SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva Brazilian

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SOBRATI
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Brazilian Society of Critical Care
Jonh Cloffe da Cruz Barros
TÍTULO: ABORDAGEM PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO DURANTE A
OBTENÇÃO E O MANEJO DE VIAS AÉREAS AVANÇADAS, DURANTE O
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL.
PROFESSIONAL APPROACH OF NURSES DURING ACQUISITION AND
MANAGEMENT OF ADVANCED AIRWAY DURING THE PRE-HOSPITAL
SERVICE MOBILE.
Artigo de revisão de literatura apresentada
ao curso de Mestrado Profissionalizante
em Terapia Intensiva (MPTI) da Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva (SOBRATI)
para obtenção do
profissional.
1
título de mestre
RESUMO: O estudo proposto neste trabalho é apresentar uma revisão de literatura onde
será abordado a legitimidade da obtenção de vias aéreas avançadas pelo profissional
graduado em enfermagem, este estudo não avaliou a acurácia técnica do profissional em
relação ao procedimento , pois ao entendimento do autor este assunto merece ser tema
de um estudo isolado.
A base deste estudo foram as seguintes resoluções e pareceres : COFEN Nº358/2009 ;
COFEN N°375/2011 ; PARECER COREN-SP CAT N°.002/2009 ; PARECER
COREN-DF N°.022/2011 ; SOBRATI RESOLUÇÃO 001/2012.
O enfermeiro do serviço pré hospitalar deve ter um raciocínio diferente dos colegas do
serviço intra hospitalar, ele deve estar preparado para atuar em ambiente que por vezes
pode ser hostil e também desfavorável ao profissional, aponto como exemplo que este
atendimento se dá em vias desde vias públicas , rodovias , perímetros rurais , com
iluminação precária, muitas vezes de lanterna, a exposição das condições climáticas(
chuva, vento, sol intenso), e nem sempre o serviço hospitalar de referência esta
próximo.
Cabe a este enfermeiro juntamente com a equipe, se embasar em protocolos pré
estabelecidos pela coordenação do serviço local de APH, e pelas orientações da equipe
de regulação médica. Dentre os protocolos cito apenas o de obtenção de vias aéreas
avançadas, cabendo ao profissional de enfermagem a avaliação da vítima desde o
suporte básico de vida até o avançado, que se dá com a obtenção de uma via aérea
avançada pelo uso do dispositivo denominado máscara laríngea, este procedimento é
abordado nos cursos de capacitação em suporte avançado de vida, porém ao profissional
enfermeiro é proibido o uso dos dispositivos combitubo e cânula endotraqueal, este de
uso pelo profissional médico, alguns conselhos de enfermagem admitem o uso destes
dispositivos em situações de risco iminente de vida ao paciente, à ausência do
profissional médico, com descrição por escrito e o profissional assume os riscos de
danos inerentes ao procedimento.
A SOBRATI é favorável ao enfermeiro ser capacitado e realizar o procedimento.
Como autor deste estudo eu vejo a necessidade desta capacitação ser realizada durante a
graduação, tendo em vista que o enfermeiro tem boa base de conhecimento quanto a
anatomia e fisiologia do sistema respiratório, dever ser levado em consideração que o
procedimento de obtenção de vias aéreas é um procedimento mecânico, e que em outros
países de primeiro mundo é realizado por profissionais técnicos (socorristas
denominados paramédicos), e que a dinâmica respiratória pode ser mantida por
dispositivo bolsa valva máscara ou por aparelho de ventilção mecânica com o melhor
controle dos parâmetros ventillatórios.
ABSTRACT : The study proposed in this paper is to present a literature
review which will address the legitimacy of obtaining advanced airway by
professional degree in nursing , this study did not assess the accuracy of the
technical professional in relation to the procedure , because the understanding
of this author topic should be the subject of a separate study .
The basis of this study were the following resolutions and opinions : COFEN
No. 358/2009 ; COFEN N ° 375/2011 ; OPINION COREN - SP CAT No.
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.002/2009 ; COREN OPINION - DF No. .022/2011 ; SOBRATI
RESOLUTION 001 / in 2012 .
The nurse prehospital service must have a different reasoning Peer -hospital
service , he must be prepared to work in an environment that can sometimes
be hostile and also unfavorable to the professional , I point out as an example
that this aid is done in the process since the process public highways , rural
perimeters , with poor lighting , often flashlight , exposure of weather
conditions (rain , wind , intense sunlight ) , and not always the hospital service
reference this next .
