ALINE CRISTINA CHRISTMANN AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO – MÉTODO AQPC – E RESTO-INGESTÃO DE UM COLÉGIO EM REGIME INTERNATO DE GUARAPUAVA-PR. GUARAPUAVA, PR 2011 ALINE CRISTINA CHRISTMANN AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO – MÉTODO AQPC – E RESTO-INGESTÃO DE UM COLÉGIO EM REGIME INTERNATO DE GUARAPUAVA-PR. Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Departamento de Nutrição, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª Ms. Renata Léia Demario Vieira GUARAPUAVA, PR 2011 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO – MÉTODO AQPC – E RESTO-INGESTÃO DE UM COLÉGIO EM REGIME INTERNATO DE GUARAPUAVA-PR. PREPARATION OF THE QUALITATIVE EVALUATION MENU – AQPC METHOD – AND REST-INTAKE OF A BOARDING SCHOOL REGIME GUARAPUAVA-PR. CHRISTMANN, Aline Cristina¹ VIEIRA, Renata Léia Demario² Resumo Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade das preparações dos cardápios pelo método Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) e identificar o resto-ingestão da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) em um colégio de regime internato de Guarapuava – PR. Métodos: Trata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo. Os cardápios e o resto-ingestão foram analisados de uma UAN de um colégio de regime internato de Guarapuava-Pr, totalizando 25 dias de análise. Resultados: Os folhosos foram ofertados em 100% dos dias, a semelhança entre as cores foi em 44% dos dias, os alimentos ricos em enxofre foram ofertados em 52%, as frutas em apenas 4% dos dias, a carne enlatada ocorreu em 28%, em nenhum dia foi ofertado fritura isoladamente, os doces foram em 76% e doce e fritura em um mesmo dia corresponderam a 16%. No método de análise de cocção do prato principal, prevaleceu o assado (56%). A média do resto-ingestão foi de 10,9% (±3,02), estando superior ao recomendado pela literatura. Conclusão: Um fator positivo foi a oferta de folhosos todos os dias, mas é necessário atentar-se para a oferta de alimentos ricos em enxofre, a monotonia entre as cores, a pequena oferta de frutas com a alta oferta de doces, a substituição da carne enlatada pela in natura. As técnicas de cocção do prato principal mais saudáveis (assadas, refogadas) são utilizadas na UAN, porém o índice de resto-ingestão ainda está superior ao preconizado pela literatura. Palavras-chaves: Unidade de Alimentação e Nutrição, cardápios, resto-ingestão. Abstract Objective: The objective of this study was to evaluate the quality of the menus prepared by the method of Preparation of the Qualitative Evaluation Menu (AQPC) and identify the rest-intake of a Food and Nutrition Unit (UAN) in a boarding school regime Guarapuava - PR Methods: This is a case study of qualitative. The menus and the restingestion were analyzed of UAN to a boarding school regime in Guarapuava-Pr, totaling 25 days of analysis. Results: The leafy vegetables were offered 100% of the days, the similarity between the colors was in 44% of days, the sulfur-rich foods were offered in 52%, the fruit in only 4% of days, the canned meat occurred in 28 %, on any of the days was offered fried only, the sweets were in 76%and then the sweet and fried on the same day amounted in 16%. In the analysis method of cooking the main dish, roast prevailed (56%). The average rest-intake was 10.9% (± 3.02), being higher than recommended in the literature. Conclusion: A positive factor was the offer of leafy vegetables every day, but it is necessary to pay attention to the supply of foods rich in sulfur, the monotony between the colors, the small supply of fruit with the high offer of sweets, the replacement of the canned meat by the raw. The techniques of cooking healthier main dish (roasted, braised) are used to UAN, but the rest of ingestion rate is still higher than recommended in the literature. Key-words: Food and Nutrition Unit, menus, rest-intake. 