentando progressivamente em infusão diária por 6 h até atingir
1mg/kg/dia (máx. 50 mg/dia). Posteriormente aplicar em dias
alternados.
79
NEUROPARACOCCIDIOIDOMICOSE:
a
1 opção: SMZ/TMP durante um período mínimo de 2 anos, tendo
acompanhamento radiológico, clínico e laboratorial conforme rotina
(abaixo descrita). Nos casos graves, iniciar com medicação
endovenosa e monitorizar os para-efeitos tóxicos com hemograma
completo semanal.
a
2 opção: Fluconazol 200 a 400 mg /dia, EV ou VO de acordo com a
gravidade do caso pelo tempo necessário para o desaparecimento ou
cicatrização das lesões (mínimo de um ano). Em casos refratários
considerar uso de voriconazol.
OBS.: O tratamento cirúrgico é restrito aos casos com indicação
específica.
* em todos os pacientes tabagistas e etilistas deve ser
aconselhado o abandono da dependência química e oferecido
acompanhamento pelo Serviço de Psicologia do IPEC.
Os pacientes com formas graves de PCM, com perda de peso > 10%,
dificuldade de deglutição, comprometimento do estado geral, insuficiência
respiratória, sinais ou sintomas neurológicos ou evidências de comprometimento
de adrenais, devem preferencialmente realizar o tratamento em regime hospitalar.
Os pacientes devem ser acompanhados após a alta em regime ambulatorial
(Tabela II) e o tratamento deve ser mantido até o alcance da cura total aparente
(cura clínica, radiológica, micológica e sorológica).
As dúvidas e particularidades do tratamento devem ser analisadas
com o grupo de pesquisadores do PEPES Micoses.
80
OBS:
O itraconazol não pode ser utilizado conjuntamente com: astemizol, antiácidos
e bloqueadores de receptor H2, barbitúricos, ciclosporina, didanosina, digoxina,
fentanil, fenitoína, rifampicina, cisaprida e terfenadina.
O itraconazol não causa efeitos nefrotóxicos, já os sulfamídicos e a anfotericina
B devem ser evitados nos pacientes com PCM e insuficiência renal.
Evitar os azólicos em pacientes com alterações funcionais hepáticas enzimas hepatocelulares > 4 vezes o limite máximo normal. O fluconazol é
o de menor hepatoxicidade.
As sulfas devem ser utilizadas com cautela pois, raramente, podem causar
hepatotoxicidade.
A anfotericina B pode ser indicada com menos restrições, mas as
preparações lipídicas revelam certo grau de hepatoxicidade.
O medicamento mais usado em crianças é SMZ/TMP pela eficácia
conhecida, boa tolerabilidade e pela facilidade de administração. Tem
apresentação na forma de xarope, facilitando a adequação de doses, é
palatável para as crianças e é fornecido pela rede pública de saúde.
Paracoccidioidomicose e gravidez
As alterações imunológicas próprias da gestação podem agravar a
história natural de micoses sistêmicas e doenças causadas por patógenos
intracelulares. A literatura registra o aumento de ocorrência de abortos e
natimortos em gestantes com PCM. Além disso, foram observadas placentite
e intervilosite com trombose nos vasos da placenta de gestantes com PCM,
podendo resultar em imaturidade e óbito fetal. O alto risco de óbito materno e
fetal sugere um manejo mais agressivo nesses casos. As opções terapêuticas
81
são a Anfotericina B, com a qual não há relatos de efeito teratogênico e a
associação SMZ/TMP, seguro após as 4 primeiras semanas da gestação,
devendo ser suspensa pelo menos uma semana antes do parto para evitar a
ocorrência de kernicterus. Os azólicos não devem ser utilizados pela
conhecida ação teratogênica.
Paracoccidioidomicose e aids
Pouco mais de uma centena de casos de PCM associada à aids já
foram relatados, a maioria deles com características de forma aguda
disseminada concomitantes às características da forma crônica da doença. A
maior parte dos pacientes com co-infecção PCM-aids apresenta-se com
níveis de linfócitos CD4 inferiores a 200 céls/ml e os anticorpos anti-Pb estão
presentes em apenas 60% dos casos.
