CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA UMA INSTITUIÇÃO NÃO ESCOLAR Nádia Maria Soares SANDRINI Mariléia Mendes GOULART Tania Regina Cardoso FERNANDES RESUMO: O Curso de Pedagogia assumiu o desafio de assessorar a construção do Projeto Político- Pedagógico (PPP) da Comissão Municipal do Bem Estar do Menor de Tubarão (COMBEMTU), entidade filantrópica, não governamental, fundada em 1975, que atende crianças e adolescentes na faixa etária de 05 a 17 anos. Foi um trabalho de extensão, que utilizou uma metodologia em que o processo se apresentou também como produto, pois objetivou, além da elaboração do PPP, a formação continuada dos profissionais da instituição. Como parte da metodologia, foram utilizados: diagnóstico da realidade, a partir de conversas e pesquisas com as famílias, crianças, adolescentes, profissionais; realização de cursos, oficinas, palestras; sistematização das produções elaboradas; construção e validação do documento final; registro do PPP junto à biblioteca da Unisul; produção e registro dos certificados. O resultado foi um processo organizado por meio do diálogo e da construção coletiva, com vistas a buscar soluções para os problemas diagnosticados e materializar um documento norteador de práticas educativas, que possibilitem enfrentar os desafios do cotidiano de um trabalho voltado para crianças e adolescentes de grupos de risco. PALAVRAS CHAVE: Projeto Político-Pedagógico, Organização Não Governamental, Formação. Introdução O curso de Pedagogia da Unisul tem o ensino, a pesquisa e a extensão como eixos norteadores e indissociáveis do processo de ensino e aprendizagem. Também entende que a pesquisa precisa ser reconhecida, não somente pela comunidade científica, mas também pela comunidade local. Nesse sentido, a extensão vai se constituindo numa forma de consolidação de uma relação dialética com as instituições locais, que permite compreender que os conhecimentos construídos em suas práticas pedagógicas e os discutidos na Universidade se complementam para estruturar uma educação de qualidade. Outra compreensão é a de que o curso de Pedagogia, como agente de formação inicial e permanente, tem a função de constantemente refletir sobre as políticas públicas que permeiam o cenário educacional e, assim, trabalhar a extensão como forma de assessorias, formação continuada, construção de projetos pedagógicos e propostas curriculares para as redes públicas, de forma a contribuir na e para a superação dos desafios do processo educativo. Assim, o Curso de Pedagogia assumiu o desafio de assessorar a Comissão Municipal do Bem Estar do Menor de Tubarão (COMBEMTU), entidade filantrópica, não governamental, fundada em 1975, que tem como missão valorizar o potencial e resgatar a autoestima através de atividades socioculturais e educacionais, no contraturno escolar de crianças e adolescentes na faixa etária de 05 a 17 anos. Tendo em vista que a Instituição atende crianças consideradas vulneráveis socialmente, a construção de um Projeto Político-Pedagógico - PPP oportunizará metodologias que atendam aos aspectos pedagógicos e psicossociais do desenvolvimento deste grupo, por meio de atendimento interdisciplinar. É consenso entre os estudiosos da área da educação que as práticas, por si só, não provocam mudanças. Estas devem ser conduzidas com base em conhecimentos entendidos e articulados com a conjuntura social dos alunos. Tais conhecimentos devem aperfeiçoar as percepções diferenciadas e sustentadas conceitualmente do que se pretende com as práticas educacionais. 1 Com o trabalho realizado, objetivamos assessorar a elaboração do PPP que será implantado na COMBEMTU. Dessa assessoria, participaram nove professores (mestres e doutores), de várias áreas do conhecimento, como Pedagogia, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Artes e outras. Como metodologia, utilizamos: diagnóstico da realidade; realização de capacitações; sistematização das sínteses elaboradas pelos profissionais da COMBEMTU e da Unisul; validação do documento final; registro do PPP junto à biblioteca da Unisul; produção e registro dos certificados de participação. Ao iniciar as conversas com as educadoras da instituição, procuramos ouvir o grupo de profissionais, a fim de perceber qual o entendimento que tinham sobre o PPP. Algumas questões inquietavam: o que significa um PPP? Por que um projeto para cada instituição? Quem deve participar da elaboração? Neste artigo, apresentamos o processo de elaboração do PPP, organizado por meio do diálogo entre os diversos segmentos de uma