Artigo-URGÊNCIA E EMERGÊNCIA-Edicao-24-3132014

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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: Refletindo sobre as dificuldades do
Enfermeiro na realização do exercício profissional1.
URGENCY AND EMERGENCY: Reflecting about the dificulties of the
Nurse in the realization of the professional exercise1.
Inaê Carla Santana Nunes de Souza2
Sielyn Caroline Loeschner Paulo3
Marcela Mílrea Araújo Barros4
___________________________________
1
Artigo elaborado como avaliação parcial da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Enfermagem.
2
Graduando em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, RO, Brasil. email: [email protected].
3
Graduando em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, RO, Brasil. email: [email protected]
4
Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Enfermeira e Docente do curso de
Graduação em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON,Brasil. e-mail:
[email protected]. End: Rua José Vieira Caúla, n.º 5301, Res. Marina casa 10, Fone: 6984057965.
RESUMO
O enfermeiro que atua na Unidade de Emergência tem como função prestar
assistência, executar tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de
exercer funções burocráticas. O objetivo desta pesquisa foi descrever as
dificuldades encontradas na realização do exercício profissional do enfermeiro que
atua na urgência e emergência intra-hospitalar. O estudo foi realizado através de
revisão de literatura por meio de pesquisas bibliográficas baseada em artigos, livros,
revistas científicas já publicadas. A análise dos estudos selecionados, em relação ao
delineamento de pesquisa, pautou-se na sistematização dos textos através de leitura
exploratória e seletiva, fichamento bibliográfico e categorização de maneira que
respondessem ao questionamento central. A unidade de emergência é uma área
que precisa de atenção pela sua diversidade de condições e situações que
necessita de profissionais capacitados para atuarem de forma habilidosa e
humanizada. Em virtude de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de
cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas.
Os achados dessa investigação alertam para a atenção da equipe de enfermagem
na prestação de um atendimento mais humanizado e com maior qualidade, haja
vista o ambiente conturbado, turnos desgastantes, ritmos excessivos de trabalho e
falta de recursos humanos e materiais e estrutura física inadequada.
Palavras-chaves: Urgência. Emergência. Enfermeiro. Enfermagem.
ABSTRACT
The nurse that acts in the Emergency Unit has the function of providing assistance,
executing the treatment, and coordinating the team of nursing, besides doing the
bureaucratic jobs. The goal of this research was describing the difficulties found in
the fulfill of the professional exercise of the nurse that works in the Urgency and
Emergency inside the hospital. The study was created in the review of literature and
through the bibliographic research based on articles, books, scientific magazines
already published. The analysis of the selected study, in relation to the delimitation of
research, was based on the systematization of the texts through an exploratory and
selective reading, bibliographic cataloging and categorization of a way that would
respond to the main question. The Emergency Unit is an area that needs attention
because of the diversity of conditions and situations that needs capacitated
professionals to act skillfully and in a humanized way. Because those professionals
are involved in providing direct care to the patient, there is an overload in the
administrative activities. What was found in that investigation gives an alert to the
attention of the team of nursing in the providing of a more humanized treatment e
with more quality, considering the troubled environment, and exhausting shifts,
excessive rhythms of work, and lack of human resources and material, besides an
inappropriate physical structure.
Key Words: urgency. emergency. nurse. nursing.
3
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a unidade de
Emergência é destinada a promover serviços médicos com caráter de emergência e
urgência, visando prolongar a vida ou prevenir conseqüências críticas, os quais
devem ser proporcionados imediatamente (MENZANI, 2006).
O Conselho Federal de Medicina (CFM) define urgência como uma
ocorrência repentina de agravo à saúde com ou sem risco possível de morte, cujo
portador necessita de assistência médica imediata. E, emergência como a
constatação médica de condições de agravo à saúde que provoque risco iminente
de morte ou sofrimento intenso, exigindo, portanto tratamento médico imediato
(VALENCIA, 2010).
O serviço de urgência e emergência é a porta de entrada de um hospital, e
ainda um recurso célere para o acesso à população. Por falta de estrutura ou
reduzida oferta de atendimento nas unidades básicas, pacientes sem risco iminente
de morte procuram esse atendimento com a intenção de encontrar um médico de
plantão que o atenda. Como conseqüência, esse serviço se torna gradativamente
cheio e a demanda de pacientes não é proporcional ao número de enfermeiros
(VALENTIM & SANTOS, 2009).
