1 CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM Daniela Anselmo Garcia Gabriel O Papel do Jogo no Desenvolvimento da Criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade SÃO PAULO 2009 2 CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM Daniela Anselmo Garcia Gabriel O Papel do Jogo no Desenvolvimento da Criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade Monografia apresentada como parte dos requisitos para aprovação no Curso de Especialização Lato Sensu em Distúrbios de Aprendizagem e submetida ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação do Prof. Ms.Eduardo Anselmo Garcia. 3 Dedico este trabalho a aquele que despertou em mim o interesse em saber mais sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, Guilherme Santiago, que com sua energia e vivacidade inspirou minha pesquisa. 4 Agradecimentos Aos meus colegas de profissão, que como educadores me ajudaram a superar as dificuldades e as dúvidas no dia-a-dia da sala de aula. À minha família por terem entendido as ausências e me darem o apoio que tanto precisava. 5 Resumo: O Papel do Jogo no Desenvolvimento da Criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH O presente trabalho vem apresentar o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH, bem como suas causas, diagnóstico, tratamento e possíveis atividades a serem desenvolvidas com as crianças portadoras deste transtorno. Pretende-se também, mostrar como os jogos podem ser importantes na aprendizagem destas crianças, ajudando-as em suas dificuldades e necessidades especiais. Sabe-se que o ser humano tem nas atividades lúdicas e nos jogos, o benefício da diversão e do prazer, sem desprezar na verdade a aprendizagem, que é uma consequência. Através dos jogos desenvolvemos as habilidades, conhecemos nossa cultura local, refletimos sobre ela e podemos até modificar nossa história de vida, tornando-nos autores dela. Através da imaginação, ultrapassamos a realidade, transformando-a em uma melhor possibilidade de vida social, intelectual, emocional, motora e acadêmica. Ao incluírem-se brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica dos portadores de TDAH, pode-se desenvolver as habilidades sociais, que são de extrema importância para estas crianças. Trabalhar com jogos na sala de aula, onde crianças ditas normais vão interagir com as crianças portadoras de TDAH é uma ferramenta acessível ao professor que busca novas metodologias para cativar seus alunos e fazer da aprendizagem um momento de alegria e prazer. Palavras Chaves: Déficit de Atenção – Hiperatividade – Jogos - Aprendizagem 6 Abstract: The Role of Play in the Development of Children with Attention Deficit Disorder and Hyperactivity - ADDH This work will present the Attention Deficit Disorder with Hyperactivity and its causes, diagnosis, treatment and the possible activities that can be made with the children with this disorder. We want to also show how the games can be important in learning of these children, helping them in their difficulties and special needs. It is known that human beings have in playful activities and playing games the benefit of fun and pleasure, without despise the learning, which is a consequence. Through the games the development of skills, better know of local culture, reflect on it and can even change our life story, making it the perpetrators of it. Through the imagination we exceeded the reality, transforming it into a better chance of social life, intellectual, emotional, motor and academic. When we include games and toys in the teaching of individuals with ADDH, their social skills will be developed, which is extremely important for these children. Working with games in the classroom, where normal and ADDH childrens will interact is a handy tool for teachers seeking new methods to engage their students and make learning a time of joy and pleasure. Key Words: Attention Deficit – Hyperactivity – Play – Learning 7 Índice Introdução ............................................................................................................. 08 Objetivo Geral ..................................................................................................... 09 Objetivos específicos .......................................................................................... 10 Metodologia ........................................................................................................ 10 Resultado e Discussão 1- O Professor e a Criança com TDAH.............................................................. 11 1.1- Abordagem Histórica: O professor de ontem e o de Hoje........................ 11 1.2- O professor no Brasil ............................................................................... 17 2 – A Criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)... 21 2.1- Diagnóstico do TDAH............................................................................... 23 2.2- Os Sintomas do TDAH ............................................................................ 24 2.3- O Diagnóstico do TDAH.. ........................................................................ 26 2.4- O Tratamento do TDAH .......................................................................... 29 3 – O jogo e a criança com TDAH........................................................................ 32 3.1- A Função do Jogo no Tratamento do TDAH........................................... 38 Conclusão ........................................................................................................... 44 Referências bibliográficas .................................................................................... 47 8 Introdução A ludicidade na infância consegue manter a espontaneidade, expansividade e a expressão do desejo, da alegria, da fantasia, da coragem, do risco, da aventura, que vai perdendo a vitalidade, na adolescência, na medida em que o aluno vai sendo conduzido, nas aulas sob comando, com gestos padronizados da prática dos desportos, sem muito questionamento, possibilidade de recriação e de tomada de decisão. Sua importância nas escolas é inegável, pois não existe uma atividade que consiga integrar, interessar e concentrar mais as crianças, em torno do que estão realizando do que os jogos, os brinquedos e as brincadeiras. Os jogos levam a criança à livre imaginação para o brincar, o criar e o recriar, na busca da expressão individual e do grupo. É fundamental assegurar à criança um tempo e um espaço para que o lúdico seja vivenciado com intensidade. A brincadeira permeia todas as ações como jogo simbólico e é através dela que a criança se compreende, compreende o outro e o meio social em que vive. Através dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo mais feliz e fraterno. Quando unimos os jogos às crianças com TDAH, criamos mecanismos de superação e valorização desta criança, pois é através dele que elas conseguirão aprender, conhecer, examinar, criar, recriar e conhecer o mundo, o outro e a si mesmas. Com sua agitação e desconcentração, sabe-se que é difícil sua adaptação na escola e os fazeres a ela pertinentes, mas a observação do profissional que vai trabalhar com essas crianças deve ser minuciosa, para um real diagnóstico, não confundindo ou acreditando em sintomas isolados, mas analisando tudo o que se observou para um encaminhamento correto, pois nem todas as crianças agitadas e indisciplinadas são necessariamente portadoras de TDAH, não precisando, portanto, de tratamento e medicamentos, mas da presença de adultos comprometidos com a sua formação e desenvolvimento. 