Devido à limitação de dados disponíveis, não é possível fazer qualquer
recomendação com base em evidências científicas sobre a duração da
terapêutica antifúngica nesses pacientes. Entretanto sugere-se que em
pacientes com estado avançado da aids e manutenção da contagem de
células CD4 abaixo de 200/ml a droga antifúngica seja mantida
indefinidamente. Nos pacientes com controle da infecção pelo HIV,
negativação da carga viral, recuperação de linfócitos CD4 ≥ 200/ml, pode-se
considerar a possibilidade de suspensão da profilaxia secundária, uma vez
atingidos os critérios de cura da PCM.
4. Critérios para corticoterapia - insuficiência adrenal \síndrome
Addisoniana:
- perda ponderal ou não recuperação do peso em pacientes após
resposta clínica à terapêutica específica.
- - hipotensão arterial e/ou hipotensão ortostática (afastadas outras
causas e conforme dados relacionados com idade, área cardíaca,
ECG, etc.).
82
- astenia, hiporexia não relacionadas à doença (PCM e DPOC ou
intolerância medicamentosa).
- hiperpigmentação: pele bronzeada e vitiligo; hiperpigmentação das
cicatrizes, dobras de pele, aréolas, gengiva e pontos de pressão.
- sódio plasmático baixo e potássio plasmático alto.
- baixa reserva adrenal verificada no teste da cortrosina (dosagem de
cortisol sérico basal e após estímulo com 250 µg de ACTH EV aos 30
min e 60 min), ou seja, ausência de aumento acima de 20ng/ml aos 30
min pós-estímulo, independente do valor basal de cortisol sérico.
- A corticoterapia é feita com doses que variam de 7,5 mg a 15 mg/dia
de prednisona ou equivalente, divididas em 2 tomadas.
5. Acompanhamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
A fibrose pulmonar foi descrita por imagem em cerca de 50% dos
pacientes com PCM crônica pulmonar, 23% evoluindo com DPOC e suas
complicações. As alterações radiológicas moderadas e graves estão
presentes nos pacientes com quadros funcionais obstrutivos. Nas
gasometrias, alguns pacientes mantém níveis de hipoxemia e hipercapnia;
nas avaliações hemodinãmicas pode haver hipertensão pulmonar em
decorrência da hipóxia.
Os pacientes com DPOC detectada deverão ser encaminhados, desde
o início do tratamento ao ambulatório de pneumologia do IPEC.
CRITÉRIOS DE CURA DA PCM:
♦ cura clínica: desaparecimento de sinais e sintomas presentes antes
do tratamento, com retorno do peso a níveis habituais.
♦ cura micológica: negativação dos exames nos quais foi identificado o
fungo.
♦ cura imunológica: negativação da reação de imunodifusão ou sua
manutenção em níveis baixos estáveis (<1:2).
- cura radiológica: desaparecimento ou melhora (evolução para
padrão de fibrose) das alterações radiológicas.
83
♦ normalização das alterações em exames complementares
inespecíficos como: retorno do VHS a níveis normais, normalização
da eletroforese de proteínas, ausência de adenomegalias intraabdominais e/ou visceromegalias à ultrassonografia,
desaparecimento das lesões cranianas à TC ou sua evolução para
calcificação.
84
ANEXO C - Meningoencephalitis due to Paracoccidioides brasiliensis
85
ANEXO C - Meningoencephalitis due to Paracoccidioides brasiliensis
86
87
88
ANEXO D - Long-term outcome of a cohort of cerebral paracoccidioidomycosis
patients
Fabio Francesconi, MD 1, Antonio Carlos Francesconi do Valle, MD, PhD 2,
Marcus Tulius T Silva, MD, PhD 2, Regina Lana Braga Costa, MD 2, MSc,
Eleonora Carregal, MD 2, Sinésio Talhari, MD, PhD 3.
1 - Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas.
Rua Francisco Orellana 215, Cep 69040-010. Manaus – Amazonas, Brazil.
2 – Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – FIOCRUZ.
Avenida Brasil 4365, CEP 21040-900. Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brazil.
3 - Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.
Avenida Pedro Teixeira 25, CEP 69 040-000. Manaus – Amazonas, Brazil.
Corresponding author: Fabio Francesconi
Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas, Rua Francisco Orellana,
215, Planalto Cep: 69040-010.
