o currículo na perspectiva do reconstrucionismo social

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O CURRÍCULO NA PERSPECTIVA DO RECONSTRUCIONISMO
SOCIAL
Fabiana Antunes Machado 1 - UEL/PR
Rosana Peres2 - UEL/PR
Grupo de trabalho - Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: Capes
Resumo
Objetiva-se nesse estudo propor uma reflexão acerca da importância do currículo na formação
do indivíduo. Entendemos que historicamente o currículo faz parte da vida do educando seja,
implícita ou explicitamente. Esse trabalho busca respaldado em embasamentos teóricos as
informações para que possamos refletir sobre as questões que permeiam o currículo
reconstrucionista social na formação do aluno no ensino superior. A metodologia utilizada foi
a pesquisa bibliográfica. Para refletir sobre a importância do currículo reconstrucionista social
apresentamos um breve contexto histórico do currículo e como ele está inserido na sociedade.
Com base no aporte teórico foi possível constatar que os currículos precisam ser formulados
tendo a participação de todo seu corpo docente levando em consideração as necessidades
regionais dos alunos, pensando na sua formação. Os currículos precisam ser formulados tendo
a participação de todo seu corpo docente e levando em consideração as necessidades regionais
dos alunos. Os profissionais precisam estar aptos para serem inseridos no mercado de trabalho
e assim serem capazes de lutar pelos seus direitos. Todos nós estamos inseridos no sistema
capitalista e temos que nos posicionar diante dele entendendo que educação de qualidade é
um direito de todos. Espera-se ainda que esse estudo possa contribuir com novas pesquisas
referentes à temática.
Palavras-chave: Currículo Reconstrucionista Social. Educação. Indivíduo.
Introdução
As questões que permeiam o currículo vêm sendo muito discutida no âmbito
acadêmico. O currículo está intimamente relacionado às relações de poder e ideologia dos
dominantes, por meio dele a classe dominante, expõe sua visão de mundo. Nesse sistema os
1
Mestranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Bolsista Demanda Social, CAPES/UEL. Email: [email protected].
2
Mestranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina, professora da Rede Estadual de Ensino. Email: [email protected].
ISSN 2176-1396
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professores e estudantes são apenas os que transmitem e os que recebem informações, os
processos de construção e representação não são levados em conta.
Estudos preconizados por Santos; Casali (apud MOREIRA e SILVA, 1997) relatam
que o currículo ele tem uma história e faz parte das relações de poder e de organização da
sociedade e também da educação. Segundos os autores o currículo não é neutro de
transmissão desinteressada de conhecimento social.
Quanto ao currículo no ensino superior percebemos que não existe a participação dos
alunos na elaboração dos conteúdos, e mais grave quando em muitos casos nem mesmo a
participação ou contribuição dos professores. De acordo com Santos; Casali (apud SILVA,
1996)
[...] o currículo é um dos locais privilegiados onde se entrecruzam saber e poder,
representação e domínio, discurso e regulação. É nele, também, que se condensam
relações de poder que são cruciais para o processo de formação de subjetividades
sociais. Em suma, currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente
implicados. O currículo corporifica relações sociais.
Por vezes as instituições maiores ditam a elaboração de conteúdo para as instituições
menores, não levando em conta os a questão social e cultural de cada região, se faz necessário
a elaboração de um currículo social, no qual sejam respeitadas as diferentes ideológias, e
assim as diferentes formas de ver o mundo possam ser levadas em consideração. A cultura
deve ser um espaço para constantes mudanças, sendo respeitados todos os movimentos
sociais, somente assim o ensino superior poderá formar profissionais competentes, e eficazes
e envolvidos com a sociedade.
A partir das décadas de 60 e 70, vários estudos foram realizados sobre currículos e
sendo destacados alguns níveis de currículos. Formal, real e oculto, e estes tem a finalidade de
medir o nível de aprendizagem do aluno sobre o currículo formal os autores Santos; Casali
(apud MOREIRA e SILVA, 1997) nos dizem que
[...] currículo estabelecido pelos sistemas de ensino e é expresso em diretrizes
curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de estudo. Este é o
currículo que, institucionalmente, traz prescritos os conjuntos de diretrizes como os
Parâmetros Curriculares Nacionais.
