A manutenção do marketing político via web no período entre as

Propaganda
A manutenção do marketing político via
web no período entre as eleições
Fábio Dias
Especialista em Gestão Escolar - Faculdade Network
Professor da Faculdade Comunitária de Santa Bárbara e do Colégio D. Pedro - Americana/SP
Coordenador do curso de Publicidade e Propaganda do Colégio Técnico e Faculdade Network
e-mail: [email protected]
Samia Cruañes Dias
Mestre em Comunicação Social - UMESP
Professora da Faculdade Comunitária de Santa Bárbara, das Faculdades Integradas Claretianas e
da Faculdade Prudente de Moraes
e-mail: [email protected]
Victor Kraide Corte Real
Mestre em Comunicação Social - UMESP
Professor da Faculdade Comunitária de Santa Bárbara, do Instituto Superior de Ciências Aplicadas
e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Prudente de Moraes
e-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo do presente estudo foi traçar um paralelo entre as estratégias de comunicação política, representadas aqui pelo
marketing político em períodos não-eleitorais, e a internet, como canal midiático de maior potencial atualmente. Neste sentido,
levou-se em consideração a realidade das adaptações sofridas a cada ano pela legislação eleitoral brasileira e as freqüentes
novidades que surgem a todo instante na internet. Não houve, portanto, a preocupação em chegar a conclusões de fato, mas sim
discutir conceitos e oferecer aos pesquisadores da comunicação, profissionais do marketing e representantes políticos brasileiros,
a sugestão de dedicar maior atenção ao uso estratégico da internet para finalidades de comunicação política no período entre as
eleições.
Palavras-chave: Comunicação; Internet; Propaganda.
Introdução
Falar sobre a utilização do marketing para vender
um determinado produto denominado como bem de
consumo é fácil, mas difícil mesmo é convencer a
sociedade de que é possível utilizar o marketing para
vender idéias políticas. Desta forma, pretende-se
apresentar neste artigo a utilização do meio internet para
a divulgação de atuações dos políticos brasileiros,
independentemente do cargo que ocupam.
Atualmente, a internet é vista como um meio
fundamental para a divulgação de qualquer produto ou
serviço, pois os brasileiros estão cada vez mais
conectados à rede, fazendo compras, pesquisas ou no
28
lazer e entretenimento. Assim, verificamos que a política
não pode ficar de fora, pois se um político deve estar
onde a sociedade está, ele então deverá sim estar na
internet.
Sabemos que em períodos eleitorais, os políticos
desenvolvem páginas na internet sob o domínio .can,
conforme rege a legislação eleitoral, mas não pensam na
importância de manter o seu eleitor informado de seus
atos durante o seu governo, principalmente porque a
mídia impressa e eletrônica cumprem muito bem este
papel. Mas o político deve ter em mente que o mais
importante é mostrar ao seu eleitor, em particular, o
quanto está pensando nele na hora de atuar.
Deste modo, busca-se apresentar a importância
do marketing político, a importância da internet e quais
ferramentas os políticos podem utilizar para trabalhar a
sua comunicação institucional.
Sobre o Marketing Político
O conceito de marketing eleitoral normalmente é
descrito como uma variação do marketing político,
estando particularmente preocupado com as estratégias
mercadológicas adotadas pelos candidatos políticos
durante o período que antecede uma determinada
eleição. Porém os conceitos de marketing eleitoral e
marketing político muitas vezes aproximam-se e são
usados como se não houvesse distinção, pois muitos dos
políticos conduzem sua vida pública com sendo um
permanente processo eleitoral, ou seja, atitudes e
manifestações diante da sociedade são enfatizadas
durante um processo eleitoral. De fato, todo indivíduo
que pretende ocupar cargos políticos deve estar
preocupado em trabalhar seu marketing político
diariamente.
Algumas ferramentas do marketing comercial são
usadas no marketing político, principalmente a
propaganda comercial é usada como base para a
propaganda política, isso não significa que a escolha de
um candidato através do voto seja feita a partir dos
mesmos estímulos que temos para comprar uma
mercadoria, porém em essência, a propaganda política
utiliza argumentos similares aos da propaganda comercial
para tentar influenciar os eleitores a escolherem um
determinado candidato. Para entendermos os estímulos
que interferem na escolha de um candidato ao invés de
outro, precisamos entender um pouco sobre o surgimento
da propaganda.
