24 l O GLOBO l Economia l Quarta-feira 28.9.2016 Empresários de multinacionais prometem manter investimentos [email protected] MÍRIAM LEITÃO Executivos de Shell, Fiat e Hyundai se reúnem com Temer em Brasília AILTON DE FREITAS EDUARDO BARRETTO [email protected] | | COM ALVARO GRIBEL (DE SÃO PAULO) Melhora o horizonte Uma inflação mais baixa e juros que podem cair em breve. A atividade econômica se estabilizando. A confiança dos consumidores em nova alta. Essas foram as boas notícias de ontem. O país começa a sair do ciclo recessivo que fez o PIB ficar estagnado um ano e cair dois anos consecutivos. Ainda não é o fim do ciclo, mas o Relatório de Inflação mostra que caminha-se para mudar de fase. O Banco Central divulgou que as expectativas de inflação, no seu cenário, estão abaixo do centro da meta em 2017 e 2018. Isso significa que aumentaram as chances de cortes nas taxas de juros. Já a Fundação Getúlio Vargas divulgou que a confiança dos consumidores subiu novamente em setembro, no quinto aumento seguido, e melhorou também a confiança do setor de construção civil. O Relatório de Inflação veio com mais novidades que permitiram avaliar melhor como o Banco Central está analisando a conjuntura econômica. No cenário de referência, em que tudo permanece como está, principalmente a taxa de juros, nos 14,25%, a inflação fica em 4,4% no ano que vem e 3,8% no ano de 2018. Em um dos cenários novos que ele divulgou, considerando a hipótese de os juros caírem 3,25%, indo para 11%, a inflação terminaria o ano que vem em 4,8% e ao fim de 2018 estaria em 4,5%. Com isso, e outras informações e hipóteses do relatório, se chega à conclusão de que o Banco Central está se preparando para baixar a taxa de juros, apesar de a inflação dos últimos 12 meses estar ainda em 8,7% e de a previsão para este ano, feita pelo BC, ter subido de 6,9% para 7,3%. O Bradesco divulgou análise, logo depois, dizendo que espera queda de 0,5% na Selic, em outubro, e outro corte de 0,5%, em novembro, terminando o ano com 13,25%. Outras instituições financeiras soltaram relatórios U apostando em quedas Os pontos-chave das taxas de juros no futuro próximo. O departamento econômico do Itaú dissera Relatório de Inflação, do na véspera que a ecoBanco Central, mostra que nomia brasileira pode a economia começa a crescer até 4% em 2018 entrar em um novo ciclo se conseguir aprovar as reformas. Mas nem todos estão assim otimisDepartamento econômico tas. A mediana das predo Itaú estima que o PIB de visões está em torno de 2018 pode crescer 4% se o 2,5% para 2018. Mas alajuste fiscal for aprovado gumas instituições e consultorias acreditam em uma recuperação mais rápida. País pagou um preço alto A quinta alta seguida demais pelo descontrole da confiança do consudas contas públicas e o midor levou o índice ao descuido com a inflação maior patamar desde janeiro de 2015. Olhando a pesquisa com mais atenção, no entanto, percebe-se que as famílias estão sofrendo com o momento atual, ao mesmo tempo em que acreditam em melhora no futuro. Enquanto o índice de situação atual caiu 1,3 ponto, o índice de expectativas subiu 3,2 pontos. O brasileiro ainda sente os efeitos da recessão, com inflação e desemprego elevados, mas voltou a acreditar que possível deixar a crise para trás. O setor de construção civil foi duramente afetado pela crise econômica, mas também começa a dar sinais de que volta a respirar. A confiança subiu pelo terceiro mês seguido, em setembro, e retornou ao patamar de junho do ano passado. A expectativa de queda dos juros vai ajudar a alavancar projetos de longo prazo e o anúncio do Programa de Parceria de Investimentos foi bem recebido pelos empresários. As notícias são boas, mas não se pode perder de perspectiva quanto custa errar na economia. O descontrole fiscal e o descuido com a inflação levaram a taxa a ficar em dois dígitos