Educação, conhecimento e ideologia no currículo1

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 Educação, conhecimento e ideologia no currículo1 Resumo O artigo apresenta um debate sobre o currículo educacional na sua relação com o conhecimento e a ideologia. O currículo é um importante mediador da educação constituindo um conjunto de orientações teórico‐
pedagógicas que, fundamentado político‐econômico‐
culturalmente, estabelece as intenções e finalidades à prática educativa nos processos de formação humana. Levando em consideração o caráter contraditório da educação e do papel do conhecimento – tanto a manutenção do status quo quanto a sua transformação radical – faremos a exposição de alguns teóricos da educação que apontam esta compreensão, tratando a educação e o conhecimento na sua relação mais ampla, como também da sua relação mais estrita: o campo do currículo. Nosso objetivo é pontuar, a partir de uma análise do currículo no conjunto das relações da totalidade social, algumas considerações à sua perspectiva ideológica, explicitando alguns limites e possibilidades no debate existente. Palavras‐chave: Educação. Currículo. Conhecimento. Ideologia. Elisandra de Souza Peres Universidade Federal de Santa Catarina [email protected] Patricia Laura Torriglia Universidade Federal de Santa Catarina [email protected] 1
Agência Financiadora: CAPES X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.1
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia Introdução A produção, a transmissão e a apropriação do conhecimento historicamente produzido pela humanidade tornaram‐se questão relevante, principalmente para os intelectuais que tem se debruçado numa perspectiva crítica da educação, no sentido da emancipação. Isso porque a educação, ‐ como todo fenômeno social ‐ possui um papel contraditório: por um lado, a reprodução da sociedade mediante a lógica da estrutura econômica vigente e, de outro, a produção das condições de superação dessa base econômica, a transformação social. Dessa forma, é mais ou menos consensual entre estes intelectuais, que a apropriação do conhecimento – elaborado e científico – pelos indivíduos é condição sine qua non para produzir as condições objetivas e subjetivas do desenvolvimento da humanidade no homem, de leitura crítica da realidade social e suas contradições, o desenvolvimento da generidade plena e a transformação social, ou seja, a produção da emancipação humana. Esse debate também tem sido significativo no campo mais estrito da educação, ou seja, dos seus componentes educacionais, tal como o currículo2. Compreendemos o currículo como um mediador da educação nos processos de produção, transmissão e apropriação do conhecimento, constituindo um conjunto de orientações teórico‐
pedagógicas que, fundamentado político‐econômico‐culturalmente, estabelece e orienta as intenções e finalidades à prática educativa nos processos de formação humana. Levando em consideração o papel da educação na luta pela emancipação humana, as discussões em torno do currículo tornam‐se emergentes no sentido de explicitar a perspectiva de conhecimento, as teorias e filosofias que orientam as finalidades teórico‐
pedagógicas da educação, isto é, colocar às claras qual ontologia orienta as proposições presentes no modelo educacional e societário que se pretende investigar. Deve‐se considerar que o conhecimento, enquanto conteúdo que expressa às objetivações do real, as relações sociais, econômicas e políticas que se desenvolvem histórica e culturalmente na produção da humanidade, constitui, enquanto elemento ontológico, a condição de produção e reprodução do ser social. Todavia, esse conhecimento atende a determinações antagônicas das classes, pois a sociedade regida 2
Ressaltamos que, neste texto, trataremos o currículo de forma ampla, não restrito a educação escolar. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.2
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia pelo sistema orgânico de reprodução sociometabólica do capital, conforme aponta Mészáros (2010, p. 67), possui um conjunto de imperativos objetivos e uma lógica própria que “subordina a si – para o melhor e para o pior, conforme as alterações das circunstâncias históricas – todas as áreas da atividade humana, desde os processos econômicos mais básicos até os domínios intelectuais e culturais mais mediados e sofisticados”. Mesmo que não estejamos defendendo a chamada “sociedade do conhecimento e da informação”, são estas as determinações que emanam das políticas oficiais a serem apropriadas e desenvolvidas pelas propostas educacionais e objetivadas nos currículos. Moraes (2004, p. 143‐144) assevera que as formulações acerca da