As técnicas modernas de propaganda surgiram
como conseqüência da industrialização e do
desenvolvimento do capitalismo no final do século XIX,
naquela época o homem passava a produzir mais do
que era capaz de consumir. “Era preciso agregar novos
contingentes de consumidores para a demanda poder
acompanhar a capacidade de oferta”, além disso, os
novos bens de consumo precisavam parecer
“necessários, benéficos ou prazerosos” para que os
consumidores fossem “levados à decisão de compra”
(LINS DA SILVA, 2002). A propaganda começava a
ser utilizada como um instrumento capaz de agregar
valores aos bens de consumo, fazendo uso de mensagens
carregadas de conteúdos ideológicos como, por exemplo,
liberdade e sucesso, características que supostamente
seriam obtidas através da aquisição de determinados
bens de consumo. Um carro passava a ser visto não
simplesmente como um veículo de transporte, mas como
um símbolo de status, poder e sucesso. O surgimento e
o avanço tecnológico dos meios de comunicação de
massa potencializaram a divulgação dos supostos
benefícios proporcionados pelos bens de consumo.
Conhecimentos sociológicos e psicológicos também
passaram a integrar as técnicas de propaganda, na
tentativa de aperfeiçoar o conceito de manipulação
ideológica das necessidades dos receptores das
mensagens publicitárias.
A propaganda política também procura atribuir
valores, muitas vezes questionáveis, a um determinado
candidato, a fim de influenciar uma decisão que está
relacionada à busca, através do voto, da opção que
aparentemente melhor satisfaça nossas necessidades
como cidadãos.
Então se o marketing político é similar ao marketing
comercial, e se em ambos o objetivo é influenciar o
consumidor/eleitor a comprar/eleger um determinado
produto/candidato, qual é a diferença entre um político
e um sabonete?
Carlos Eduardo Lins da Silva, na obra “O
Marketing Eleitoral” (2002), procura justamente
estabelecer essa diferença, através de argumentos sólidos
e do posicionamento crítico em relação as principais
teorias e práticas existentes sobre marketing político. Ele
considera o mundo da política, e as diferentes
percepções que cada um de nós tem sobre o assunto,
como sendo algo bastante complexo, impossibilitando
que uma teoria simplista seja sustentada a partir da defesa
de que o marketing é uma “atividade mágica” capaz de
decidir eleições.
O autor argumenta ainda sobre a constante
suposição que transforma candidatos em sabonetes,
como sendo uma acusação que “subestima até o mais
baixo ponto a capacidade de raciocinar do cidadão”,
pois somente uma “pessoa imbecilizada escolheria um
governante com os mesmos critérios com que elege a
marca de seu sabonete” (LINS DA SILVA, 2002, p.13).
Ele levanta uma hipótese a respeito dessa
supervalorização atribuída ao marketing político. Em sua
opinião, a atribuição de tanto poder a esta modalidade
do marketing é interessante para o próprio profissional
da área, pois assim ele valoriza seu trabalho e beneficia
seus negócios; e também serve ao eleitor, na medida em
que ele pode responsabilizar outrem por ter sido
influenciado a tomar uma decisão errada, quando um
eleito se revela incompetente ou corrupto (LINS DA
SILVA, 2002, p.10).
De fato esses argumentos normalmente são usados
pela opinião pública para dar mais valor do que a prática
29
do marketing político merece. Através dessa hipótese,
Carlos Eduardo Lins da Silva não quer justificar o uso
desses argumentos, pelo contrário, ele acredita ser até
mesmo prejudicial para a democracia esse tipo de
argumentação simplista e superficial. Outros
pesquisadores como Rubens Figueiredo, por exemplo,
também apresentam fortes críticas sobre a concepção
exagerada do marketing político:
O eleitorado está cada vez mais atento,
recusando votar em candidatos cujas campanhas
são repletas de ‘truques’ para confundir, quando
não enganar, o eleitor. O “marketismo” tem um
duplo - e definitivo - defeito. Não é construtivo
para a democracia que o suporta. Nem eficiente
para os candidatos que o adotam
(FIGUEIREDO, 2000, p. 39).