instituição não escolar, na busca de soluções para os problemas diagnosticados e com intuito de materializar um documento norteador de práticas educativas que ajudassem a enfrentar os desafios do cotidiano. Foi um trabalho de extensão, que utilizou uma metodologia em que o processo se apresentou também como um rico produto de formação. Projeto político-pedagógico da combemtu: o processo como produto Primeiras aproximações Uma conversa informal entre a coordenação e a assistência pedagógica do curso de Pedagogia da Unisul de Tubarão- Santa Catarina e a coordenação pedagógica da Combemtu desencadeou um diálogo a respeito das ações de extensão desenvolvidas pelo curso. Nesse momento, identificamos que algumas práticas desenvolvidas pela Combemtu respondiam às metas, porém não havia um documento formal que registrasse tais ações e, menos ainda, seus fundamentos teóricos. Percebemos, também, que havia o interesse de qualificar as práticas, considerando as especificidades de uma instituição de ensino não formal. Na sequência, veio o pedido da Combemtu para que o Curso de Pedagogia desenhasse uma proposta com vistas à construção do seu PPP. Esse foi o primeiro ponto favorável, o surgimento da necessidade e a decisão inicial nasceram da equipe gestora da Combemtu. O segundo foi a concordância de que o processo fosse desencadeado com a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo, pais, educadores, crianças e adolescentes, pautando-se na compreensão de que um PPP é mais que um documento escrito, é a identidade da instituição materializada nas relações do cotidiano. Projeto Político-Pedagógico: por que e para quê? A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar. Fernando Birri apud Eduardo Galeano É praticamente impossível uma escola ou uma instituição contribuir, qualitativamente, na vida de crianças e adolescentes, de forma a fazê-los experimentar a cidadania, por meio de suas convivências diárias, se ‘não ousar sonhar sonhos possíveis’, como bem dizia Paulo Freire. Atualmente, as Políticas Públicas, as Legislações, como a Lei de Diretrizes e Bases da 2 Educação Nacional - LDBEN 9394/96 e o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA/1989, apontam diretrizes que norteiam o que é prioritário a esses sujeitos: Art . 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Estatuto da Criança e do Adolescente). No que tange à educação, cabe às instituições organizar projetos político- pedagógicos para que, em seu bojo, tragam os fundamentos que garantam a efetivação da cidadania para todos, ou seja, para que, de fato, a criança e o adolescente tenham “prioridade absoluta” em seus direitos. Assim, ousamos trazer o texto citado por Galeano: “Para que serve a utopia? Para isso, para caminhar?”. Essas questões nos impulsionam a pensar lugares em que haja educação de qualidade para as crianças e adolescentes. Nesse sentido, é que acreditamos na necessidade de elaborar coletivamente projetos pedagógicos, porque estes sintetizam o objetivo maior das escolas e instituições, sonhar o ideal, fazer escolhas teóricas e elaborar metas que deem sustentação para materializar o sonhado. Na construção do projeto, sobressai o que temos a intenção de fazer, olhamos para frente, com base no que temos, buscamos o possível. Conforme Vasconcelos, “trata-se de um importante caminho para a construção da identidade da instituição”. Em relação ao conceito, Vasconcellos afirma que projeto político-pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir de um posicionamento quanto a sua intencionalidade e de uma leitura da realidade. (VASCONCELLOS, 2009, p. 17) Tomando-se como base estas definições, elaborar um projeto político-pedagógico com e para uma instituição, constitui-se em tarefa de extensão universitária bastante relevante, uma vez que a dimensão política vai representar o compromisso com a formação de um cidadão e a dimensão pedagógica, a efetivação da intencionalidade, que é a formação dos sujeitos. O PPP, além de ser uma obrigação legal, deve traduzir a visão, a missão, os objetivos, as metas e as ações que determinam o caminho do sucesso e da autonomia a ser trilhado. A partir do exposto, entende-se que o PPP é um documento de extrema relevância para a efetividade do processo educativo, possibilita não só o conhecimento daquilo que a instituição propõe em termos de educação, mas também a sua própria identidade, porque somente se projeta a partir daquilo que já tem consolidado. Acreditamos que o projeto político- pedagógico vai se traduzir num direito, porque possibilita autonomia