1 Acadêmica do curso de Nutrição da UNICENTRO-PR 2 Professora Mestre do curso de Nutrição da UNICENTRO-PR Introdução A alimentação é uma das atividades mais importantes do ser humano, tanto por razões biológicas óbvias, quanto pelas questões sociais e culturais que envolvem o comer. Assim, o ato de se alimentar engloba vários aspectos que vão desde a produção dos alimentos até a sua transformação em refeições e disponibilização às pessoas1. Com isso, a abordagem da promoção da alimentação saudável deve sempre levar em conta os aspectos de gosto, textura, aroma, forma e cor, visto que evidências científicas demonstram que a alimentação adequada é uma das bases para a saúde2. A alimentação fora de casa pode ser segmentada em alimentação coletiva e alimentação comercial, havendo uma denominação comum à unidade que as produz, qual seja, Unidade Produtora de Refeições (UPR). Na alimentação coletiva, o ser humano apresenta uma relação de catividade com a UPR, que pode variar desde a dependência completa até a relativa3. Frequentemente, a alimentação coletiva dá-se em Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), definida por Teixeira et al.4 como uma unidade de trabalho e órgão de uma empresa ou institucional, que tem por finalidade desempenhar atividades relacionadas à alimentação e nutrição, independentemente da situação hierárquica que ocupa na empresa ou instituição. Diferentemente, as Unidades Produtoras de Refeições (UPRs) comerciais devem conquistar seus consumidores a cada momento, pois esses não apresentam obrigatoriedade em fazer suas refeições nesta unidade3. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-20095, a alimentação fora de casa vem aumentando nos últimos anos, sendo que 31,1% das famílias realizam suas refeições em UPR. Diante disso, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o mais antigo programa social do Governo Federal na área de alimentação e nutrição, sendo considerado um eixo das políticas públicas específicas destinadas a promover a segurança alimentar e nutricional e tido como um dos maiores do mundo da alimentação escolar6,7 é gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e tem como objetivos a melhoria das condições nutricionais, a contribuição para a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como a formação de hábitos alimentares saudáveis8. Entretanto, a adesão ao PNAE pode estar condicionada a fatores diretamente relacionados ao alimento, como os hábitos alimentares dos escolares, o nível de adequação dos cardápios a esses hábitos e a qualidade dos alimentos que os compõem9. Nesse sentido, ferramentas que auxiliem na avaliação dos cardápios, em especial para a alimentação escolar, são úteis para promover a segurança alimentar e nutricional, com isso a Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC), desenvolvida por Veiros10 e Veiros e Proença11, visa auxiliar o nutricionista na elaboração de um cardápio mais adequado tanto do ponto de vista nutricional quanto nos aspectos sensoriais, permitindo que o nutricionista analise qualitativamente a composição do cardápio, seguindo critérios de cores, técnica de preparo, repetições, combinações, oferta de frutas, folhosos e o teor de enxofre. E este método se adapta mais a restaurantes institucionais, que tem um cardápio com menor número de opções e controle no número de porções3. No gerenciamento de uma UAN, o controle do desperdício é um fator de grande relevância, por se tratar de uma questão não somente ética, mas também econômica e com reflexos políticos e sociais para o profissional nutricionista, tendo em vista que o Brasil é um país onde a fome e a miséria são consideradas como alguns dos problemas de saúde pública12. O controle de resto-ingestão visa avaliar a adequação das quantidades preparadas em relação às necessidades de consumo (sobra), o porcionamento na distribuição e a aceitação do cardápio13. Para este controle do desperdício e avaliação da UAN, é sugerido o cálculo da Porcentagem de Resto-Ingestão, representado pela relação percentual