sociedade da informação apóiam‐se na suposta ideia “de irrestrito acesso aos vetores da inovação e do conhecimento, a oportunidade para induzir uma cultura empreendedora e democrática, a criação de um clima favorável à inovação, elementos determinantes para um novo modelo de desenvolvimento baseado no aumento da produtividade”. Já o conceito de sociedade do conhecimento articula‐se à necessidade de novos conhecimentos, orientada pela respectiva transformação do mundo laboral, surgindo como diferencial da competitividade e das novas competências, estabelecendo uma lógica de flexibilidade – do trabalhador ou professor – de adaptação constante as circunstâncias do mundo do trabalho. Em suma, na lógica da sociedade da informação e do conhecimento, a escola é compelida a “desempenhar um papel determinante na capacitação de cada indivíduo, com vista ao seu posicionamento e integração numa sociedade que muda constantemente e se torna cada vez mais complexa e exigente mas, ao mesmo tempo, mas injusta e desigual” (MORGADO, 2004, p. 109). Esses são exemplos que demonstram que a crise estrutural do sistema do capital, mediante sua dinâmica reestruturante, acaba por desenvolver e lançar incessantemente na dinâmica social, mediante novas vestes ideológicas, as necessidades oriundas dos seus interesses particulares, elevando‐os a generalidade. Isto significa que a sociedade do conhecimento e da informação é uma nova faceta ideológica que surge aos indivíduos como um benefício de integrá‐los ao mercado, de ampliar conhecimentos e capacidade X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.3
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia de competitividade, de formação de qualidade, garantindo‐lhes melhores condições de vida. No entanto, uma análise no quadro geral da totalidade social permite reconhecer que este fenômeno, na verdade, traduz à necessidade de desenvolvimento das forças produtivas do capital, condição indispensável e ineliminável da dinâmica do mercado para vencer a concorrência intercapitalista, diminuir o valor da força de trabalho, possibilitando o aumento da extração da mais‐valia relativa. Na verdade, a ideologia do desenvolvimento e crescimento social que permeia os diferentes complexos da atividade humana, principalmente os ligados a formação dos indivíduos, escamoteia a lógica exploração do trabalhador e a sua subsunção ao capital, as suas formas alienadas e estranhadas. Nesta perspectiva, levando em consideração a encruzilhada em que se depara a atividade educativa, no sentido de se colocar ou na direção da reprodução ou da superação da ordem social vigente (TONET, 2003), são diversos os questionamentos que se interpõem ao debate educacional e, mais especificamente, no que se refere ao campo do currículo. Poderíamos indagar sobre a relevância do currículo à prática pedagógica e à formação humana na sociedade capitalista? Mediante as determinações da lógica sociometabólica do capital que envolve as diferentes esferas sociais da atividade humana e as mediações dos domínios intelectuais, é possível construir um currículo orientado a desenvolver uma atividade educativa como alternativa viável no sentido da superação da ordem social vigente? Quais as possibilidades e limites de mediação do currículo na perspectiva da emancipação? Neste contexto de indagações, no presente artigo apresentamos algumas reflexões de uma pesquisa em andamento com o intuito de debater diferentes aspectos sobre o currículo e em especial, sua dimensão ideológica, sempre pensando o currículo como produção e reprodução de conhecimento, como uma esfera da educação que é fundamental para o desenvolvimento e a formação humana. Nessa direção, pelas limitações deste artigo, realizamos uma incursão na teoria critica do currículo, salientando, posteriormente, algumas diferenças em relação á perspectiva crítica desta teoria. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.4
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia A teoria curricular e a dimensão do currículo ideológico Os estudos sistemáticos sobre o campo do currículo têm suas origens nos Estados Unidos, a partir dos estudos de Bobbit na obra O Currículo, em 1918 (SILVA, 1995). A teoria curricular sistematiza e organiza o currículo a partir de suas múltiplas dimensões, constituindo‐se um conjunto de análise, interpretação e compreensão dos fenômenos curriculares. Sua função é “descrever e compreender os fenômenos curriculares, servindo de programa para orientação das atividades resultantes da prática com vista a sua melhoria” (PACHECO, 2005, p. 79‐80). Pacheco (2005) aponta duas tradições na teoria do currículo: na primeira, encontra‐se a perspectiva