Manaus – Amazonas – Brazil
Phone: +55 92 3655-4600
e-mail: [email protected]
89
Paracoccidioidomycosis (PCM) is a systemic, granulomatous disease caused
by the dimorphic fungus Paracoccidioides brasiliensis. PCM affects approximately 10
million people in the world, with an annual incidence rate of 1 to 3 cases per 100.000
inhabitants(1). It is endemic in several countries of Latin America, especially in Brazil.
As a result of migration, it is expected that imported PCM cases can be diagnosed in
foreign people living in developed countries.
Primary infection by P. brasiliensis is usually asymptomatic and occurs mainly
in the first or second decade of life by inhaling the fungus conidia, present in the
soil(2). Some individuals will develope PCM, but this only occurs several months or
years after primary infection. This is the so called chronic or adult PCM form and
correspond to more than 90% of cases. At the other extreme, a few patients will
acutely develop the disease, i.e. soon after primary infection. Normally, these
patients tended to be younger, so that this form is called juvenile or acute PCM.
Although PCM can affect any organ, the lungs are by far the most commonly
involved. According to a few papers, the central nervous system (CNS) is affected
from 4.1% to 13.9% of PCM patients(3-5). Noteworthy, majority of cerebral PCM
patients have the chronic form of PCM and exhibit pulmonary disease concomitantly.
Typically, patients present one or more hypodense, ring-enhanced lesions with
perilesional edema (pseudotumoral or granulomatous form of cerebral PCM)(6).
Although meningeal extension can be seen in about one third of patients, exclusive
meningeal disease is very uncommon (< 10% of cases)(7).
90
In this long prospective study we describe the clinical and radiological
characteristics of cerebral PCM in a big cohort of P. brasiliensis-infected patients,
emphasizing the long-term outcome after antifungical therapy.
Material and methods
PCM patients have been followed in our center since March 1991. Our clinical
protocol includes standardized anamnesis and a clinical, dermatological, and
neurological examination. Also, patients were submitted to rhino and laryngoscope
examination, routine laboratorial tests, HIV serology, ACTH stimulation test, sputum
examination to mycological and bacterial analysis, and serum doubleimmunodifusion test for P. brasiliensis. All patients with concomitant neurological
complaints or abnormalities on neurological examination were further investigated
with neuroimaging study or cerebrospinal fluid analysis. Clinical criteria to cerebral
PCM were evidence of P. brasiliensis infection in the CNS (brain biopsy or positive
double-immunodifusion test in cerebrospinal fluid) or unequivocal evidence of P.
brasiliensis infection in other organ jointly with one or more hypodense, ringenhanced lesions with perilesional edema in brain CT scan or MRI. We considered
as typical abnormality in brain CT scan a focal, hypodense brain lesion with contrast
enhancement, with or without meningeal extension. Cerebrospinal fluid abnormalities
considered as evidence of cerebral PCM were positive double-immunodifusion test
for P. brasiliensis, the direct visualization of the fungus, or a positive culture in
specific preparations.
91
Results
From March 1991 to September 2008, 367 consecutive PCM patients were
admitted in our center. Of these, cerebral PCM was diagnosed in 14 (3.8%).
All
patients were male, HIV-negative, and all except one lived in endemic area in the first
20 years of their life (Table 1). Double-immunodifusion test varied from 0 to 128
(median titration value of 27.4) being negative in 3 cases (false negative cases). Only
1 out of 14 cerebral PCM patients had the acute or juvenile form of PCM; the
remaining 13 were classified as adult type PCM.
All patients had evidence of P. brasiliensis infection in other organ or tissue
such as oropharyngeal mucosa (8), adrenal glands (7), lymphonodes (5), larynx (4),
skin (3), and bone, tongue and liver (1 patient each). Fever, weight loss, and
anorexia were present in 12. Although symptomatic lung disease was present in 9,
13 out of 14 patients had some radiological evidence of PCM in the lungs. PCM
diagnosis was reached by brain biopsy in 3 patients (Table 1). Histological
examination showed mononuclear infiltrates with histiocytes and giant cells
surrounding necrotic tissue. Round yeast forms and pathognomonic multiple
gemulation images were seen inside the necrotic center in silver stain preparations.
In 11 patients systemic symptoms preceded neurological picture. CNS disease
occurred after relapse of systemic PCM due to irregular treatment in 5 cases (Table
1). Medium length between systemic disease onset and neurological symptom was
of 24 months (7 to 43). Most common neurological manifestation was seizures
(57%), followed by hemiparesis (29%), persistent headache (21%), and ataxia (21%).