entre o peso da refeição rejeitada e distribuída e pode-se admitir percentuais normais entre 2 a 5% da quantidade servida 14. Quando o resultado se apresentar superior a 10% pressupõe-se que os cardápios estão inadequados, por serem mal planejados e/ou mal executados15. Diante do exposto, se torna importante a avaliação qualitativa dos cardápios bem como o resto-ingestão, para analisar a qualidade das refeições oferecidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade das preparações dos cardápios pelo método AQPC e identificar o resto-ingestão da UAN em um colégio de regime internato de Guarapuava – PR. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo. Os cardápios e o restoingestão foram analisados em Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de um colégio de regime internato de Guarapuava - PR. Foram analisados os cardápios e o restoingestão do almoço dos dias úteis de segunda-feira a sexta-feira, com exceção dos feriados, totalizando 25 dias. A UAN estudada fornece em média 280 refeições diariamente no almoço, servindo cardápios de padrão popular (Apêndice 1), com a presença diária de arroz e feijão, uma ou duas guarnições, um tipo de carne e saladas variadas dependendo da disponibilidade na horta do colégio. O método AQPC – Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio foi adaptado de Veiros10 e Veiros e Proença11 para as condições do colégio (Anexo 1), excluindo o item presença de carne gordurosa e adicionando o item presença de carne enlatada e como não ocorre a oferta de sobremesa após as refeições, somente no lanche da tarde, foi analisado a presença de doce neste horário. Foram analisadas as seguintes variáveis do cardápio: oferta de folhosos, combinação de cores, presença de alimentos ricos em enxofre (oferta de duas ou mais preparações, exceto feijão, por ser típico no cardápio brasileiro), oferta de frutas, presença de carne enlatada, fritura, oferta de doce no lanche da tarde e a presença de doce e fritura em um mesmo dia. Também foi realizada a análise de cocção do prato principal, que se dividiu em assado, refogado, grelhado, frito, fervura, cocção a vapor e ensopado. Para a verificação da porcentagem de resto-ingestão, utilizou-se a fórmula citada em Vaz14 em que se multiplica o peso do resto por 100 e dividi-se pelo peso da refeição distribuída (Anexo 2). Considerou-se como o peso do resto, o peso de todos os alimentos coletados na área de devolução de bandejas e utensílios, depois de retiradas as cascas de frutas e ossos e descontado o valor do cesto de lixo. O peso da refeição distribuída é o peso de todas as preparações depois de prontas e para encontrar este peso, antes de servir as refeições foi pesado todas as preparações sendo descontado o valor dos recipientes e após o término das refeições foi descontado o peso das sobras do Buffet, e dos ossos e cascas14. Os dados foram agrupados semanalmente, no método AQPC, e após foi realizada a porcentagem de ocorrência total dos itens. Na análise de cocção do prato principal os dados foram agrupados e assim verificado a porcentagem total de ocorrência e para o índice resto-ingestão foi realizada a média dos 25 dias. Foi utilizado como banco de dados o software Microsoft Excel®. Resultados e Discussão A distribuição da Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio pode ser visualizada na Tabela I. Tabela I: Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio SEMANA Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 % de ocorrência Cores Ricos Carne Folhosos Frutas Iguais em S enlatada Fritura Doce (dias) (dias) (dias) (dias) (dias) (dias) (dias) 5 0 2 5 2 0 3 5 0 2 2 1 0 4 5 0 3 0 2 0 5 5 0 3 4 1 0 4 5 1 1 2 1 0 3 100% 4% 44% 52% 28% 0% 76% Doce + Fritura (dias) 2 0 0 1 1 16% As cores utilizadas na tabela auxiliam a interpretar a avaliação do cardápio. Os itens em verde representam alimentos de aspecto positivo à saúde. A avaliação em rosa significa o impacto visual do cardápio ao comensal, neste