It is for this nurse along with the staff , to be linked to pre-established
protocols for the coordination of the local PHC, and the guidelines for
regulating medical team . Among the protocols quote only to obtain advanced
airway , leaving the nursing professional evaluation of the victim from basic
life support to advanced , which is given to obtaining an advanced airway
device called the use of laryngeal mask this procedure is covered in training
courses on advanced life support , but the professional nurse is forbidden to
use the devices Combitube and endotracheal tube , this use by the medical
professional , some advice nursing permit the use of these devices at risk
imminent life to the patient , the lack of medical professionals , with a written
description and the trader takes the risks of injury inherent in the procedure.
The SOBRATI is favorable to the nurse to be trained and perform the
procedure.
As the author of this study I see the need for this training to be held during
graduation , considering that the nurse has a good base of knowledge about
the anatomy and physiology of the respiratory system , should be taken into
consideration that the procedure for obtaining airway is mechanical procedure
, and other first world countries is carried out by professional technicians (
paramedics called paramedics ) , and that the respiratory dynamics can be
maintained by bag valve mask device or appliance grade ventilation
mechanics with the best control parameters ventillatórios .
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OBJETIVO:
Apresentar aos Enfermeiros intervencionistas e a comunidade intensivista, qual a
posição dos conselhos Federal de Enfermagem, Regional de Enfermagem, e da
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva quanto a obtenção de vias aéreas avançadas
pelo profissional Enfermeiro durante o atendimento pré-hospitalar
Móvel, promover uma reflexão profissional quanto a repercussão do ato de realizar ou
não este procedimento, e por fim descrever o procedimento de obtenção de vias aéreas
avançadas pelo profissional Enfermeiro, dentro de um processo sistematizado de acordo
com a resolução COFEN Nº358/2009.
INTRODUÇÃO:
Para uma melhor compreensão do tema proposto por este estudo, e por se tratar de um
tema ainda pouco abordado pelos profissionais enfermeiros, é de grande importância
que estes profissionais tenham conhecimento da extensão da rede de assistência préhospitalar dentro do âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, o serviço pré-hospitalar é
dividido em dois componentes, sendo o primeiro o atendimento pré-hospitalar fixo,
Que não é o objeto de estudo deste trabalho, e o segundo componente que seria o préhospitalar móvel, formado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU),
Resgate e ambulâncias do setor privado, e é neste contexto do pré-hospitalar móvel,
onde o profissional enfermeiro poderá vir a ter que desenvolver a abordagem proposta
conforme objetivado anteriormente.
A atuação de Enfermeiro no âmbito do APH é garantida através da RESOLUÇÃO
COFEN N°375/2011.
A obtenção de vias aéreas quando realizada por profissional Enfermeiro se dá através do
uso de máscara laríngea , no Brasil o manejo de tubo orotraqueal e combitubo é em sua
grande maioria realizado por profissionais médicos, porém os conselhos de enfermagem
dos estados de São Paulo (PARECER COREN-SP CAT N°.002/2009) e Distrito
Federal (PARECER COREN-DF N°.022/2011) emitiran pareceres quanto ao uso do
tubo orotraqueal e do combitubo pelo profissional enfermeiro , a Sociedade Brasileira
de Terapia intensiva(SOBRATI) apresenta a resolução 001/2012 , onde manifesta sua
posição quanto a obtenção de via aérea avançada pelo enfermeiro.
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1.0 DA LEGITIMIDADE DO PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DE VIAS
AÉREAS QUANDO REALIZADO PELO PROFISSIONAL ENFERMEIRO.
O COREN-SP em seu parecer CATN°002/2009 cita que “frente ao fato de que o
procedimento de intubação traqueal não fazer parte da grade curricular dos cursos de
graduação em enfermagem...”, e considera que o procedimento deva ser realizado pelo
profissional médico.
Contudo admite a possibilidade de o enfermeiro realizar o procedimento quando da
ausência do profissional médico, desde que o profissional enfermeiro esteja ciente de
Suas habilidades e competência para garantir uma assistência livre de danos ao cliente
conforme citado na conclusão do conselho referente ao parecer “Contudo em situação
de risco de morte iminente de paciente, na qual exista a impossibilidade de se contar
com um profissional médico para realizar este procedimento ou por estar envolvido em
outro procedimento, desde que ciente de sua capacidade, competência e habilidade
para garantir uma assistência livre de riscos provenientes da negligência imperícia e
imprudência.”