técnica, definindo‐se o currículo como conjunto de conteúdos a ensinar e como plano de ações pedagógicas; na segunda, filiada na perspectiva prática e emancipatória de inter‐relação, o currículo torna‐se resultante do plano de ações, como também de realizações. Pacheco (2005, p. 37) ressalta que apesar da polissemia do termo, o currículo é um instrumento de formação e, como uma moeda, o currículo também possui duas faces, “a das intenções, ou do seu valor declarado, e da realidade, ou do seu valor efetivo, que adquire no contexto de uma estrutura organizacional. Aponta que, se pretendemos organizar o currículo enquanto um pensamento que abranja questões práticas teremos que considerá‐lo nas seguintes deliberações: epistemologicamente, politicamente, economicamente, ideologicamente, tecnicamente, esteticamente e historicamente. No entanto, devido aos limites desse artigo, dentre as teorias curriculares concentraremos nosso enfoque na teoria crítica que se constitui um projeto interdisciplinar, fundamentado na teoria neomarxista3 de mudança social e na escola de Frankfurt. A teoria crítica situa‐se na perspectiva das racionalidades contextuais, pois trata de uma abordagem conceitual que consiste em olhar para a possibilidade de transformação da prática na base de dois princípios estruturantes: a orientação para a emancipação e o comportamento crítico. [...] a orientação emancipatória e o comportamento crítico, que são os princípios estruturantes da teria crítica, no sentido de Horkheimer, só fazem sentido se conjugarmos a mudança com o tempo presente, e não unicamente com o futuro, obrigando‐nos a olhar para a realidade 3
O neomarxismo também pode ser compreendido como marxismo ocidental. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.5
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia curricular na base do questionamento e da problematização (PACHECO, 2005, 93‐98). A sociologia norte‐america, fundamentada nos aparato teórico‐metodológico das abordagens marxistas e neomarxistas, se contrapõem a Teoria tradicional, se posicionando pela Teoria Crítica, que “colocam no centro das reflexões a ideologia, a reprodução cultural e social, o poder, a classe social, o capitalismo, as relações sociais de produção, a conscientização, a emancipação e a libertação, o currículo oculto e a resistência” (VALLE, 2011, p. 41). Segundo Moreira e Silva (1995, p. 23‐24), foram os autores de orientação neomarxista, precursores da Sociologia do Currículo, que se voltaram para as relações entre currículo e estrutura social, currículo e poder, currículo e controle social e currículo e ideologia. Ao apresentar a relação entre currículo e ideologia, os autores anunciam este como essencial na luta dos interesses que são veiculados como verdadeiro pelo grupo dominante, na manutenção de suas vantagens devido a sua posição privilegiada. Apontam que é mais importante saber a quem as ideologias se destinam do que sua validade objetiva. Tratando da dimensão ideológica do currículo, segundo os teóricos da teoria crítica, o conhecimento presente no currículo serve a legitimação e o desenvolvimento da ordem social e democrática enquanto uma construção social. Dessa forma, a linguagem, metodologias, conteúdos e os códigos culturais modelam a percepção e o modo de compreensão dos alunos, sendo marcado pelas relações de poder decorrentes de opções ideológicas e de posições hegemônicas de diferentes grupos de interesses. Apple4 (1995), autor renomado em relação à crítica as relações de poder e ideológicas do currículo, ao tratar sobre a pergunta “Que tipo de conhecimento vale mais?”, ressalta que esta vai além de uma questão educacional, mas sim de uma questão política‐ideológica. Aponta que a maneira mais efetiva de tratar a natureza profundamente política do debate educacional seria elaborar o questionamento da 4
Apple é autor de obras importantes no debate sobre o currículo no campo educacional. Destacamos as seguintes obras: Ideologia e Currículo, Educação e poder, Trabalho docente e textos e Conhecimento oficial. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.6