caso, a monotonia de cores. O item em azul é a avaliação quanto à sensação física imediata dos alimentos ingeridos. As avaliações em vermelho apontam aspectos que devem ser cuidadosamente monitorados, uma vez que podem trazer conseqüências prejudiciais à saúde, a médio e longo prazo11. A presença de folhosos ocorreu em todos os dias da avaliação, tornando-se um fator positivo por serem fontes de vitaminas, minerais e fibras, e esta alta prevalência dá-se pelo fato da UAN estudada possuir horta orgânica o que facilita essa oferta, por não depender de fornecedores. Em estudo de Veiros10 e Passos16 verificaram a presença de folhosos em 82,6% e 94,2% dos dias, respectivamente, e a oferta não foi diária pelos folhosos serem sensíveis, fáceis de deteriorar e dependerem de fornecedores. Já a ocorrência de frutas teve em apenas um dia, correspondendo a 4%, o que se deve por tratar de um colégio estadual e depender de verba governamental para aquisição de gêneros perecíveis e não ter a presença de um nutricionista, mas os alunos realizam todas as refeições no colégio, por ser em regime de internato, onde são servidas aproximadamente 280 refeições somente no almoço, o qual seria imprescindível a presença deste profissional. Dias et al.17 avaliou qualitativamente a dieta de funcionários de uma rede de restaurantes de alimentação saudável e constatou que 100% estavam com a recomendação de consumo de frutas, legumes e verduras (FLV) abaixo do recomendado. O consumo de FLV diariamente é amplamente reconhecido por sua relevância à saúde humana, são fontes de micronutrientes e fibras e parecem exercer efeito protetor sobre o risco de obesidade18, diabetes mellitus tipo II18, doenças cardiovasculares19 e alguns tipos de câncer20. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 2,7 milhões de mortes por ano em todo o mundo sejam atribuídas ao consumo insuficiente desses alimentos, o que reduziria em 1,8% a carga global de doenças 21,22 . E como estratégia de prevenção às doenças crônicas não- transmissíveis, a OMS e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o consumo mínimo de 400 g de FLV por dia (equivalente a cinco porções) o que corresponderia, no Brasil, de 6% a 7% das calorias totais de uma dieta de 2.300 kcal diárias 21,23. Entretanto, a disponibilidade domiciliar desses alimentos para a população brasileira, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2008/095 correspondeu a 3,3% e 4,6% do total de calorias para legumes e verduras e para frutas, respectivamente, permanecendo distante do consumo mínimo recomendado pela OMS e pelo MS para a prevenção de doenças. Em 44% dos dias, o cardápio apresentou semelhança entre as cores das preparações, as saladas (que oferecem o colorido ao cardápio) não são planejadas no cardápio semanal, pois depende da disponibilidade na horta. Comparando com os estudos de Veiros10 e Passos16, encontraram 65,1% e 58,6%, respectivamente, combinação de cores repetidas, mesmo havendo o planejamento das hortaliças no cardápio e a presença de nutricionista e com isso pode-se afirmar que neste trabalho a combinação de cores iguais foi relativamente baixa, mesmo não havendo este planejamento para o cardápio e não tendo a influência de um responsável técnico. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira 23 uma alimentação saudável contempla uma ampla variedade de grupos de alimentos com múltiplas colorações e quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa e prazerosa, o que agrada aos sentidos e estimula o consumo de alimentos saudáveis. A aparência de um alimento contribui muito para sua aceitação, a combinação de cores e a montagem de uma preparação devem atender as expectativas que despertem no indivíduo o estímulo para ingerir a refeição oferecida24. Os alimentos ricos em enxofre foram classificados quando havia duas ou mais preparações fonte deste mineral, exceto o feijão por ser um prato típico e diário dos brasileiros. O enxofre em excesso causa