Além disso, o setor de Emergência de um hospital é o mais crítico em
relação à promoção da qualidade no atendimento, pois se observa que, ainda
existem problemas com a falta de recursos materiais e humanos para realizar um
atendimento de qualidade (BELLUCCI JUNIOR & MATSUDA, 2011).
O enfermeiro que atua na Unidade de Emergência tem como função prestar
assistência ao paciente, executar tratamento, coordenar e liderar a equipe de
enfermagem, além de exercer funções burocráticas (WEHBE & GALVÃO, 2001).
Para isso, deve aliar à fundamentação teórica a capacidade de liderança, o
discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensinar, a maturidade e a estabilidade
emocional, o que provoca uma sobrecarga de trabalho (GOMES, 1994 apud WEHBE
& GALVÃO, 2001).
Calil e Paranhos (2007) afirmam que:
Nas frequentes situações de alta demanda e espera, a triagem
dos pacientes passa a ser crucial na priorização dos pacientes
4
graves ou potencialmente graves. A triagem permite uma avaliação
rápida e eficiente, a partir de formulários com indicativos,
profissionais hábeis, condutas de emergência e urgência e,
especialmente, de um enorme bom senso.
Em virtude de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de
cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas,
e essa situação pode levar o enfermeiro a perder a motivação por não concluir com
eficiência suas atribuições (WEHBE & GALVÃO, 2001).
O trabalho nos serviços de emergência hospitalar exige um conhecimento
amplo sobre situações de saúde e certo domínio dos profissionais sobre o processo
de trabalho, ou seja, do conjunto das necessidades envolvidas no cotidiano
assistencial. Este domínio engloba exigências tais como pensar rápido, ter agilidade,
competência e capacidade de resolutividade dos problemas emergentes. Trata-se
de um ambiente de trabalho onde o tempo é limitado, as atividades são inúmeras e a
situação clínica dos usuários exige, muitas vezes, que o profissional faça tudo com
rapidez para afastá-lo do risco de morte iminente (OLIVEIRA et al., 2004).
Diante desse paradigma, qual o papel do enfermeiro na urgência e
emergência intra-hospitalar? Quais as principais características que o enfermeiro
deve possuir para melhor atuação nesse setor? Quais as dificuldades encontradas
por esses profissionais para realizarem atendimento mais eficiente e completo?
Esta pesquisa tem como objetivo descrever as dificuldades encontradas na
realização do exercício profissional do enfermeiro que atua na urgência e
emergência intra-hospitalar, através de revisão de literatura.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes
secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na realização de
revisão de literatura.
Uma das melhores formas de iniciar um estudo é buscando-se semelhanças
e diferenças entre os artigos levantados nos documentos de referência. A
compilação de informações em meios eletrônicos é um grande avanço para os
pesquisadores, democratizando o acesso e proporcionando atualização frequente. O
5
propósito geral de uma revisão de literatura de pesquisa é reunir conhecimentos
sobre um tópico, ajudando nas fundações de um estudo significativo para
enfermagem. Esta tarefa é crucial para os pesquisadores.
Para o levantamento dos artigos na literatura, realizamos uma busca nas
seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em
Saúde (Bireme). A pesquisa bibliográfica trata-se de levantamento de toda a
bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e
imprensa escrita. (LAKATOS, 2007).
Foram utilizados artigos para busca de conteúdo, livros com referências
atuais e suas combinações na língua portuguesa. Os critérios de inclusão definidos
para a seleção dos artigos e livros foram: publicados em português, artigos e livros
na íntegra que retratem a temática referente à enfermagem e a atuação na urgência
e emergência e publicadas e indexadas nos referidos bancos de dados nos últimos
dez anos.