9 Muitos lares não têm valorizado características comportamentais como a disciplina. É essencial que crianças ou adolescentes tenham seus limites claramente definidos. Portanto, devem-se investigar todos os fatores que possam estar contribuindo para comportamentos inadequados na vida da criança, diferenciando indisciplina de hiperatividade. Neste trabalho, o jogo é concebido como uma atividade fundamental da infância de crianças ditas normais e das portadoras de TDAH, observando-se a interrelação dos processos que envolvem este mecanismo, envolvendo a cognição, o afeto e a linguagem, bem como a memória das situações vividas. A imaginação é o foco central desta atividade, presente no jogo de faz-de-conta, que envolve situações fictícias e imaginárias, com a criação de personagens e situações diversas. Nossa intenção é contribuir com a reflexão sobre o papel construtivo que o jogo tem no desenvolvimento da criança. Esse papel é, sem duvida fundamental na vida das crianças portadoras de TDAH, permitindo o desenvolvimento da iniciativa, da imaginação, da criatividade e do interesse, além de estimular as habilidades que nelas precisam de aprimoramento. Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é apresentar algumas pesquisas e reflexões sobre a importância do jogo no desenvolvimento da criança com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade - TDAH e como essa metodologia de trabalho pode auxiliar a criança a superar suas dificuldades sociais, motoras, intelectuais, emocionais e acadêmicas. 10 Objetivos específicos Temos como objetivos específicos deste trabalho: - reconhecer a importância do jogo e do lúdico na vida da criança com TDAH; - conhecer encaminhar os casos de TDAH observados na sala de aula e como devem ser feitas estas observações; - incentivar o uso dos jogos e das brincadeiras no auxílio das crianças portadoras de TDAH para que superem suas dificuldades. Metodologia Utilizaremos como metodologia de pesquisa, a técnica de documentação indireta, através de leitura e levantamento bibliográfico sobre o tema através de diversos autores, usando a metodologia da Análise de Conteúdo. Serão consultados livros, sites da Internet e artigos de revistas especializadas. Resultado e Discussão: 11 1- O Professor e a Criança com T.D.A.H. A escola, representada pelo professor, conhece o dia-a-dia de seus alunos, e principalmente sabe os que têm dificuldades de aprendizagem, o que já é um ponto positivo, mas não basta apenas conhecê-los, é necessário deixar-se de lado o preconceito que cerca esse assunto. O professor deve buscar alternativas para facilitar o dia-a-dia da criança com dificuldade de aprendizagem e principalmente a criança com T.D.A.H. (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), que é o tema desta pesquisa. Quanto mais tempo se passar, mais difícil será para o professor lidar com este aluno e atender suas necessidades especiais de aprendizagem, portanto, estudar, entender sobre o assunto é essencial. O professor deve estar capacitado para este e outros tipos de dificuldades de aprendizagem, pois hoje em dia, ele encontrará cerca de 25% de sua classe com algum tipo de dificuldade. É claro que discutir a capacitação do professor e sua competência teórica para lidar com as dificuldades nos remete a um passado remoto, onde o professor era um profissional muito diferente do que conhecemos hoje. Para isso, vale uma reflexão histórica sobre este profissional da educação. 1.1- Abordagem Histórica: O professor de ontem e o de Hoje Vive-se hoje tempos de conflitos e grandes transformações. A tecnologia, as informações, as novas descobertas são mais rápidas do que nosso entendimento, muitas vezes e o professor deve sempre estar atualizado, procurando buscar informações e novos conhecimentos para que seja um profissional excelente. 12 Nestes tempos de incerteza, faz-se necessário repensar o papel do profissional da educação, especificamente, do professor. Segundo Gadotti (1998): Faz-se mister que o professor se assuma enquanto um profissional do humano, social e político, tomando partido e não sendo omisso, neutro, mas sim definindo para si de qual lado está, pois se apoiando nos ideais freireanos, ou se está a favor dos oprimidos ou contra eles. Posicionandose então este profissional não mais neutro, pode ascender à sociedade usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma consciência crítica que supere o senso comum, todavia não o desconsiderando. (Gadotti, 1998:56) Não é possível falar em professor, sem falar-se de educação e todo o envolvimento social que ela apresenta. Para se conhecer o papel e a visão do professor, faz-se necessário falar de como a educação evoluiu no decorrer dos séculos, para que possamos entender assim, o professor e sua formação. Quando nos remetemos à pré-história, entendemos que desde lá a educação existia. Ela era feita através da repetição de comportamentos considerados corretos e desejáveis, escolhidos pelos líderes das sociedades tribais da época. Essas sociedades eram extremamente tradicionalistas, cercadas de crenças, mitos e lendas. Portanto, os primeiros professores eram os adultos mais antigos, que com paciência ensinavam aos mais jovens, sempre respeitando o ritmo de cada um deles. Através de sociedades homogêneas, o saber era transmitido a todos, sem distinção, proporcionando igualdade de conhecimento à sociedade inteira. Com o aparecimento da escrita as transformações sofridas por esta sociedade foi brutal. De homogênea, passou a ser dividida em classes, aparecendo assim os escravos, mas ainda não deixando de lado os mitos, as religiões e as tradições, que continuaram a ser transmitidas pelos mais velhos, mas agora pelos de uma classe mais elevada, pois eram os que já sabiam escrever. Surge aí uma divisão da educação dos jovens das sociedades tribais, pois uns eram educador para o trabalho e outros eram educados para administrar a sociedade, sempre respeitando as tradições e a religião. Esta prática educativa 13 perdeu força na Grécia clássica, onde se inicia a separação entre a razão humana e a razão divina. Segundo Aranha (1997):"...razão autônoma, da inteligência crítica e pela atuação da personalidade livre, capaz de estabelecer uma lei humana e não mais divina." (ARANHA, 1997:44). Como nomes de destaque na influência do pensamento medieval, temos três nomes que merecem destaque como professores e discipuladores. Iniciaremos com Sócrates, que defendia o intelectualismo ético, através dos conceitos morais, acreditando que a maldade vinha através da ignorância. Foi o professor de Platão, que se tornou um discípulo fiel a suas idéias. Platão apesar de ser discípulo de Sócrates acreditava que o verdadeiro conhecimento vinha das idéias e que a opinião de cada indivíduo era o conhecimento sensível de cada um. Ele foi professor de Aristóteles. Aristóteles foi contrário aos ideais de seu mestre e professor, criando a lógica formal, com a defesa de diálogos e de mecanismos de persuasão. Percebemos aí a grande importância do papel e da postura do professor da época, que era o influenciador das idéias de seus alunos ou discípulos. Mais uma vez, vemos o professor como aquele mais preparado para exercer essa função, com mais conhecimento teórico, sendo capaz de fazer a ligação entre a teoria e a prática. Os sofistas foram os primeiros que verdadeiramente tornaram o professor um profissional, sistematizando a educação das elites e denominando qual seria o papel deste profissional. Sua maior preocupação era com o ensino das técnicas, cidadania e a arte de ser cidadão. A meta dos sofistas, enquanto professores era obedecer as convenções, pois soa ao professor cabia ensinar aos alunos como ser um bom expositor de idéias nas assembléias, ensinando a ter sucesso usando a palavra como um meio de persuasão. As virtudes não faziam parte de seu conteúdo. Acreditavam que elas poderiam ser defendidas, modificadas, de acordo com o que fosse conveniente para o momento, desde que fosse lucrativo. Os filósofos eram contra os sofistas, pois 14 acreditavam que estas virtudes eram imutáveis. Acreditavam que os sofistas só pensavam em quem pudesse pagar-lhes para ensinar. Chauí (1994), nos mostra que nos textos de Platão, Sócrates dizia que: Não se pode separar virtude e ciência, virtude e saber, virtude