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia seguinte maneira: “O conhecimento de quem vale mais?” Tal preocupação é originada pela pressão que os sistemas educacionais e, por conseguinte, os educadores sofrem das empresas e indústrias que tornam os seus objetivos principais os objetivos da formação escolar. Indica que seria necessário o currículo transmitir o conhecimento de todos nós, em vez de privilegiar o conhecimento das elites, e que estas questões de relações de poder e ideológicas deveriam ser analisadas a partir de uma instituição maior, chamada escola. É vital perceber que, embora nossas instituições educacionais de fato operem para distribuir valores ideológicos e conhecimento, sua influência não se resume a isso. Como sistema institucional, elas também ajudam, em última análise, a produzir o tipo de conhecimento (como se fosse um tipo de mercadoria) necessário a manutenção das composições econômicas, políticas e culturais vigentes. Chamo‐o de “conhecimento técnico”, no presente contexto. É a tensão entre distribuição e produção que em parte responde por algumas formas de atuação das escolas no sentido de legitimar a distribuição de poder econômico e cultural existente (APPLE, 1995, p. 39‐40). Na obra “Currículo e Ideologia”, Apple (2006) apresenta uma discordância em relação aos sociólogos que afirmam que a realidade é construída socialmente, apontando que tal afirmação não dá conta de explicar o porquê determinados significados sociais e culturais são distribuídos nas escolas e nem como o controle do conhecimento que é veiculado pelas instituições está vinculado ao predomínio ideológico dos interesses de determinados grupos sociais. Assim, indica que existe uma relação entre ideologia e conhecimento, colocando a seguinte questão: como se mantém, e é parcialmente recriado mediante a transmissão da cultura, um sistema de poder desigual em uma sociedade? Dessa forma, existiria uma relação entre controle cultural e estrutura social e econômica. O que ocorre é a maximização da produção e transmissão do conhecimento técnico e científico e, por outro lado, uma minimização do conhecimento de alto status5. Isso porque o sistema econômico do capital não pode ofertar um ensino de qualidade a toda a população, ficando uma parte renegada ao ensino de baixa qualidade e de 5
O conhecimento de alto status é aquele considerado importante e que está conectado à estrutura de economias corporativas, e que boa parte da população não pode ter acesso. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.7
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia conhecimento técnico, pois não possui uma capacidade empregatícia para incluir todos os indivíduos. Perecemos que a mensagem que atravessa o debate do texto expõe a necessidade dos educadores compreenderem que a forma que trabalham os conhecimentos e conceitos que transmitem, as intenções que permeiam o currículo são constructos sociais e econômicos, portanto, ideológicos, resultando numa distribuição de formas de consciência pelo processo de escolarização. Dessa forma, a postura crítica torna‐se essencial para o reconhecimento dessas relações ideológicas e de poder que permeiam o currículo escolar. Conforme explicita Apple (2006), o ponto de vista da crítica considera o objeto relacionalmente e implica: primeiro, o objeto deve ser visto em suas relações históricas, suas contradições e tendências; segundo, os objetos se definem, na sua grande maioria, pelos seus laços mais implícitos e não suas características óbvias. A perspectiva de análise relacional é contrária a conceitos tradicionais que analisam os objetos pelo que aparece ser. A crítica contribui para a emancipação, “ao demonstrar o caminho pelo qual as instituições sociais e lingüísticas foram reificadas ou coisificadas, a ponto de os educadores e o público em geral terem esquecido por que tais instituições são como são, e que foram as pessoas que as constituíram e que, portanto, podem mudá‐las (grifos nossos)” (APPLE, 2006, p. 182‐183). A crítica constitui a ferramenta teórica e prática indispensável para a emancipação. Esta perspectiva é apontada pelo autor quando explicita a intenção da crítica e dos estudiosos da teoria crítica a partir de dois aspectos: Primeiro, objetiva esclarecer as tendências para a dominação, a alienação e a repressão indiscriminadas e com freqüência inconscientes dentro de determinadas instituições culturais, políticas, educacionais e econômicas. Segundo, por meio da exploração dos efeitos negativos e das contradições de boa parte do que ocorre sem sofrer questionamento nessas instituições busca promover a atividade emancipadora consciente, [individual e coletiva] (APPLE, 2006, p. 182‐183). Em outro momento do texto, o autor enfatiza que o estudo da relação entre currículo e ideologia precisa ser analisado nas suas relações sócio‐econômicas, que o conhecimento penetrado na escola – princípios, idéias e categorias – derivam de uma realidade histórica, econômica e política determinada, também se expressando no X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.8
