URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: Refletindo sobre as dificuldades do Enfermeiro na realização do exercício profissional1. URGENCY AND EMERGENCY: Reflecting about the dificulties of the Nurse in the realization of the professional exercise1. Inaê Carla Santana Nunes de Souza2 Sielyn Caroline Loeschner Paulo3 Marcela Mílrea Araújo Barros4 ___________________________________ 1 Artigo elaborado como avaliação parcial da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem. 2 Graduando em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, RO, Brasil. email: [email protected]. 3 Graduando em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, RO, Brasil. email: [email protected] 4 Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Enfermeira e Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON,Brasil. e-mail: [email protected]. End: Rua José Vieira Caúla, n.º 5301, Res. Marina casa 10, Fone: 6984057965. RESUMO O enfermeiro que atua na Unidade de Emergência tem como função prestar assistência, executar tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de exercer funções burocráticas. O objetivo desta pesquisa foi descrever as dificuldades encontradas na realização do exercício profissional do enfermeiro que atua na urgência e emergência intra-hospitalar. O estudo foi realizado através de revisão de literatura por meio de pesquisas bibliográficas baseada em artigos, livros, revistas científicas já publicadas. A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, pautou-se na sistematização dos textos através de leitura exploratória e seletiva, fichamento bibliográfico e categorização de maneira que respondessem ao questionamento central. A unidade de emergência é uma área que precisa de atenção pela sua diversidade de condições e situações que necessita de profissionais capacitados para atuarem de forma habilidosa e humanizada. Em virtude de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas. Os achados dessa investigação alertam para a atenção da equipe de enfermagem na prestação de um atendimento mais humanizado e com maior qualidade, haja vista o ambiente conturbado, turnos desgastantes, ritmos excessivos de trabalho e falta de recursos humanos e materiais e estrutura física inadequada. Palavras-chaves: Urgência. Emergência. Enfermeiro. Enfermagem. ABSTRACT The nurse that acts in the Emergency Unit has the function of providing assistance, executing the treatment, and coordinating the team of nursing, besides doing the bureaucratic jobs. The goal of this research was describing the difficulties found in the fulfill of the professional exercise of the nurse that works in the Urgency and Emergency inside the hospital. The study was created in the review of literature and through the bibliographic research based on articles, books, scientific magazines already published. The analysis of the selected study, in relation to the delimitation of research, was based on the systematization of the texts through an exploratory and selective reading, bibliographic cataloging and categorization of a way that would respond to the main question. The Emergency Unit is an area that needs attention because of the diversity of conditions and situations that needs capacitated professionals to act skillfully and in a humanized way. Because those professionals are involved in providing direct care to the patient, there is an overload in the administrative activities. What was found in that investigation gives an alert to the attention of the team of nursing in the providing of a more humanized treatment e with more quality, considering the troubled environment, and exhausting shifts, excessive rhythms of work, and lack of human resources and material, besides an inappropriate physical structure. Key Words: urgency. emergency. nurse. nursing. 3 INTRODUÇÃO Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a unidade de Emergência é destinada a promover serviços médicos com caráter de emergência e urgência, visando prolongar a vida ou prevenir conseqüências críticas, os quais devem ser proporcionados imediatamente (MENZANI, 2006). O Conselho Federal de Medicina (CFM) define urgência como uma ocorrência repentina de agravo à saúde com ou sem risco possível de morte, cujo portador necessita de assistência médica imediata. E, emergência como a constatação médica de condições de agravo à saúde que provoque risco iminente de morte ou sofrimento intenso, exigindo, portanto tratamento médico imediato (VALENCIA, 2010). O serviço de urgência e emergência é a porta de entrada de um hospital, e ainda um recurso