One patient presented spinal cord compression syndrome, with spinal cord MRI
92
showing an intramedullary, nodular-enhanced lesion at D12(8). Other patient
presented a subacute meningoencephalitis with diffuse cortical contrast
enhancement without focal brain lesions or edema in brain CT scan (published
elsewhere(9)).
A total of 39 brain lesions were diagnosed in 12 patients. Granulomatous,
pseudotumoral form was observed in all being that in 3 a meningeal enhancement
was also present. Brain lesions varied from 8.5 to 35 mm in size (18.8 mm) and 95%
of then exhibited contrast enhancement (ring-enhancement in 32 and nodular
enhancement in 7 lesions). Supratentorial lesions were seen in 64% of patients and
in 21% both supra and infratentorial lesions were seen. Brain stem was affected in 7,
parietal and frontal lobes in 6, cerebellum in 4, and occipital and temporal lobes in 2
patients each. Cerebrospinal fluid analysis was performed in 6 patients (Table 1).
Specific antifungical therapy is showed in Table 1. In addition to medical
treatment, decompressive surgery was indicated for the patient with spinal cord
lesion (patient #14). All patients were regularly followed for a medium duration of 104
months (41 to 220). Treatment was maintained for a medium length of 40 months (24
to 84 months). One patient died of a non-PCM related cause during follow-up (patient
#1; cardiac shock). Delayed neurological sequelae were noted in 11 patients being
seizure and motor deficit the most commons.
A control CT scan was performed in 9 patients during the first year of follow-up
(27 brain lesions) and in 7 during the second year (22 brain lesions). Size and
intensity of the edema was the first to be altered by the treatment, followed by
93
shrinking of lesions. About one third of lesions calcified after 23 months. In 7 patients
there was at least one normal brain CT scan before the appearance of the calcified
lesion.
Discussion
The real prevalence of cerebral PCM and the outcome of this disease are
presently unknown. Clinical series indicate that 4.1% to 13.9% of patients have
cerebral PCM but in none of then the patients were prospectively followed or treated
for a long time(3-6, 10). In our cohort, cerebral PCM was diagnosed in 14 out of 367
PCM patients (3.8%). These patients were treated for a long period, which resulted in
a good recovery (only one patient died during the follow-up of a non-related cause).
Several differential diagnoses in suspicious cases of cerebral PCM should be
considered such as CNS tumors and infectious brain lesions (toxoplasmosis,
tuberculosis, and others)(11). Both a careful epidemiological history and a detailed
clinical examination are mandatory to consider cerebral PCM as a probable
diagnosis. In suspicious cases, a positive serum double-immunodifusion test and the
evidence of P. brasiliensis through culture or histological analysis of other affected
organs are of utmost importance to reach the right diagnosis. Active disease in other
organs was seen in 100% of our patients and unspecific symptoms such as fever,
weight loss, and anorexia were found in 86%. By far, the lungs were the most
affected organ in our patient (93% of then had pulmonary evidence of PCM). This is
in accordance with other series that reported a prevalence of pulmonary disease
ranging from 75% to 93%(3, 5). A clinical difficulty can be present in patients without
94
evidence of disease in other organs or in patients in who cerebral PCM is exclusively
meningeal. Fortunately, these represent fewer than 10% of cases.
As pointed by others(11, 12), pseudotumoral form was the most frequent
presentation in radiological studies. In a recent clinical series of 20 patients with
cerebral PCM(6), four image patterns were described: (1) hypodense lesions with
ring enhancement, (2) calcified lesion with ring enhancement, (3) multiloculated lowdensity lesion with ring enhancement, and (4) diffuse subarachnoid enhancement. In
our cases more than 85% of lesions were hypodense, 18% exhibited a nodular
enhancement ring-enhanced, and about 5% were isodense. Solitary lesions were
identified in 41% of our cases. We know that MRI is much more sensitive to detect
brain lesions, but CT scan is by far more accessible than MRI in endemic, limitedresources areas. In a previous published series with 13 CNS PCM patients, brain CT
was normal in 3: in one of these patients necropsy showed CNS lesions while in the
other 2 cases multiple lesions were seen by MRI(4).
