COMPARATIVO DO CRESCIMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO E DA INFLAÇÃO NA AGRICULTURA Em abril de 2003, o salário mínimo foi fixado em R$ 240,00, atualmente, está estabelecido em R$ 510,00. Nesse período, o reajuste foi de 112,5%, enquanto o aumento da inflação medido pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi de 41,3% e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 37,9%, o que mostra um ganho real do salário mínimo atual em torno de 50,0%. O gráfico permite visualizar melhor a diferença percentual do crescimento histórico entre o salário mínimo e a inflação. Se o salário mínimo, ao longo destes sete anos, tivesse acompanhando apenas o crescimento da inflação medida pela FGV, ele estaria, hoje, em torno de R$ 339,00, mas o seu ganho real foi de R$ 171,00. O maior crescimento do salário mínimo aconteceu nos últimos dois anos, quando, a partir de abril/08, teve um aumento de 23% e a inflação, medida pelo IGP-DI/FGV, cresceu 3,3%. Para o deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR) esta é uma excelente e importante conquista do trabalhador da agropecuária brasileira, embora tenha causado grande impacto no custo de produção em algumas importantes atividades, o que exigiu adequação e transformação tecnológica, com vistas a redução do emprego de mão-de-obra e até, em alguns casos, opção por outras atividades. Como exemplo, o caso da cafeicultura de colheita não mecanizada, em que mais de 50% do custo de produção corresponde a gastos com mão-de-obra, como mostra a planilha de dados de custos de café da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para a região de Londrina, no Paraná. Estima-se que devido ao aumento do salário mínimo, ocorrido nos últimos sete anos, o custo de produção para grande parte dos cafeicultores também aumentou cerca de 25%, sem ganhos tecnológicos ou nos preços recebidos que refletissem em melhoria da remuneração dos produtores compensando o aumento do custo do cafeicultor em decorrência dos gastos com pagamento de serviços. Por isso, a cafeicultura, em muitas regiões, está se inviabilizando economicamente e muitos produtores já abandonam a atividade, substituem por outra que demande menos de mão-de-obra. Situação semelhante à cultura do café enfrenta a fruticultura, a horticultura e outras atividades relacionadas à agropecuária, que utilizam intensivamente mãode-obra. Como deputado, sempre defendo o aumento real do salário mínimo, mas insistentemente luto pela existência de uma política de renda e de emprego no campo para que as atividades agrícolas geradoras de empregos não sejam desestimuladas. No caso do café, a expansão da produção pode até está sendo transferida para outros países produtores, nossos concorrentes, que se beneficiam da nossa política cambial de manter a moeda valorizada, associada ao crescimento do custo da prestação de serviço. C:mm/zandonadi/salário mínimo e inflação 150210