e razão; a virtude é uma forma de conhecimento (a mais alta) e não um simples modo de agir em acordo com convenções. Agimos virtuosamente porque sabemos o que é a virtude. (Chaui, 1994:154). Essa idéia era chamada de paidéia, ou a formação, que era aprendida após um longo tempo de aprendizagem, segundo Platão. Já na época do domínio romano, vê-se a cultura e o pensamento gregos serem incorporados pelo Império, assim, o Estado influencia o ensino, atendendo as necessidades da máquina estatal romana. Surge o ensino superior, com um maior destaque para o curso de Direito. Os professores da época podiam usar de castigos corporais para castigar os alunos indisciplinados ou os que não aprendiam corretamente. O método utilizado era o de memorização, mas de maneira maciça e penosa. Os aspectos literários e retóricos da cultura grega eram ensinados, como também a busca da essência humana e o verdadeiro conhecimento da ciência. Surge aí o catolicismo, tornando-se a religião oficial de Roma, tornando-se a grande responsável pela mudança na aprendizagem do pensamento grego. Com as invasões bárbaras, o império Romano é dividido, mas o catolicismo continua sendo a religião do povo e dos reis bárbaros, que se convertem. A busca do conhecimento como deixa de ser uma atividade social e passa ser uma mera formadora do clero, satisfazendo as necessidades do Estado, desinteressando até mesmo a nobreza. Os professores passam a ser os monges que se tornam os únicos detentores do saber. Renasce a filosofia para entender as coisas de Deus, defendida por Santo Agostinho, fazendo renascer o pensamento platônico de que o verdadeiro conhecimento vinha de Deus. 15 No século VIII, Carlos Magno reestrutura a educação, fazendo renascer o modelo romano, sendo adotado nas escolas monásticas, nas catedrais e nas paróquias, desenvolvendo assim a escolástica, que era a filosofia cristã adaptada às escolas chegando a seu ápice no século XIII. No século XI, o comércio se expande e a leitura, a escrita e o cálculo passam a ser necessários, além de outros conhecimentos práticos, pertinentes ao comércio. O plano educacional é modificado. Surgem os professores leigos, ensinando atividades da vida prática, ministrando noções de história, geografia, ciências naturais, latim, que era a língua local, até então pouco valorizada. A cultura é difundida através da imprensa e com a descoberta da pólvora, inicia-se um maior contato com outras culturas, criando nos alunos uma visão de mundo estendida. A educação torna-se estratégia da reforma da igreja e Lutero defende a interpretação dos textos bíblicos, através da educação universal e pública, condenando os castigos corporais. O Papa, tentando defender-se da reforma cria a Companhia de Jesus, que se torna responsável em divulgar a fé através da educação. Surgem os jesuítas, chegando a ter 699 colégios espalhados pelo mundo. Os jesuítas tinham uma flexibilidade nos relacionamentos, aprendiam das novas culturas, mas não deixando de lado o conservadorismo medieval. As crianças são separadas dos adultos nas escolas, o que não acontecia na Idade Média, para que fossem protegidas das más influências deles. A crítica e a liberdade tomam força, contrapondo-se ao autoritarismo. O conhecimento científico é retomado, permitindo uma propagação sem limites do conhecimento humano. Surgem as descobertas de Gutemberg na imprensa, que ajudaria nessa propagação. No século XVII, o conhecimento é propagado a todos e a busca da ciência, em oposição a Deus torna-se prioridade nas escolas. Surgem as academias, para 16 competirem com as universidades escolásticas. As descobertas científicas tornamse relevantes na história, na sociedade e na educação. Galileu Galilei valoriza a experiência, propondo uma nova ciência, chamada de ciência moderna, onde ela passa de contemplativa para o domínio da natureza. Com Newton, este trabalho é expandido através da matemática e a ciência une-se à técnica, antes desvalorizada por causa dos trabalhos escravos. Os professores precisavam ser técnicos, contrários ao perfil desenvolvido pelo método escolástico. Surge a pedagogia realista, que busca metodologias que tornem a aprendizagem prazerosa e eficaz, valorizando o humano e o técnico. Comênio, pedagogo e pastor protestante, escreve sobre novas técnicas de ensino, defendendo a escola democrática, voltada para a vida, onde todos teriam o direito à aprendizagem. Partido do mais simples para o mais complexo, do concreto para o abstrato, valoriza o método e a organização do conhecimento, através de uma estruturação racional de tempo de estudo, exigindo dos professores o planejamento, um programa de estudos, um cuidado com o material didático. O professor é valorizado e passa a ser um guia no processo de aprendizagem. Depois da Revolução Industrial, Diderot, Rousseau e Giambattista Vico, revolucionam a pedagogia, defendendo o aluno e não o professor, fazendo com que ele se torne o centro do processo educacional. Defendiam o conhecimento sensível antes do intelectual. A educação passa a ter uma ordem, onde a razão, a ser desenvolvida pelo aluno deveria antepor a moral e a religião. Cultivam a curiosidade como estimulo na aprendizagem e defendem a idéia de que a criança não era uma miniatura de adulto. Kant, discípulo de Rousseau, acredita que o conhecimento humano era gerado pela experiência, onde o professor deveria criar no aluno autonomia e liberdade, moldando assim a moral e formando o homem. A disciplina deveria ser voluntária, consciente, sempre buscando os objetivos de cada aluno e da sociedade. Surge a massificação e o estado fica responsável por ela. Divide-se o ensino secundário entre clássico , onde o aluno era preparado para o ensino superior e 17 técnica, voltado para a indústria. As escolas politécnicas são reformuladas, surgindo o ensino tecnológico. Com Pestalozzi a educação passa a ser vista com uma função social e o professor passa a ser estimulador do desenvolvimento do aluno. Já Johann Herbart une a psicologia experimental à pedagogia, privilegiando o conhecimento que o professor transmitia ao aluno. Critica a desvalorização da instrução de Rousseau e o ensino tradicional, que ensinava coisas inúteis. O professor passa a transmitir seus conhecimentos através de aulas expositivas. A educação se aproxima da atual, onde o rigor metodológico e técnico procura fugir das escolas escolásticas, com um ensino mais humano e nacional. A educação passa a ser responsável pelo bem-estar social, a estabilidade o progresso e a capacidade de transformação da sociedade. A educação tradicional passa a sofrer as influências do pensamento positivista. Durkein impõe à sociedade a idéia de comportamentos socialmente desejáveis, sendo o professor responsável pela aprendizagem destes comportamentos. Surge a teoria do reforço, do condicionamento através do behaviorismo, onde o ensino era programado, pensando-se até na ausência do professor, criando-se máquinas de ensinar. 