A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de
pesquisa, foi pautada na sistematização dos textos através de leitura exploratória e
seletiva, fichamento bibliográfico e categorização de maneira que respondessem ao
questionamento do tema em questão. Tanto a análise quanto à síntese dos dados
extraídos dos artigos e livros foram realizadas de forma descritiva, possibilitando
observar, contar, descrever e classificar os dados, com o intuito de reunir o
conhecimento produzido sobre o tema explorado na revisão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O objetivo deste estudo foi analisar, as revisões em literaturas sobre
urgência e emergência das unidades de saúde, as carências e dificuldades
encontradas na realização do exercício profissional, possibilitando o aprofundamento
das discussões acerca da realidade das condições de trabalho dos enfermeiros
emergencistas, identificando o papel dos mesmos e focando nas habilidades e
competências que cada um deve desenvolver pra a atuação no serviço tanto
assistencial quanto burocrático.
6
Após pesquisas dos estudos científicos foi possível identificar a visão de
diversos autores como Santos (2010), Dal Pai & Lautert (2005), Valencia & Barroso
(2010), Figueredo (2011); Wehbe & Galvão (2001), entre outros, a respeito da
necessidade de capacitação do enfermeiro para melhorar a qualidade do
atendimento ao usuário. Uma vez que, as articulações das ações no pronto
atendimento ficam prejudicadas pela excessiva demanda de usuários e a
insatisfação das condições de sobrecarga de trabalho do enfermeiro compromete a
qualidade do atendimento.
3.1 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Antes da década de 1980, os serviços de emergência funcionavam com
profissionais não capacitados com treinamentos específicos para atendimento às
vítimas de trauma. Já na década de 1970, os dirigentes de hospitais nos Estados
Unidos sentiram necessidade de desenvolver a qualidade do atendimento de
emergência e começaram a investir nos profissionais que atuavam neste setor, com
a criação do primeiro curso do advanced trauma life support (ATLS) inicialmente só
para médicos. Dando continuidade à especialização de toda equipe, foram criados
programas de aperfeiçoamento para enfermeiros, os quais foram denominados
trauma life support courses for nurses (TLS for nurses) e manobras avançadas de
suporte ao trauma (MAST) (WEHBE & GALVÃO, 2001).
No Brasil, a década de 80 foi marcada pelo início da especialização dos
profissionais que atuam no atendimento de emergência. Em 1985 foi criada a
primeira associação de enfermagem especializada em trauma, a Sociedade
Brasileira dos Enfermeiros do Trauma (SOBET). (WEHBE & GALVÃO, 2001).
A unidade de emergência é uma área que precisa de atenção pela sua
diversidade de condições e situações além de ser um ambiente de velocidade e
desafios que necessita de profissionais capacitados para atuarem de forma
habilidosa, ágil e humanizada (DAL PAI & LAUTERT, 2005).
Estas unidades de emergência têm a finalidade de receber e atender de
modo adequado os pacientes que requerem cuidados imediatos, sendo urgentes ou
7
emergenciais. O objetivo do serviço de emergência é a avaliação rápida do paciente,
sua estabilização e pronta admissão pelo hospital (VALENTIM & SANTOS, 2009).
Na tentativa de acomodar os pacientes e garantir certo respaldo jurídico, os
hospitais públicos extrapolam esse número de atendimentos para além de sua
capacidade, resultando em superlotação, escassez de recursos e as sobrecargas
dos profissionais. No entanto, esses problemas não impedem à população de buscar
o serviço de urgência, pois entende que esse reúne uma somatória de recursos de
atendimento, que não encontraram em outros níveis de atenção (SANTOS, 2010).
A área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante
componente da assistência à saúde. Nos últimos anos, o aumento dos casos de
acidentes e da violência tem causado um forte impacto sobre o Sistema Único de
Saúde (SUS) e o conjunto da sociedade. Na assistência, esse impacto pode ser
medido diretamente pelo aumento dos gastos realizados com internação hospitalar,
internação em UTI e alta taxa de permanência hospitalar (BRASIL, 2002).
E, durante as últimas décadas, houve um aumento significativo na utilização
pelo público dos serviços hospitalares de emergência. Cerca de 65% dos pacientes
atendidos na emergência poderiam ter sido atendidos no ambulatório (O'DWYER et
al., 2009).
Dessa forma, “os serviços públicos de urgência e emergência têm se
caracterizado pela superlotação, ritmo acelerado e sobrecarga de trabalho para os
profissionais da saúde” (DAL PAI & LAUTERT, 2008).