O conselho de enfermagem de São Paulo também aponta a necessidade de treinamentos
contínuos, elaboração de protocolos e o registro de suas ações por parte do enfermeiro
conforme a Resolução COFEN 272/02.
O COREN-DF em seu parecer n°022/2011, considera “que o enfermeiro capacitado em
Suporte Avançado de Vida em cardiologia(ACLS – Advanced Cardiac Life Suport)esta
legalmente habilitado para executar procedimentos referentes aos dispositivos de vias
aéreas avançadas como o combituboesofagotraqueal(CET) e a máscara laríngea(ML)”
Cocluindo desta maneira: “Ante o exposto, somos de parecer que o Enfermeiro atuante
no atendimento Pré-Hospitalar e Hospitalar de Urgência e Emergência, que esteja
capacitado em Suporte Avançado de Vida está legalmente habilitado a realizar
procedimentos de inserção da Máscara Laríngea (ML) e Combituboesofagotraqueal
(CET) nos pacientes que estiverem necessitando desse tipo de intervenção. Se houver
necessidade e indicação de intubação endotraqueal, caso o profissional médico não
esteja presente, o Enfermeiro devidamente capacitado, poderá executar a ação. Estes
procedimentos deverão estar em protocolos aprovados pelas instituições de saúde.”
A SOBRATI ,Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, emitiu a Resolucão 001/2012,
onde especifica as competências que julga necessárias ao enfermeiro emergencista:
“Considerando a responsabilidade e grau de formação profissional, o enfermeiro que
atua em Urgência, Emergência e UTI, deve obedecer as seguintes normatizações,
incluindo a designação de Enfermeiro Emergêncista:1- Estar capacitado e habilitado
em Suporte Básico e Avançado; 2- Deve estar apto a Intubar, efetuar reposição
volêmica rápida no choque e efetuar desfibrilação automática; 3- Reconhecer procolos,
bem como disciplina e hierarquia dentro do sistema APH(Atendimento Pré-Hospitalar)
4- Ter coordenador direto Titulado em Emergência ou Terapia Intensiva pela SOBRATI
; 5- Estar capacitado para reconhecer prescrições por telemedicina direcionadas por
médicos emergencistas”.
Tanto a Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva quanto os conselhos de enfermagem
citados anteriormente , tem opiniões próximas, quando observam que a aquisição de
vias aéreas avançadas com os dispositivos combituboesofagotraqueal, e com o tubo
orotraqueal podem ser realizados pelo enfermeiro ,na ausência do profissional médico,
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porém este processo dependeria da capacitação do enfermeiro em suporte avançado de
vida, capacitação técnica especifica para o procedimento, e elaboração de protocolos
institucionais.
Quando avaliado o enunciado da Resolução SOBRATI 001/2012,pode-se concluir que o
enfermeiro deve adquirir não só a capacidade de realizar a intubação em situações
imprevistas quando da ausência do médico, mas realizar este procedimento de uma
maneira protocolar através de uma prescrição médica por telemedicina, passada por uma
central de regulação médica.
Com a implementação da política nacional de atenção as urgências e
emergências(Portaria MS 2048/2002), o crescimento do serviço SAMU -192, e dos
serviços de Resgate em rodovias, a rotina de trabalho dos enfermeiros emergencistas
devera se dividir entre um processo de reciclagem de conceitos, aquisição de
conhecimentos e estudos científicos no que se refere a sistematização do processo de
enfermagem, conforme as resoluções COFEN, de número 358/2009, e 375/2011.