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia currículo oculto. Vindica que a pesquisa sobre o currículo “precisa deitar suas raízes em uma teoria da justiça econômica e social, uma teoria que tenha seu enfoque principal na ampliação do poder e do favorecimento aos menos favorecidos” (APPLE, 2006, p. 213). Dessa forma, a teoria crítica do currículo compreende que ações de melhoria cotidiana nas escolas não consistem em perspectivas reformistas, mas significa tentar produzir condições melhores no cotidiano, ou seja, no momento atual. Consideramos significativa a contribuição da teoria crítica nos estudos curriculares, principalmente por compreendê‐los nas suas relações sociais restritas e amplas, localizando as determinações econômicas, políticas e ideológicas, presentes no currículo. Cabe agora, no intuito de respondermos aqueles questionamentos levantados no início do texto, apresentar algumas contribuições para o debate realizado pela Teoria Critica do Currículo, indicando os limites e as possibilidades na sua perspectiva crítica e emancipatória. As faremos embasados a partir da teoria marxista, com ênfase no aparato teórico de Marx, Lukács e Mészáros, presentes nas suas obras específicas sobre a temática da ideologia. A educação, a ideologia e o currículo na sociabilidade do capital: limites e possibilidades do debate Os estudiosos da Teoria Crítica do currículo, em relação a análise da ideologia e do currículo, partem da premissa de Marx e Engels (2005, p. 65) quando afirma, na Ideologia Alemã que a classe dominante irá “apresentar o seu interesse como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade, ou seja, a dar aos seus pensamentos a forma de universalidade, a apresentá‐los como os únicos racionais e universalmente válidos”. Tal perspectiva constitui o ponto de partida para explicar as relações entre o conhecimento, ideologia e poder. Assim, a questão é “estabelecer as conexões entre as idéias dominantes de uma sociedade e os interesses de determinadas classes e grupos” (APPLE, 2006, p. 210). Dessa forma, a tradição neomarxista entende que os conhecimentos escolares constituem mecanismos sócio‐econômicos para o controle ideológico e reprodução cultural da sociedade desigual. A relação entre poder e conhecimento explicita a ligação dialética entre sistema econômico e sistema cultural. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.9
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia A característica fundamental das análises da Teoria Crítica do Currículo é o desvelar da lógica que fundamenta o conhecimento escolar presente no currículo, compreendendo‐o não apenas como ideológico, ou seja, como servindo aos interesses da classe dominante, mas como hegemônico e culturalmente determinado, legitimando e cristalizando pelas relações de poder a desigualdade social. Partindo de tal compreensão, a crítica constitui uma função a ser exercida pela comunidade escolar, no intuito de tomar consciência das relações entre sistema econômico e cultural que são veiculadas e perpetuadas pela linguagem, nos conceitos, valores e culturas presentes nos conteúdos curriculares, constituindo uma resistência contra essa lógica contraditória. Este aspecto constitui uma condição fundamental para a emancipação (APPLE, 2006). Um ponto importante a ser destacado nas análises da Teoria Crítica do currículo é o caráter unilateral da sua crítica no sentido da emancipação. Isso porque exclui de sua exposição o fundamento mais essencial da teoria marxiana, qual seja, a crítica do trabalho enquanto produtor de valor e a perspectiva da revolução, alteração fundamental na ordem produtiva – condição de superação das contradições e conflitos sociais – que permite a verdadeira emancipação humana. Conforme afirma Mészáros (2010, p. 16), somente uma “mudança verdadeiramente fundamental resolverá a crescente crise estrutural do modo atual de reprodução sociometabólica”. Desenvolver a crítica e a consciência sobre os determinantes político‐econômico‐culturais da ideologia dominantes presentes no conhecimento escolar do currículo, desarticulados à estratégia político‐
ideológica materialmente fundamentada de supressão de tais contradições, não ultrapassa mais do que uma formulação ideológico‐abstrata de reformismo no seio da sociabilidade capitalista. Ainda no texto da Ideologia Alemã (2005, p. 63), Marx e Engels ressaltam um importante elemento para a análise da ideologia, quando indicam que o poder material dominante constitui, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante. Assim, “as idéias dominantes são apenas a expressão das relações materiais dominantes”. Ora, e como são as relações materiais dominantes na sociedade capitalista? A resposta deve ser buscada nas relações sociais de produção da vida dessa forma específica. No Prefácio à X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.10