As established in Brazilian guidelines(2), the drug of choice for systemic PCM
is SMZ/TMP. However, there is not a consensus regarding cerebral PCM. SMZ/TMP
was prescribed for all except 2 of our cases. Only in 3 patients SMZ/TMP was used
as monotherapy. Patient #11 received itraconazole due to allergic history to
sulfonamides. Based in own unpublished experience, the association of SMX/TMP
and fluconazol was the regimen of choice and was prescribed for 10 patients.
Evidently that a double-blind clinical trial is the appropriated method to do any
statement about treatment but we observed good outcome with SMX/TMP added to
95
fluconazol. The long follow-up shows that to date no patient has suffered relapse or
died of cerebral PCM.
In conclusion, cerebral PCM should be investigated in P .brasiliensis infected
patients with any neurological symptoms and signs. Also, cerebral PCM should be
included in the differential diagnosis considerations of focal brain lesions in patients
from endemic areas, mainly if there are evidences of disease in other organs as
lungs. Finally, SMZ/TMP with fluconazol for a long time seems to be a reasonable
therapy, although more studies with an appropriated design for it should be
conducted.
References
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97
Table 1 – Clinical and radiological features of 14 cerebral PCM patients.
Patie Age Cerebral Histolo
nt
CSF analysis
Number Calcifi
Delayed sequelae
PCM
gical
of
ed
onset 1 study 2 Cell Gluco Proteilesions 3 lesions Systemic Neurologic
mm/3 se
n
Treatment
(months)
Initial Maintena Length Regular
nce
mg/ mg/
# 1 † 43
A/R
Tongue
-
dL
dL
-
-
Follow-up
(month
s)
7
ND
NA
NA
SMZ/ SMZ/
42
N
56
24
Y
110
# 2 34
A
Lymph
3
80
54
4
Y
AI
No
TMP+F TMP+F
SMZ/ SMZ/
# 3 21
A/R
onode
Mouth
29
73
42
1
N
No
No
TMP+F TMP+F
SMZ/ SMZ/
36
N
218
# 4 47
A/R
Lymph
-
-
-
4
Y
No
Seizures
TMP+F TMP+F
SMZ/ SMZ/
24
N
163
A
onode
Mouth
No
Hemiparesi
TMP+F TMP+F
SMZ/ SMZ/
30
Y
44
TMP+F TMP+F
SMZ/
SMZ/
58
Y
89
# 5 41
-
-
-
7
Y
# 6 50
A
Lungs
-
-
-
4
Y
AI
s
No
# 7 40
B
Brain
-
-
-
1
N
No
Seizure,
TMP
TMP
SMZ/ SMZ/
84
Y
102
# 8 39
B
Larynx
6
74
44
2
N
COPD,
hemiparesis
Cognitive
TMP+F TMP+F
SMZ/ SMZ/
37
Y
89
N
dysphonia
COPD, AI,
deficit
No
TMP+F TMP+F
SMZ/
SMZ/
32
Y
41
Ataxia
TMP
TMP
SMZ/
SMZ/
24
Y
150
TMP+F TMP+F
Amphote Itraconaz
40
Y
45
ricin
ole
Amphote SMZ/
52
N
89
ricin
SMZ/
43
Y
42
36
N
220
# 9 52
A
Larynx
-
-
-
1
# 10 46
A
Brain
-
-
-
8
Y
dysphonia
AI
# 11 45
A
Lungs
-
-
-
1
Y
COPD, AI
Seizure
# 12 39
A/R
Brain
1
62
53
1
N
No
No
# 13 41
# 14 32
C
A/R
Mouth
Lungs
±
1
75
57
1
1
Y
NA
AI
No
Seizure
Paraparesis
TMP+F
SMZ/
TMP
TMP
SMZ/
SMZ/
TMP+F TMP+F
1 - Onset of neurological symptoms/signs in relationship with systemic PCM: after (A), before (B), or concomitantly (C). Indeed, cerebral
PCM could be seen also during relapse (R) of systemic PCM; 2 – Local of biopsy by which PCM diagnosis was first made; 3 - Refers to the
total number of lesions seem at first neuroimaging study; † Death during follow-up; ± Patient with spinal cord lesion at D12 level; ND - not
done; NA – not applicable; AI - adrenal insufficiency; COPD - chronic obstructive pulmonary disease; SMZ/TMP - Sulfamethoxazole/
trimethoprim; F - fluconazole.
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