de pensar, executar e avaliar o próprio trabalho, além de explicitar a intencionalidade de ações; num dever, porque consolida os aspectos legais do Sistema Nacional, Estadual e Municipal de Educação; num instrumento teórico–metodológico, já que tem a finalidade de orientar práticas que fortaleçam a autonomia e a qualidade da educação; num instrumento democrático, pois é capaz de conferir identidade à instituição. Sobretudo, acreditamos que “o projeto depende da ousadia dos seus agentes [...] em assumir-se como tal, partindo da “cara” que tem, com o seu cotidiano e o seu tempoespaço, isto é, o contexto histórico em que ela se insere.” (GADOTTI, 2001, p. 37). Essa ousadia do querer pode ser visualizada na fala dos profissionais da Combemtu: Construir um Projeto Político- Pedagógico para a Combemtu surgiu de um sonho de organizarmos nossas ações socioeducativas e, consequentemente, de uma necessidade. Somos uma entidade beneficente de assistência social [...] não 3 tínhamos nossas propostas e ações em um único documento, especificando todos os nossos planejamentos, projetos e estratégias. No decorrer dos últimos anos, fomos juntando forças com a equipe técnica, educadores, demais funcionários e diretoria, para delinearmos este documento, que terá grande importância para melhorarmos nossa prática, alcançando mais qualidade nos trabalhos já desenvolvidos, traçando novos rumos. Este foi o desafio extramuros da Universidade que assumimos: assessorar a construção do PPP de uma organização de assistência social, um universo diferente do escolar, com o qual o Curso de Pedagogia está permanentemente envolvido, porém com possibilidades de uma aprendizagem em via de mão dupla. O desejo, a necessidade e a tentativa estavam presentes na instituição, porém vislumbraram, na parceria com a Universidade, a possibilidade de consolidar o PPP e, para que esta se consolidasse, iniciamos o processo de conhecimento individual e coletivo. Diagnóstico: conhecer é preciso No primeiro encontro realizado com os funcionários e gestores da Combemtu, foram trabalhados os fundamentos teóricos que justificaram a necessidade de um PPP, para nortear as ações da instituição, e foi delineado o caminho que seria percorrido para a construção do Projeto Político-Pedagógico. Esse encontro, realizado na própria instituição (assim como todos os demais), foi definido como etapa de sensibilização. Foi elaborado, procurando envolver os participantes de forma franca e aberta, para que dúvidas e desconfianças pudessem ser discutidas e dirimidas. Antes de se iniciar a elaboração do Projeto Político-Pedagógico, é preciso uma etapa de sensibilização, de motivação, de mobilização para com a proposta de trabalho, a fim de que esta tarefa seja assumida, tenha significado para a comunidade. Se os sujeitos não perceberem o sentido, se não acreditarem, de nada adiantará os passos seguintes... Na sensibilização, cabe apresentar a visão geral da proposta de trabalho, fundamentando-a. (Vasconcelos, 2004,p.7) Numa discussão inicial, o objetivo foi sensibilizar o grupo e identificar percepções individuais e coletivas em relação às diversas dimensões do trabalho desenvolvido na instituição. A metodologia utilizada foi exposição dialogada, com debate e reflexão, utilizando como instrumentos, além de textos com fundamentos técnicos, poesia, música, imagens, dinâmicas, entre outros. Foram provocadas analogias, a fim de ilustrar que o cotidiano de trabalho é movido, não somente pelo que aparentemente fazemos, mas, muitas vezes, principalmente, por sentimentos que não demonstramos. Sem perder de vista que a construção da proposta deve partir da realidade, trazendo as necessidades e aspirações individuais para a apreensão coletiva. Conforme assevera Vasconcelos, a necessidade é “aquilo que falta em cada aspecto relevante, analisado para que a instituição possa ser o que deseja”. Emergem da investigação e da avaliação que se faz da realidade, “do confronto entre o real e o ideal.” (Vasconcelos, 2004 p.20). O ponto de partida, e que não pode ser desconsiderado, são as necessidades individuais, mas o que se busca é articulá-las com outras, mais gerais e compartilhadas que irão para o projeto, “visto que se o grupo tem necessidades assumidas em comum, a probabilidade de se chegar a uma ação integrada é muito maior”. Sem apreensão coletiva das necessidades, com o tempo, a prática desaparece, “Assim, chegar às necessidades da instituição que se planeja favorece que o sujeito participante assuma como sua também aquela necessidade; possibilita