desconforto abdominal nos comensais pela presença de compostos sulfurados que produzem gases 3,24 . Foi encontrada uma quantidade alta de alimentos sulfurados no cardápio, 52%, sendo os principais oferecidos na forma de salada (repolho, rabanete, couve flor, nabo, brócolis). Deve-se atentar a este item no cardápio por causarem desconforto abdominal e flatulência o que pode diminuir o rendimento dos estudantes após a ingestão. Veiros10 verificou alta presença destes alimentos no cardápio, em 65% dos dias e os comensais reclamavam bastante do desconforto após o almoço e Passos16 também encontrou elevada quantidade, 57,7% dos dias. Em estudo de Gonçalves et al.25 que analisou o AQPCbufê em uma UPR de Florianópolis, no total dos acompanhamentos frios, o cardápio planejado previa 30% de alimentos sulfurados, mas na execução houve a ocorrência de 71%, sendo uma porcentagem elevada para uma única refeição. Outro item analisado foi a oferta de carne enlatada, pela baixa aceitabilidade dos alunos e por apresentar altas concentrações de sódio e demais conservantes. A oferta ocorreu em 28% dos dias, este pequeno percentual mostra que há uma preocupação pela troca da carne enlatada pela in natura, esta troca geralmente é feita por carnes de menor valor aquisitivo, como carne moída e quando há o abate de bovinos, suínos e caprinos no colégio. Estudos populacionais relacionam o elevado consumo de sódio com a transição nutricional, o aumento da pressão arterial 26, complicações cardiovasculares27 e a redução da densidade mineral óssea por gerar carga ácida e estimular a excreção urinária de cálcio28. A presença de fritura isoladamente não aconteceu em nenhum dia das análises, talvez pela falta dos equipamentos, como fritadeira elétrica, mas ocorreram nos mesmos dias em que foi ofertado doce correspondendo a 16% dos dias, o que é um fator a se atentar, pois são dois tipos de alimentos altamente calóricos e contribuem para doenças crônicas não-transmissíveis. Já Veiros10 e Passos16 encontraram 49,5% e 22,1% de frituras respectivamente, o que se deve pela maior disponibilidade de equipamentos e 15,6% e 12,5%, respectivamente, na combinação doce e fritura em um mesmo dia. Já a oferta de doces foi alta, em 76% dos dias, sendo oferecidos principalmente formulados, como pudim, pavês, canjica, sagu e bolos devido ao baixo custo, muitos ingredientes serem enviados pelo governo e maior aceitabilidade entre os alunos. Resultado semelhante com este estudo foi verificado por Veiros 10 em que 66,1% dos dias eram oferecidos doces, já em trabalho de Passos16 a oferta de doces foi menor, 45,2%, visto que a UAN tinha política de proporcionar três vezes na semana frutas e como se pode perceber esta oferta depende principalmente dos custos da UAN. Dias et al.17 verificou que 65% dos avaliados estavam com a recomendação do consumo de doces acima do ideal preconizado pela pirâmide dos alimentos para a população brasileira. O padrão de consumo e os hábitos alimentares da população brasileira têm sofrido profundas mudanças ao longo do tempo 29. Nota-se o consumo crescente de alimentos ricos em gorduras e carboidratos simples e a redução do consumo de carboidratos complexos, vitaminas e minerais30, o que é motivo de preocupação tendo em vista os efeitos deletérios destes alimentos quando consumidos de forma desarmoniosa em relação ao conjunto alimentação, podendo repercutir sobre o aumento da prevalência de excesso de peso 31,32 e conseqüentemente associado ao alto risco de doenças crônicas não-transmissíveis33. Evidenciando-se que ao se elaborar o cardápio, deve-se atentar para a oferta de doces e frituras, principalmente quando estão associados em um mesmo dia. Os principais objetivos da cocção das carnes, é torná-las mais palatáveis, macias e digeríveis, além de ser um fator de segurança, já que elimina ou diminui a presença de microrganismos24. No Gráfico I pode-se visualizar a distribuição dos métodos de cocção do prato principal utilizados na UAN