GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO Vera Lúcia Martins Gramville1 Rozane Marcelino de Barros2 Resumo: O presente Artigo é uma descrição reflexiva que produziu resultados e provocou mudanças e aprendizagens e é também uma forma de avaliação e um indicativo das necessidades da escola onde atuo. As referidas reflexões têm como embasamento teórico os autores do material de apoio das salas ambiente do curso em andamento: Both (2011), Bruel (2010),Lück (2008 e 2009), Oliveira (2011) e outros. Algumas ações foram desenvolvidas e partilhadas entre o diretor e o coletivo da escola desde a proposição, a elaboração e o desenvolvimento. Assim é possível criar formas e modos de concretizar os princípios da Gestão Democrática como práxis criadora no qual pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo. O alvo de intervenção e reflexão é a implementação do Conselho de Classe, tendo como objetivo uma avaliação mais completa do educando e do próprio trabalho docente, oportunizando espaço de reflexão sobre ações educacionais e análise da prática pedagógica favorecendo mudanças para estratégias mais adequadas ao processo ensino aprendizagem. Este trabalho apresenta uma abordagem qualitativa, onde os dados foram coletados, descritos e interpretados. Palavras-chave: Avaliação; Gestão Democrática; Conselho de Classe. 1 Aluna do Curso de pós-graduação FACINTER. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, no Curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba. FACINTER, 1-2010 2 Professora Orientadora. Rozane Marcelino de Barros, Pedagoga (Universidade Tuiuti do Paraná – Curitiba-PR), Especialista em Educação Infantil (FACINTER - Curitiba-PR) e orientadora de TCC do Grupo UNINTER. ..obs: artigo cedido pela autora para publicação no website da Somática Educar 1 INTRODUÇÃO: O presente trabalho pretende refletir sobre o Projeto Político Pedagógico porque é o documento que norteia em todos os âmbitos a ação educativa da escola, onde é preciso criar estratégias para garantir o alcance dos objetivos educacionais, pois é através da participação que se constrói a autonomia. O contexto escolar em que ocorreu a intervenção foi em uma instituição pública de ensino da rede municipal de Ijuí/RS que atende as etapas da Educação Básica: Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O alvo de intervenção foi a implementação do Conselho de Classe na instituição de ensino. Fez-se necessário abordar o ensino e a avaliação como componentes educacionais que conseguem facilitar a aprendizagem quando ensejados em atuação cooperativa e interativa. Considerando que o ensino, a aprendizagem e a avaliação dependem de ações conjuntas para melhoria do desempenho educacional, temos como eixo reflexivo o Conselho de Classe enquanto espaço legitimador de discussão e participação, sendo este um órgão colegiado de gestão que efetiva o trabalho coletivo onde seu resultado será melhor quanto maior for a integração de seus membros. As referidas reflexões têm como embasamento teórico os autores do material de apoio das salas ambiente do curso em andamento. Alguns autores que também contribuíram nas análises que constam neste documento, Both (2011), Bruel (2010), Lück (2009) e Oliveira (2011). A prática do trabalho pedagógico no dia-a-dia da escola, gera análise, crítica, debates, convicções, incertezas. Todos esses fatores são fundamentais para formação de bons profissionais, pois contribuem no sentido de fortalecer ações que consolidem a qualidade da educação, garantindo direitos à aprendizagem nos princípios da educação inclusiva, na perspectiva da gestão democrática. Dessa forma a metodologia do presente trabalho que já possui uma caminhada na instituição de ensino, tem como objetivo, analisar, avaliar, observar potencialidades, limitações ou distorções e verificar implicações em relação ao processo de avaliação. É uma explicação da ação desenvolvida no método do trabalho da pesquisa que busca fundamentar a relação do embasamento teórico com a prática educativa da escola. 2 A avaliação é um processo que não se limita a julgar sucessos ou fracassos dos, sujeitos, mas é compreendida como um conjunto de ações que têm a função de orientar a intervenção pedagógica, com objetivo de facilitar a aprendizagem em prol de um bom desempenho do ser humano. Acontece de forma sistemática e constante, por meio da interpretação qualitativa no decorrer do desempenho na construção do conhecimento. Oportuniza ao docente a possibilidade de conhecer o nível em que o educando se encontra, em relação à expectativa de aprendizagem, em função da intervenção pedagógica realizada. Este trabalho tem como objetivo refletir e implementar o Conselho de Classe na Educação Infantil, viabilizando uma escola que promova processos educativos inclusivos, flexíveis e significativos num