No que tange ao currículo real, sabe-se que ele é determinado pelo governo sendo que
por meio deste currículo que se baseia o que será ensinado na escola de forma real. O
currículo é estruturado por diretrizes normativas prescritas institucionalmente. Santos; Casali
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(apud MOREIRA e SILVA, 1997) salientam que o currículo real é aquele ocorre dentro da
sala de aula junto com os professores, alunos e com o projeto pedagógico e os planos de
ensino.
Esse currículo é constituído pela prática do ensino do professor e o que está sendo
aprendido pelos alunos e uma característica deste tipo de currículo é que ele pode ser mudado.
De acordo com a percepção de ensino dos professores pode se mudar de estratégia a fim de
que os alunos possam aprender mais.
Quanto ao currículo oculto os autores Santos; Casali (apud MOREIRA e SILVA,
1997) ressaltam que esse currículo parte das percepções que trazemos de mundo, daquilo que
os alunos aprendem em meios às práticas tanto no âmbito social e escolar, este currículo não
aparece no planejamento do professor. O currículo oculto é tudo aquilo que o aluno aprende
no meio social escolar, tudo aquilo que interfere no aprendizado do aluno, como sua cultura,
sua religião, seu poder aquisitivo. A final mesmo que se tenha o currículo para nortear a
escola e os professores, cada aluno é visto como único.
Metodologia
A metodologia utilizada para consecução desse estudo foi a pesquisa bibliográfica,
pautando-se de diferentes e importantes textos que discutem a temática abordada neste estudo.
Conforme esclarece Gil (2002, p.44) a pesquisa bibliográfica é
[...] desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum
tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir
de fontes bibliográficas.
A escolha pela pesquisa bibliográfica se deve ao fato desta possibilitar elencar
informações semelhantes, traduzindo-as em uma nova organização conceitual.
O Currículo Reconstrucionista Social
Para abordar a questão do Currículo Reconstrucionista Social apresentamos um breve
relato do seu surgimento. Segundo os autores: MacNeil, Filho, Pereira (2002), o
Reconstrucionismo eclodiu no pensamento curricular americano nas décadas de 20 e 30, os
autores mencionam que Harold Rugg preocupou-se com os valores que deveriam ser
trabalhados pela escola e a partir disso tentou despertar seus pares para que enxergassem a
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distância entre o currículo, tido como "um gigante preguiçoso" e a cultura, e com divisão
social desconcertante.
Os escritos deixados por Hugg tais como: livros, textos, tiveram um traço dominante:
o espírito de crítica social, ele desejava que os alunos usassem os conceitos das ciências
sociais e também da estética para identificar e resolver os problemas sociais existentes.
Assim como Rugg, outro autor, e George Counts, estiveram entre os pensadores de vanguarda
que clamaram para que a escola começasse a criar uma sociedade nova e consequentemente
mais justa.
O Currículo Reconstrucionista Social no início dos anos 50 foi sistematizado por
Theodore Brameld, nesse contexto ele propunha o compromisso para construir uma nova
cultura, e defendia que a classe trabalhadora deveria controlar as principais instituições e
recursos se o mundo pretendesse tornar-se genuinamente democrático, o papel dos
professores deveria ser aliar-se à classe trabalhadora organizada para depois de aprovada pela
opinião pública, estruturar as metas e políticas para a nova ordem.
Os pressupostos quanto o principal objetivo do currículo é segundo MacNeil, Filho,
Pereira (2002):
[...] confrontar o aluno com o conjunto de problemas graves e perigosos enfrentados
pela humanidade. O reconstrucionista social acredita que estes problemas não
constituem preocupação exclusiva dos 'estudos sociais’ mas impregnam cada
aspecto da vida, inclusive a economia, a estética, a química e a matemática. Assim,
afirma ele, estamos num período crítico. A crise é universal e esta universalidade
deve ter dramatizada no currículo.
Partindo dessa perspectiva os autores relatam que poucas escolas têm buscado
desenvolver
um
currículo
completamente
dentro
do
quadro
de
referência
do
reconstrucionismo social, citam que nos Estados Unidos, tais esforços ocorrem
principalmente entre as comunidades pobres, nos países de Terceiro Mundo têm considerado
o conceito e tentado aplícá-lo, principalmente em áreas rurais.