durante os dias de análise. Em estudo de Passos 16 a prevalência do método assar foi maior (26%), seguido de ensopar (24%), grelhar (21,1%), fritar (11,5%), cocção a vapor (7,7%), fervura (5,8%) e guisar (3,9%), se assemelhando com a presente pesquisa que o principal método utilizado foi o assado (56%), seguido pelo refogado (20%) que não foi analisado no estudo de Passos 16. Gonçalves et al.25 analisou a ocorrência de carnes gordurosas, pelo método AQPCbufê, e as carnes fritas corresponderam a 60% do total. Gráfico I: Análise dos métodos de cocção do prato principal Os métodos se dividiram apenas em assado, refogado, frito e ensopado devido a falta de equipamentos que possibilitem outras formas de cocção, como fornos combinados, o qual evitaria repetições, que ocorre com freqüência na UAN principalmente com preparações assadas, pois acabam se tornando práticas por não despenderem tanto tempo para o preparo. No estudo de Passos16 os métodos de cocção tiveram mais opções pelo fato da UAN possuir forno combinado. Segundo Proença et al.3 e o Guia Alimentar para a População Brasileira23, as técnicas mais saudáveis e que devem ser valorizadas nas UAN são os grelhados, refogados em pouco óleo, cozidos, assados e ensopados, pois essas técnicas de preparo contribuem e interferem decisivamente na qualidade nutricional e sensorial dos alimentos e que sejam a preferência na escolha alimentar, evitando-se o consumo de frituras. Podendo-se afirmar que nesta UAN os métodos utilizados são considerados mais saudáveis, exceto pela presença de fritura que ocorreu em apenas dois dias de análise (8%). Com relação ao resto-ingestão, a média durante os 25 dias foi de 10,9% (±3,02), ainda estando superior ao recomendado pela literatura, sendo o ideal valor inferior a 10%15, e há muitos serviços que conseguem taxas ainda mais inferiores, como em estudo de Leão et al.34 que encontrou a média de 7,8% de resto-ingestão e de 5,83% em pesquisa de Augustini et al.35. Dois estudos conduzidos na mesma UAN pesquisada avaliaram o resto-ingestão durante sete dias, Moura et al.36 encontrou a média de 11,17% (±2,64), já em pesquisa de Amorim37 a média encontrada foi de 12,68% (±6,07). Amorim37 justificou o elevado percentual de resto-ingestão em seu estudo, devido ao cardápio ter oferecido, em três dos sete dias de coleta, preparações com carne enlatada que não são bem aceitas pelos comensais, podendo ser um dos fatores para a diminuição do resto-ingestão desta pesquisa, pois dos 25 dias de análise apenas 7 foram oferecidos carne enlatada, mostrando que está havendo uma preocupação na substituição deste item da merenda escolar. Segundo Campos et al.38 que encontrou elevado percentual de resto-ingestão (31%) em escolas, ações como monitorização das quantidades distribuídas e a avaliação da satisfação dos comensais em relação as preparações com o aspecto, textura e temperatura dos alimentos servidos podem ser úteis para descobrir os índices de resto-ingestão elevados, pois um cardápio e preparações que não agradam induzem ao desperdício. Por isso, é fundamental adaptar estratégias que contribuam para a diminuição do desperdício através de educação alimentar e oferecer uma maior variedade, capacitações aos funcionários e um ambiente acolhedor39,38. Conclusão O método AQPC é uma ótima ferramenta para auxiliar o nutricionista na análise da qualidade das refeições, pois o ser humano não consome somente os nutrientes e sim os atrativos que uma refeição tem a oferecer. Um fator positivo foi a oferta de folhosos todos os dias, mas é necessário um cuidado maior na oferta de alimentos sulfurados, pois pode acarretar na diminuição do rendimento dos estudantes pelo desconforto abdominal e na distribuição de cores no buffet aumentando a variedade de nutrientes disponíveis em uma única refeição e o estímulo ao consumo de hortaliças. Um dado preocupante é a pequena oferta de frutas, dos 25 dias de análise apenas 1(um) foi ofertado, o que seria indispensável