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia Crítica da Economia Política Marx (1985, p. 136) aponta a prioridade ontológica da produção material da vida em relação à expressão da consciência humana ao afirmar que [...] o modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Vale ressaltar que a análise realizada por Marx não constitui nenhum determinismo. As complexas relações de produção da vida humana é o que constitui a estrutura econômica da sociedade e, a partir dela, surge à superestrutura jurídica, política e os demais complexos ideológicos que dão respostas às determinações do movimento de complexificação das relações sociais, base para as correspondentes formas de consciência social. Lukács (1981), na Ontologia do Ser Social, ao tratar do complexo ideológico, aponta que o trabalho é o fundamento como também o fundador de toda práxis econômica e apresenta na sua estrutura e dinâmica um caráter de pôr teleológico que precede, ontologicamente, a sua realização material. O trabalho é a articulação dialética entre teleologia e causalidade e, sendo assim, nenhuma objetivação surge da estrutura econômica de forma mecanicista ou determinista, pois tais objetivações são resultantes da articulação cada vez mais socialmente mediada dos pores teleológicos dos indivíduos na esfera do ser social. Marx (1983, p. 79) em O capital, ao iniciar o capítulo sobre o processo da troca, destaca que “as mercadorias não podem por si mesmas ir ao mercado se trocar” e, para que isso ocorra, os seus guardiões precisam relacionar‐se entre si como pessoas, reconhecendo‐se como proprietários privados. Tal troca é uma relação jurídica, que expressa à vontade de seus proprietários e reflete uma relação econômica. O ato da troca pressupõe uma dimensão teleológica dos indivíduos, mas não somente determinada pela sua consciência ou vontade, pois ela expressa, todavia, o campo de possibilidades que o desenvolvimento histórico‐econômico apresenta – sua correspondente forma ideológica, política, religiosa, jurídica, etc. – e o campo da liberdade que caracteriza a escolha entre alternativas, articulando singularidade e generalidade à causalidade,que fazem surgir uma nova objetividade no complexo de relações na dinâmica do ser social. Por isso, o caráter X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.11
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia cada vez mais complexo e mediado das relações vão se tornando continuamente mais sociais, sendo que somente uma análise ontológica permite a sua real configuração, desmistificando e desfetichizando estas relações sociais e econômicas como relações entre coisas. Qualquer teoria educacional que tenha como objetivo a erradicação das desigualdades sociais e uma formação integral dos indivíduos, tenha ela seus debates situados no campo da didática, do currículo ou da educação mais ampla, não poderá, de forma alguma, suprimir em suas análises, a crítica radical dos determinantes econômicos na qual se estruturais estes complexos educacionais como base para sua respectiva estratégia político pedagógico de luta contra‐ideológica no sentido de superação de tais desigualdades, de seus elementos estruturantes mais profundos geradores desta contradição. Mészáros (2010, p. 67‐68) diferencia e explicita três posições ideológicas. A primeira compactua de forma acrítica com o sistema social vigente como horizonte absoluto de produção da vida social. A segunda expressa criticamente às irracionalidades do sistema social vigente, porém, os elementos que compõe sua análise compartilham das mesmas irracionalidades e contradições apontadas. A terceira contrapõe aos posicionamentos ideológicos anteriores, apresentando como finalidade a supressão dos diferentes tipos de antagonismos da classe. Assim, somente esta última forma ideológica “pode tentar superar as restrições associadas com a produção do conhecimento prático dentro do horizonte da consciência social dividida, sob as condições da sociedade dividida em classes”. Na verdade, todos esses elementos apresentados até o momento nos ajudam a compreender, a partir da totalidade das relações sociais, o aspecto contraditório da educação, inclusive a do currículo, um dos mediadores importantes dos processos educacionais. A sociedade de classes pressupõe o conflito social, onde a classe emergente impõe a outra classe seus interesses particulares como interesses universais. Tal ideologia estabelece as formas econômicas de produção da vida material e sua respectiva superestrutura, as formas da consciência social que, no currículo, irão orientar a formação intelectual e prática para a reprodução dos interesses da classe que dirige a X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.12