ainda a interação entre os sujeitos em torno de um ponto de articulação (a proposta de ação que daí vai nascer).” (Vasconcelos, 2004 p.20) 4 Com base nesses fundamentos, organizamos o diagnóstico inicial com os educadores e a equipe gestora, a partir de dois instrumentos e focos: percepções individuais e resgate das preocupações e aspirações do grupo em relação à Combemtu. Por meio do instrumento individual, solicitamos que cada um, na sua percepção, analisasse e registrasse os sucessos, as preocupações e os desafios de cada um dos seguintes pontos: trabalho que desenvolve; instituição Combemtu; crianças e jovens que atende e suas famílias; colegas de trabalho; equipe gestora; comunidade em geral. Com o instrumento coletivo, solicitamos respostas a questões como: ações desenvolvidas pela Combemtu e seus objetivos; organização das atividades; pontos fortes do trabalho realizado e outros. Utilizamos outro instrumento específico para o gestor, a partir do qual coletamos informações acerca da organização da instituição, suas finanças, clientela, planejamento, entre outras. Os registros foram cuidadosamente estudados, catalogados, apresentados e debatidos com o grupo em encontros posteriores. Dedicação maior foi dada aos relatos de preocupações, desafios e sucessos individuais. Os demais dados foram utilizados como norteadores,para que pudéssemos conhecer melhor a instituição e organizar as formações. Os relatos de preocupações, desafios e sucessos foram trabalhados com o objetivo de passar de percepções individuais para apreensões coletivas. Os registros somaram cento e trinta e cinco relatos individuais, agrupando os repetidos, sobraram setenta e um (vinte e sete desafios, vinte e três preocupações, vinte e um sucessos). Consideramos essa etapa como Marco Referencial na intenção de expressar o sentido do trabalho de cada um e as grandes perspectivas para a caminhada, tendo como função questionar a realidade para superação/transformação e, em termos metodológicos, fornecer parâmetros, critérios para a realização do Diagnóstico. Constituem-se em tomada de posição da instituição que planeja em relação à sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o 'rumo', o horizonte, a direção, fundamentado em elementos teóricos (Vasconcelos, 2004 p.13). O Marco Referencial é composto por: Marco Situacional (onde estamos e como vemos a realidade); Marco Doutrinal ou Filosófico (para onde queremos ir); Marco Operativo (que horizonte queremos para a ação), este se distribui em dimensões intrínsecas, com aspectos a serem especificamente tratados: são as dimensões administrativa, comunitária e pedagógica para o universo da educação escolar; para esta instituição, considerando sua missão, agregamos a dimensão assistencial. Fundamentados nestes conceitos, apresentamos ao grupo os setenta e um relatos individuais para, de forma aberta e participativa, defini-los como institucionais na opinião de todo grupo e para que fossem agrupados numa das quatro dimensões. Foi um processo extremamente rico e democrático, com fluente participação de todos, na defesa de opiniões próprias e abertura para análise, inclusão e exclusão de dados. No final, ficou definido que a Combemtu deveria debruçar-se sobre um rol de trinta e cinco registros diagnosticados coletivamente, retratando: os sucessos que devem ser reforçados; as preocupações a serem sanadas; os desafios a perseguir como norteadores na construção do Projeto Pedagógico e definição de metas e ações. Neste processo, também foram ouvidos os pais, crianças e adolescentes. As crianças menores foram entrevistadas por duas pedagogas, de forma aberta e dialogada, enquanto uma questionava, a outra registrava as opiniões sobre o que mais gostavam na Combemtu e o que faltava para ficar ainda melhor. Essas mesmas questões abertas foram feitas para os pais e para os adolescentes, de forma escrita, juntamente com um rol de 30 questões fechadas, cada uma com cinco opções de resposta. Ao todo, foram ouvidas noventa e oito pessoas, entre pais, crianças e adolescentes. Na sequência, iniciamos o processo de formação que segue delineado no próximo item. 5 Formação e construção do PPP se fundem no mesmo espaço/tempo A formação dos profissionais da educação é uma necessidade para atender às exigências do cotidiano educacional, como diz Freire, (1997, p. 43), “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”, isso permite construir e reconstruir conhecimentos. A partir desse princípio, a formação docente passa a ser mais que um momento de atualização, que acontece por