contexto amplo e articulado, como mecanismo de participação na Gestão e no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na instituição. Para isso a função do Gestor é essencial para realização deste trabalho na instituição, de maneira que atenda a demanda, articulando a escola para promover um ensino de qualidade de acordo com propostas e concepções que desenvolvam integralmente cada sujeito. Em relação a este assunto é pertinente mencionar que uma das metas, é articular um processo de mudança nas unidades escolares com envolvimento dos segmentos da comunidade que buscam se adequar aos novos padrões de nossa sociedade, através da Gestão Participativa. Gestão democrática: Conselho de Classe Considerando leituras sugeridas pelas Salas Ambiente do curso de Especialização em Educação Infantil, na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito à educação escolar com qualidade social, busca-se neste momento a fundamentação teórica como base de sustentação da pesquisa apresentada neste trabalho, servindo como ponto de partida para que, como pesquisadora, possa embasar o trabalho a partir da relação de ideias com o tema pesquisado. Nesse sentido é necessária a utilização de teóricos para fundamentar ideias e concepções na busca do conhecimento, na abrangência da abordagem deste assunto. 3 Na relação com o outro a criança aprende a interpretar o mundo físico, social e cultural no qual está inserida. Esta condição atribui a Escola de Educação Infantil uma grande responsabilidade que requer ações qualificadas e comprometidas com o cuidar e educar nesta etapa da vida da criança. Dessa forma é preciso pensar em estratégias para garantir a participação, onde os sujeitos, ao se envolverem neste processo aprendem e ensinam com base em suas experiências e visões de mundo, viabilizando uma escola que promova processos inclusivos, flexíveis e significativos. Para garantir a efetivação do processo de participação faz-se necessário uma gestão compartilhada que depende da ação conjunta de todos os envolvidos na comunidade escolar. No processo de gestão democrática percebe-se a necessidade de repensar a educação escolar no Brasil em relação à sua função e seu significado para a sociedade, atribuindo um novo sentido à escola pública brasileira, pois, conforme a LDB 9394/96, a Gestão Democrática da educação que é tratada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, LDBEN, 1996). Nesse sentido a participação é fundamental, pois é atitude que expressa compromisso e mobilização. Em todo esse processo o Projeto Pedagógico é o ponto inicial para uma gestão escolar efetiva, pois é esse documento que expressa as informações sobre a identidade, as intencionalidades educativas e as estratégias para promover o alcance dos objetivos definidos: O ato de planejar é inerente à vida das pessoas e, no que concerne a área educacional, uma atividade intrínseca. O planejamento dialógico, consciente e participativo torna-se fundamental para se construir um projeto de educação que vise à formação de sujeitos críticos, criativos, reflexivos e solidários e, mais ainda, para a construção de uma escola democrática. É um instrumento que possibilita a participação ativa de todas as pessoas envolvidas no processo educacional. (LIMA, 2007, p. 91) É pertinente refletir sobre gestão compartilhada e gestão participativa que são 4 termos que, embora não se restrinjam ao campo educacional, fazem parte de luta de educadores e movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade social e democrática. O princípio de gestão foi aprovado na Constituição Federal no art. 206, onde a gestão de sistema educacional implica no ordenamento normativo e jurídico e a vinculação de instituições sociais por meio de diretrizes comuns: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino (BRASIL, Constituição, 1988). A gestão é uma maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, ideias e sonhos, num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar. Essa nova forma de administrar a educação constitui-se num fazer coletivo, permanentemente em processo. Processo que é mudança contínua e continuada, mudança que está baseada nos paradigmas emergentes da nova sociedade do conhecimento, os quais, por sua vez, fundamentam a concepção de qualidade na educação e definem também a finalidade da escola. A gestão democrática implica um processo de participação coletiva. Dessa forma as referidas reflexões devem ser compreendidas e desenvolvidas como ações conjuntas e partilhadas entre o diretor e o coletivo da escola e se fundamentamnos pressupostos da pesquisa. Nesse sentido a gestão educacional constitui uma dimensão que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação para garantir o avanço dos processos educacionais. Implica um repensar constante. Implica: “criar