TDAH ASSOCIADO AO TRANSTORNO DE CONDUTA: OS

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TDAH ASSOCIADO AO TRANSTORNO DE CONDUTA:
OS DESAFIOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Cheila Dionisio de Mello 1
Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Este artigo tem como finalidade discutir sobre as observações desenvolvidas no estágio de
psicopedagogia com um aluno diagnosticado como TDAH, (Transtorno do Déficit de Atenção
e Hiperatividade) CID10-F90.0, associado ao Transtorno de Conduta, CID 10-F91.1, aqui
denominado aluno X. Construímos, um breve relato, devidamente referenciado sobre o tema
em questão, tendo como objetivo principal esclarecer o significado, o diagnóstico, as
características e as possíveis formas de tratamento, trazendo à tona algumas sugestões de
intervenções, a serem desenvolvidas pela escola e pela professora, que busquem minimizar as
dificuldades da criança assim diagnosticada, seja ela com o Transtorno do Déficit de Atenção
e Hiperatividade, com o Transtorno de Conduta ou com ambos em comorbidade. Devido a
toda sobrecarga negativa gerada pelo TDHA (desorganização, distração, esquecimentos,
sensação de que algo está errado), quando a pessoa não é tratada, pode desenvolver
transtornos psiquiátricos associados, ou seja, pode desenvolver em coexistência com um
transtorno primário outros transtornos, que vem agravar ainda mais o quadro. Após o
desenvolvimento do estágio de observação dentro e fora da sala de aula, muitas leituras e
análise de laudos e documentos, entendemos como resultado desta pesquisa, a necessidade de
compreendermos que o conhecimento, sobre ambos os transtornos é fundamental, pois são
muitas as dificuldades encontradas para trabalhar com alunos completamente heterogêneos
em sala de aula e também são muitos os caminhos existentes a se seguir. Assim sendo, só o
conhecimento e entendimento sobre as dificuldades é capaz de auxiliar a criança com este
diagnóstico, para que possa ser tratada da melhor maneira possível tanto pela família quanto
pelos seus professores, e para que ela mesma consiga entender suas dificuldades e lidar
melhor com as mesmas.
Palavras-chave: TDAH. Transtorno de Conduta. Aprendizagem.
1
Educadora da Rede Municipal de Curitiba - PR. Formada em Pedagogia pelo IFPR, Palmas– PR, Pós Graduada
em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva pelo CENSUPEG, Palmas - PR. Pós-graduanda em
Psicopedagogia Clinica e Institucional pela Faculdade Santa Cruz, Curitiba - PR. Email:
[email protected]
ISSN 2176-1396
11608
Introdução
Este artigo apresenta-se em uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e
descritivo, focada na observação e intervenção de um determinado assunto, o qual abordará
questões ligadas a conceitualização do termo TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade) e do TC (Transtorno de Conduta), e as relações de uma criança assim
diagnosticada, com o ambiente escolar. Destacamos aqui um estudo de caso desenvolvido em
uma escola Municipal de Curitiba, com um menino de 11 anos, aluno do 5° ano,
diagnosticado como TDAH, (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) CID10F90.0, associado ao Transtorno de Conduta, CID 10-F91.1, aqui denominado aluno X.
A criança com TDAH associado ao TC representa um verdadeiro desafio para pais e
professores que não sabem como lidar com ela, assim, torna-se necessário definir e
caracterizar o quadro, não somente para eles, mas também para a própria criança,
esclarecendo sobre suas dificuldades e experiências desafiadoras do dia a dia. Desta forma, a
posse dos conceitos básicos sobre os transtornos, poderá significar um recurso útil aos
profissionais e familiares, ajudando-os no processo diagnóstico e terapêutico, evitando o
incentivo a rótulos equivocados.
Foi com esta preocupação, que este estudo buscou compreender as características,
causas, consequências, diagnóstico e tratamento destes transtornos e ainda, observar como a
escola entende esta criança, com seus comportamentos considerados por eles como
hiperativos, inatentos e impulsivos, buscando, assim, compreender o papel da escola e da
família como uma âncora para o pleno desenvolvimento e aprendizagem desta criança, de
acordo com suas limitações.
O que é Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade?
Com base no DSM-IV (2002, p. 112) o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) “deriva de um funcionamento alterado no sistema neurobiológico
cerebral”. Isso significa que substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas
neurotransmissores, apresentam-se alteradas quantitativa e/ou qualitativamente no interior dos
sistemas cerebrais responsáveis pela função da atenção, da impulsividade e da atividade física
e mental no comportamento humano.