Vivemos hoje no Brasil um importante período de
desenvolvimento democrático, diante do qual, as
discussões políticas, especialmente os estudos sobre
marketing político, têm avançado e recebido muita
atenção. Muito dos conhecimentos sobre marketing,
aplicados hoje em nossa realidade local, são baseados
em estudos científicos feitos durante o período da
Segunda Guerra Mundial e nos tempos da Guerra Fria,
quando vultosos recursos governamentais foram
colocados à disposição de cientistas sociais
especialmente dos Estados Unidos, mas também do
Reino Unido e de outros países ocidentais, para
realização de pesquisas sobre os efeitos da propaganda
política. O principal incentivo desses estudos foi o
resultado eficaz que a propaganda nazista, desenvolvida
por Joseph Goebbels, obteve através do uso excessivo
da retórica, dos meios de comunicação de massa e dos
símbolos visuais (LINS DA SILVA, 2002, p. 39).
Porém, as conclusões desses estudos foram apressadas
e ingênuas. Modelos teóricos como o da “agulha
hipodérmica”, segundo os quais os meios de
comunicação seriam capazes de injetar na mente dos
receptores das mensagens qualquer tipo de conhecimento
ou ideologia, encontraram imediata receptividade pública
positiva, devido à simplicidade de seus argumentos.
Lins da Silva faz um contraponto, lembrando que
ainda naquele mesmo período, alguns pesquisadores
perceberam a falha daquelas teorias e saíram a campo a
fim de contestar as convicções formuladas em escritórios,
tentando provar que a realidade era muito mais complexa
do que aquelas teorias estavam supondo. Foi o caso de
Paul Lazarsfeld, em 1948, e W. Philips Davidson, em
1959. O que Lazarsfeld concluiu durante a análise das
eleições americanas de 1938, 1940, 1944 e 1948, foi
30
que, no caso das mensagens políticas, “rádio, cinema e
jornais - os principais meios de comunicação da época
- exerceram influência pequena ou mesmo nula sobre a
decisão de voto das pessoas por ele examinadas” (LINS
DA SILVA, 2002, p. 41). Davidson, a respeito da relação
entre público e meios de comunicação, resumiu que a
audiência não é um recipiente passivo, e não pode ser
vista como uma massa de barro esperando para ser
moldada pelo “mestre propagandista”, os receptores
exigem algo das mensagens recebidas, e selecionam o
que parece ser mais útil. “Há uma barganha envolvida
nesse processo” (LINS DA SILVA, 2002, p. 42).
Nelson Jahr Garcia (1990, p. 71) analisa com
bastante critério a capacidade persuasiva e de
manipulação ideológica dos meios de comunicação de
massa. Ele acredita que a mídia pode exercer algum
controle ideológico sobre o espectador quando este evita
fazer qualquer análise ou discussão mais profunda daquilo
que está assistindo. Quando o modelo informativo vigente
transforma em espetáculo os fatos sociais, pode abalar
de certa forma a credibilidade sobre uma certa versão
ideológica da realidade. O mesmo autor, discutindo a
relação existente entre propaganda e persuasão,
argumenta:
A propaganda pode não ser eficaz e, assim
mesmo, ficar caracterizada como tal. Por outro
lado, pode haver persuasão e não existir
propaganda quando não houve a intenção inicial.
Todavia, não basta a emissão simples de
mensagens sem nenhum cuidado. (...) só se pode
verificar a intenção persuasiva se o emissor
estiver apoiado num mínimo de precauções. (...)
a eficácia ou não de sua campanha é difícil de
ser verificada porque outras variáveis podem ter
ocorrido para um determinado resultado
(GARCIA, 1990, p. 20).
A prática da persuasão através de mensagens é
uma discussão bastante antiga, Lins da Silva (2002, p.
33) expõem a retórica como sendo:
O nome da arte de usar a linguagem como forma
de persuadir outras pessoas a apoiarem
determinada causa ou líder, e ela era objeto de
suspeição por parte de alguns pensadores. A
crítica hoje feita contra o marketing era
basicamente a mesma de Platão (428-348 a.C.)
- que foi em relação a retórica quase tão
agressivo quanto Adorno (1903-69, o mais
conhecido membro da Escola de Frankfurt) seria
em relação aos meios de comunicação de massa
- em seu tempo: a retórica, ao colocar ênfase
nos modos de persuasão em vez de na essência
da verdade, mereceria condenação moral.