estratégias para garantir a participação e a decisão na gestão dos espaços, dos equipamentos e dos processos relativos ao convívio social...” (OLIVEIRA, 2011, p.57). Portanto, o Projeto Político Pedagógico deve ser organizado coletivamente nos paradigmas da gestão democrática e precisa tratar de questões como: função social da escola, concepções de educação, currículo, avaliação, infância, desafios e demandas da comunidade, 5 definição de objetivos, metas. Como o próprio nome afirma, trata-se de um projeto, pois por meio de estratégias de planejamento ele detecta desafios e organiza as intencionalidades e potencialidades com vistas ao alcance de objetivos. Étambém político, porque expressa o compromisso com a transformação social. É pedagógico, porque tem como meio os processos de ensino e de aprendizagem. (OLIVEIRA, 2011, p.59). A atividade de gestão é considerada como atividade de mediação que, nesta busca de mudança exige esforço contínuo, solidário e paciente a partir de ações no cotidiano escolar. Nesse sentido é preciso pensar em estratégias para envolver toda a comunidade escolar numa participação efetiva no compromisso com a educação na escola. Considerando todos esses aspectos e refletindo sobre a realidade da escola, é possível afirmar que o trabalho do diretor é pleno de encontros, desencontros, conflitos, desafios e realizações pensando na mediação para aprimorar relações interpessoais, procurando criar um ambiente favorável ao trabalho coletivo. Acredito que para construir uma escola democrática, interativa, aberta, dinâmica e acolhedora é necessário o envolvimento político de todos os envolvidos no processo educativo. A construção da participação é lenta e demanda tempo e trabalho. Para construção de uma escola democrática é necessário a participação política, social e cultural. Portanto, o projeto de administração escolar, além da participação, deverá privilegiar a autonomia e a divisão de responsabilidades na escola. É preciso pensar a educação com base nas mudanças históricas e na mudança da escola para contextualizar os desafios que se apresentam na administração, recursos humanos, currículo. Nesse sentido as relações mudam, algumas pelas conquistas no campo da legislação e outras pelo conhecimento a que temos acesso e que influenciam no modo de pensar e agir. Enfim, é necessária avaliação constante para construir argumentos que garantam uma discussão séria sobre a qualidade da educação. Portanto, é fundamental a materialização de políticas públicas educacionais democratizantes que busquem a emancipação dos sujeitos. Destaca-se a importância da compreensão de que o mundo é produzido historicamente pelos homens na relação em que estabelecem entre si e, por isso mesmo pode ser transformado e repensado. Cabe ressaltar que a expressão: 6 “educação infantil” foi consagrada na legislação de ensino apenas com a aprovação da LDBEN nº 9.394/1996. Até o início deste século, a maior parte das instituições de atendimento à infância permanecia vinculada aos órgãos de assistência social, nas diferentes esferas do poder público (BRUEL, 2010, p.129). As crianças ao brincarem, estabelecem relações entre suas vivências individuais e familiares, sua imaginação e as situações nos novos contextos em que se vêem inseridas. A partir destas inter-relações e da sua interação aos grupos a que pertence, vão percebendo num espaço-tempo e, dessa forma, pela linguagem vão conquistando autonomia, desenvolvendo maior consciência de si, do outro, como também novas habilidades e capacidades e, assim constroem conceitos essenciais para sua formação. O desenvolvimento do trabalho pedagógico no dia-a-dia da escola gera reflexões, questionamentos, discussões, certezas, incertezas.Todos esses fatores são fundamentais para formação de bons profissionais, pois contribuem no sentido de fortalecer ações que consolidem a qualidade da educação, garantindo direitos à aprendizagem nos princípios da educação inclusiva, na perspectiva da gestão democrática. Dessa forma a metodologia do presente trabalho, tem como objetivo, analisar, avaliar, observar potencialidades, limitações, distorções e implicações no processo de avaliação. Este trabalho tem como objetivo refletir e implementar o Conselho de Classe na Educação Infantil, viabilizando uma escola que promova processos educativos inclusivos, flexíveis e significativos num contexto amplo e articulado, como mecanismo de participação na Gestão e no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na instituição. Para tanto o papel do Gestor é fundamental para desempenhar esse trabalho de maneira que atenda as demandas sociais, articule a Escola para promover um ensino de qualidade sistematizando propostas alinhadas a concepções contemporâneas que desenvolvam integralmente cada indivíduo. Nesse desafio é necessário gerar