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia dinâmica social. A educação desenvolvida na sociedade de classes poderá estar orientada a reprodução ideológica da produção material vigente ou, ao contrário, estabelecerá uma ideologia para a superação dessa lógica. Claro que isto significa um profundo e continuo esforço de reflexão teórica prática e de articulação das esferas que compõem a totalidade social que favoreça a ampliação do campo de possibilidade em direção a uma nova sociabilidade. Quando refletimos sobre o currículo, este importante componente educacional tem o escopo de promover com qualidade, mediante as metodologias, as teorias e os conhecimentos (científicos e/ou cotidianos) as condições objetivas para produção da vida, portanto, desenvolver nos indivíduos não somente a humanidade historicamente produzida. Mas, nesta sociabilidade, as habilidades, aptidões, comportamentos adequados às necessidades do mercado. Esta é a condição precípua da educação na formação humana! Tal condição corresponde à dimensão reprodutora da educação que, mediante seu movimento dialético e de caráter contraditório, realiza a formação do cidadão para a concretização do capital, possibilitando melhores condições para os indivíduos venderem sua força de trabalho, condição insuprimível para a realização a vida do trabalhador. Basta refletirmos sobre a necessidade de desenvolvimento das forças produtivas que se impõem aos complexos ideológicos da educação, do currículo, etc, como também ao trabalhador como condição de produção da sua vida. Marx (1983) apresenta quatro fatores que se interpõem no desenvolvimento das forças produtivas do trabalho: 1) disponibilidade de recursos naturais; 2) produção do conhecimento nas áreas das ciências duras, isto é, pesquisas científicas que resultam na produção de inovação e incorporação (direta ou indiretamente) de inovações tecnológicas nos processos de trabalho – na prática, tais inovações resultam no aumento da produtividade, baixa no valor da mercadoria e aumento da extração da mais valia relativa; 3) produção de conhecimento em algumas áreas das ciências humanas, resultando em novas formas de organização e gestão do trabalho (novos layouts); 4) Qualificação da força de trabalho (técnica e profissional) do trabalhador, de acordo com o padrão de desenvolvimento capitalista através da transmissão do conhecimento – educação. Esta qualificação desenvolve habilidades específicas e gerais (objetivas e subjetivas) e X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.13
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia adéquam a capacidade de trabalho aos padrões de trabalho existentes. Na aparência, o que se percebe por um lado é o desenvolvimento a patamares superiores de desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, de outro, o aumento da exploração da capacidade de trabalho, a sujeição formal e real dos trabalhadores ao capital. Considerações finais Levando em consideração que as esferas que compõem a superestrutura política, jurídica, educacional, etc, estão pari passu com as necessidades do desenvolvimento econômico de produção material dos indivíduos, as exigências interpostas pelo mercado de trabalho são, na sua grande maioria, adaptadas prontamente aos currículos educacionais. E esta adesão pelos currículos se deve a diferentes fatores: estão inseridos na lógica do capital e não podem ficar alheia as suas determinações; são determinados pelas políticas de educação, ou seja, tornando‐se jurídicas e legalizadas; as instituições, principalmente as que o ensino constitui uma mercadoria, precisam estar atualizadas, formando mão de obra com qualidade, garantindo o sucesso na inserção dos seus alunos no mercado de trabalho e, por conseguinte, os alunos exigem das instituições padrões de qualidade na formação, adequada as necessidades do mercado, pois necessitam estar inseridos no mercado de trabalho. Essas questões trazem à luz toda a discussão presente no conteúdo do chamado currículo oculto e currículo formal, conhecimento técnico e conhecimento de altos status, visto que o currículo e o conhecimento são, implícita ou explícitamente, necessários ao desenvolvimento do capital. Enquanto essa forma de produção material for à dominante na sociedade, serão estes os conhecimentos curriculares a serem estabelecidos à prática pedagógica, ao passo que, qualquer alternativa contra‐ideológica que não vislumbre em seu horizonte a alteração radical dessa determinação de base, não produzirá nada além do que resistências e antídotos utópicos aos problemas em questão. Além do mais, o ato de satisfazer as necessidades que vão do estômago à fantasia sobrepõe ontologicamente na produção da vida a qualquer forma de resistência e consciência enquanto sua lógica estrutural não for suprimida. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.14