célere para o acesso à população. Por falta de estrutura ou reduzida oferta de atendimento nas unidades básicas, pacientes sem risco iminente de morte procuram esse atendimento com a intenção de encontrar um médico de plantão que o atenda. Como conseqüência, esse serviço se torna gradativamente cheio e a demanda de pacientes não é proporcional ao número de enfermeiros (VALENTIM & SANTOS, 2009). Além disso, o setor de Emergência de um hospital é o mais crítico em relação à promoção da qualidade no atendimento, pois se observa que, ainda existem problemas com a falta de recursos materiais e humanos para realizar um atendimento de qualidade (BELLUCCI JUNIOR & MATSUDA, 2011). O enfermeiro que atua na Unidade de Emergência tem como função prestar assistência ao paciente, executar tratamento, coordenar e liderar a equipe de enfermagem, além de exercer funções burocráticas (WEHBE & GALVÃO, 2001). Para isso, deve aliar à fundamentação teórica a capacidade de liderança, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensinar, a maturidade e a estabilidade emocional, o que provoca uma sobrecarga de trabalho (GOMES, 1994 apud WEHBE & GALVÃO, 2001). Calil e Paranhos (2007) afirmam que: Nas frequentes situações de alta demanda e espera, a triagem dos pacientes passa a ser crucial na priorização dos pacientes 4 graves ou potencialmente graves. A triagem permite uma avaliação rápida e eficiente, a partir de formulários com indicativos, profissionais hábeis, condutas de emergência e urgência e, especialmente, de um enorme bom senso. Em virtude de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas, e essa situação pode levar o enfermeiro a perder a motivação por não concluir com eficiência suas atribuições (WEHBE & GALVÃO, 2001). O trabalho nos serviços de emergência hospitalar exige um conhecimento amplo sobre situações de saúde e certo domínio dos profissionais sobre o processo de trabalho, ou seja, do conjunto das necessidades envolvidas no cotidiano assistencial. Este domínio engloba exigências tais como pensar rápido, ter agilidade, competência e capacidade de resolutividade dos problemas emergentes. Trata-se de um ambiente de trabalho onde o tempo é limitado, as atividades são inúmeras e a situação clínica dos usuários exige, muitas vezes, que o profissional faça tudo com rapidez para afastá-lo do risco de morte iminente (OLIVEIRA et al., 2004). Diante desse paradigma, qual o papel do enfermeiro na urgência e emergência intra-hospitalar? Quais as principais características que o enfermeiro deve possuir para melhor atuação nesse setor? Quais as dificuldades encontradas por esses profissionais para realizarem atendimento mais eficiente e completo? Esta pesquisa tem como objetivo descrever as dificuldades encontradas na realização do exercício profissional do enfermeiro que atua na urgência e emergência intra-hospitalar, através de revisão de literatura. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na realização de revisão de literatura. Uma das melhores formas de iniciar um estudo é buscando-se semelhanças e diferenças entre os artigos levantados nos documentos de referência. A compilação de informações em meios eletrônicos é um grande avanço para os pesquisadores, democratizando o acesso e proporcionando atualização frequente. O 5 propósito geral de uma revisão de literatura de pesquisa é reunir conhecimentos sobre um tópico, ajudando nas fundações de um estudo significativo para enfermagem. Esta tarefa é crucial para os pesquisadores. Para o levantamento dos artigos na literatura, realizamos uma busca nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme). A pesquisa bibliográfica trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. (LAKATOS, 2007). Foram utilizados artigos para busca de conteúdo, livros com referências atuais e suas combinações na língua portuguesa. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos e livros foram: publicados em português, artigos e livros na íntegra que retratem a temática referente à enfermagem e a atuação na urgência e emergência e publicadas e indexadas nos referidos bancos de dados nos últimos dez anos. A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, foi pautada na sistematização dos textos através de leitura exploratória e seletiva, fichamento bibliográfico e categorização de maneira que respondessem ao questionamento do tema em questão. Tanto a análise quanto à síntese dos dados extraídos dos artigos e livros foram realizadas de forma descritiva, possibilitando observar, contar, descrever e classificar os dados, com o intuito de reunir o conhecimento produzido sobre o tema explorado na revisão. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES O objetivo deste estudo foi analisar, as revisões em literaturas sobre urgência e emergência das unidades de saúde, as carências e dificuldades encontradas na realização do exercício profissional, possibilitando o aprofundamento das discussões acerca da realidade das condições de trabalho dos enfermeiros emergencistas, identificando o papel dos mesmos e focando nas habilidades e competências que cada um deve desenvolver pra a atuação no serviço tanto assistencial quanto burocrático. 6 Após pesquisas dos estudos científicos foi possível identificar a visão de diversos autores como Santos (2010), Dal Pai & Lautert (2005), Valencia & Barroso (2010), Figueredo (2011); Wehbe & Galvão (2001), entre outros, a respeito da necessidade de capacitação do enfermeiro para melhorar a qualidade do atendimento ao usuário. Uma vez que, as articulações das ações no pronto atendimento ficam prejudicadas pela excessiva demanda de usuários e a insatisfação das condições de sobrecarga de trabalho do enfermeiro compromete a qualidade do atendimento. 3.1 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Antes da década de 1980, os serviços de emergência funcionavam com profissionais não capacitados com treinamentos específicos para atendimento às vítimas de trauma. Já na década de 1970, os dirigentes de hospitais nos Estados Unidos sentiram necessidade de desenvolver a qualidade do atendimento de emergência e começaram a investir nos profissionais que atuavam neste setor, com a criação do primeiro curso do advanced trauma life support (ATLS) inicialmente só para médicos. Dando continuidade à especialização de toda equipe, foram criados programas de aperfeiçoamento para enfermeiros, os quais foram denominados trauma life support courses for nurses (TLS for nurses) e manobras avançadas de suporte ao trauma (MAST) (WEHBE & GALVÃO, 2001). No Brasil, a década de 80 foi marcada pelo início da especialização dos profissionais que atuam no atendimento de emergência. Em 1985 foi criada a primeira associação de enfermagem especializada em trauma, a Sociedade Brasileira dos Enfermeiros do Trauma (SOBET). (WEHBE & GALVÃO, 2001). A unidade de emergência é uma área que precisa de atenção pela sua diversidade de condições e situações além de ser um ambiente de velocidade e desafios que necessita de profissionais capacitados para atuarem de forma habilidosa, ágil e humanizada (DAL PAI & LAUTERT, 2005). Estas unidades de emergência têm a finalidade de receber e atender de modo adequado os pacientes que requerem cuidados imediatos, sendo urgentes ou 7 emergenciais. O objetivo do serviço de emergência é a avaliação rápida do paciente, sua estabilização e pronta admissão pelo hospital (VALENTIM & SANTOS, 2009). Na tentativa de acomodar os pacientes e garantir certo respaldo jurídico, os hospitais públicos extrapolam esse número de atendimentos para além de sua capacidade, resultando em superlotação, escassez de recursos e as sobrecargas dos profissionais. No entanto, esses problemas não impedem à população de buscar o serviço de urgência, pois entende que esse reúne uma somatória de recursos de atendimento, que não encontraram em outros níveis de atenção (SANTOS, 2010). A área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. Nos últimos anos, o aumento dos casos de acidentes e da violência tem causado um forte impacto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e o conjunto da sociedade. Na assistência, esse impacto pode ser medido diretamente pelo aumento dos gastos realizados com internação hospitalar, internação em UTI e alta taxa de permanência hospitalar (BRASIL, 2002). E, durante as últimas décadas, houve um aumento significativo na utilização pelo público dos serviços hospitalares de emergência. Cerca de 65% dos pacientes atendidos na emergência poderiam ter sido atendidos no ambulatório (O'DWYER et al., 2009). Dessa forma, “os serviços públicos de urgência e emergência têm se caracterizado pela superlotação, ritmo acelerado e sobrecarga de trabalho para os profissionais da saúde” (DAL PAI & LAUTERT, 2008). Segundo Figueredo (2011), os sistemas de urgência devem ser implementados em torno de cinco eixos, a saber: I – Adoção de uma estratégia de “promoção da qualidade de vida” para combater as causas de urgência (clínicas, cirúrgicas, obstétricas, psiquiátricas, decorrentes de acidentes e de violência); II – Organização das redes regionais de atenção integral às urgências, como elos da cadeia de manutenção da vida, tecendo-as desde a atenção básica até as unidades hospitalares, de maior complexidade e da área de reabilitação; III – Operacionalidade do complexo de regulação do SUS (“Central de Leitos”, “Central de Consultas e Marcação de Exames’, Central Obstétrica” e “Central de Regulação Médica de Atenção às Urgências” interligadas entre si); 8 IV – Qualificação e educação permanente dos profissionais de saúde de todos os níveis de atenção (promoção, atenção básica, assistência pré-hospitalar e assistência hospitalar); V – Estratégias de atenção orientadas segundo princípios de humanização. 