meio da aquisição de informações científicas e didáticas, para tornar-se o momento da construção de conhecimentos e teorias sobre a prática docente, a partir da reflexão crítica. Para nós, a formação continuada constituise em reflexão, pesquisa, ação. Por isso, o PPP foi construído em meio a um processo de formação, que teve por metodologia o estudo de autores, pesquisa e, sobretudo, reflexão das práticas pedagógicas, com o intuito de resignificar as ações cotidianas. As temáticas foram eleitas a partir do diagnóstico e, também, em função das diretrizes para a educação nos dias atuais. Tivemos também o intuito de ampliar os conceitos com o grupo de educadores para que, posteriormente, o PPP seja seguramente vivido no contexto da instituição. Foram trabalhados os seguintes temas: Planejamento coletivo e gestão; O professor como agente de transformação; Currículo; Concepções de aprendizagem; Abordagem sócio-histórico-cultural; Desenvolvimento e aprendizagem; Ética nas relações interpessoais; Infância e adolescência; Interdisciplinaridade e elaboração de projetos; Avaliação; Educação especial e inclusão; Lúdico e linguagens; Arte e educação; Educação sexual e a sexualidade; Educação Ambiental; Prevenção ao uso de drogas. Para o desenvolvimento da formação, adotamos como estratégias: cursos e grupos de estudos referentes a cada temática, com mediação de Professores, Mestres e Doutores da Unisul. Em cada encontro, os participantes discutiram os tópicos, a partir dos referenciais adotados e, ao final de cada encontro, desenvolviam uma síntese conceitual, daquilo que o grupo considerava pertinente para estar registrado no PPP. Neste momento, o documento está em fase de redação final e está prevista para junho a entrega e aprovação em assembleia geral, com a participação de todos os envolvidos. Durante a elaboração do projeto, mantivemos reuniões periódicas com a equipe técnica da COMBEMTU, para avaliar o processo. Considerações finais Um caminho trilhado coletivamente se torna vivo porque é sentido e experienciado por todos. É nisso que acreditamos! As autoras Ao assessorar a construção do projeto pedagógico da Combemtu, consideramos como ponto alto o envolvimento de todos os segmentos e, sobretudo, os momentos de formação pedagógica. Nesses momentos, percebemos que os profissionais despertaram para pensar e refletir conceitos e práticas que estavam enraizadas em seu cotidiano. As discussões possibilitaram novas elaborações norteadoras dos princípios teóricos e metodológicos, para atender ao perfil e às necessidades de crianças e adolescentes que frequentam a instituição no contraturno escolar, fato esse que exige uma ruptura de modelos e paradigmas tradicionais, que tendam a repetir a lógica escolar disciplinar e conteudista. Destacamos, também, a experiência de ouvir crianças, adolescentes e pais. As declarações desses sujeitos permitiram compreender a importância da instituição para as suas vidas e, com a oportunidade de serem ouvidos, sentiram-se parte daquele lugar e exercitaram a sua cidadania. 6 Essa trajetória possibilitou, tanto para o Curso de Pedagogia quanto para a Combemtu, experimentar a pesquisa como meio para reorganizar a prática cotidiana e como um dos eixos fundamentais para um trabalho de extensão. Finalizamos, destacando um relato de profissionais da Combemtu: Este momento rico e prazeroso foi de total importância para discutirmos e estruturarmos todos os itens necessários para elaboração do projeto pedagógico. Estamos na reta final de conclusão do PPP, que teve início em setembro de 2011, com a parceria dos profissionais da Unisul. Tivemos acesso a referências bibliográficas atuais e professores capacitados, que embasaram o grupo com discussões e oportunizaram a reflexão sobre as nossas ações. Ao longo do caminho, fomos expondo as ideias, experiências e redigindo o nosso tão sonhado ProjetoPolítico-Pedagógico. Referências FREIRE. Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997 GALEANO, Eduardo. Tradução Nepomuceno, Eric. As Palavras andantes. Porto Alegre. L&PM Editores, 1994. GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho. Ensinar e Aprender com Sentido. Curitiba: Positivo, 2005. NÓVOA, Antonio (coord.) Professores: imagens do futuro presente. Lisboa. EDUCA, 2009 VASCONCELOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2009. ______. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. 7. ed. São Paulo: Libertad, 2004. VEIGA, Ilma Passos A. (Org).Projeto político-pedagógico: uma construção possível. 17. ed. Campinas: Papirus, 2004. 7