Segundo
Figueredo
(2011),
os
sistemas
de
urgência
devem
ser
implementados em torno de cinco eixos, a saber:
I – Adoção de uma estratégia de “promoção da qualidade de vida” para combater as
causas de urgência (clínicas, cirúrgicas, obstétricas, psiquiátricas, decorrentes de
acidentes e de violência);
II – Organização das redes regionais de atenção integral às urgências, como elos da
cadeia de manutenção da vida, tecendo-as desde a atenção básica até as unidades
hospitalares, de maior complexidade e da área de reabilitação;
III – Operacionalidade do complexo de regulação do SUS (“Central de Leitos”,
“Central de Consultas e Marcação de Exames’, Central Obstétrica” e “Central de
Regulação Médica de Atenção às Urgências” interligadas entre si);
8
IV – Qualificação e educação permanente dos profissionais de saúde de todos os
níveis de atenção (promoção, atenção básica, assistência pré-hospitalar e
assistência hospitalar);
V – Estratégias de atenção orientadas segundo princípios de humanização.
3.2 O ENFERMEIRO E AS DIFICULDADES NA REALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO
PROFISSIONAL
Segundo a Lei Nº 7.498/86 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)
artigo primeiro, é livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional (...), e
no artigo segundo diz que somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem (Coren) com jurisdição
na área onde ocorre o exercício. E já a Lei nº 5.905 de 12 de julho de 1973, dispõe
que a classificação de risco e priorização da assistência em Serviços de Urgência é
privativas do Enfermeiro observadas as disposições legais da profissão (COFEN,
1986).
De acordo com Valencia et al. (2010):
O enfermeiro que atua na assistência em urgência e
emergência, tem como função prestar assistência, executar
tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de exercer
funções burocráticas, gerando sobrecarga de trabalho, desmotivação
e insatisfação, comprometendo a qualidade da assistência aos
usuários. Sendo assim, é necessário aliar à fundamentação teórica a
capacidade de liderança, o discernimento, a iniciativa, a habilidade
de ensinar, a maturidade e a estabilidade emocional.
Pelo setor de emergência se caracterizar com os outros setores do hospital,
e com todos os multiprofissionais que nela atuam, é necessário fortalecer e estimular
o trabalho na emergência com um modelo de gerenciamento que vise ao paciente
como um todo, focado na continuidade do tratamento e do atendimento. O
enfermeiro é o profissional responsável para direcionar e integrar os pacientes,
favorecendo seu vínculo com a equipe de saúde — inclusive um médico assistente
—, a rede básica de saúde (VALENTIN & SANTOS, 2009).
E para tornar do atendimento numa experiência agradável, a capacitação,
humanização e entrosamento da equipe de profissionais nos serviços de
9
emergência são fatores principais para proporcionar uma assistência humana,
integral, de qualidade e resolutiva (VALENCIA et al., 2010).
De acordo com Figueiredo & Vieira (2011), profissional que atuará em
emergência deve:
Conhecer as diferentes situações e suas conseqüências no
organismo; Possuir competência técnica e habilidade com a
tecnologia; Possuir habilidade e destreza manual e corporal; E,
possuir disposição para trabalhar em situações extremas, de riscos –
não considerados normais.
“Os profissionais que atuam em unidades de emergência, convivem,
diariamente, com pacientes em condições de saúde instáveis. Portanto, para sua
atuação, devem receber treinamento, ter conhecimento técnico e científico”
(SALOMÉ et al., 2009).
Segundo Batista & Bianchi (2006):
O enfermeiro é um profissional que vive sob condições
estressantes de trabalho. Na unidade de emergência, o enfermeiro
deve obter condições mínimas de material e pessoal, para se dedicar
à prestação e uma assistência efetiva e eficaz, diante das
intercorrências que são muito comuns nessa unidade.
Em decorrência de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de
cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas,
e essa situação pode levar o enfermeiro a perder a motivação por não concluir com
eficiência suas atribuições (WEHBE & GALVÃO, 2001).
Foram apontados como fatores de sofrimento no trabalho de uma equipe do
pronto socorro de um Hospital Universitário no sul do Brasil a superlotação e o
acesso desordenado à unidade de emergência. De acordo com os pesquisadores,
os profissionais sentem-se impotentes e desgastados diante da sobrecarga de
trabalho superior a sua capacidade de resposta, em virtude da escassez de pessoal
e limitação do espaço físico para o atendimento (SANTOS, 2010).