1.2- O professor no Brasil No Brasil, a despeito do mundo, várias foram as influências sofridas desde o domínio por Portugal, com o descobrimento do Brasil em 1500. Os jesuítas eram os professores, que mantinham uma educação conservadora, em contraposição à tendência européia do renascimento. O conteúdo era escolástico, muito longe da realidade. Os membros da aristocracia colonial tinham seus preceptores particulares, que eram professores altamente capacitados 18 para ensinar a elite, que eram enviadas à Universidade de Coimbra para cursarem o nível superior. Em 1759, os jesuítas são expulsos do Brasil e a educação passa por uma fase de decadência, terminando com a vinda da família real e parte da corte portuguesa ao Brasil em 1808. Mudanças estruturais são feitas na educação e a indústria e o comércio crescem. Com a revolução de 1930 a aristocracia rural perde a força. Surgem as instituições de ensino superior para os militares e a formação de profissionais liberais. Como no período colonial a educação era tradicional e escolástica, em 1834 a constituição determina que as escolas secundárias públicas dividem espaço com as escolas particulares. Os professores passam a ter formação técnica, através das escolas normais que não possuía pressupostos pedagógicos suficientes e eficazes. Em 1890, Benjamim Constant, professor e Ministro da Instrução estabelecem o estudo científico e os princípios positivistas no ensino primário e secundário. Combatidas pela elite dominante, sua implantação é dificultada. Após a primeira guerra mundial, Dewey e o movimento da escola nova influenciam os intelectuais brasileiros e alguns jovens intelectuais reformam a escola no Brasil. Como foi dito anteriormente, com a revolução de 1930 surgem três correntes educacionais no Brasil: a pedagogia nova, da burguesia; a pedagogia tradicional, da aristocracia e a pedagogia libertária, ligada ao socialismo. As universidades tornamse muito parecidas com o modelo atual e os professores passam a ter formação pedagógica superior. O ensino básico, chamado de primário era tratado com descaso e a educação era feita, preferencialmente para a elite. Segundo Catani, in Lopes (2000): Os educadores da Escola Nova respondem com o Manifesto dos Pioneiros da Educação de 1932, onde defendem a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como dever do Estado em programa de âmbito nacional, bem como criticam a escola dualista. No entanto, a prática é restrita e o 19 debate educacional acaba se ocupando mais com aspectos técnicos do que sociais.(Catani in Lopes, 2000:590) Na década de 40, surge o ensino industrial, com o advento do SENAI, em 1942 e o ensino comercial, com a criação do SENAC, em 1946. Em 1961 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), onde se iniciam os debates sobre a educação brasileira, criticando a educação feita para as elites, particulares e as tradicionais escolas católicas. Mesmo com as mudanças propostas pela LDB, nada na verdade muda, pois a estrutura educacional e o sistema econômico brasileiro não permitem. Com a urbanização e a industrialização dos anos 50, o mercado de trabalho exige um novo profissional, assim a escola passa a ser valorizada pela sociedade através da alfabetização, tornando-se um direito social. Paulo Freire, um dos mais importantes pedagogos brasileiros, desenvolve a Pedagogia do Oprimido, afirmando: Os privilégios de uns, opressores, impedem a maioria, oprimidos, de usufruir os bens produzidos. Para ele a vocação humana de ser mais é negada na injustiça, na exploração, na opressão, na violência dos opressores, mas afirmada no anseio de liberdade, de justiça, de luta dos oprimidos, pela recuperação de sua humanidade roubada. (FREIRE, 1980). Na ditadura militar, Paulo Freire é exilado por tentar conscientizar a população da importância da alfabetização, indo para o Chile, onde auxilia o país a obter a distinção em superação do analfabetismo pela UNESCO. Os professores, alunos e funcionários das escolas eram proibidos de fazer manifestações políticas e o currículo é modificado, sendo introduzidas as matérias Educação Moral e Cívica, para o nível primário, Organização Social e Política Brasileira, para o secundário e Estudos dos Problemas Brasileiros para o nível superior. O professor perde sua autonomia e torna-se autoritário, como o sistema político brasileiro. O ensino passa a ser massificado e recebe ajuda financeira dos Estados Unidos, para atender as necessidades da indústria. 20 Com o fim da ditadura militar iniciam-se os debates democráticos e surge a escola nova. Num resumo histórico brasileiro, vemos o professor com diversos papéis frente à educação e aos seus alunos. Viana (2008) divide em tendências a história da educação brasileira e a postura do professor: a) Tendência Liberal Tradicional: O professor é autoritário, transmite o conhecimento, que deve ser absorvido pelo aluno e exerce uma rígida disciplina sobre os mesmos. b) Tendência Renovada Progressista: O professor tem lugar privilegiado, onde a disciplina consiste na tomada de consciência do aluno para que ambos possam ter um relacionamento saudável. c) Tendência Liberal renovada Não-Diretiva: A educação é centrada e o professor é um especialista em relações humanas, onde as intervenções tornam-se ameaçadoras. d) Tendência Liberal Tecnicista: O professor estabelece uma relação com o aluno exclusivamente técnica, sendo eficiente na transmissão dos conhecimentos. Não dá espaço ao debate e às discussões. e) Tendência Progressista Libertadora: O professor e o aluno estão no mesmo nível e não existe autoridade por parte do professor. f) Tendência Progressista Libertária: O professor deve separar-se dos métodos, que se tornam ineficazes, mesmo sendo diferentes. g) Tendência Crítica-Social dos Conteúdos: O professor deve ter uma relação de troca com o aluno, onde os conteúdos devem ser estipulados pela necessidade e a realidade social do aluno. 21 2 – A Criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma dificuldade de aprendizagem mais comum do que se imagina nas escolas. Temos várias definições que aqui abordaremos de maneira ampla. Segundo Possa et all (2005): O TDAH são alterações dos sistemas motores, perceptivos, cognitivos, de comportamento, comprometendo o aprendizado de crianças com potencial intelectual adequado. (POSSA, et all, 2005:45) Percebe-se com a definição acima que o TDAH faz com que os portadores desta dificuldade façam tudo o que querem, mas a aprendizagem é muito prejudicada, pois a memória, a atenção e a concentração são habilidades muito difíceis de serem manifestadas neles. É importante ressaltar que os portadores de TDAH têm condições de aprender, tem potencial e inteligências normais, mas a falta dessas habilidades e a agitação os impossibilitam disso, além do que, estudar é algo desagradável e desconfortável. Outra definição aceitável seria a de Topczewski (2002) que afirma que: A hiperatividade é um desvio comportamental, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e de atividades, acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada. Portanto, isto incapacita o indivíduo para se manter quieto por um período de tempo necessário para que possa desenvolver as atividades comuns do seu dia-a-dia. Este padrão de comportamento se mostra incompatível com a organização do seu ambiente e com determinadas circunstâncias. Crianças e adolescentes hiperativos são freqüentemente considerados inconvenientes. (TOPCZEWSKI, 2002:33) como pessoas 22 Muitas são as definições, mas todas se interceptam numa questão: o TDAH compromete o comportamento do indivíduo que a possui de maneira significativa, interferindo em suas relações sociais, familiares e escolares. Para Smith e Strick (2001), que diz que: O TDAH é apresentado erroneamente como sendo um tipo específico de problema de aprendizagem, mas ao contrário, ele é um distúrbio de realização. As crianças com TDAH são capazes de aprender, no entanto têm dificuldade em se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas do transtorno têm sobre uma boa atuação. De 20 a 30% das crianças com TDAH apresentam problema de aprendizagem o que complica sua identificação e em conseqüência um tratamento correto. (SMITH E STRICK, 2001:21) Por apresentarem dificuldade na aprendizagem, o TDAH muitas vezes é confundido com uma criança sem limites, mal educada, disléxica, pois muitos apresentam dificuldade na alfabetização, ou com Dificuldade no Processamento Auditivo, pois não se concentram e não ouvem muitas vezes o que lhes é pedido ou explicado. Phelan (2005) afirma que: O TDAH destaca-se como característica de um desvio significativo da norma em três sintomas principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade, os quais conduzem a dificuldade permanente e de início precoce, em sua adaptação social e/ou em seu rendimento, em relação a sua idade de desenvolvimento. Nesta definição, o DSM-IV apresenta uma ênfase clara em que o TDAH deve ser avaliado em relação à idade de desenvolvimento da criança: o que é normal aos três anos de idade passa a ser anormal aos oito anos. (PHELAN, 2005:12) Os principais fatores negativos do TDAH, na vida da criança portadora são a falta de atenção e a agitação extrema, que atrapalham seu desenvolvimento físico, motor, psicológico e social. 