aos governos repensarem para uma oferta mais frequente de frutas, em substituição aos doces já que a oferta deste é alta, principalmente aos alunos que ficam em regime de internato que acabam realizando todas as refeições do dia no colégio. A substituição, pelos governantes, da carne enlatada pela in natura, pois é baixa a aceitabilidade da carne enlatada, além das elevadas quantidades de sódio e demais conservantes que contribuem para o aumento das doenças crônicas não-transmissíveis. A redução do consumo de sódio é uma das diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira. Com relação ao método de cocção do prato principal, as técnicas mais saudáveis preconizadas são seguidas, mas existe uma monotonia das preparações, principalmente com o assado. O índice resto-ingestão foi o menor, em comparação aos estudos anteriores realizados na mesma UAN, talvez pela baixa ocorrência da oferta de carne enlatada, mas ainda faz-se necessário campanhas de conscientização do desperdício de alimentos. Referências Bibliográficas 1. Proença RPC, Sousa AA, Veiros MB, Hering B. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições. Rev Nutrição em Pauta 2005; 13(75): 4-16. 2. Fernandes AC et al. A opinião dos comensais sobre a refeição servida em uma Unidade de Alimentação e Nutrição sob a ótica do saudável. Rev Nutrição em Pauta 2009; 99 [online]. 3. Proença RPC, Sousa AA, Veiros MB, Hering B. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições. 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[Trabalho de Conclusão de Curso] Guarapuava (PR): UNICENTRO; 2010. 38. Campos V, Viana I, Rocha A. Estudo dos desperdícios alimentares em meio escolar. Rev Nutrição em pauta. 2011; 19(109):60-64. 39. World Health Organization. Food and nutrition policy for schools. A tool for the development of school nutrition programs in the European region. 2006. ANEXOS E APÊNDICES Anexo 1 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) Dia: Folhosos Cores Iguais Ricos em S Fruta Análise cocção prato principal ( ) Assado ( ) Grelhado ( ) frito Carne enlatada ( ) fervura Fritura Doce Doce+Fritura ( )cocção a vapor ( ) Ensopado *Adaptado de adaptado de: Veiros MB. Análise das condições de trabalho do nutricionista na atuação como promotor de saúde em uma Unidade de Alimentação e Nutrição: um estudo de caso. [dissertação mestrado] Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2002. Veiros MB, Proença RPC. Avaliação qualitativa das preparações do cardápio de uma Unidade de Alimentação e Nutrição – Método AQPC. Rev Nutrição em Pauta 2003; 11(62): 36-42. Anexo 2 % Resto Ingestão= peso do resto X100 / peso da refeição distribuída Peso do resto: Peso do cesto do lixo: Peso da refeição distribuída: Peso dos recipientes: Peso sobras Buffet: Peso ossos e cascas: Vaz CS. Restaurantes: controlando custos e aumentando lucros. Brasília; 2006. Apêndice 1 SEMANA 1 28-03-11 Alface Roxa Repolho branco cru ralado Couve-flor cozida Cenoura crua ralada Quibebe de abóbora Feijão Preto Rizoto de frango(merenda) Mandioca cozida Lanche: Bolo de fubá 29-03-11 Alface crespa Rúcula Repolho branco cru ralado Cenoura crua ralada Arroz branco Feijão preto Lentilha Macarronese Mandioca frita Couve refogada Carne suína assada Lanche: Biscoito salgado Chá 30-03-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Rúcula Salada de atum e ovo cozido Arroz branco Feijão preto Batata refogada Carne bovina enlatada refogada Lanche: pavê de bolacha 31-03-11 Alface crespa Rúcula Repolho branco cru ralado Nabo cru ralado Rabanete cru ralado Chuchu cozido com cheiro verde Cenoura crua ralada Arroz branco Feijão preto Virado de feijão Macarrão alho e óleo Carne de coelho frita Lanche: Canjica 01-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Nabo cru ralado Chuchu cozido com cheiro verde Couve-flor cozida Salada de atum Arroz branco Feijão preto Quirera Carne suína assada Lanche: mingau de aveia SEMANA 2 04-04-11 Alface crespa Rúcula Salada de sardinha