Santos (2010) declara que:
Nos serviços hospitalares de emergência, muitas vezes os
enfermeiros não podem prestar um atendimento imediato ou tomar
alguma outra atitude por falta do profissional médico, como, por
exemplo, nos casos em que um paciente não recebe alimentação ou
não pode continuar a administração de antibioticoterapia por falta de
10
prescrição médica. Além disso, muitos enfermeiros sentem-se
impedidos ou incapazes de mudar estruturas tão solidificadas, o que
resulta na desvalorização do trabalho coletivo da enfermagem, de tal
modo que a atuação se limita ao cumprimento de normas e rotinas,
relegando a segundo plano o gerenciamento para alcançar os
objetivos da assistência de enfermagem.
Uma pesquisa realizada por Santos et al. (2011) em um hospital da região
Sul do Brasil, constatou a preocupação e a dificuldade no trabalho para o enfermeiro
no que concerne à estrutura física do serviço de emergência e o número de macas
disponíveis. A falta de leitos na unidade dificulta a gerência do cuidado e estressa o
profissional, pois ele vê o paciente debilitado e procura macas para acomodá-lo e
deixá-lo descansar. Além disso, a falta de macas para todos os pacientes no serviço
de emergência confere aos enfermeiros a difícil atribuição de decidir quais pacientes
serão acomodados nelas.
De acordo com estudos realizados por Santos (2010) em um hospital
universitário de Porto Alegre, a realização dos cuidados relacionados à higiene e ao
conforto dos pacientes são dificuldades relatadas pela equipe de enfermagem, tendo
em vista o número de pacientes e a inadequação do espaço físico do serviço de
emergência para o atendimento desses pacientes. Dessa forma, os enfermeiros
ressentem-se por não poderem oferecer melhores condições de atendimento, por
terem que tirar um paciente da maca para deitar outro e verem pacientes
desacomodados em cadeiras nos últimos momentos de vida.
Já Dal Pai & Lautert (2008) em seus estudos detectaram claramente que as
necessidades de agilizar os atendimentos no pronto-socorro pareciam ser o objetivo
principal das ações desenvolvidas pela enfermagem no serviço estudado, o que
mostrou ser um fator desencadeante de conflitos interpessoais, uma vez que a
demora no atendimento, contribuía para a superlotação do serviço, bem como para
a intensificação do trabalho. Além disso, a superlotação exigia que os profissionais
escolhessem, muitas vezes, para quem destinariam a sua atenção, deixando alguns
pacientes desassistidos.
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados dessa investigação alertam para a atenção da equipe de
enfermagem na prestação de um atendimento mais humanizado e com maior
qualidade, haja vista o ambiente conturbado, turnos desgastantes, ritmos excessivos
de trabalho e falta de recursos humanos e materiais e estrutura física inadequada.
Os resultados demonstraram que os profissionais de enfermagem vivenciam
momentos de estresse, cansaço, esgotamento e frustração no seu cotidiano de
trabalho no setor de urgência e emergência. Os fatores que geram esses
sentimentos são: acúmulo de funções, atividades burocráticas e assistenciais e as
limitações do tempo para executarem as tarefas.
Espera-se que os estudos que abordamos sobre a urgência e emergência
possam contribuir com o aprimoramento da Assistência do Enfermeiro no setor de
urgência e emergência, constituindo assim, o primeiro ponto de atenção ao alcance
da resolução dos problemas. Dessa forma podemos prevenir e evitar a evolução de
agravos, com vistas à redução de situações mórbidas que demandem ações de
maior complexidade. Também se torna importante a realização de novos estudos,
que visem diagnosticar fatores de risco para a saúde desses profissionais, para que
se criem estratégias de enfrentamento do cotidiano laboral que possam levar à
prevenção contra doenças relacionadas ao trabalho nesses indivíduos.
As contribuições deste estudo poderão subsidiar a ampliação do campo de
atuação do enfermeiro na urgência e emergência em qualquer unidade de saúde.
Nota-se, portanto, a necessidade de novas publicações que abordem a assistência
do enfermeiro no setor de urgência e emergência segundo os princípios e diretrizes
do sistema único de saúde.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692001000200012&lng=en&nrm=iso>.
Acesso
em
19
Nov.
2012.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692001000200012.
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