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O TDAH é marcado pela herança genética, que se manifesta na criança antes dos sete
anos, independentemente do ambiente de onde é proveniente. Sabemos também, que a pessoa
nasce com este transtorno então podemos dizer que ela é TDAH. Silva (2014, p. 17), diz que:
[...] o TDAH é um funcionamento mental acelerado, inquieto, capaz de produzir,
incessantemente, ideias que por vezes se apresentam de modo brilhante ou se
amontoam de maneira atrapalhada, quando não encontram um direcionamento
correto.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2002), expõe que embora
os indivíduos apresentem tanto sintomas de desatenção quanto de hiperatividadeimpulsividade, existem alguns indivíduos nos quais há predomínio de uma ou outra
característica em maior predominância. Para tanto, classifica o TDAH em subtipos, assim
expostos:
1.
TDAH predominantemente hiperativo impulsivo: quando os sintomas de
hiperatividade e impulsividade se apresentam em proporções significativas e
equivalentes;
2.
TDAH predominantemente desatento: quando os sintomas de desatenção são
mais marcantes;
3.
TDAH combinado: quando ambos os sintomas, estão presentes no mesmo grau
de intensidade.
O TDAH varia muito em intensidade, nas características e na forma como se
manifesta. Caracteriza-se, por apresentar três sintomas básicos: desatenção, impulsividade e
hiperatividade física e mental. Pequenas coisas são capazes de lhe despertar grandes emoções,
e a força dessas emoções geram o combustível aditivado de suas ações. É importante destacar
ainda, que os sintomas do comportamento TDAH independem de problemas emocionais,
ambientais e sociais, eles são intrínsecos.
Silva (2014, p. 122) traz a tona uma característica positiva, das crianças com TDAH,
quando afirma, “o funcionamento cerebral TDAH favorece o exercício da atividade humana
mais transcendente que existe: a criatividade”. Entretanto, ser criativo nem sempre significa
ser criador. E, é ai que o TDAH necessita de auxilio, para colocar em prática toda sua
criatividade. Outra característica relevante do TDAH, citada pela mesma autora é a
capacidade de hiperfoco, que pode ser entendida “como a capacidade que um TDAH possui
em se hiperconcentrar em determinadas ideias ou ações” (SILVA, 2014, p.122), sendo
capazes de passar horas ou dias concentrados em uma ideia, construindo grandes obras.
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Para obter o diagnóstico de uma criança TDAH, pode ser difícil, pois é comum que se
confundam os sintomas do transtorno com um comportamento da idade em crianças bastante
ativas. Devemos prestar atenção na intensidade, na frequência e na constância daquelas três
principais características, tudo da criança TDAH parece ser a mais.
Quanto ao tratamento, costuma-se dividir em cinco grandes e igualmente importantes
etapas: Diagnóstico (como um caráter libertário – saber que existe uma explicação cientifica
para suas dificuldades); Informação/conhecimento; Apoio técnico (criar uma rotina pessoal
que facilite a vida prática e seja capaz de compensar, em parte, sua desorganização interna);
Terapêutica medicamentosa; Psicoterapia (SILVA, 2014).
TDAH associado ao Transtorno de Conduta
Em grande parte dos casos o TDAH não vem sozinho. Ele pode vir em dupla, trio e,
o que felizmente não é comum, até em bando. O que significa isso? Estou me
referindo a algo que em psiquiatria, se chama comorbidade. (SILVA, 2014, p.166)
Toda a sobrecarga negativa gerada pelo TDHA (desorganização, distração,
esquecimentos, sensação de que algo está errado), contribui para que a pessoa quando não
tratada, desenvolva transtornos associados. Ou seja, pode desenvolver outros transtornos
psiquiátricos em coexistência com um transtorno primário.
Segundo o DSM-IV (2002), aproximadamente metade das crianças com diagnóstico
de TDAH, também são portadoras do Transtorno Desafiador de Conduta (43% dos casos). A
comorbidade com o TDAH é mais comum na infância, envolvendo principalmente os
meninos.
Segundo Bordin e Offord (2008, p.28)
O transtorno de conduta é um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes na
infância e um dos maiores motivos de encaminhamento ao psiquiatra infantil.