3.2 O ENFERMEIRO E AS DIFICULDADES NA REALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Segundo a Lei Nº 7.498/86 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) artigo primeiro, é livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional (...), e no artigo segundo diz que somente podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem (Coren) com jurisdição na área onde ocorre o exercício. E já a Lei nº 5.905 de 12 de julho de 1973, dispõe que a classificação de risco e priorização da assistência em Serviços de Urgência é privativas do Enfermeiro observadas as disposições legais da profissão (COFEN, 1986). De acordo com Valencia et al. (2010): O enfermeiro que atua na assistência em urgência e emergência, tem como função prestar assistência, executar tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de exercer funções burocráticas, gerando sobrecarga de trabalho, desmotivação e insatisfação, comprometendo a qualidade da assistência aos usuários. Sendo assim, é necessário aliar à fundamentação teórica a capacidade de liderança, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensinar, a maturidade e a estabilidade emocional. Pelo setor de emergência se caracterizar com os outros setores do hospital, e com todos os multiprofissionais que nela atuam, é necessário fortalecer e estimular o trabalho na emergência com um modelo de gerenciamento que vise ao paciente como um todo, focado na continuidade do tratamento e do atendimento. O enfermeiro é o profissional responsável para direcionar e integrar os pacientes, favorecendo seu vínculo com a equipe de saúde — inclusive um médico assistente —, a rede básica de saúde (VALENTIN & SANTOS, 2009). E para tornar do atendimento numa experiência agradável, a capacitação, humanização e entrosamento da equipe de profissionais nos serviços de 9 emergência são fatores principais para proporcionar uma assistência humana, integral, de qualidade e resolutiva (VALENCIA et al., 2010). De acordo com Figueiredo & Vieira (2011), profissional que atuará em emergência deve: Conhecer as diferentes situações e suas conseqüências no organismo; Possuir competência técnica e habilidade com a tecnologia; Possuir habilidade e destreza manual e corporal; E, possuir disposição para trabalhar em situações extremas, de riscos – não considerados normais. “Os profissionais que atuam em unidades de emergência, convivem, diariamente, com pacientes em condições de saúde instáveis. Portanto, para sua atuação, devem receber treinamento, ter conhecimento técnico e científico” (SALOMÉ et al., 2009). Segundo Batista & Bianchi (2006): O enfermeiro é um profissional que vive sob condições estressantes de trabalho. Na unidade de emergência, o enfermeiro deve obter condições mínimas de material e pessoal, para se dedicar à prestação e uma assistência efetiva e eficaz, diante das intercorrências que são muito comuns nessa unidade. Em decorrência de esses profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, ocorre uma sobrecarga das atividades administrativas, e essa situação pode levar o enfermeiro a perder a motivação por não concluir com eficiência suas atribuições (WEHBE & GALVÃO, 2001). Foram apontados como fatores de sofrimento no trabalho de uma equipe do pronto socorro de um Hospital Universitário no sul do Brasil a superlotação e o acesso desordenado à unidade de emergência. De acordo com os pesquisadores, os profissionais sentem-se impotentes e desgastados diante da sobrecarga de trabalho superior a sua capacidade de resposta, em virtude da escassez de pessoal e limitação do espaço físico para o atendimento (SANTOS, 2010). Santos (2010) declara que: Nos serviços hospitalares de emergência, muitas vezes os enfermeiros não podem prestar um atendimento imediato ou tomar alguma outra atitude por falta do profissional médico, como, por exemplo, nos casos em que um paciente não recebe alimentação ou não pode continuar a administração de antibioticoterapia por falta de 10 prescrição médica. Além disso, muitos enfermeiros sentem-se impedidos ou