e o país teve que viver, por um longo tempo, uma soma de amarguras: uma economia em contração de mais de 3% ao ano, com uma taxa básica de juros estratosférica, de 14,25%, e uma inflação elevada. No Brasil, pela sua história inflacionária, por haver ainda muita indexação, e por ter parte do seu mercado de crédito direcionado, a inflação é muito menos sensível aos juros. Na maioria dos países, uma taxa de juros alta como esta e uma economia em retração reduziriam a inflação mais rapidamente. Por isso é tão perigoso ser leniente com a inflação no Brasil. O Banco Central fez uma avaliação positiva também do cenário internacional. Houve uma redução da aversão ao risco e não houve o que se temia com o plebiscito a favor do Brexit. A incerteza maior continua sendo interna. Não se sabe qual será o ritmo de aprovação das reformas, e em quantos anos o país conseguirá conquistar o reequilíbrio das desorganizadas contas do governo. l 1 2 3 _ oglobo.com.br/economia/miriamleitao SIMONE IGLESIAS [email protected] -BRASÍLIA- Pouco menos de um mês após ser confirmado no cargo, o presidente Michel Temer recebeu ontem, no Palácio do Planalto, os principais executivos de três grupos estrangeiros importantes que atuam no Brasil: Shell, Fiat Chrysler e Hyundai. Temer ouviu dos executivos que os investimentos no país serão mantidos e, em alguns casos, até expandidos. O presidente da Hyundai no Brasil, William Lee, disse que estuda aumentar investimentos no Brasil. Afirmou que a crise econômica brasileira é normal e vai passar. Acrescentou que a empresa tem uma parceria estratégica com o país. — Todos os países passam por dificuldades na economia. Essas subidas e descidas são normais — disse Lee, que parabenizou Temer pela efetivação na Presidência e também pelo sucesso da Olimpíada do Rio. A Hyundai tem uma fábrica em Piracicaba (SP) e nela produz o modelo o HB20. A empresa disse que investiu cerca de US$ 130 milhões para um novo modelo, o Creta, e já anunciou que vai investir US$ 25 milhões num centro de pesquisa na cidade paulista. Segundo o executivo, o grupo ge- Foco. William Lee, presidente da Hyundai: “Estudamos mais investimentos” “Tudo o que venho ouvindo ajuda a respaldar o Brasil como um lugar seguro para investimentos” Ben van Beurden Presidente mundial da Shell ra atualmente, no Brasil, cerca de cinco mil empregos diretos e 20 mil indiretos. — Apesar de vendermos carros em dezenas de países, só temos fábricas em sete. E o Brasil é um deles. No Brasil, só a nossa fábrica trabalha 24 horas, em três turnos, sem demissões. Estamos há anos no Brasil e estudamos mais investimentos para o futuro — declarou o presidente da montadora coreana. PREOCUPAÇÃO COM CORRUPÇÃO Já o presidente mundial da petrolífera Shell, Ben van Beurden, admitiu que as notícias de corrupção envolvendo a Petrobras, de quem a empresa é parceira, preocupam. O executivo afirmou, no entanto, que acredita na capacidade de a estatal brasileira se recuperar. A reunião com Temer, segundo Beurden, foi agendada para conversar sobre o ambiente de negócios no país e para dizer que a petrolífera americana confia no governo brasileiro. — Trabalhamos com a Petrobras há muitos anos. Ela é de classe mundial no que se refere à capacidade técnica, e isso não mudou. Óbvio que acompanhamos as manchetes, e isso traz um grau de preocupação, mas a grande pergunta era se a empresa conseguiria manter os investimentos e ela tem feito escolhas adequadas — afirmou Beurden. O executivo disse que a Shell mantém a mesma confiança que tinha no Brasil no começo deste ano, quando comprou a britânica BG e se tornou a maior sócia da Petrobras. — Vendo o plano de investimentos que a Petrobras apresentou recentemente, ficou claro que as prioridades estão no pré-sal, onde temos negócios conjuntos. Tudo o que venho ouvindo nesta visita ao Brasil ajuda a respaldar o