23 O indivíduo com TDAH pode manifestar apenas a hiperatividade ou a desatenção, sendo que em alguns casos podem manifestar os dois. Uma série de mudanças na vida deste indivíduo precisam ser feitas como: reestruturação de seu ambiente, adequação alimentar, eliminar fontes de perigo, entre outras coisas. O TDAH é um transtorno neurológico que pode ou não ser acompanhado de comorbidades, ou seja, outros distúrbios associados como: ansiedade generalizada, transtorno do sono, depressão, distúrbios de linguagem, distúrbios alimentares, personalidade anti-social, baixo limite para a frustração (não aceita adiamento de recompensas), impulsividade, emotividade, excesso de atividade e outros distúrbios de aprendizagem. O convívio social entre familiares, amigos e colegas com o indivíduo que apresenta o TDAH é muito difícil e complicado, carregado de estresse por causa do comportamento inconstante e imprevisível. 2.1- Diagnóstico do TDAH Não é possível definir um diagnóstico preciso e fechado sobre TDAH. É necessário uma série de observações e informações das mais variadas fontes e lugares como: pais, professores nos mais diversos ambientes e aulas. Tudo isso com o embasamento de questionários, testes e entrevistas. Alguns sinais no desenvolvimento do indivíduo devem ser lembrados e observados, desde a mais tenra idade para se diagnosticar o TDAH. Bebês que são difíceis de acalmar ou que dormem pouquíssimo, ou tem dificuldade para dormir, são sérios indícios de TDAH. Segundo Conners (1966): Certos fatores de desenvolvimento no início da infância (o bebê difícil de acalmar ou com dificuldade para dormir) podem colocar as crianças no grupo desses problemas, pela sua intensidade ou gravidade e pela sua 24 persistência durante o processo de crescimento da criança. (CONNERS, 1966:05) O TDAH pode ser considerado um distúrbio de interação, pois as situações do dia-a-dia que o indivíduo com TDAH enfrentar vão determinar o grau de sua agitação. Certos lugares, vão causar ao indivíduo com TDAH, dificuldades de adaptação, tornando-o anti-social. Portanto, é importante observar o ambiente e os estímulos deste ambiente antes de levar um indivíduo com TDAH, pois quando ele não consegue se comportar socialmente adequado, sente frustração, e esta acarreta sentimentos de angústia e incapacidade, fazendo com que sua auto-estima abaixe, impedindo, muitas vezes o progresso. 2.2- Os Sintomas do TDAH O TDAH não se manifesta apenas em crianças na idade escolar, mas os especialistas não fecham nenhum diagnóstico antes dos cinco anos, apesar de muitas crianças apresentarem os sintomas, mas são considerados sintomas precoces, que necessitam de uma maior observação. Muitos são os casos hoje em dia de adolescentes que apresentam os sintomas do TDAH, a única diferença é que os problemas enfrentados por eles são mais intensos e maiores, principalmente quando tentam entrar na vida adulta. Para Pennington (2004): A criança com TDAH apresenta os seguintes tipos de comportamento: falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo; mudança de uma atividade para outra sem completar nenhuma delas; abandono das atividades; cometimento de erros por falta de cuidados; dificuldade em manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas; desorganização dos hábitos de trabalho; manuseio de objetos com descuido; dificuldade de pensar antes de agir; necessidade de agir rapidamente que sobrepuja sua reduzida capacidade de auto-controle; 25 realização de infrações não premeditadas; impaciência; dificuldade de protelar respostas; necessidade de responder precipitadamente; dificuldade de aguardar a vez. (PENNINGTON, 2004:44) Outra definição de sintomas vem de Pessoa (2006), que diz: Segundo a DSM-IV, de 1994, tem validade atual e os comportamentos estão distribuídos em três dimensões, ou seja, desatenção, impulsividade e hiperatividade. Na dimensão hiperatividade, foram considerados os itens: não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas; é esquecido em atividades do dia-a-dia e mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira, itens do DSM-III-R e acrescentados os comportamentos: freqüentemente se levanta na sala de aula ou em outras situações nas quais deveria permanecer sentado; com freqüência e excessivamente corre de um lado para outro em situações impróprias (nos adolescentes ou adultos pode ser decorrente de sentimentos subjetivos de agitação); parece estar, freqüentemente, "ligada" e é descrita como "com o motor ligado". (PESSOA , 2006:23), Estes sintomas, aparecem no DSM-III-R, e vão estar presentes no indivíduo com TDAH antes dos sete anos, devendo permanecer por pelo menos seis meses, para que se possa diagnosticar o TDAH corretamente. Além disso, precisam se manifestar em no mínimo duas situações diferentes, ou em lugares diferentes. Exemplos de sintomas vistos através de observação em lugares diferentes ou situações diferentes podem ser: não seguir instruções até o fim; não terminar as tarefas escolares ou obrigações domésticas; muita dificuldade em organizar as tarefas e as atividades a serem feitas, saindo do lugar o tempo todo, quando se espera que fique sentado. Segundo Topczewski (2002): Para as características do TDAH aparecem de modo isolado ou associado. Apresentam o transtorno crianças que: estão em constante movimento, mexem em tudo mesmo sem motivo, são impacientes, mudam sempre de atividade, não ficam sentadas por muito tempo na sala de aula ou na frente da TV, não conseguem prestar atenção na mesma coisa por muito tempo, desviam a atenção para outros estímulos, muitas vezes impróprios para o que está realizando, distraem-se facilmente, não terminam as tarefas que começam e também demoram para realizar as tarefas. Certamente pode 26 haver outros sintomas e, por outro lado, sintomas isolados não caracterizam o TDAH. (TOPCZEWSKI, 2002:67) Na idade escolar os sintomas tornam-se mais evidentes e mais observáveis, principalmente no ambiente escolar. Com muitas crianças juntas numa mesma sala de aula é possível comparar comportamentos, observando brincadeiras e interações sociais. Muitas crianças, em casa, comportam-se agitadamente e na escola agem de maneira calma e sensata. Os indivíduos com TDAH não conseguem ficar quietas, sentadas por muito tempo, pois mexem-se o tempo todo e falam sem parar. Para Smith e Strick (2001), os sintomas manifestam-se: ...bem cedo para a maioria das pessoas, logo na primeira infância. O transtorno é caracterizado por comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis meses, que se instalam definitivamente antes dos sete anos de idade. (SMITH E STRICK, 2001:45). Muitas crianças que são TDAH são rotuladas de desatentas, apesar de estarem ligadas a tudo o que acontece ao seu redor. Pesquisas revelam de cerca de 3 a 5% da população em idade escolar são portadoras de TDAH e o que realmente elas não conseguem fazer é planejar suas atividades ou atitudes com antecedência. Outra grande dificuldade é a de focar sua atenção em apenas uma coisa, selecionando o que realmente é importante para aquele momento. Organizar e responder rapidamente são outras dificuldades aparentes dos portadores de TDAH. Estas crianças não possuem limites para suas ações e não têm noção do perigo ao praticarem certas ações. 