Hoje em dia, o meio acadêmico estuda os efeitos
do marketing a partir de duas principais teorias, a
“cultivacionista” e a “etnográfica”. De acordo com Lins
da Silva (2002, p. 47-48) a corrente de pensamento
cultivacionista tem entre seus principais representantes
na atualidade, o britânico Neil Postman, defensor dos
fortes efeitos do marketing e da visão do público como
sendo altamente alienado e irracional. A posição
etnográfica representa o trabalho de Richard Hogart e
outros culturalistas britânicos, tendo como preocupação
a interação que o consumidor de informação faz com as
mensagens que recebe, a fim de encaixá-las em seus
próprios interesses, a partir de suas experiências
anteriores e de seu sistema de crenças.
Mesmo assim não podemos negar que o
desenvolvimento dos meios de comunicação eletrônicos
pode ter trazido alguns benefícios para a democracia e
para a prática do marketing político. Podemos perceber
que hoje é muito mais fácil conhecer as idéias dos diversos
candidatos políticos através da televisão e da internet,
do que antigamente quando tínhamos que nos deslocar
aos comícios. Segundo Lins da Silva (2002, p. 78), o
que a pesquisa científica demonstra “é que os meios
eletrônicos, como os comícios do passado, funcionam
muito mais para cristalizar atitudes e opiniões antes
assumidas do que para alterá-las”. Resta aos
pesquisadores e profissionais do marketing, assim como
aos candidatos e eleitores, entender essa mudança sobre
o ambiente onde a informação é propagada.
O Surgimento da Internet
Este artigo apresenta as formas de uso da internet
para fins políticos e, neste momento não há nada mais
justo do que frisar que a internet nasceu para fins políticos
e foi lançada como plano de governo na campanha à
Presidência de Bill Clinton, como veremos mais adiante.
Portanto, verificamos que, por mais que o Brasil
tenha demorado para perceber a força que este meio
tem para divulgar produtos, serviços e candidaturas, a
internet se rende mais uma vez ao propósito da política.
A internet surgiu no período da Guerra Fria, para
que militares pudessem trocar informações estratégicas
sigilosas com as bases militares sem que fossem
bombardeados.
A primeira versão da rede surgiu em 1969,
chamada de Arpanet - Advanced Research Projects
Agency. Essa primeira rede se conectava a apenas 4
pontos, mesmo que um deles estivesse desligado e, com
o passar dos tempos foi evoluindo até chegar à internet
que nos conectamos hoje.
Nos anos de 1970, a internet cresceu dentro dos
institutos de pesquisa e do meio acadêmico, mas não
tinha a função de trocar recursos e informações
científicas, mas sim para conversas e recados informais.
A propagação da internet para a população começou
mesmo na década de 1990 com o primeiro serviço
comercial via “dial up” (linha telefônica) de acesso à
internet nos EUA.
Segundo Ercília (2001, p. 18), o empurrão que
faltava para que a internet começasse a penetrar na
consciência coletiva dos norte-americanos foi: “Bill
Clinton, então candidato à Presidência, decide usar a
idéia de uma América conectada por redes de educação
e informação em sua campanha. Foi aí que surgiu na
mídia a idéia da América conectada”.
Mas, o sucesso da internet foi determinado em
1991 com a criação da World Wide Web, que é um
sistema de hipertexto que tornou fácil navegar pela rede.
A partir deste momento, a internet passou a obter
programas cada vez mais avançados para navegação
devido à grande guerra entre Microsoft e Netscape para
conseguir difundir seus programas. Sem esta grande
guerra de concorrentes a internet não teria evoluído tão
rapidamente.
A Internet no Brasil
A internet começou a ser utilizada no Brasil em
1988 no LNCC - Laboratório Nacional de Computação
Científica e na FAPESP - Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo. Mas as conexões
ainda não eram diretas e podiam somente trocar e-mails
pela rede chamada de Bitnet.
Ao longo dos anos, a internet foi se difundindo e
evoluindo, conforme pesquisadores, gestores e
empresários visavam a lucratividade que a rede poderia
oferecer. Em 1995 a internet saiu das universidades e
passou a ser utilizada pela população devido ao
surgimento de provedores de acesso à rede discada
como UOL - Universo Online, Brasil Online, ZAZ que
hoje é o provedor Terra e muitos outros.
Como curiosidade, em 1997 foi estreado
recebimento de Imposto de Renda via internet e, 26%
dos contribuintes fizeram suas entregas via online. Desta
forma, podemos verificar o avanço da utilização da rede
pelos brasileiros em apenas 9 anos de seu acesso no
Brasil e a grande lucratividade que esta estrada virtual
passou a oferecer aos seus investidores. Em 2000, cerca
31
de 10% dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil
no setor de serviços estavam sendo direcionados para
as empresas ligadas à Internet. Isso representou
US$ 471 milhões nos primeiros quatro meses do ano,
praticamente só US$ 100 milhões a menos do que o
que foi aplicadoem instituições financeiras. Os
provedores de acesso à Internet no Brasil estão entre os
segmentos que mais tem atraído capital externo para o
país.