país como um lugar seguro para investimentos e isso tem a ver com a segurança das regras e das leis — disse Beurden. Sergio Marchione, presidente mundial da Fiat Chrysler, não falou com os jornalistas. l Engevix faz acordo com Ministério Público Federal Empresa e Ecovix, do mesmo grupo, pagam R$ 288 milhões de garantia à Operação Greenfield MANOEL VENTURA* [email protected] -BRASÍLIA- O Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal fechou um acordo com a Engevix e a Ecovix, no âmbito da Operação Greenfield, na qual as empresas se comprometem a reservar o valor de R$ 288 milhões. A garantia financeira é uma forma de assegurar, em caso de condenação no fim do processo, que os recursos sejam usados para ajudar a recompor o rombo financeiro no fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, o Funcef. A Justiça já homologou o acordo, confirmado ontem pelos procuradores. Procurada, a empresa não se manifestou. Com a reserva financeira, as companhias, que são do mesmo grupo, ficam livres das sanções impostas pela Justiça, como o bloqueio de bens e contas. Segundo o MPF, as empresas se comprometeram a colaborar com as investigações e a garantir o comparecimento de representantes sempre que solicitado pelos investigadores. A Ecovix apresentou bens como garantia das reserva financeira, que ficam indisponíveis até a o final do processo. Já a Engevix deu como garantias cotas num fundo de investimentos. Os acordos do MPF com empresas envolvidas na Greenfield homologados pela Justiça já somam, pelo menos, R$ 2,132 bilhões. O primeiro acerto entre os investigadores e alvos da operação foi fechado com com o grupo J&F, que deverá depositar R$ 1,5 bilhão. A BEM Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, pertencente ao Bradesco, se comprometeu a dar garantia de R$ 104 milhões. E a OAS separou R$ 240 milhões para recompor prejuízos financeiros de fundos de pensão. INVESTIGAÇÕES CONTINUAM Todos esses acordos seguem a mesma linha. Eles não significam a interrupção das investigações — que ainda estão em andamento e não tiveram até agora apresentação de denúncias formais ou abertura de ações penais —, nem absolvição dos suspeitos. Os acertos antecipam à Justiça, em caso de uma futura condenação, condições de reparar supostos prejuízos nos fundos de pensão, estimados pelo MPF em R$ 8 bilhões no total. A Operação Greenfield investiga a suposta má gestão e as fraudes nos investimentos dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa) em dez empreendimentos. l * Estagiário, sob supervisão de Eliane Oliveira LICITAÇÃO CONCORRÊNCIA Nº. 16/00001-CC INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE SOLO A ESCOLA SESC DE ENSINO MÉDIO comunica a realização da licitação acima. O Edital está disponível no site: www.escolasesc.com.br (licitações). ITAGUAÇU DA BAHIA ENERGIAS RENOVÁVEIS S/A DECISÃO – CONCORRÊNCIA Nº CO.IBER.001.2016 ITAGUAÇU DA BAHIA ENERGIAS RENOVÁVEIS S.A - IBER torna pública aos interessados, por autotutela, a INABILITAÇÃO da empresa WEG EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS S.A., por desatendimento dos itens (i) 10.5.1, alínea “c.1” e “c.2”; (ii) 10.5.1, alínea “e.2”; e (iii) 10.5.1, alínea “e.4”, todos previstos no Edital de Licitação nº CO.IBER.001.2016, cujo objeto é a contratação na modalidade “DDP”, da fabricação, fornecimento, teste de fábrica, transporte, seguros, montagem, supervisão de montagem e comissionamento dos Aerogeradores, materiais e sistemas associados, necessários à implantação do Empreendimento, bem como a sua operação e manutenção, sendo declarada a licitação FRACASSADA, por não restar outra empresa licitante para ser chamada. Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2016. MARCUS VINICIUS DO NASCIMENTO JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE AGUIAR Diretor Técnico Diretor Administrativo-Financeiro