2.3- O Diagnóstico do TDAH Para Topczewski (2002): O TDAH pode ser notado em várias fases do desenvolvimento da criança, seja na fase escolar, adolescência ou adulta. O processo de avaliação envolve a coleta de dados com os pais, com a criança e com o professor. Para firmar o diagnóstico, deve-se solicitar avaliação interdisciplinar, 27 incluindo a neurológica infantil, psicológica e psicopedagógica. (TOPCZEWSKI, 2002:71), Sabe-se que o diagnóstico do TDAH é difícil e complexo, pois muitas são as manifestações conscientes e inconscientes, envolvendo a família como é hoje e como era, a vida social, a escola. Lemos em Araújo et al (2003) que: O sistema família, escola, fatores sociais, econômicos e culturais, afetivos e psicológicos podem desordenar os processos de aprendizagem, reduzindo a complexidade da questão num rótulo, potencializado pela conduta imperativa, agitada e hiperativa. A acumulação de frustrações, de ansiedades, de agressões, de depressões e de insucessos é atividade por um sistema escolar que insiste na maturação precoce. (ARAÚJO et al, 2003:5). Possa et al (2005) afirma que: As comorbidades do TDAH em crianças escolares são: transtorno de conduta (TC), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno desafiante opositivo (TDO). A maioria das crianças com TDAH apresentam alguma dessas comorbidades psiquiátricas, sendo o TC e o TDO as mais comuns. Assim, é importante pesquisar sobre as morbidades associadas ao diagnosticar o TDAH. (POSSA et al,2005:23) Como já dissemos anteriormente, o TDAH traz consigo algumas comorbidades que também precisam de atenção e estudo. A observação deve ser uma grande aliada no diagnóstico preciso. Rhode e Benczik (1999) dizem que: O diagnóstico é fundamentalmente clínico. Só deve ser realizado por profissional (médico ou psicólogo) de saúde mental. Existem escalas que descrevem os sintomas de atenção, hiperatividade e impulsividade e medem de forma objetiva sua intensidade. (RHODE E BENCZIK,1999:67) Uma equipe multidisciplinar deve sempre estar unida no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem, portanto, fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, pedagogos, neurologistas, psicomotricistas entre outros devem avaliar e juntos chegarem a uma conclusão sobre o diagnóstico e o tratamento. 28 Citadas por Rhode e Benczik (1999), as escalas de Conners e a de Problemas de Atenção do Inventário de Comportamentos de Crianças e Adolescentes, apresentam as versões para os pais e para os professores. Para os autores elas ainda não são adequadas à nossa realidade: ...no entanto essas escalas não estão adequadas inteiramente, para crianças e adolescentes brasileiros. O exame neurológico e testes como a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, podem ser um reforço para o diagnóstico clínico. Mas deve-se ter cuidado, pois crianças podem apresentar resultados normais nestes exames e testes. (RHODE e BENCZIK, 1999:45) Nesse caso entra a equipe multidisciplinar que vai avaliar caso a caso. Depois de uma avaliação minuciosa, os terapeutas decidirão qual será a ou as terapias adequadas para cada caso. É importante lembrar que um diagnóstico envolve d versos fatores que não podem ser desprezados como: problemas biológicos, psicológicos, sociais, motores e emocionais, que podem, e muito, contribuir para o resultado final a ser obtido. Para Goldstein (2003): O diagnóstico de TDAH pede uma avaliação ampla. Não se pode deixar de considerar e avaliar outras causas para o problema, assim é preciso estar atento à presença de distúrbios concomitantes (comorbidades). O aspecto mais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e desenvolvimental. (GOLDSTEIN, 2003:39) Um levantamento emocional, intelectual, acadêmico, social e motor deve ser umas das primeiras medidas a serem tomadas para a obtenção de um diagnóstico preciso. Exames médicos como: neurológicos, oftalmológicos, otorrinolaringológicos entre outros podem esclarecer causas, sintomas e até doenças que apresentam sintomas semelhantes aos do TDAH. Muitos medicamentos e doenças ligadas à tireóide, por exemplo, podem apresentar os mesmos sintomas que o TDAH, mas são passageiros e não necessitam do mesmo tratamento terapêutico que os portadores do TDAH. 29 Segundo Tiba (2002): Diagnósticos apressados e equivocados têm feito pessoas mal-educadas ficarem à vontade para serem mal educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo TDAH. O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento impróprio. (TIBA, 2002, p.152). Até hoje, apesar da alta tecnologia e dos extensos estudos feitos sobre o tema, o TDAH ainda é um assunto polêmico e controverso, pois muitas são chamadas de crianças levadas, rebeldes, indisciplinadas e desorganizadas, sendo que na verdade elas possuem o TDAH, que é um problema comportamental que independe de sua vontade ou controle. O contrário também não é descartado, pois muitas vezes crianças agitadas e com falta de limites são consideradas hiperativas, mas não são. Conclusões precipitadas diagnosticam crianças com TDAH, por observações mal feitas ou palpites pessoais dos familiares, chamando uma distração momentânea de déficit de atenção. Lembramos que sintomas isolados e não observados várias vezes, em diversos ambientes e momentos não podem ser levados a sério, não podem diagnosticar o TDAH. Um conjunto de sintomas, extensamente observados, por diversos profissionais, em diversos ambientes, horários e estímulos, que depois de analisados isoladamente serão analisados em conjunto, pela equipe, é que podem dar um diagnóstico preciso e específico. 2.4- O Tratamento do TDAH Topczewski (2002) também fala sobre o tratamento do TDAH: Existe, sem dúvida, tratamento para a hiperatividade, mas é necessário que se tome uma série de medidas, porque o quadro é pluridimensional: no caso, deve ser um trabalho conjunto que envolve orientação familiar, orientação psicológica, psicopedagógica, a participação da escola, complementado pelo tratamento com medicamento. São receitados os 30 medicamentos estimulantes do sistema nervoso central. (TOPCZEWSKI, 2002:69). Segundo Kaippert et al (2003): Existem tratamentos alternativos como o fitoterápico e homeopático que têm demonstrado eficácia no tratamento da hiperatividade. É essencial que o tratamento ocorra de forma cautelosa, em um ambiente calmo e carinhoso. (KAIPPERT et al 2003:10). Para um tratamento eficiente com o portador de TDAH, a equipe multidisciplinar deve trabalhar em conjunto com a família, pois os pais e os demais familiares precisam aprender a entender o transtorno, preparando junto com os especialistas, estratégias de controle do comportamento do filho. A escola também deve fazer parte desta parceria, pois os pais e os professores precisam ser orientados em como ensinar e ajudar na aprendizagem dos portadores de TDAH, para que os conflitos sejam evitados e para que haja um maior entendimento sobre a medicação usada e os efeitos colaterais ou não deste medicamento. Muitas habilidades dos portadores do TDAH deixam de ser estimuladas por falta de informação e entendimento. Araújo et al (2003) diz que: No tratamento do TDAH, é importante trabalhar a criança em habilidades tais como: participar de jogos coletivos que envolvam regras; desenvolver a competência de se comunicar com eficiência e a capacidade de relacionamento interpessoal adequado; em termos terapêuticos, a criança precisa aprender um modelo racional de descobrir e solucionar problemas do cotidiano. (ARAÚJO et al, 2003:8) Complementa dizendo que: Ao valorizar um tratamento do TDAH para além da razão, trabalhando a afetividade: Essas crianças merecem paciência, criatividade, precisa de orientação adequada, sobretudo no ambiente da sala de aula, para que consiga o rendimento esperado e consentâneo com sua capacidade de aprender. Se não conseguir poderá isolar-se ou passar a ter problemas com a concentração da atenção. Outras poderão assumir um 31 comportamento oposicionista de desafio e desestruturar o grupo em que estiver. (ARAÚJO et al, 2003, p. 9). O carinho, a compreensão, o limite são peças essenciais deste quebracabeça a ser montado na mente e na vida do portador do TDAH. Entender suas limitações e necessidades ajudarão o indivíduo a compreender mais o mundo