um processo de mudança nas organizações escolares que buscam se adequar aos novos padrões da sociedade atual, por meio da inovação e da prática da Gestão Participativa. No primeiro momento a proposta de trabalho teve como foco o Projeto Político Pedagógico, no qual todos os segmentos da comunidade escolarestão envolvidos e são desafiados a refletir sobre objetivos, metas, ações, propostas na instituição. No 7 segundo momento, em conversas com o grupo de profissionais da Escola ficou evidente o desejo de implementar e efetivar o Conselho de Classe que existe apenas teoricamente no Regimento Escolar e na Proposta Político Pedagógica a fim de qualificar o processo de avaliação: Art. 61. O Conselho de Classe está previsto em calendário escolar e abrange os profissionais da Educação Infantil e Ensino Fundamental da Escola. O período de realização do Conselho de Classe é anterior à entrega dos Relatórios de Aprendizagem da Educação Infantil e Ensino Fundamental (REGIMENTO ESCOLAR, 2012, p.21). No cotidiano, os sujeitos estão constantemente avaliando e sendo avaliados por aqueles que com eles estabelecem processos de interação, mesmo que muitas vezes essa ação não seja percebida conscientemente. Na escola, a prática pedagógica imbuída de concepções, representações de sentidos, ou seja, repleta de ações que fazem parte de nossa cultura, de nossas crenças, expressa um “certo modo” de ver o mundo. Esse modo de ver o mundo, que está imbricado na ação do professor, traz para nossas ações reflexos de nossa cultura e de nossas práticas vividas, que ainda estão muito impregnados pela lógica da classificação e da seleção, no que tange à avaliação escolar. A avaliação não se restringe ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do educando, mas é compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar a prática pedagógica. Acontece contínua e sistematicamente, por meio da interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo educando. Propicia ao educador a possibilidade de saber o quanto o educando se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem em função da intervenção pedagógica realizada, ou seja, a avaliação do que se aprendeu só pode acontecer se for realizada com as oportunidades oferecidas pelo educador no dia-a-dia. Segundo BOTH (2008, p. 51) a avaliação da aprendizagem pode ser conceituada como processo diagnóstico-construtivo do desenvolvimento da aprendizagem para a tomada de decisão. Assim, como processo diagnósticoconstrutivo, a avaliação leva em conta três aspectos relevantes. O primeiro refere-se ao fato de que, como processo ela é dinâmica e evolutiva, constituindo-se em um elemento que sofre transformação. O segundo, a questão diagnóstica que encontrase presente na fase inicial do processo de avaliação, e que acompanha educando e 8 educador ao longo do processo de aprendizagem. O terceiro, o processo construtivo, diz respeito à utilização dos dados mais significativos que somem positivamente para o desenvolvimento do educando por meio da aprendizagem. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) (BRASIL, LDBEN, 1996). Além disso, representa a avaliação um processo autônomo, pois é somente dentro de um universo de autonomia com responsabilidade que ela, em sua verdadeira concepção pode ser implementada. A avaliação possui três grandes funções, conforme Proposta Político Pedagógica de 2011: a) Função Diagnóstica: tem por finalidade realizar uma sondagem de conhecimentos e experiências já disponíveis no aluno, bem como detectar a existência de pré-requisitos necessários à aquisição de um novo saber. Permite, ainda, identificar progressos e dificuldades de alunos e professores diante do objetivo proposto. b) Função Formativa: tem por finalidade proporcionar o feedback para o professor e para o aluno, durante o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Propicia aos envolvidos (professor/aluno) no processo a correção de falhas, esclarecimento de dúvidas e estímulo à continuação do trabalho para o alcance do objetivo. Proporciona também, ao docente informações sobre o desenvolvimento do trabalho, adequação de métodos e materiais, comunicação com o aluno e adequabilidade da linguagem. c) Função Somativa: tem o propósito de oferecer subsídios para o 9 registro das informações relativas ao desempenho do aluno. Esta função visa proporcionar uma medida que poderá ser expressa em uma nota, conceito ou relatório sobre o desempenho do aluno, entende-se que a mesma acontecerá ao final de cada unidade de ensino, ou ao final de cada trimestre, ou ainda no final do ano letivo, por ocasião do Conselho de Classe, visto que esta avaliação é que proporcionará um diálogo mais objetivo entre os professores. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2011, P.48). O processo de avaliação constitui-se em um momento de investigação onde o educador visualiza o seu trabalho, verificando se alcançou os objetivos propostos e quais as dificuldades dos educandos, de maneira a buscar novos encaminhamentos para a superação dos problemas constatados, necessários para a compreensão da realidade. Então a avaliação representa um momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação-reflexão, da autonomia, do pensamento, da criatividade e criticidade, não simplesmente do educando, mas do próprio educador. Neste sentido, os registros da avaliação são importantíssimos para observar a participação dos educandos, as suas descobertas, experimentações e as relações que estabelecem com os conceitos/conteúdos, assim como as instabilidades ocorridas a partir das expressas insatisfações dos sujeitos da aprendizagem. A avaliação não é apenas um processo subjetivo, mas racional e cognitivo dos sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem, que, em determinados momentos utiliza-se de questões objetivas e conceituais para organizar o pensamento e contextualizá-lo. Conhecer cada criança e sua realidade para avaliá-la exige do educador atenção e comprometimento para compreender cada um de seus educandos e suas atitudes na amplitude do mundo psicoemocional. Ressalta-se que, longe da avaliação representar algum obstáculo, ela visa redirecionar, realimentar, bem conduzir, enriquecer e valorizar o papel do ensino em função da aprendizagem. Deve ser realmente a construção de indicadores para a reorganização da prática pedagógica, considerando as condições de aprendizagem de cada educando e desafiando-os no processo de evolução dessas condições, pode-se dizer que: O processo de avaliação na educação infantil concretiza-se eminentemente por procedimentos de orientação como consequência das ações de observação e acompanhamento pelos professores do comportamento e do desenvolvimento social, psicológico, físico e cultural harmonioso das crianças.(BOTH, 2011,p.114) 10 A avaliação da criança acontece em todos os momentos. Os educadores realizam o acompanhamento da mesma de forma contínua, diagnóstica e participativa, considerando a criança como um todo, respeitando suas diferenças e seus saberes.Nessa escola, o registro da avaliação éexpressa através de Relatórios de Aprendizagem e acontece semestralmente para a Educação Infantil. No Relatório de Aprendizagem da Educação Infantil constam: a adaptação, o convívio sóciocultural, construções, progressos e dificuldades enfrentadas, bem como a proposta de trabalho do grupo de educadoras, que utiliza este instrumento como um meio de informar aos pais tudo o que está sendo oportunizado na escola. Não se trata de uma mera observação, mas de um olhar atento, voltado para intervenções. O acompanhamento também significa problematizar e questionar, proporcionando ao educando uma interferência válida para que avance no seu processo de desenvolvimento. Este processo é construído gradativamente na medida em que a criança vai interagindo com o grupo no ambiente escolar. A avaliação é entendida como o acompanhamento do desenvolvimento do educando, possuindo um caráter qualitativo desvinculado de qualquer atribuição no que diz respeito à nota ou conceito. Salienta-se que na Educação Infantil o ato de avaliar visa promover o sujeito. Os Relatórios de Aprendizagem contemplam a evolução do educando no período. Para amparar o educador nesta avaliação, diferentes instrumentos de registro são utilizados: portfólio (registro das observações do educador e registros do educando), fotografias, filmagens e o Conselho de Classe. Ao referir-se aos instrumentos utilizados nos processos de avaliação, se está falando das tarefas que são planejadas com o propósito de subsidiar, com dados, a análise do educador acerca do momento de aprendizagem dos educandos. O Conselho de Classe é um espaço que contribui para a identificação e a melhoria do desempenho do educando, favorecendo a integração entre educadores, coordenação pedagógica e equipe diretiva, a análise do currículo e da eficácia dos métodos de ensino utilizados, ao mesmo tempo em que facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista, possibilita orientações mais homogêneas e a auto-análise do docente. O Conselho de Classe é um dos mecanismos que possibilita a Gestão Democrática na instituição de ensino. É um momento de discussão coletiva onde é 11 apontado o aproveitamento do aluno, suas dificuldades, desempenho dos profissionais da educação e seus métodos de ensino, compartilhando informações na busca de melhorias do processo ensino-aprendizagem, acreditando nisso a pesquisadora propôs a escola a realização do Conselho de Classe na instituição, pois: O conselho de classe é mais um dos mecanismos de participação da comunidade na gestão e no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na