O perfil do internauta brasileiro
Segundo pesquisa realizada pelo IBOPE e
NetRatings publicada na revista Meio & Mensagem em
28 de março de 2007, apresenta que o número de
internautas no Brasil, considerando múltiplos locais de
acesso como residências, trabalhos e universidades chega
ao número de 32,9 milhões no final de 2006, porém
concentrados principalmente nas classes sociais A e B
devido aos investimentos necessários: computador,
assinatura de acesso em banda larga, assinatura de
provedor, entre outros e com grande concentração de
moradia nos grandes centros urbanos, ou seja, local que
favorece a utilização da rede devido ao número elevado
de violência, alto custo dos locais que oferecem lazer e
entretenimento.
Abaixo é possível verificar o perfil do internauta
brasileiro:
manter a sociedade informada sobre suas atuações. Desta
forma, ao verificar o número de acessos pelas classes
sociais e faixas etárias, é possível dizer que a utilização
deste meio é importante para a propagação de ideologias
políticas devido ao perfil do internauta brasileiro que se
concentra principalmente nas classes sociais mais
elevadas e mais esclarecidas, além de ser as formadoras
de opinião.
É importante esclarecer que o meio internet não
gera resultado sozinho, mas é uma ferramenta de
marketing relevante e que evoluirá com o tempo para
obter os fins desejados no meio político.
Nos Estados Unidos da América, a internet avança
em passos largos na política devido à criação de blogs e
sites de movimentos, partidos e candidatos que levam
os leitores de jornais e revistas e ouvintes de rádio, a
buscarem informações políticas no meio virtual, roubando
assim os telespectadores das emissoras de TV.
O jornalista Flamínio Fantini pesquisou as 10
tendências da internet na política nos EUA e verificou
que uma pequena parcela de internautas buscaram
informações sobre seus candidatos na internet, os leitores
de jornais empatam com os usuários de internet de banda
larga residencial, mas os jornais ainda possuem maior
credibilidade em termos de informações políticas do que
a internet, sendo que a mesma ultrapassa o rádio.
No Brasil, a utilização deste meio para
informações políticas ainda é pequeno, mas vem se
propagando devido a utilização de domínio .can e a
utilização do e-mail marketing nos períodos eleitorais,
conforme analisaremos adiante.
A partir deste momento, passamos a apresentar
uma visão mais aprofundada do assunto principal deste
artigo que é a utilização do meio internet para divulgar
ações realizadas por políticos eleitos, como forma de
32
Estratégias de divulgação das ações públicas
políticas
A partir do início da década de 90, com o aumento
considerável do número de servidores conectados ao
sistema da Internet, a facilidade de receber, trocar, enviar
e divulgar informações tornou-se uma poderosa
ferramenta de mídia, onde muitos veículos de
comunicação de massa, como as televisões, rádios e
jornais, passaram a conciliar a forma de divulgação de
noticiário tradicional com a online. Isso possibilita que
as notícias sejam transmitidas a população em tempo
real, diferentemente de um passado recente, onde seria
necessária a espera de uma nova edição para as notícias
serem atualizadas.
Apesar da internet ser um meio democrático e de
certa forma acessível a qualquer pessoa, é sabido que
apenas uma parcela da sociedade de classe social média
e elevada tem contato direto com essa tecnologia,
portanto um grupo seleto, politicamente correto e
formador de opinião.
Até 2002, o candidato a um cargo eletivo no Brasil
montava equipes de marketing, imprensa, televisão,
rádio, pesquisas e coordenação de cabos eleitorais. A
internet era praticamente um acessório, quase um luxo.
Agora, o político que entrar na disputa sem pensar na
web pode até não perder, mas sairá com certeza em
desvantagem.