Lembramos que o transtorno da conduta não deve ser confundido com o termo
“distúrbio da conduta”, utilizado no Brasil de forma muito abrangente e inespecífica
para nomear problemas de saúde mental que causam incômodo no ambiente familiar
e/ou escolar. Por exemplo, crianças e adolescentes desobedientes, com dificuldades
para aceitar regras e limites e que desafiam a autoridade de pais ou professores
costumam ser encaminhados aos serviços de saúde mental devido a “distúrbios da
conduta”. No entanto, os jovens que apresentam tais distúrbios nem sempre
preenche critérios para a categoria diagnóstica “transtorno de conduta” não é
apropriado para representar diagnósticos psiquiátricos.
De acordo com DSM-IV (2002, p. 120), o “Transtorno de Conduta é um padrão
repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros
ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade”.
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O Transtorno de Conduta é caracterizado por padrões persistentes de conduta
dissocial, agressiva ou desafiante. Comporta grandes violações das expectativas sociais
próprias à idade da criança, ou seja, deve haver mais do que as travessuras infantis ou a
rebeldia do adolescente e se trata de um padrão duradouro de comportamento (seis meses ou
mais). É um dos quadros mais problemáticos e frequentes da psiquiatria da infância.
Os indivíduos que apresentam o Transtorno de Conduta, frequentemente se
comportam e reagem com outras pessoas de forma agressiva, podem exibir um
comportamento de provocação, ameaça ou intimidação em relação às pessoas.
Algumas características de indivíduos diagnosticados com Transtorno de Conduta são
observadas em manifestações excessivas de agressividade e de tirania, crueldade com relação
a outras pessoas ou a animais, não possuir sentimentos de culpa ou remorsos, destruição dos
bens de outros, condutas incendiárias, roubos, mentiras repetidas, faltar aulas e fugir de casa,
crises de birra e de desobediência frequentes e graves, baixo rendimento escolar e problemas
de relacionamento com colegas, trazendo limitações acadêmicas e sociais, além de ter uma
excelente capacidade de manipular o ambiente e dissimular seus comportamentos antissociais,
fazendo com que o psiquiatra precise recorrer a informantes para avaliar com mais precisão o
quadro clinico.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2002), classifica o
transtorno de conduta, de acordo com seus níveis de gravidade: leve – os problemas de
conduta causam danos relativamente pequenos a outros (mentiras, faltar aula); Moderado –
furtos sem confronto com a vitima, vandalismo; Grave - problemas de conduta que causam
danos consideráveis a outros (sexo forçado, crueldade física, uso de armas, invasão).
As causas do Transtorno de Conduta, geralmente, podem estar ligadas a alguns
problemas familiares, como, métodos falhos de educação, lares desfeitos, negligências,
sociopatia, dependência de álcool, abusos de sustâncias químicas, tensões, brigas, etc. Além é
claro, como já foi citado, consequência de um TDAH não diagnosticado e tratado (BORDIN
E OFFORD, 2008).
Em relação ao tratamento do Transtorno de Conduta, não existe uma cura consolidada,
mas tratamentos paliativos, como a psicologia, psiquiatria, terapia ocupacional, esportes que
trazem resultados positivos no desenvolvimento do individuo. É importante que toda a família
seja acompanhada, para conseguir uma estrutura organizacional e social. A instalação de
regras e consequências consistentes e a aprendizagem dos pais no manejo de técnicas
comportamentais podem também auxiliar na diminuição dos problemas. (FACION, 2005)
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Diante de tantos obstáculos no caminho de crianças com diagnóstico TDAH associado
ao Transtorno de Conduta, entendemos que o passo inicial para todos, pais, escola e
cuidadores é o conhecimento, manter contato com os profissionais que atendem a criança
(professores/psicólogos/médicos), além de ter uma dose extra de paciência.
Sabemos que o TDAH e o Transtorno de Conduta são problemas que afetam muito o
desenvolvimento da criança e do adolescente, em vários aspectos: emocional, social e
consequentemente acabam atingindo o processo de aprendizagem e o rendimento escolar.
Devido às dificuldades e complicações de ambos os transtornos, podemos observar nas
crianças assim diagnosticadas, deficiências na motivação, na concentração, má relação com o
professor ou com colegas, baixo sentimento de autoestima e auto eficácia, ansiedade
excessiva, etc. (COLL et al, 2004, p.120).