unidade escolar. Constitui-se numa das instâncias de vital importância num processo de gestão democrática, pois “guarda em si a possibilidade de articular os diversos segmentos da escola e tem por objetode estudo o processo de ensino, que é o eixo central em torno do qual desenvolve-se o processo de trabalho escolar”(OLIVEIRA, João Ferreira de; MORAES, Karine Nunes de; E DOURADO, Luiz Fernandes apud DALBEN, 1995, p.16) O primeiro Conselho de Classe aconteceu no segundo semestre do ano de 2012, no qual participaram professoras da Educação Infantil, Creche e Pré- escola, professor de Educação Física, coordenação pedagógica e equipe diretiva. Na ocasião o grupo debateu sobre o processo de avaliação em relação ao nível inicial de desempenho do aluno, analisou seus progressos comparando o nível inicial de desempenho com o nível atual considerando o que foi aprendido e desenvolvido e também refletiu sobre as práticas educativas, oportunizando uma visão mais completa, adequada e abrangente do papel da avaliação no processo ensinoaprendizagem. De acordo com sua função o Conselho de Classe, deve conduzir a reflexões na prática pedagógica, oportunizando uma gestão compartilhada, enquanto instância colegiada. Tem destaque nos processos avaliativos adequados de reorganização do conhecimento. Considerando as práticas sociais e as relações humanas no contexto educacional, fundamentadas pelos princípios da administração compartilhada que gera participação, busca de autonomia e humanização nas relações é pertinente a efetivação do Conselho de Classe. Assim a Gestão Democrática da educação que é tratada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como um dos princípios que devem reger o ensino, traz contribuições na forma de administrar a educação, constituindo-se num fazer coletivo permanentemente em processo de mudança baseada nos paradigmas de qualidade que definem a finalidade da escola. Desta forma a Gestão Democrática implica em novos processos de organização em uma 12 dinâmica que favoreça processos coletivos e participativos que, neste caso tem como objetivo analisar o processo de ensino no trabalho escolar tendo como meta o fortalecimento de ações que consolidem a qualidade da educação. Estudamos O Projeto Político Pedagógico que traz algumas considerações: [...] o Conselho de Classe é outro instrumento que pode contribuir para a identificação e a melhoria do desempenho do educando, favorecendo a integração entre educadores e educandos, a análise do currículo e da eficácia dos métodos de ensino utilizados, ao mesmo tempo em que facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista, possibilita orientações mais homogêneas e a auto análise do docente.”(PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2011, P.50) A função do Conselho é, tornar dinâmico o processo de ensino aprendizagem, por meio de analise e reflexão, é um meios para a superação das problemas tanto na área administrativa como pedagógica. A avaliação se designa a obter subsídios, oportunizando o desenvolvimento integral das crianças e ampliação de seus conhecimentos. Nesse sentido, avaliar não é apenas medir, comparar ou julgar. Para se alcançar e cultivar uma educação com índices satisfatórios, que venha valorizar o professor, estimular o desenvolvimento do seu trabalho e promover a escola para todos, sendo o maior objetivo a aprendizagem. Porém nesse processo de construção/elaboração a participação constitui uma forma significativa para promover maior aproximação entre os membros da escola, o que ainda acontece de maneira limitada porque essa participação não envolve todos de maneira efetiva, mas busca caminhos para uma gestão compartilhada da educação escolar de acordo com a definição: “...a gestão democrática como o processo em que se criam condições para que os membros de uma coletividade não apenas tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam responsabilidade por sua implementação.”(Lück, 2009,p.57). Dessa maneira, a forma de gerenciar as escolas da rede pública, de acordo com objetivos da Gestão Compartilhada é efetivar a execução de políticas públicas assegurando qualidade, equidade e responsabilidade social na instituição escolar envolvendo a comunidade que está inserida na respectiva unidade de ensino. Pensar, portanto na educação atual torna-se um grande desafio no sentido da ampliação e da qualificação deste processo onde a docência é compreendida como 13 articulação e onde o objetivo da avaliação é enriquecer e valorizaras relações de aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação no contexto da Educação Infantil é entendida como o acompanhamento do desenvolvimento da criança, de caráter qualitativo, desvinculado de qualquer atribuição no que diz respeito à nota ou conceito. O educador de Educação Infantil possui neste