Através do sistema de e-mail e da popularização
dos fóruns de discussão, que são uma forma de
compartilhar, agilizar, estimular e democratizar
informações sobre um determinado assunto, a internet
tem se tornado o meio pelo qual a população consegue
discutir, criticar e divulgar os acontecimentos dos
governos e dos políticos . Num futuro breve teremos o
meio online como a principal forma/ferramenta para a
definição políticas e de governos, tendo a população
como parte principal do processo de tomada de decisão
de governança de uma nação, onde as pessoas possam
transformar suas democracias representativas em
democracias diretas, minimizando o poder absoluto e
muitas vezes obscuro de um governo. O objeto principal
deste estudo não é discutir o meio internet como
ferramenta na campanha política, mas sim, divulgar ações
públicas de um determinado membro político, por um
meio simples, barato e que proporciona alto índice de
fidelidade, através do marketing one-to-one, que
segundo os autores Don Peppers e Martha Roggers
(1993, p. 9), é “a prática de adequar mensagens,
serviços, produtos, promoções e informações a um
usuário individual na web”.
Segundo os autores Cliff Allen, Deborah Kania e
Beth Yaeckei (2002, p. 4):
Para ver o que o futuro reserva para o marketing
na web, vamos analizar como o marketing
one-to-one é diferente dos outros tipos de
marketing:
Marketing de massa: Comunicação de um para
todos. Sem especialização da mensagem ou da
mídia.
Marketing de segmento: Comunicação de um
para muitos ou de um para poucos, com
especialização da mensagem e da mídia para
cada segmento identificado do mercado como
um todo.
Marketing one-to-one: Comunicação de um para
poucos ou one-to-one, com mensagem e mídia
individualizadas para cada mercado altamente
segmentado ou cliente individual.
Newsletter
É um sistema desenvolvido para permitir que
empresas e pessoas de qualquer segmento possam
explorar os benefícios do e-mail marketing através da
Internet. Com ele é possível gerenciar campanhas e enviar
informações personalizadas para cada grupo ou pessoa
individualmente. Através de recursos bastante simples,
é possível criar modelos de mensagens a serem enviadas
(com textos, imagens e anexos) ou enviar mensagens
em formato HTML (formato de internet) de forma
rápida, segura e programada (possibilidade de agendar
dia para envio), com a garantia de que elas serão
entregues de forma individualizada a cada uma das
pessoas ou grupos selecionados.
É possível também, acompanhar o recebimento
das campanhas, visualizando através de gráficos as
pessoas que receberam as mensagens e a quantidade
de visualizações, além de outras informações.
Desenvolvido para funcionar dentro do navegador
de web (browser), o sistema funciona a partir de qualquer
computador com acesso a internet, não sendo necessário
instalação individual em equipamento.
Com esse sistema um determinado membro
político pode enviar a todos os contatos de sua lista,
que foram previamente cadastrados, ações que julgue
pertinentes para a manutenção de sua imagem política,
que diz respeito à visão que o povo tem do político, não
somente como profissional, mas principalmente como
pessoa. A imagem é muito importante em época de
campanha eleitoral, porém não pode ser descuidada em
outros momentos, pois isso pode ser fatal para
candidaturas futuras.
Sendo assim, o membro político pode enviar
periodicamente notícias sobre seu desempenho público,
projetos e opiniões sobre assuntos relevantes a
população.
33
Sistema Powerpage®
Para melhor apresentação, será mostrado neste
estudo como forma de ilustração da ferramenta a ser
utilizada, o sistema de newsletter Powerpage®,
desenvolvido pela empresa ON-Z Comunicação &
Design.
A página inicial do sistema conta com os campos
login e senha, que possibilitam que somente pessoas
autorizadas tenham acesso as informações contidas no
sistema (imagem 1).
Após o login o usuário é direcionado a uma tela
que apresenta a visão geral do sistema, com seus recursos (imagem 2).
No menu “gerenciador de dados” é possível
gerenciar todos os destinatários do newsletter,
cadastrando (imagem 3), excluindo (caso o contato não
deseje mais receber os e-mails), visualizando os que
estão ativos no sistema e os que estão pendentes, pois
para que o destinatário receba o newsletter é necessário
que autorize através de um e-mail enviado previamente,
34
solicitando a sua inclusão na lista de envio, de acordo
com as regras do código de ética anti-span e melhores
práticas de uso de mensagens eletrônicas (anexo 1). Os
usuários que por ventura não responderem a atualização
ficam indicados no sistema como pendentes.
No menu “enviar e-mail” é onde o tipo de
mensagem a ser enviada deve ser escolhido, ou seja, é
possível enviar uma mensagem somente de texto ou uma
mensagem no formato HTML, que possibilita que o
cadastrado abra diretamente em seu programa de e-mail
uma única mensagem com texto e imagem.