O currículo reconstrucionista acredita na capacidade do homem conduzir seu próprio
destino na direção que ele deseja alcançar, e na formação de uma sociedade que seja justa e
equânime, e na educação pública o currículo reconstrucionista social é entendido como uma
solução para o desenvolvimento político e social do Brasil. No entanto esse compromisso com
ideias de libertação e transformação social lhe confere algumas dificuldades em uma
sociedade hegemônica e dominadora.
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Segundo Santos; Casali (apud MOREIRA e SILVA, 1997) a partir da década de 1980
no campo do currículo no Brasil passou a se perceber através de discursos críticos e póscrítico, especialmente em virtude de sua análise mais instigante da cultura, capaz de superar
divisões hierárquicas, precisando aprofundrar o caráter produtivo da cultura redefinindo e
compreendendo melhor a linguagem, particularmente da cultura escolar.
No entanto, o cenário educacional do século XXI hoje vivenciado apresenta que o
grande desafio não é somente discutir as questões apresentadas no currículo oficial é muito,
além disso, pois novas concepções educacionais tanto o professor quanto as do aluno almejam
alcançar neste complexo universo chamado pós-modernidade.
Para a ideologia dominante na educação é importante que o sistema social continue
igual, pois assim seus representantes manteriam a condição de dominante, detendo o poder
econômico e estabelecendo a cultura que seria seguida pelas demais classes sociais. Isso
acontece através da educação autoritária, no qual não há participação do aluno de forma ativa
no processo de educação.
Em exemplos, na sociedade capitalista, o trabalhador precisa respeitar o patrão e não
questionar se quiser se manter no emprego. Percebemos que esse modelo de relação
trabalhista é ensinado pelas escolas, e cabe ao professor despertar no educando o desejo de
transformação e a conscientização de que só o conhecimento trás o poder.
A educação na perspectiva do Currículo Reconstrucionista Social concebe o sujeito
como um agente social que promove mudanças, Orlowski (2002) nos diz que o currículo
consiste em provocar atitudes de reflexão no indivíduo sobre o contexto que ele está inserido.
Conforme relata a autora esse é um processo que promove e objetiva a intervenção de modo
consciente sobre si próprio e da realidade, de tal modo a alterar a ordem social.
De acordo com Orlowski (2002) o Reconstrucionista acredita no potencial do homem
para conduzir seu futuro na direção desejada e na formação de uma sociedade com vistas à
igualdade.
Considerações Finais
O ensino superior tem sido marcado através dos tempos infelizmente como forma de
controle social e alienação. Percebemos que em muitos casos o currículo é utilizado como
forma de controle. Essas mudanças curriculares ocorrem, mas sempre de acordo com os
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interesses da classe dominante. Os currículos precisam ser formulados tendo a participação de
todo seu corpo docente e levando em consideração as necessidades regionais dos alunos.
Os profissionais precisam estar aptos para serem inseridos no mercado de trabalho e
assim serem capazes de lutar pelos seus direitos. Todos nós estamos inseridos no sistema
capitalista e temos que nos posicionar diante dele entendendo que educação de qualidade é
um direito de todos.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MACNEIL, John; J. C. Santos Filho; PEREIRA, Elisabeth M.A. Currículo
Reconstrucionista Social. Disponível em:
<http://www.lite.fae.unicamp.br/papet/2002/ep162/curreconstrsoci.htm > Acesso em: 29 de
jul. 2015.
MOREIRA, A.F.B.; SILVA, T. T. (Org.). Currículo, cultura e sociedade. 2. ed. São
Paulo:Cortez, 1997.
ORLOWSKI, Rosely B. O Currículo Sob O Prisma da Educação Profissional. Disponível
em: <http://www.eventos.uepg.br/ojs2/index.
php/olhardeprofessor/article/view/1385/1030>Acesso em: 29 de jun.2015.
SANTOS, Adriana R; CASALI, Alípio D. Currículo e Educação: Origens, Tendências e
Perspectivas na Sociedade Contemporânea. Disponível em:
<http://www.revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/1509> Acesso em: 25
jul. 2015.
SILVA, T. T. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na
pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.
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