Discurso do deputado João Tota sobre os desafios políticos e expectativas públicas para este último ano de legislatura. Senhor presidente, Senhoras e senhores deputados, É na sessão de hoje que na prática, iniciamos o último ano da atual legislatura com uma série de desafios e, por que não dizer, imposições e demandas de uma sociedade que a cada dia exige o cumprimento de seus direitos básicos, a ampliação seu leque de ação cívica e disponibilidade de sua cidadania, acompanha vivamente o desdobramento da vida legislativa e espera notadamente da classe política um trabalho em comunhão com seus anseios de qualidade de vida e mantém a expectativa que o Estado cumpra seu papel constitucional. Em suma, vivemos uma época em que a sociedade saiu não apenas do papel de espectadora. Hoje, além de reivindicar ações e propostas, ainda quer a punição explícita, seja nas urnas ou mesmo nos tribunais, para o imobilismo e os desmandos de toda ordem. Sem qualquer sombra de dúvida, atualmente uma das maiores preocupações da sociedade civil organizada é com a segurança, um dos deveres fundamentais do Estado, competência inarredável do Poder Público e motivo de constante aflição de todas as classes, uma vez que o crime organizado democratizou suas ações e não descrimina classe social para expandir seus tentáculos. E o quer é pior, a criminalidade já inoculou seu vírus perverso até mesmo no setor responsável pelo seu combate, o que requer, desta forma, uma completa assepsia e reestruturação seja nos meios policiais, do sistema carcerário ou mesmo na burocracia da segurança e seus conhecidos entraves que tanto irritam e decepcionam grande parte da população, que se sente impotente frente a tanta demonstração de força e mobilização do crime organizado. Este problema, aliás, como atestam os meios de comunicação e setores engajados da setor civil, constitui-se o grande clamor da sociedade, já cansada de tantas demonstrações de audácia e completo desrespeito do submundo do crime ás instituições encarregadas da defesa do patrimônio e da vida do cidadão. É mais que hora de apresentar uma resposta objetiva e definitiva a um problema cuja emergência ameaça colocar em cheque o papel e credibilidade do próprio Estado. O trabalho é extenso, complexo e portanto desafiador, pois implica em numa revisão integral e corajosa em todos os aspectos que incluem o funcionamento do setor de segurança pública. Da legislação em vigor, passando pela possível centralização dos comandos das polícias civil e militar, do chamamento do próprio Ministério Público para a participação na elaboração na política de segurança, chegando até mesmo na discussão do papel constitucional das Forças Armadas numa ampla mobilização nacional antiviolência, urge que o Legislativo forme uma verdadeira "Frente Ampla" para que a sociedade tenha a resposta que tanto almeja, pelo menos em termos de projetos, programas e leis a que esta Casa tem sua incumbência. Senhor presidente, Senhoras e senhores deputados, O setor saúde é outro que atualmente vem requerendo um esforço concentrado para a solução ou pelo menos o arrefecimento de seus problemas. A infectologia em nosso país sofreu um indiscutível revés em que pese todas as campanhas coletivas e ações específicas que a saúde pública realizou em passado recente. E por demais conhecido o retorno de doenças tropicais consideradas já erradicadas de nosso território e que hoje causam verdadeiro transtorno seja á população urbana ou rural. Os exemplos se multiplicam frente a uma população aturdida com epidemias como a dengue, que hoje assola o país de ponta a ponta sem qualquer piedade a pessoas que não seguem á risca as recomendações básicas e primárias para evitar a proliferação e infestação do mosquito transmissor, aliás, o mesmo vetor de uma doença muito mais feroz senão mortífera - a febre amarela. Males como a tuberculose e o próprio Mal de Hansen, típicos de locais que simplesmente ignoram os mais comezinhos princípios de saúde, voltam a ser alvo prioritário das autoridades de saúde e precisam sumir do mapa das endemias nacionais custe o que custar. Muitos são os desafios que se apresentam para este fim de legislatura. Nunca é demais lembrar que, para enfrentar os obstáculos com chances reais de vitória, o Congresso Nacional, especialmente a Câmara dos Deputados, legítima representante do cidadão brasileiro e de suas aspirações mais concretas, precisa urgentemente realizar algumas adequações indispensáveis. Para tanto, a própria máquina burocrático-administrativa da Casa necessita ser revista para dar encaminhamento adequado e no prazo exigido pelas circunstâncias para alguns problemas que afligem o cidadão comum. Neste aspecto, um primeiro passo certamente passaria pela desobstrução da pauta de votações e seleção das verdadeiras prioridades, em particular aquelas que virtualmente interferem no dia-a-dia da população privando-a de direitos primordiais e inalienáveis. Dentre as conhecidas metas permanentes figura com especial destaque o problema crônico do desemprego. Inúmeros foram os postos de trabalho que simplesmente deixaram de existir face a problemas econômicos peculiares e localizados de nosso país ou ainda às peculiaridades e incertezas dos grandes grupos financeiros globalizados, sem falar no jogo político de interesses que tanto afetam o andamento normal do mercado, vulnerável por natureza às oscilações de momento. Se nossa taxa de desemprego não assusta em relação a apresentada até por países considerados de 1° Mundo, não deixa de ser absolutamente preocupante ver nossos cidadãos privados de trabalho sem a necessária contrapartida de uma legislação trabalhista que garanta a presença da previdência estatal assegurando os benefícios indispensáveis à família para os dias de infortúnio de seus arrimos. Impossível omitir ainda o grave problema advindo da seca que assolou várias regiões de nosso território resultando na baixa de volume de muitos reservatórios e o inevitável racionamento de energia visto que a grande maioria da nossa energia elétrica advém de hidrelétricas. Convém lembrar que para o enfrentamento do problema uma feliz junção da determinação do Governo Federal com uma incrível e louvável demonstração de consciência cívica da população mostrou que o brasileiro sabe responder á altura as demandas de seu país ainda que isto implique em algum sacrifício ou privação momentânea. Felizmente, já neste final de mês o Governo dará a sentença final ao chamado "Apagão", mas uma nova política energética que previna o país de tamanhos sobressaltos é altamente necessária e mesmo fundamental até por questão da segurança nacional e desenvolvimento de nosso parque agrícola e industrial. Senhor presidente, Senhoras e senhores deputados, Desnecessário lembrar que muitos outros problemas estão na pauta do dia à espera de uma solução convincente para minorar os obstáculos enfrentados na rotina de todo cidadão .Se por um lado a definição da duração da cobrança do CPMF é um dos questionamentos do momento, o mesmo não se pode falar da educação nacional, que apesar de ter dado um passo fantástico nas mãos habilidosas do ministro José Serra, ainda guarda muita limitação seja em nível de qualidade do ensino, seja em nível de remuneração do magistério nacional. Dos transportas públicos a questão agrária, do problema da habitação ao retorno do crescimento da economia, muito pode ser feito neste final de legislatura desde que os políticos demonstrem na prática sua real vocação para o trato da coisa pública e o compromisso com as causas populares sem resvalar para a demagogia fácil. De meu lado, caros colegas de Parlamento, posso declarar com a mais absoluta tranqüilidade que tanto meu partido como a própria Casa podem contar com meu trabalho e empenho para a busca sincera de soluções aos grandes problemas nacionais. É para isto que fui eleito, e é com um currículo de realizações que quero prestar contas ao meu eleitorado e pedir a renovação de sua confiança em meu trabalho. Muito Obrigado JOÃO TOTA Deputado Federal PPB/AC