Através deste menu, também é possível agendar
o envio da mensagem tanto em formato texto quanto em
HTML, para que em determinada data o newsletter seja
enviado aos destinatários selecionados. Esta opção é
muito interessante quando associada à data de
nascimento dos cadastrados, pois possibilita que na data
do aniversário, ele receba um e-mail com as
congratulações do político.
No menu “agenda de envio” são apresentadas
todas as datas de envio programadas e permite a
manipulação das mesmas quando necessário.
No menu “template” é utilizado para visualizar e
selecionar as artes e layouts em HTML que se encontram
disponíveis no sistema, ou seja, todas as artes enviadas
como newsletter ficam arquivadas dentro deste menu,
possibilitando que sejam escolhidas para envio, ou até
mesmo sejam reenviadas, caso seja necessário.
O menu “histórico”possibilita a visualização de um
histórico de todas as mensagens enviadas pelo sistema.
Ele apresenta um relatório de todos os envios que
obtiveram êxito e especifica os endereços que
apresentaram problemas.
Através do menu “opções” são adicionadas outras
pessoas para administrar o sistema, ou seja, o político
pode autorizar sua secretária, seu assessor ou membros
do partido para que gerenciem todo o sistema.
Exemplo de newsletter
freqüentes novidades que surgem a todo instante na
internet.
Neste sentido, chegamos às considerações finais
deste texto com o intuito de oferecer aos pesquisadores
da comunicação, profissionais do marketing e
representantes políticos brasileiros, a sugestão de dedicar
maior atenção ao uso estratégico da internet para
finalidades de comunicação política no período entre as
eleições. A partir dos conceitos de marketing político,
da análise sobre os internautas brasileiros e da
apresentação do sistema Powerpage®, encerra-se o
presente artigo com a impressão de que é possível
fortalecer a democracia através da seriedade na utilização
dos meios de comunicação.
Referências Bibliográficas
Considerações Finais
Estratégias de comunicação relacionadas com a
persuasão e a retórica são praticadas desde a
Antiguidade Clássica com a principal finalidade de
promover mudanças sociais e de comportamento. É
inerente ao ser humano a tentativa constante de fazer
com que suas idéias, valores, crenças e ideologias sejam
aceitas em seu meio social, afinal foi justamente através
do discurso e da força da linguagem que o homem
tornou-se um ser social. A democracia veio depois disso
e surgiu com o propósito de servir como ambiente
propício para a representação e tomada de decisões em
benefício da coletividade.
Este breve estudo procurou apontar uma das
possibilidades de relacionar as estratégias de
comunicação política, indicadas aqui pelo marketing
político em períodos não-eleitorais, e a internet, como
mais recente e potencial canal midiático em atividade.
Em momento algum houve a preocupação em chegar a
conclusões de fato, muito pelo contrário, a intenção foi
realizar uma leitura dialética do comportamento social
respeitando a característica das Ciências Sociais de não
fechar discussões com argumentos supostamente
inquestionáveis. Além disso, e talvez principalmente, ainda
levou-se em conta a realidade das adaptações sofridas
a cada ano pela legislação eleitoral brasileira e as
ALLEN, Cliff; KANIA, Deborah; YAECKEI, Beth.
Marketing one-to-one na web. São Paulo: Makro Books,
2002.
ERCÍLIA, Maria. A internet. 2 ed. São Paulo: Publifolha,
2001.
FIGUEIREDO, Rubens. O marketing político: entre a
ciência e a falta de razão. In: Marketing político e
persuasão eleitoral. São Paulo: Fundação Konrad
Adenauer, 2000.
GARCIA, Nelson Jahr. Sadismo, sedução e silêncio:
propaganda e controle ideológico no Brasil (1964-1980).
São Paulo: Edições Loyola, 1990.
LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O marketing
eleitoral. São Paulo: Publifolha, 2002 - (Folha Explica).
NIELSEN, Jakob. Usabilidade na web. São Paulo:
Campus, 2007.
PEPPERS, Dom; ROGERS, Martha. CRM Series:
Marketing One to One. São Paulo: Makron Books, 2001.
TORRES, Roberto. Personalização na internet. São
Paulo: Novatec, 2004.
Recebido em 11 de outubro de 2007 e aprovado em
06 de novembro de 2007.
35
Download