Desta forma, o rendimento escolar da criança TDAH, associado a outros transtornos é
marcado pela instabilidade, assim como consegue desenvolver uma criatividade e atenção
espetacular em alguns momentos, em outros pode se dispersar com o menor estimulo. Assim,
torna-se extremamente importante, a participação da família e da escola. Ambas, tem um
papel significativo, auxiliando a superar as dificuldades de aprendizagem, sendo âncoras e
estimuladoras deste processo, informando a criança sobre suas limitações e potencialidades.
Projeto de Intervenção
Nosso estudo de caso pautou-se em observar a rotina na escola do aluno X,
diagnosticado com TDAH associado ao TC. Desta forma, a partir das observações realizadas
dentro e fora da sala de aula, leituras referentes ao diagnóstico, e análise de laudos do aluno
X, desenvolvemos um projeto de intervenção, apresentando propostas de atividades que
visem o desenvolvimento integral do nosso aluno, auxiliem professores, direção e toda a
equipe da escola, na busca do conhecimento sobre as dificuldades e limitações e de
alternativas práticas para a construção da aprendizagem do aluno X.
O estágio realizou-se em uma Escola Municipal de Curitiba, trata-se de uma escola
pequena, com aproximadamente 400 alunos, localizada em um bairro de classe média/baixa,
apresenta uma ótima estrutura, com seu quadro de profissionais completo. Sua sala de aula é
composta de 32 alunos, não atendendo as normas de redução de alunos para a inclusão de
uma criança com diagnostico. A turma tem uma co-regente, para atender as necessidades
especificas do aluno, porém, o mesmo não aceita o auxilio desta professora. Seu
relacionamento com os colegas se dá de forma amigável, desde que não seja contrariado, os
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colegas tem conhecimento sobre suas dificuldades e respeitam seu comportamento e atitudes,
alertando aos demais sobre suas crises.
Iniciamos nossas atividades de estágio com uma conversa com a pedagoga da escola e
professora da sala, conhecendo um pouco de sua história familiar e analisando as observações
e destaques da escola sobre nosso estudo. Sabemos então, que o aluno X, apresenta um
comportamento bastante agitado, apresentando crises comportamentais agressivas, quando
discordado ou irritado, ou ainda emocionalmente abalado, segundo o relato da escola. Realiza
acompanhamento semanal em um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs), onde adora
frequentar. Sua família atualmente composta pela mãe e duas irmãs mais velhas, demonstra-se
presente na escola sempre que solicitada e preocupada com as dificuldades do aluno X.
A escola destacou bastante preocupação com o fato do aluno X, não ser alfabetizado
no 5° ano, não demonstrando nenhum interesse ou gosto por estudar ou querer aprender, ao
contrario alterando seu comportamento, quando se insiste em que participe da aula.
Baseado, nos relatos e observações, temos como objetivo neste projeto de
intervenção, compreender o aluno com diagnóstico de TDAH associado ao TC, buscando
desenvolver estratégias práticas que possibilitem o desenvolvimento da atenção e da
aprendizagem, visando minimizar suas dificuldades e obstáculos neste percurso.
O projeto de Intervenção foi elaborado, pensando-se em atender ao aluno e também
aos professores e demais membros integrantes da escola, devido à necessidade de todos
conhecerem e compreenderem as características, e principalmente as dificuldades enfrentadas
pelas crianças e adolescentes com TDAH associado ao TC. Sendo assim, apontaremos abaixo,
algumas sugestões de atividades que visão a melhoria do que foi observado, estas serão
distribuídas da seguinte maneira:
Roda de conversa com professores, funcionários, direção e pedagogos da escola, sobre o
TDAH e o TC, do aluno
Neste momento, objetivamos apresentar a escola uma devolutiva de nossas
observações, pautadas em leituras e estudos aprofundados em relação aos transtornos
diagnosticados no aluno X. Baseados em autores da área, abordaremos informações e
conhecimentos, referentes às características, personalidade e possíveis tratamentos referentes
ao diagnóstico em questão. Buscaremos de forma dialógica proporcionar um momento de
troca de ideias e busca de alternativas para melhor estarmos atendendo o nosso aluno.
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Fechando este momento com uma atitude prática a ser desenvolvida, na busca de criar um
ambiente mais prazeroso e agradável ao aluno X.
Desenvolvimento de atividades práticas com o aluno
Observando o nosso aluno X, percebemos que o mesmo apresenta certa resistência e
dificuldade à aprendizagem formal. De acordo, com seus comportamentos e atitudes, optamos
por trabalhar de forma prática, prazerosa e lúdica. Aproveitando sua criatividade e suas
habilidades com a pintura e com os esportes, desenvolveremos atividades que visão despertar
seu interesse pela aprendizagem e pelo conhecimento.