2.0 ASPECTOS TÉCNICOS QUE ENVOLVEM O PROCEDIMENTO.
Segundo as diretrizes da American Heart Association (AHA) em sua edição de 2010,
antes da obtenção de uma via aérea avançada , é necessário realizar a oferta de oxigênio
suplementar durante as ações de suporte básico de vida, os dispositivos citados são:
- Oxigênio suplementar, que é o cilindro ou unidade de parede;
- Máscara facial simples de oxigênio;
- Máscara facial com reservatório de oxigênio(máscara não reinalante)
- Máscara de Venturi.(American Heart Association, 2010)
No serviço pré- hospitalar móvel, além dos protocolos de suporte básico e avançado de
vida em cardiologia, são aplicados também protocolos de atendimento básico e
avançado as seguintes disciplinas:
-Emergências Psiquiátricas, Trauma e Emergências cirúrgicas, Atendimento a múltiplas
Vítimas, Emergências Obstétricas, Emergências Neonatais e Pediátricas, Emergências
Respiratórias e metabólicas, Emergências Clínicas neurológicas , Atendimento a
Queimados e outras disciplinas abordadas durante a capacitação de Atendimento
Básico, oferecida a profissionais do SAMU-192, Pelo Ministério da saúde. (Ministério
da Saúde- Hospital Oswaldo Cruz-Capacitação Samu,2013)
2.1 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA DA PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA ( PCR) E PARADA RESPIRATÓRIA EM ADULTOS.
Parada cardiorespiratória(PCR) é a interrupção súbita da circulação sistêmica em
indivíduo com expectativa de restauração da função cardiorrespiratória, não portador de
moléstia crônica intratável ou em fase terminal.O atendimento à PCR tem baixo índice
de sucesso e a probabilidade de sobrevida diminui acentuadamente a cada minuto (a
sobrevida da PCR no ambiente pré hospitalar permanece baixa em todo mundo:6% ou
menos). No suporte básico de vida ,manobras de aberturas de vias aéreas, ventilação
adequada e suporte circulatório por compressão toráxica externa e desfibrilação externa
por meio de Desfibrilador Externo Auomático(DEA), que pode ser utilizado por
profissionais de saúde ou pela população leiga(com curso de capacitação), o
reconhecimento de uma possível vítima de PCR inicia-se pela avaliação da
responsividade. Deve ser realizada pela primeira pessoa a suspeitar do evento de uma
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PCR, se confirmada a inconsciência , iniciam-se os procedimentos do CAB(compressão
toráxica /via aérea e ventilação) primário da reanimação.
Após iniciado o suporte básico de vida e realizada a desfibrilação inicia-se o
CABD(compressão toráxica/ via aérea/ ventilação e diagnóstico diferencial) secundário
, no suporte avançado de vida, o objetivo da equipe é a restauração e a manutenção da
circulação espontânea , desfibrilação com DEA, a obtenção de via aérea avançada e a
administração de medicamentos.(BUENO,MAS e cols. Cap.45)
2.1 APLICAÇÃO DO CABD NO SUPORTE AVANÇADO DE VIDA.
C: CIRCULACÃO
 Compressões torácicas com freqüência de pelo menos 100 compressões minuto
e profundidade de 5 cm para adultos e de no mínimo. Um terço do diâmetro
anteroposterior do tórax, em bebes e crianças(aproximadamente 1,5
polegadas[4cm] em bebes e 2 polegadas [5cm] em crianças.
 Monitoração do ritimo.
 Acesso venoso e medicações.
A e B:
 Obter via aérea pérvia que permita manter boa oxigenação e eliminação de co2.
 Volume recomendado: 500 a 600ml durante um segundo ou mais.
 Razão entre compressão torácica e ventilação: deve ser de 30:2 em paciente
adulto sem via aérea avançada, e assincrônica quando houver o controle de via
aérea avançada, minimizando as interrupções dos ciclos de compressões
torácicas e respeitando uma freqüência de 8 a 10 ventilações por minuto.
Evitar a hiperventilação: pode promover um auto- PEEP (aumento da pressão
expiratória final), que pode diminuir o retorno venoso e piorar o débito cardíaco.
Principalmente no pacientes com DPOC(Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e
hipovolêmicos.
 Cânulas orofaríngeas ou nasofaríngeas:
-Possibilitam acesso rápido e simples as vias aéreas superiores(VAS);
-A cânula orofaríngea só deve ser utilizada em pacientes inconscientes, pois
pode desencadear vômito, aspiração e laringoespasmo;
-A cânula nasofaríngea é melhor tolerada, sendo de preferência nos pacientes
semi-conscientes ;
-Mesmo com as cânulas naso e ororfaríngeas , manter a posição correta de
abertura das vias aéreas;
-Não se deve retardar a intubação endotraqueal para inserção de cânulas;
-não devem ser retiradas antes do controle definitivo das vias aéreas (risco de
regurgitação/vômitos).
2.1.2 SISTEMA BOLSA VALVA MÁSCARA .
 Pode ser conectado a reservatório que permite elevar a FiO2 em até 100%.
 Requer treinamento para sua utilização, sendo de difícil manipulação por apenas
um socorrista.
