comissão - Câmara dos Deputados

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CÂMARA DOS DEPUTADOS
GABINETE DO DEPUTADO FEDERAL CESAR COLNAGO
Pronunciamento do Deputado Cesar
Colnago na Sessão de
de julho de
2011.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores deputados,
Há 17 anos era lançado o Plano Real em nosso país. Até julho de 1994
tínhamos uma inflação de 815,60%. Após o plano o primeiro registro de inflação
sob a nova moeda foi de 6,08%, um recorde mínimo em muitos anos. O Plano
Real constituiu-se num programa definitivo de combate à hiperinflação. O único
dos planos de estabilização econômica do Brasil nas últimas décadas a se
concretizar com sucesso inquestionável.
Quis Deus e o destino que um dia depois de comemoração por mais um
aniversário do Real, o Brasil perdesse o principal avalista da estabilidade
econômica e social do país, o ex-presidente Itamar Franco, que lançou no seu
governo o Plano conduzido pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique
Cardoso e sua equipe. É importante rendermos homenagens a esses dois
grandes brasileiros. O ex-presidente Fernado Henrique completou 80 anos no
último dia 30 de junho.
A taxa de inflação mensal no início de 1994 rondava os 40%. Mantido
aquele patamar, teríamos como resultado uma inflação anual de 5.500%. Com a
estabilidade, melhorou a distribuição de renda, aumentou o ganho dos
trabalhadores e diminuiu a proporção de pobres no país.
Apesar de todos os problemas que enfrentamos nos anos seguintes, essas
conquistas foram preservadas. Nos dois primeiros anos do Plano a renda dos
10% mais pobres dobrou. O salário mínimo teve aumento real e mais pessoas
passaram a receber os benefícios da assistência e da previdência social, como a
aposentadoria rural, essa sim a maior fonte de distribuição de renda no país. O
investimento nessas áreas foi crucial para reduzir a indigência. A concentração de
renda foi atenuada.
Mais pessoas também passaram a consumir graças à
melhoria da renda garantida pela estabilização econômica.
O Real colocou o Brasil em condições de competir numa conjuntura de
economia globalizada. Antes da estabilidade estávamos fora da rota de
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investimentos
estrangeiros
e
mal
conseguíamos
honrar
com
nossos
compromissos. O setor produtivo ganhou mais depois da estabilização.
O Real também afetou positivamente as contas dos governos, que se
tornaram mais transparentes. Com a moeda estável, e a Lei de Responsabilidade
Fiscal erros ou escândalos nas finanças públicas não puderam mais ser
escondidos ou maquiados pela inflação galopante.
No entanto, vemos hoje a capacidade de crescimento do país debilitada.
As perspectivas colocadas diante das gestões do Brasil em tempos de crise e a
incapacidade dos governos Lula e Dilma de aprofundar as reformas estruturais
necessárias à nossa consolidação como país de economia estável vem
disseminando o temor da volta da inflação na vida da família brasileira.
O brasileiro teme mais a volta da inflação do que a violência urbana ou o
desemprego, segundo pesquisa Pulso Brasil divulgada recentemente pela
Federação das Indústrias de São Paulo. O questionário da pesquisa trouxe a
seguinte pergunta: ‘O que faria você perder o sono?’ Do total de entrevistados,
26% escolheram a alternativa ‘a volta da inflação’, 23% ‘a violência urbana’, 20%
‘o desemprego’, 10% ‘a saúde pública’ e 7% ‘o aumento de novas taxas e
impostos’. Quando se considerou respostas múltiplas - o entrevistado pode dar
mais de uma resposta - a inflação foi citada como um dos maiores problemas por
42% dos entrevistados, atrás da violência urbana (66%), saúde pública (51%) e
desemprego (46%). Outros 24% citaram o aumento de novas taxas e impostos.
Na avaliação por classe social, a inflação é o principal fator de temor nas
classes AB (36%) e C (25%). No agregado das classes D e E, desemprego foi o
mais citado, com 32% do total; a volta da inflação foi citada por 14%.
Nossa expectativa e a de que o governo busque alternativas para combater
o mal maior da inflação. Todavia entendemos não caber adoção de medidas cada
vez mais conflitantes. Com a escalada de preços, o governo do PT, infelizmente,
parece disposto a colocar o Brasil na incômoda companhia de países onde o
descontrole econômico é total e o poder do Estado tornou-se tentacular, como a
Venezuela.
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