Quibebe de abóbora Arroz branco Feijão Preto Rizoto de frango(merenda) Sopa canja de galinha Lanche: Bolo de fubá 05-04-11 Alface crespa Almeirão picado Chuchu cozido com cheiro verde Arroz branco com ervilha Feijão preto Macarrão a bolonhesa Cuscuz de berinjela Coxa e sobre coxa assada Lanche: Canjica 06-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Beterraba cozida Chuchu cozido com cheiro verde Salada de sardinha Berinjela ao molho branco Arroz branco Feijão preto Lentilha Quirera Carne suína assada Lanche: pudim com calda de caramelo 07-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Beterraba cozida Chuchu cozido Arroz branco com ervilha Feijão preto Mandioca cozida Picadinho de carne bovina refogado Lanche: Iogurte com granola 08-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido Nabo e cenoura cozidos com molho branco Salada de atum Arroz branco Feijão preto Macarrão ao alho e óleo Coxa e sobre coxa assada Lanche: Sagu de vinho 14-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido Milho verde cozido Arroz branco Feijoada Farofa Couve refogada Lanche: Pavê de bolacha 15-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido com cheiro verde Salada de atum Arroz branco com ervilha Feijão preto Mandioca cozida Macarrão ao sugo com pimentão Carne suína assada Lanche: Biscoito doce com chá SEMANA 3 11-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Chuchu cozido com cheiro verde Arroz branco Feijão Preto Quirera Farofa de berinjela Carne suína enlatada assada Lanche: sagu de vinho 12-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Chuchu cozido Beterraba cozida Salada de pescado Arroz branco Feijão preto Quibebe de abóbora Farofa de berinjela com frango Empada de frango enlatado Lanche: Canjica 13-04-11 Alface crespa Almeirão cru picado Chuchu cozido com cheiro verde Salada de atum Arroz branco com ervilha Feijão preto Macarronese Coxa e sobre coxa assada Lanche: Biscoito doce com chá SEMANA 4 18-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Rabanete cru ralado Chuchu cozido com cheiro verde Arroz branco Feijão Preto Batata refogada Carne bovina enlatada refogada Lanche: bolo de cenoura 19-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido com cheiro verde Salpicão com granola Requeijão com cheiro verde Arroz branco com ervilha Feijão preto Lentilha Carne suína assada Lanche: Canjica 20-04-11 Alface crespa Almeirão cru picado Rúcula Rabanete cru ralado Repolho branco cru ralado Chuchu cozido com cheiro verde Salada de atum com cebola Arroz branco com ervilha Feijão preto Macarrão ao sugo Coxa e sobre coxa assada Lanche: Sagu 25-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido com cheiro verde Arroz branco Feijão preto Lentilha Macarrão ao sugo com salsicha Carne suína frita Lanche: Biscoito doce com chá 26-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Almeirão cru picado Chuchu cozido com cheiro verde Arroz branco Feijão preto Polenta Couve refogada Carne moída refogada Lanche: cuca de goiabada com chá 02-05-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Beterraba cozida com cebola Arroz branco com ervilha Feijão preto Lentilha Macarrão ao sugo Quibebe de abóbora Carne suína enlatada assada Lanche: Banana 03-05-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Requeijão com cheiro verde Arroz branco Feijão preto Mandioca cozida Sopa canja de galinha Picadinho bovino refogado Lanche: canjica SEMANA 5 27-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Arroz branco com ervilha Feijão Preto Macarronese Coxa e sobre coxa assada Lanche: sagu 28-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Brócolis cozido Beterraba cozida com cebola Arroz branco Feijão preto Macarrão ao sugo Quibebe de abóbora Carne suína assada Lanche: Iogurte com granola 29-04-11 Alface crespa Repolho branco cru ralado Beterraba cozida com cebola Arroz branco com ervilha Feijão preto Bolinho de arroz frito Picadinho bovino refogado Lanche: Biscoito doce com chá