processo a importante função de acompanhar a criança em sua totalidade, contemplando a adaptação ao ambiente escolar e a interação com o grupo de colegas. Trata-se de um olhar atento, voltado para intervenções. O acompanhamento também significa problematizar e questionar, proporcionando ao educando uma interferência válida para que ele avance no seu processo de desenvolvimento. É indispensável que o acompanhamento da criança seja documentado em relatórios de avaliação que serão entregues às famílias, valorizando o vínculo escola-família e proporcionando aos pais o acompanhamento do processo. À medida que os pais forem informados, também poderão auxiliar no estímulo ao desenvolvimento integral de seus filhos. Na Educação Infantil, o ato de avaliar visa observar e promover o sujeito, diferenciando-se por ser uma avaliação dialética, acontecendo no decorrer do todo o processo de ensino aprendizagem, não se limitando a resultados no final de um período. Neste contexto em que nos propusemos a acreditar e praticar os princípios norteadores da gestão democrática na referida instituição de ensino numa abordagem que fortalece o coletivo, propiciando a centralidade nas aprendizagens, onde a docência precisa ser entendida, além de mediação, mas também como compartilhamento para construção e articulação nesta relação de saberes. Durante o corrente ano realizamos mais um momento privilegiando o Conselho de Classe, espaço em que está se fortalecendo a discussão coletiva com vistas a um objetivo comum: qualidade educacional. Nesse sentido, pensar a educação em nosso tempo é, sem dúvida um grande desafio, pois são avanços pertinentes à ampliação e qualificação da democracia que, consequentemente 14 abrange a garantia de direitos. Conseguimos traçar metas na escola a partir dessas discussões, entre as quais se destacam a ativação da biblioteca na escola com livros adquiridos pela instituição e recebidos pelo Programa Nacional do Livro Didático e acompanhamento pedagógico em turno inverso. Considerando a ação de avaliar como processo que se faz necessário no acompanhamento permanente do desenvolvimento do educando, é pertinente oportunizar momentos na escola para refletir sobre a prática pedagógica na instituição buscando fortalecer ações que consolidem qualidade na educação e que proporcioneconhecimento e valores de formação cidadã em relações democráticas e participativas, pois: “se não houver a aprendizagem esperada, estamos diante de uma certeza: o ensino não cumpriu sua finalidade – a de fazer aprender”.(Both, 2011 apud Saraiva, 2008,p.27). Neste sentido o que chama atenção é o envolvimento do grupo de educadores da escola que demonstra cada vez mais comprometimento com sua prática educativa na busca de melhores resultados. Temos ainda muito trabalho a ser feito dentro da organização proposta, por isso acredito que este instrumento terá muitas contribuições no processo educacional e no fortalecimento da melhoria da qualidade da educação.Este projeto de trabalho propõe acesso a espaços e ações com vistas ao fortalecimento da escola pública como direito social básico. REFERÊNCIAS: BOTH. Ivo José. Avaliação: ”voz da consciência” da aprendizagem. Curitiba: Ibpex, 2011. Série Avaliação Educacional. BOTH. Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem consentida:é ensinando que se avalia, é avaliando que se ensina. Curitiba: Ibpex, 2008. Série Avaliação Educacional. BRASIL. Constituição, 1988. BRASIL. LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 1996. BRUEL. Ana Lorena de Oliveira. Políticas e legislação da educação básica no Brasil. Curitiba: Ibpex, 2010. 15 LIMA. Márcia Regina Canhoto de. Paulo Freire e a administração escolar: em busca de um sentido. Brasília: Líber Livro Editora, 2007. LÜCK. Heloísa. A gestão participativa na escola. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. Série Cadernos de Gestão. LÜCK. Heloísa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. Série Cadernos de Gestão. LÜCK. Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. Série Cadernos de Gestão. LÜCK. Heloísa. Liderança em gestão escolar. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. Série Cadernos de Gestão. OLIVEIRA. Márcia Cristina de. Caminhos para a gestão compartilhada da educação escolar. Curitiba: Ibpex, 2011. Série Processos Educacionais. OLIVEIRA, João Ferreira de; MORAES, Karine Nunes de; DOURADO, Luiz Fernandes. Texto: Gestão escolar democrática: definições, princípios e mecanismos de implementação. Políticas e Gestão na Educação/UFRGS. IJUÍ. Secretaria Municipal de Educação. Escola Municipal Fundamental Dona Leopoldina. Proposta Político Pedagógica (2010-2011). Parecer de aprovação n° CME/Ijuí: SMED, 2011. IJUÍ. Conselho Municipal de Educação. Escola Municipal Fundamental Dona Leopoldina. REGIMENTO ESCOLAR (2012-2016). 16