 Provoca aumento da pressão intra-gástrica, que dificulta a excursão pulmonar,
facilita a regurgitação do conteúdo gástrico e aspiração pulmonar.
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Segundo a American Thoracic Society, as principais indicações de intubação
orotraqueal (IOT) são:
- Oxigenação inadequada com outros métodos (definida como SatO2 menor que 90%
ou PaO2 menor que 55 mmHg)
- Ventilação inadequada com outros métodos (PaCO2 em curva ascendente, acidose
respiratória, alteração de estado mental ou outros sintomas) - quando plausível,
sempre tentar a Ventilação não invasiva (CPAP para Edema agudo de pulmão e BiPAP
para DPOC descompensada são as indicações clássicas da literatura).
- Incapacidade de proteção das vias aéreas.(Brandão,PRP 2009/ Indicações de
intubação orotraqueal)
Segundo o livro Emergências Clínicas 4a edição, de Herlon e cols (2009), da FM-USP,
as principais indicações de ventilação invasiva são:
1) Anormalidades da ventilação
a) Fadiga da musculatura respiratória
b) Doença neuromuscular e capacidade vital menor que 15 mL/kg de peso
c) Drive ventilatório diminuído (depressão respiratória, como nas intoxicações por
barbitúricos/benzodiazepínicos)
d) Anormalidades de parede torácica
2) Anormalidades da oxigenação
a) Hipoxemia refratária (insuficiência respiratório do tipo I refratária)
b) Trabalho respiratório excessivo
3) Outras
a) Redução da pressão intracraniana (PIC)
b) Diminuição do consumo de oxigênio
c) PaCO2 maior que 55 mmHg e pH menor que 7,25
d) Insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica(Brandão,PRP
2009/Indicações de intubação orotraqueal)
Antes de abordar a obtenção de vias aéreas avançadas pelo enfermeiro, aponto a
importância do reconhecimento da parada cardiorespiratória pelo enfermeiro, e dos
conhecimentos necessários para o atendimento correto ao evento, seguindo os
protocolos do Ministério Saúde conforme em utilização pelo serviço SAMU 192
No SAMU 192, a indicação de via aérea avançada ,na sua grande maioria ,se dá pelo
uso da escala de coma de Glasgow associada a avaliação do profissional médico
presente na cena do atendimento(COLLET, FL 2012).
Na ausência do profissional médico, o enfermeiro da viatura de suporte básico ou
intermediário de vida, antes de utilizar a máscara laríngea ,divide a responsabilidade
com o médico regulador, que de acordo com a estrutura do serviço samu 192 é o
profissional médico que coordena o fluxo de atendimento das unidades básicas,
intermediárias e avançadas de saúde.
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No atendimento a múltiplas vítimas o entrosamento entre os profissionais médicos e
enfermeiros deve ser constante, não ocorrendo desentendimentos durante o
atendimento, os profissionais devem ter domínio dos protocolos de atendimento, no que
desrespeito a teoria e a aplicação prática, atualmente os protocolos são abordados em
plataforma interativa coordenada em conjunto com o Ministério da Saúde (Coordenação
Geral de Urgência e Emergência), e Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
3.0 ACESSÓRIOS DE MANUTENÇÃO DE VIAS AÉRESA AVANÇADAS
“Importante observar que este estudo visa apontar a legitimidade do procedimento
de obtenção de Vias Aéreas Avançadas pelo profissional Enfermeiro, motivo pelo
qual venho neste capítulo a descrever os acessórios de manutenção de vias aéreas e
não as respectivas técnicas de manejo dos mesmos.”
3.1 TUBO OROTRAQUEAL
O Tubo Orotraqueal é um tubo semirrígido que é passado pela boca e sua extremidade
interna fica além do terceiro anel traqueal, próximo a bifurcação que ventila os pulmões,
o posicionamento do tubo orotraqueal fornece o manejo da via aérea avançada.
O Tubo Orotraqueal ligará os pulmões ao ventilador mecânico. Esse dispositivo é
indicado nos casos de parada cardíaca durante o SAVC, respeitando os critérios
publicados pela American Heart Association, atualizada bianualmente.
O Tubo Orotraqueal, necessita de aparelho para ventilação mecânica, que é uma
máquina que auxiliara o processo de ventilação do paciente, e durante o inicio do
processo de ventilação poderá ser utilizado um dispositivo bolsa valva máscara.