que o cerca, fazendo-o sentir-se valorizado e com sua auto-estima elevada. Conforme Lancet (2006): O tratamento desse transtorno exige uma abordagem ampla do paciente. A avaliação deve incluir aspectos físicos, emocionais e sociais uma vez que o TDAH apresenta inúmeros problemas associados em diferentes áreas da vida do paciente. (LANCET, 2006:27) Os portadores de TDAH precisam de variadas formas de aprender, precisam ser ensinados de maneira lúdica, com atividades que unam a realidade com a fantasia, sempre mostrando que a consciência de sua aprendizagem é o importante, pois assim entenderão que estão aprendendo, capacitando suas habilidades e tomando atitudes intencionais e não por simples reflexo, sem pensar. Silva et al (2004) nos mostra que: Outra característica do jogo desenvolvido, própria para reter a atenção de crianças hiperativas, é a exigência de muitas tarefas a serem cumpridas em um curto espaço de tempo. (SILVA et al, 2004:03). Smith e Strick (2001) lembram que: Na escola, as crianças com TDAH são um problema para educadores e até para os colegas da classe e podem apresentar inteligência média ou acima da média, mas apresentam problemas na aprendizagem ou no comportamento, propiciando dificuldades na percepção, conceitualização, linguagem, memória, controle da atenção, função motora e impulsividade. No entanto, a criança hiperativa não necessariamente apresenta todas estas características juntas e estas também variam de intensidade dependendo de fatores circunstanciais. (SMITH e STRICK, 2001:32) É importante lembrar que a sala de aula para os portadores de TDAH deve ser muito organizada e estruturada, para que ele se sinta seguro. As regras 32 devem ser claras e devem ser feitas de maneira ao portador cumpri-las. Regras difíceis para ele não devem ser cogitadas. Em tudo o que for feito ou proposto deve haver coerência, para que o trabalho da classe, como um todo flua de maneira natural e saudável. O professor deve avaliar este indivíduo de maneira coerente, frequente e imediata. Muitos incidentes ou problemas devem ser ignorados para não estressar o portador por pequenas dificuldades por ele ainda existentes. O professor deve estar preparado para ministrar tarefas que realmente venham de encontro com a necessidade do portador de TDAH, facilitando a auto-correção e estimulando o interesse do indivíduo. O portador de TDAH deve ser supervisionado em seus momentos livres, de intervalos e troca de aulas. A comunicação entre escola-família deve ser diária, clara e sincera, para que juntos possam ajudar no crescimento do portador de TDAH. O professor deve ter cuidado com os reforços negativos, pois eles podem prejudicar um longo trabalho em apenas um segundo, pois os portadores de TDAH costumam ter sua auto-estima rebaixada, pelas dificuldades em controlarse e pela falta de atenção, que prejudica sua aprendizagem. Atividades lúdicas, coerentes e adequadas ao nível de habilidade do portador de TDAH para que ele entenda que quando acontecerem mudanças, elas serão conseqüências de seus atos e que precisam ser pensadas antes de mais nada. 3 – O jogo e a criança com TDAH Quando se fala em jogo e brincadeira muitas vezes pensamos que se trata de um momento de recreação, diversão. O jogo e o brincar têm estas características, mas também muitas outras, tão importantes quanto às primeiras. O jogo promove a integração social das crianças e uma de suas características principais é que , por ser transmitido de uma geração à outra, ou 33 apenas por ser aprendido pelos grupos de crianças nos mais diversificados lugares, é incorporada pelos grupos infantis espontaneamente, onde as regras podem ser alteradas ou mudadas de acordo com a cultura local, mas a essência do jogo é a mesma em qualquer lugar. Ele faz parte da cultura de uma sociedade, sendo um verdadeiro patrimônio lúdico cultural, transmitindo costumes, valores, pensamentos e ensinamentos. Para Alves (1994): O jogo traz uma visão do futuro: O jogo tem a visão do futuro em primeiro lugar, porque seu espírito criativo esta nas origens da humanização. Em segundo lugar, porque ele está vinculado à criança e ao espírito infantil. (ALVES, 1994:56) O jogo entendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade terá maior espaço para ser entendido como evolução na medida em que buscar desenvolver as capacidades investidas e conduzir a convivências fraternas, pois brincar é educar-se para a criação e pela convivência. Jogo no idioma português tem o mesmo significado que brincadeira, lúdico, diversão com finalidade recreativa de entretenimento. Pode ser submetido a regras (Ferreira 2004:885), e está presente no cotidiano escolar e no extra-escolar da criança e do adolescente.(Burgos 2002). De acordo com Bruner (1978), qualquer ser que brinca atreve-se a explorar e ser além da situação dada, na busca de situações pela ausência de avaliação ou punição. Entende que a criança aprende ao solucionar problemas, e que o brincar contribui para esse processo. A aprendizagem centrada na criança permite a compreensão significativa da informação bem como sua transformação. Através da brincadeira e do jogo, a criança aprende a utilizar os movimentos e desenvolve estratégias para solucionar problemas. Com o jogo é possível explorar o que vai ser aprendido e pode-se buscar soluções para os mais diversos problemas, usando-se o pensamento intuitivo. 34 Segundo Bruner (1978): A brincadeira deve ter o auxílio do adulto e ter situações estruturadas ,mas que permitam a ação motivada e iniciada pelo aprendiz de qualquer idade. (BURNER, 1978:38) A presença do adulto intermediando a brincadeira e o jogo pode impor implicitamente regras do seu universo, e tornar o brincar muitas vezes pedagogizado e com um fim em si mesmo. Quando ligamos o lúdico, o jogo ou a brincadeira ao comportamento da crianças com TDAH, muitas vezes não se obtém sucesso, pois a dificuldade de atenção, concentração e a impulsividade que o portador de TDAH possui podem atrapalhar. Segundo Barros (2002): Sabe-se que o comportamento da criança com hiperatividade, em relação às crianças normais, se mostra muito deficitário devido à grande dificuldade de atenção, concentração e impulsividade causada pelo distúrbio. (BARROS, 2002:67) Ao utilizar os jogos como estratégia pedagógica, o professor deve levar em consideração as características da criança com TDAH, bem como as condições sob as quais deverá realizar as atividades, objetivando auxiliar o aluno a desenvolver as habilidades necessárias para um bom desempenho social, emocional e cognitivo. Atualmente, vive-se um momento de profunda reflexão em torno do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, atraindo o interesse de profissionais da medicina, psicologia e educação que, direta ou indiretamente, estão envolvidos com o processo ensino-aprendizagem. A investigação científica tem se concentrado em uma multiplicidade de aspectos, incluindo causa, evolução, métodos de diagnose e processo de tratamento da TDAH, como já se citou anteriormente. Para Fabris (2003): 35 Apesar dos grandes problemas que o TDAH pode causar nas crianças e nos adolescentes, por muito tempo, os pais e os profissionais da educação tiveram poucas informações sobre o assunto, principalmente sobre as conseqüências da hiperatividade e as dificuldades na capacidade de prestar atenção. Acreditava-se que seria um problema superado na adolescência, o que não é verdade, pois estudos realizados comprovam que a hiperatividade pode permanecer durante a adolescência e na vida adulta, e que os seus portadores continuarão sofrendo suas manifestações caso não haja um tratamento especializado. (FABRIS, 2003:87) Rodhe e Benzic (1999) dizem que: Este distúrbio pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo rendimento escolar. (RODHE e BENCZIC, 1999, p.37) O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade tem por característica essencial, segundo a Associação Psiquiátrica Americana