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia Ao debater sobre as formas ideológicas que estão presentes no currículo escolar, a compreensão e a consciência dos conflitos e contradições presentes no conhecimento que orienta à formação e à prática educativa só estarão dirigidos a uma perspectiva crítica e emancipatória quando permitirem explicitar os elementos fundamentais que produzem esta contradição, constituindo estrategicamente uma ferramenta de luta social na resolução deste conflito, suprimindo seus determinantes. Vale refletir, no que tange as possibilidades do currículo no sentido da emancipação, que é “melhor fazer pouco na direção certa, do que muito na direção errada” (TONET, 2003, p. 47). Diante disso, não estamos desqualificando os avanços realizados pela Teoria Crítica do Currículo em relação à Teoria Tradicional, inclusive sobre o seu papel importantíssimo desempenhado no sentido da denúncia sobre as relações ideológicas e de poder presentes no discurso e nos conhecimentos escolares, que reproduzem e perpetuam à lógica da cultura dominante, tanto na dimensão econômica quanto na dimensão política das estruturas da vida cotidiana. Por outro lado, não podemos deixar de apresentarmos alguns questionamentos a sua abordagem teórica: o limite em suas proposições ao objetivarem uma perspectiva de emancipação à educação desarticulada a sua respectiva e ineliminável estratégia de revolução social. Portanto, tratar o conflito ideológico e cultural do currículo mediante o domínio da “razão teórica” unicamente, desenvolvendo uma consciência das relações de poder e econômicas que nele se apresentam, desprovidos de uma proposição, igualmente ideológica e materialmente estruturada e orientada para a resolução desses conflitos por uma luta socialmente viável, torna‐se um limite, resultando, na maioria das vezes, em proposições crítico‐teórica abstrata, característico, como já foi indicado, do conteúdo da segunda posição ideológica expresso por Mészáros: elas expressam criticamente às irracionalidades do sistema social vigente, porém, os elementos que compõe sua análise compartilham das mesmas irracionalidades e contradições apontadas. A possibilidade efetiva do currículo na perspectiva crítica e emancipatória só será possível ser estruturada quando o conteúdo desta estratégia ideológica estiver articulado – teórico‐pedagógica – com a superação dos antagonismos que legitimam e reproduzem X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.15
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Educação, conhecimento e ideologia no currículo Elisandra de Souza Peres ‐ Patricia Laura Torriglia a sociedade de classes, ou seja, com uma ideologia do terceiro tipo, que pressupõe a perspectiva da revolução social. Referências bibliográficas APPLE, Michael W. . Ideologia e currículo. 3. ed. Porto Alegre, RS: ARTMED, 2006. 288p. ____. Repensando a ideologia e o currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Currículo cultura e sociedade. 2. ed. rev. São Paulo (SP): Cortez, 1995. 154p. LUKÁCS, Georg. O ideal da Ideologia. Per una Ontologia dell ‘Essere Sociale. Roma : Riunit, (19811ª ed. Roma: Editori Riuniti, 1981. LUKÁCS, Georg. O trabalho. In: Para uma ontologia do ser social. Tradução de Ivo Tonet. (1984) Universidade Federal de Alagoas, a partir do texto Il Lavoro , primeiro capitulo do segundo tomo de ), 1984. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Currículo cultura e sociedade. 2. ed. rev. São Paulo (SP): Cortez, 1995. 154p. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; PACHECO, José Augusto; GARCIA, Regina Leite. Currículo: pensar, sentir e diferir. Rio de Janeiro (RJ): DP&A, 2004. 223p. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: teses sobre Feuerbach. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2005. 127p. MARX, Karl. Manuscritos Econômico‐Filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1985. MARX, Karl. O Capital. Vol. I, tomo 1, São Paulo: Abril Cultural, 1983. MESZAROS, Istvan. O poder da ideologia. São Paulo (SP): Boitempo, 2010. 566p. MORAES, Maria Célia Marcondes de. Incertezas nas práticas de formação e no conhecimento docente. In: ____. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; PACHECO, José Augusto; GARCIA, Regina Leite. Currículo: pensar, sentir e diferir. Rio de Janeiro (RJ): DP&A, 2004. 223p. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.16
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