56º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010 Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 28 Validação do camundongo rodador como modelo para Síndrome de Usher tipo 1F (USH1F), desordem genética humana caracterizada por deficiência auditiva e retinite pigmentosa Torres, AA1; Massironi, SMG2; Guénet, JL3; Godard, ALB1 Laboratório de Genética Animal e Humana, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais Biotério de Experimentos do Departamento de Imunologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo 3 Unité de Génétique dês Mammifères, Institut Pasteur, França. [email protected] 1 2 Palavras-chave: mapeamento genético, mutação induzida por ENU, modelo animal, protocaderina 15, validação de mutação A mutação rodador é uma desordem monogênica, autossômica recessiva, caracterizada por perda auditiva, comportamento circular e disfunção de equilíbrio. Análises histológicas do aparelho vestíbulo-coclear revelaram estereocílios anormais e a análise de ligação feita com animais recombinantes utilizando marcadores microssatélites mapeou a mutação no cromossomo 10, entre 29.0 e 49.0 cM. A caracterização da região permitiu a seleção do gene da Protocaderina 15 (Pcdh15) como forte gene candidato, uma vez que está envolvido com a função auditiva e modelos murinos descritos para este gene apresentam fenótipo muito semelhante ao rodador. A protocaderina 15 é um membro da superfamília das caderinas, moléculas responsáveis pela adesão célula-a-célula dependente de cálcio, e é componente dos filamentos extracelulares que controlam a morfogênese e função dos estereocílios das células mecano-sensórias do ouvido interno. Com o objetivo de identificar a mutação, 41 éxons do gene Pcdh15, incluindo regiões intrônicas flaqueadoras, foram sequenciados, e uma transição AT-para-GC foi encontrada no íntron 25. Três camundongos rodador foram sequenciados e todos apresentaram a mesma alteração quando comparados com o animal controle da linhagem parental BALB/c. Com o intuito de excluir a possibilidade de a alteração ser um polimorfismo entre linhagens, camundongos C57BL/6, DBA e NZB foram sequenciados e todos apresentaram uma Adenina na posição em questão. Uma vez que a alteração observada levou a uma troca de um dinucleotídeo ApA para ApG em uma posição próxima ao sítio aceptor de splicing, nossa hipótese é que pode ter sido criado um sítio críptico de splicing mais forte dentro do íntron, que estaria levando à incorporação de 8 bases da região intrônica no mRNA. Como resultado, a matriz de leitura seria alterada e o aparecimento de um códon de parada prematuro produziria uma proteína truncada. Duas evidências suportam esta hipótese: 1) aproximadamente 80% das mutações causadas por ENU conhecidas são transições AT-para-GC ou transversões AT-para-TA; e 2) 26% das mutações induzidas por ENU causam splicing anormal. Com o intuito de validar esta alteração serão realizados testes de PCR em tempo real para avaliar os níveis de expressão de Pcdh15 para camundongos controle e mutantes, e será sequenciada a porção do cDNA que compreende a junção dos éxons 25 e 26, para verificar se houve a incorporação de bases intrônicas. Primers específicos já foram desenhados, amostras de RNA coletadas do ouvido interno e moléculas de cDNA confeccionadas. No homem, mutações no gene PCDH15 causam perda auditiva e Síndrome de Usher tipo 1F (USH1F). A validação desta mutação tornará o camundongo rodador um bom modelo para a doença, permitindo estudos dos mecanismos envolvidos na mecanotransdução, na função auditiva e no desenvolvimento da síndrome. Apoio financeiro: CAPES/FAPESP e FAPEMIG - Brasil e Institut Pasteur - França