3.2 COMBITUBO
O combitubo é um dispositivo de via aérea invasivo, com dois cuffs de balão infláveis.É
inserido sem a visualização das cordas vocais.O Tubo tem maior probabilidade de
penetrar no esôfago que na traqueia.Quando o tubo realmente penetra no esôfago,ocorre
a ventilação através das aberturas laterais adjacentes às cordas vocais e a traqueia.Se o
tubo penetra na traqueia , ventilação ainda pode ocorrer por uma abertura na
extremidade do tubo.
3.3 MÁSCARA LARÍNGEA
A mascara laríngea(ML)é um dispositivo de via aérea avançado, considerado uma
alternativa aceitável para o tubo endotraqueal.A ML é composta de um tubo com uma
projeção semelhante a uma máscara, com cuff na extremidade do tubo.
PROCESSO DE ENFERMAGEM, ATUAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO POR PARTE
DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO, NO SERVIÇO PRÉ HOSPITALAR MÓVEL.
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A documentação da assistência de enfermagem no serviço SAMU 192 , se dá através de
um impresso de registro multi profissional onde tanto o profissional enfermeiro, como o
profissional médico podem realizar um sucinto registro dos cuidados prestados e da
cena onde ocorreu o evento, os impressos de registros do serviço pré hospitalar ainda
aguardam por uma adequação ao que diz a Resolução COFEN n °311 de 2007, que
descreve a sistematização da assistência de enfermagem, e por conseqüente material
para estudos científicos na área de APH por parte dos enfermeiros.
Cabe ao enfermeiro o preparo e check list do material de entubação(obtenção de via
aérea definitiva), sendo que a responsabilidade do médico quanto ao check list também
é legítima e tem de ser compartilhada para criar o entrosamento da equipe e diminuir a
chance de incidentes danosos ao paciente.
No ato da entubação o enfermeiro na presença do médico, dará suporte operacional ao
procedimento, realizara fixação do dispositivo mais insuflação de cuff para os
dispositivos que contarem com este acessório, realizara a ventilação com dispositivo
bolsa valva máscara, realizara aspiração de vias aéreas superiores, é responsável pela
monitorização não invasiva de ECG, saturação de oxigênio, pressão arterial e
temperatura, asculta pulmonar durante o atendimento, além de obtenção de acesso
venoso periférico , instalação de infusões e preparo e administração de medicamentos
intra venosos, por cânula orotraqueal e por via sc , e por fim é responsável pela rede de
oxigênio.
Na ausência do profissional médico o profissional enfermeiro esta habilitado
técnicamente a obter a via aérea avançada com o uso do dispositivo Máscara laríngea,
apesar dos pareceres já citados no início deste trabalho, não há acurácia técnica do
enfermeiro para o manejo do tubo orotraqueal e do combitubo devido a grade curricular
dos cursos de graduação de enfermagem. Cabe aos enfermeiros especialistas em
cuidados intensivos desenvolverem estudos sobre a obtenção de vias aéreas avançadas,
e a capacitação para tal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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and Emergency Cardiovascular Care 2010,Disponível em: www.heart.org/cpr.
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regulamentada pelo Decreto 94.406/87. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da
enfermagem e dá outras providências. Disponível em:www.novoportalcofen.gov.br.
10
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COREN. Conselho Regional de Enfermagem - São Paulo. Parecer n° 002/2009, de 10
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Disponível em: www.coren-sp.gov.br.
COREN. Conselho Regional de Enfermagem – Distrito Federal. Parecer n° 022/2011,
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria 1.010,de 21 de Maio de 2012. Redefine as
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PEDRESOLI,C.E. O uso da máscara laríngea pelo enfermeiro na ressucitação
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- ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO – UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO, Ribeirão Preto, 2009.
Resolução 001/2012: Conselho Nacional de Intensivistas – SOBRATI. Disponível em:
www.medicinaintesiva.com.br.
Resolução COFEN 375/2011, de 22 de Março de 2011. Dispõe sobre a presença do
Enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e Inter Hospitalar, em situações de risco
conhecido ou desconhecido(Texto alterado pela Resolução Cofen 379/2011).Disponível
em:www.novoportalcofen.gov.br.
Resolução COFEN 358/2009 Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos
ou privados, em que ocorre o processo de enfermagem, e da outras providências.
Disponível em: www.portalcofen.gov.br
12
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