Para um primeiro encontro com o aluno, como já exposto no referencial teórico deste
paper, o conhecimento sobre o TDAH é essencial para que a criança possa entender suas
dificuldades e melhor trabalha-las em si. Desta forma, iniciaremos nossa abordagem com o
aluno, com uma conversa sobre o TDAH, apontando algumas das características deste seu
comportamento e o motivo que o leva a desenvolvê-las, apresentaremos algumas grandes
personalidades através do computador, que também são TADH, buscando demonstrar suas
potencialidades. A partir desta conversa, deixaremos uma abertura para que o mesmo tenha a
liberdade, caso queira, de fazer alguma pergunta. Destacaremos suas potencialidades,
enfatizando suas capacidades e características positivas, assim como a importância da
alfabetização para sua vida.
No segundo momento com o aluno iniciaremos o desenvolvimento de atividades
práticas. Levaremos um Skat desmontado, brinquedo de grande estima do aluno, onde o
mesmo irá monta-lo, pinta-lo e decora-lo, utilizando sua criatividade e competência. Através
desta atividade, lançaremos um desafio ao aluno, entregaremos letras adesivas onde estará
escrita a palavra Skat, as letras estarão embaralhadas e o mesmo deverá organizar a palavra
(levamos em consideração a dificuldade, da escrita da palavra, mas nos apoiamos no gosto e
no conhecimento do aluno em relação ao brinquedo e ao esporte). Através do alfabeto móvel
recriaremos a palavra Skat e a partir dela iremos propor a criação de um acróstico, com cada
letrinha da palavra inicial. Como forma de registro, solicitaremos que a aluno transcreva o seu
acróstico.
No terceiro encontro utilizaremos recursos digitais e jogos pedagógicos, como: varal
de letras, alfabeto móvel, jogos de construção e lousa eletrônica, jogos da memória, quebracabeça, baralho de letras, com intuito de aprimorar e despertar seu interesse na alfabetização.
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Entendemos, com base em Piaget que “só se aprende o que tem sentido, o que é
prazeroso”, desta forma, selecionamos, um breve repertório de atividades, vinculadas a
realidade e ao gosto do aluno, objetivando despertar no mesmo, curiosidade, atenção e desejo
de construção do conhecimento, tendo consciência, de que é muito pouco, em relação as suas
dificuldades e necessidades. Acreditamos, que pautadas em atividades ludopedagógicas,
trabalhadas de forma afetiva, conseguiremos despertar em nosso aluno, o gosto pelo
maravilhoso mundo das letras.
Considerações Finais
Podemos concluir, que o passo inicial, a ser tomado pelos pais, profissionais da
educação e especialistas da área, para o bom desenvolvimento da criança com diagnóstico de
TDAH e/ou de TC é o conhecimento. Quanto mais estudarem, se informarem, se educarem
sobre o problema desta criança, mais estarão preparados para lidar com ela e também
informá-la sobre suas dificuldades.
Acreditamos, então, que a prática do estágio supervisionado, é de extrema importância
para conhecermos melhor e profundamente o cotidiano do trabalho na escola, analisando e
buscando alternativas junto às dificuldades, desafios e limitações que aparecem diariamente
em sala de aula.
Muitas são as dificuldades encontradas para trabalhar com alunos completamente
heterogêneos em sala de aula. Também são muitos os caminhos existentes a se seguir. Cabe a
nós profissionais da Educação, buscarmos não nos acomodar ou enfraquecer diante dos
obstáculos, e criar alternativas lúdicas, interessantes, que despertem em nossos pequenos o
prazer pelo mundo do conhecimento, independentemente de suas limitações.
REFERÊNCIAS
BORDIN, Isabel A; OFFORD, David R. Transtorno de Conduta e Comportamento antisocial. Revista Brasileira de Psiquiatria. vol.22, São Paulo, 2008. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600004>. Acesso em: 22/11/2014.
COLL, César et al. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Transtornos de
desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2° edição. Porto Alegre: Artmed, 2004.
DSM-IV-TR – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Tradução
Cláudia Dorneles; 4° edição revisada. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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FACION. José. R. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e Transtorno de
Comportamento Desruptivo. Curitiba: IBPEX, 2005.
SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas TDAH: Desatenção, Hiperatividade e
Impulsividade. 4° edição. São Paulo: Globo, 2014.
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