incapazes de mudar estruturas tão solidificadas, o que resulta na desvalorização do trabalho coletivo da enfermagem, de tal modo que a atuação se limita ao cumprimento de normas e rotinas, relegando a segundo plano o gerenciamento para alcançar os objetivos da assistência de enfermagem. Uma pesquisa realizada por Santos et al. (2011) em um hospital da região Sul do Brasil, constatou a preocupação e a dificuldade no trabalho para o enfermeiro no que concerne à estrutura física do serviço de emergência e o número de macas disponíveis. A falta de leitos na unidade dificulta a gerência do cuidado e estressa o profissional, pois ele vê o paciente debilitado e procura macas para acomodá-lo e deixá-lo descansar. Além disso, a falta de macas para todos os pacientes no serviço de emergência confere aos enfermeiros a difícil atribuição de decidir quais pacientes serão acomodados nelas. De acordo com estudos realizados por Santos (2010) em um hospital universitário de Porto Alegre, a realização dos cuidados relacionados à higiene e ao conforto dos pacientes são dificuldades relatadas pela equipe de enfermagem, tendo em vista o número de pacientes e a inadequação do espaço físico do serviço de emergência para o atendimento desses pacientes. Dessa forma, os enfermeiros ressentem-se por não poderem oferecer melhores condições de atendimento, por terem que tirar um paciente da maca para deitar outro e verem pacientes desacomodados em cadeiras nos últimos momentos de vida. Já Dal Pai & Lautert (2008) em seus estudos detectaram claramente que as necessidades de agilizar os atendimentos no pronto-socorro pareciam ser o objetivo principal das ações desenvolvidas pela enfermagem no serviço estudado, o que mostrou ser um fator desencadeante de conflitos interpessoais, uma vez que a demora no atendimento, contribuía para a superlotação do serviço, bem como para a intensificação do trabalho. Além disso, a superlotação exigia que os profissionais escolhessem, muitas vezes, para quem destinariam a sua atenção, deixando alguns pacientes desassistidos. 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os achados dessa investigação alertam para a atenção da equipe de enfermagem na prestação de um atendimento mais humanizado e com maior qualidade, haja vista o ambiente conturbado, turnos desgastantes, ritmos excessivos de trabalho e falta de recursos humanos e materiais e estrutura física inadequada. Os resultados demonstraram que os profissionais de enfermagem vivenciam momentos de estresse, cansaço, esgotamento e frustração no seu cotidiano de trabalho no setor de urgência e emergência. Os fatores que geram esses sentimentos são: acúmulo de funções, atividades burocráticas e assistenciais e as limitações do tempo para executarem as tarefas. Espera-se que os estudos que abordamos sobre a urgência e emergência possam contribuir com o aprimoramento da Assistência do Enfermeiro no setor de urgência e emergência, constituindo assim, o primeiro ponto de atenção ao alcance da resolução dos problemas. Dessa forma podemos prevenir e evitar a evolução de agravos, com vistas à redução de situações mórbidas que demandem ações de maior complexidade. Também se torna importante a realização de novos estudos, que visem diagnosticar fatores de risco para a saúde desses profissionais, para que se criem estratégias de enfrentamento do cotidiano laboral que possam levar à prevenção contra doenças relacionadas ao trabalho nesses indivíduos. As contribuições deste estudo poderão subsidiar a ampliação do campo de atuação do enfermeiro na urgência e emergência em qualquer unidade de saúde. Nota-se, portanto, a necessidade de novas publicações que abordem a assistência do enfermeiro no setor de urgência e emergência segundo os princípios e diretrizes do sistema único de saúde. REFERÊNCIAS BATISTA, K. M.; BIANCHI, E. R. F. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 14, n. 4. Ribeirão Preto, jul/ago. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php.> Acesso em: 05 de Out. 2012. 12 BELLUCCI, JÚNIOR, J.A.; MATSUDA, L.M. O enfermeiro no gerenciamento à qualidade em Serviço Hospitalar de Emergência: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2011 dez;32(4):797-806. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php.> Acesso em 05 de Out 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da unidade de emergência / Hospital São Rafael – Monte Tabor, Ministério da Saúde. – 10. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CALIL, Ana Maria, PARANHOS, Wana Yeda. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu; 2007.795p. Acessado em 10 de Out. 2012 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html. Acesso em: 08/04/2013. DAL PAI, Daiane; LAUTERT, Liana. Suporte humanizado no pronto socorro: um desafio para a enfermagem. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 58, n. 2, Apr. 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672005000200021&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 Nov. 2012. FIGUEIREDO, N. M. A. de.; VIEIRA, A. A. B. Emergência: atendimento e cuidado de enfermagem. 4.ed.- São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2011. GALLOTI, R.M.D. Eventos adversos e óbitos hospitalares em serviço de emergência clínicas de um hospital universitário terciário: um olhar para a qualidade da atenção [dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2003. 148 f. <http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/V%20MOSTRA%20DE%20PRODU O%20CIENTIFICA/SAUDE/22-.pdf> Acesso em 03 Fev. 2013. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Acesso em 10 Dez. 2012. LINO, M. M.; CALIL, A. M. O ensino de cuidados críticos/intensivos na formação do enfermeiro: momento para reflexão. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 4, Dec. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342008000400022&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 09 Apr. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342008000400022. MENZANI, G. Estresse de enfermeiros brasileiros que atuam em pronto socorro. 130 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Enfermagem) – Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2008. MAROCCO E. C. D. Capacidade para o Trabalho entre Trabalhadores de Enfermagem do Pronto Socorro de um Hospital Universitário. Campinas, 2002. 144f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – UNICAMP. 13 O'DWYER, Gisele Oliveira; OLIVEIRA, Sergio Pacheco de and SETA, Marismary Horsth de. Avaliação dos serviços hospitalares de emergência do programa QualiSUS. Ciênc. saúde coletiva[online]. 2009, vol.14, n.5, pp. 1881-1890. ISSN 1413-8123. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000500030. OLIVEIRA, E.B.; LISBOA, M.T.L.; LÚCIDO, V.A.; SISNANDO, S.D. A inserção do acadêmico de enfermagem em uma unidade de emergência: A psicodinâmica do trabalho. Revista Enfermagem UERJ 12:179-185, 2004. PORTARIA n.º 2048/GM Em 5 de novembro de 2002. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2002/Gm/GM-2048.htm, acessado em 03 Dez. 2012. SALOME, G. M.; CAVALI, A.; ESPOSITO, V. H. C. Sala de emergência: o cotidiano das vivências com a morte e o morrer pelos profissionais de saúde. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 5, Oct. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672009000500005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 10 Apr. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672009000500005. SANTOS, J. L. G. A dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro em um serviço hospitalar de emergência. 2010. 136 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRS, Porto Alegre, 2010. SANTOS, J. L. G.; LIMA, M. A. D. S. Gerenciamento do cuidado: ações dos enfermeiros em um serviço hospitalar de emergência. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS), 2011. VALENTIM, Márcia Rejane da Silva; SANTOS, Mauro Leonardo Salvador Caldeira dos. Políticas de saúde em emergência e a enfermagem. Rev. enferm. UERJ; 17(2):285-289, abr.-jun. 2009. Disponível em <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=BDENF&lang=p &nextAction=lnk&exprSearch=16410&indexSearch=ID>. Acesso em 19 Nov. 2012. VALÊNCIA, Edivia Sabina Jurado; BARROSO, Ana Valéria dos Santos, BRASILEIRO, Marislei Espíndula. Pesquisas científicas relacionada à Assistência do Enfermeiro na urgência e emergência na Unidade Básica de Saúde, segundo os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2010 jan-jul 1(1):1-15. Disponível em: <http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/V%20MOSTRA%20DE%20PRODU O%20CIENTIFICA/SAUDE/22-.pdf> VIEIRA, S.A.; DALL’AGNOL, C.M. Concepções de uma equipe multidisciplinar sobre fuga de pacientes. Rev. Bras. Enferm. 2009; 62(1):79-85. 14 VALENTIM. M. R. S.; SANTOS, M. L. S. C. Políticas de saúde em emergência e a enfermagem. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 abr/jun; 17(2):285-9. p.285 WEHBE, Grasiela; GALVAO, Cristina Maria. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, Apr. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692001000200012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 19 Nov. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692001000200012.