apud Barros (2002): ...um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade - impulsividade, mais freqüente e grave do que aquela tipicamente observada nos indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. (ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA apud BARROS, 2002, p.31) As crianças com TDAH possuem alguns comportamentos típicos como: atividade excessiva, distração, impaciência, impulsividade, dificuldade de relacionamento, agressividade, descontrole emocional e, freqüentemente, são consideradas problemáticas, indisciplinadas e inconvenientes no meio em que estão inseridas. Dessa forma, sentem-se afetadas e excluídas em sua interação com os adultos, com os amigos e com elas mesmas, pois são pouco compreendidas., assim a prática do jogo pode ser uma atividade estressante, quando não for ministrada de maneira coerente e adequada à dificuldade que esta criança possui. Os estudos sobre o TDAH confirmam tratar-se de um transtorno neurobiológico, retratando um déficit funcional de determinados neurotransmissores, e ainda enfocam um déficit funcional do lobo frontal, mais precisamente do córtex pré-frontal. A função dos lobos frontais é responder as capacidades de iniciar, manter, inibir e desviar a atenção. Também é atribuída aos mesmos a missão de administrar as informações recebidas, integrar a experiência atual com a experiência 36 passada, monitorar o comportamento presente, inibir respostas inadequadas e organizar e planejar a obtenção de metas futuras. Assim, segundo Barros (2002): O indivíduo que apresenta tal deficiência terá dificuldade de autoregulação, podendo ter uma vida caótica e desorganizada, sem direção para um futuro mais interessante, necessitando de regras internas, diretrizes e incentivos.” (BARROS, 2002:28) É na sala de aula que o TDAH tem se manifestado com maior incidência. Ele tem interferido de maneira significante no processo ensino-aprendizagem, pois o comportamento hiperativo leva o aluno a ser dispersivo e desatento, prejudicando o seu rendimento escolar. Essas crianças demonstram impaciência nas tarefas que exigem atenção, esforço, concentração e organização. Suas tarefas são realizadas de maneira desorganizada e, quase sempre, ficam inacabadas. Muitos professores têm se queixado em relação ao baixo desempenho acadêmico, à impulsividade, ao excesso de atividade motora e ao não-cumprimento das regras, por não saberem lidar com estes problemas. Diante dessa realidade o jogo vem como um aliado da sala de aula e do processo ensino-aprendizagem, conforme argumenta Vygotsky (1991), que afirma que o brincar é de extrema importância para os processos de aprendizagem e desenvolvimento da criança, pois é através dele a criança pode reproduzir experiências e vivenciar o mundo, relacionando-se com outras crianças. Para ele: O brincar nem sempre é considerado uma atividade que dá prazer à criança, já que outras atividades dão experiências de prazer muito mais intensas do que o brincar como, por exemplo, o chupar chupeta, mesmo que a criança não se sacie com a mesma. No entanto, o ato de brincar é de suma importância no desenvolvimento e aprendizado da criança. (VYGOTSKY, 1991:89) No dia-a-dia escolar, percebe-se que essas crianças apresentam dificuldades de obediência e autocontrole, o que dificulta o trabalho do professor em sala de aula. Para Lopes (2002): 37 ...basta ter duas ou três crianças com esse distúrbio na sala de aula para prejudicar todo o andamento da classe, pois as características deste distúrbio são: inquietação motora, dificuldades de atenção e concentração, falta de controle emocional e baixa tolerância a frustrações. (LOPES 2002:38) A aprendizagem progressiva de “domínio do corpo” através do jogo corporal onde o movimento acompanha as diferentes organizações funcionais, um dominador comum a todas as formas de inteligência. Piaget (1988) acredita que: O jogo é essencial para a vida da criança e tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos.(PIAGET, 1988:76) Froebel apud Cunha (1998), foi o primeiro a colocar o valor educativo do jogo como parte essencial do trabalho pedagógico. Assim como nos primeiros estudos sobre o jogo, o nome de ludus, era atribuído às escolas responsáveis pela instrução elementar, que eram semelhantes aos teatros, onde existiam apresentação de espetáculos e também a práticas de exercícios de fortalecimento do corpo e do espírito. (KISHIMOTO 1990:39, 40) Antes de Froebel, havia três concepções de jogo: a) Recreação: necessário como relaxamento em atividades que exigem esforço físico e intelectual, b) Uso de jogos para favorecer os conteúdos escolares, c) Usando-os como instrumentos de educação e de diagnósticos da personalidade infantil, usado como recursos para ajustar o ensino às necessidades infantis. 38 Froebel apud Cunha (1998), delineia a metodologia dos dons e ocupações dos brinquedos e jogos. A ação livre requer a adoção do modelo de educação centralizado na criança. Sendo assim, o jogo, quando visto como brinquedo que incentiva a criatividade, precisa encontrar mais espaço na educação, principalmente depois que os educadores entenderem o potencial de contribuição que ele pode dar ao desenvolvimento da criança. 3.1- A Função do Jogo no Tratamento do TDAH Ao utilizar o jogo como estratégia de ensino, utiliza-se uma ferramenta preciosa, que oferecerá oportunidade para a criança com TDAH desenvolver habilidades de experimentação, imaginação, concentração, interação, perseverança, socialização, atenção, autoconfiança, bem como resolução de problemas. Segundo Cunha apud Barros (2002): Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança , tendo em vista que o comportamento lúdico contribui para a aquisição das habilidades de cada domínio do desenvolvimento. (CUNHA apud BARROS, 2002:58) Todas as crianças têm necessidade de brincar e jogar. O lúdico faz parte do mundo da criança porque é jogando que ela fará descobertas de si, do outro e do meio em que está inserida. Por esse motivo, considera-se que aprender a jogar é indispensável na vida das crianças, inclusive na das crianças com TDAH. É uma estratégia de ensino criativa, atraente e interativa que mantém os alunos envolvidos e interagindo com os colegas do grupo. Os jogos não devem apenas ser utilizados como uma forma de brincadeira, diversão ou lazer. Por serem divertidos e prazerosos, desenvolvem o raciocínio, treinam a concentração, ensinam as crianças a obedecerem regras, a respeitarem o outro, oferecendo oportunidades para que ela desenvolva as habilidades que uma criança necessita para viver em sociedade. 39 Para Lopes (2000): Quando se usa o jogo como prática pedagógica, ele se torna um elemento enriquecedor para promover a aprendizagem e contribuir com o desenvolvimento de muitas habilidades. (LOPES, 2000:35) Através das atividades lúdicas e dos jogos, pode-se promover o desenvolvimento social, emocional e cognitivo e também trabalhar as habilidades do pensamento, da criatividade, da imaginação, da interpretação, da atenção, da motivação interna e da socialização. O jogo é um indicador de várias competências, é uma atividade muito rica e que trará grandes contribuições para que o aluno possa conhecer-se melhor, enfrentar desafios, ter interação com o outro, organizar suas relações sociais e emocionais, construindo, aos poucos, sua personalidade e favorecendo sua melhor adaptação social no futuro. Verderi (1999) diz que: Nos dias de hoje, a formação da personalidade das crianças é bastante influenciada pelo contexto sócio-cultural. A cada dia, as crianças são mais afastadas dos jogos e das brincadeiras, do contato com as atividades recreativas, o que traz como conseqüências o empobrecimento nas etapas do desenvolvimento infantil e a privação de um aprimoramento mais adequado ao desenvolvimento de suas capacidades motoras, cognitivas e sócio-afetivas. Logo, se entende que os jogos e as brincadeiras são primordiais em todas as etapas do desenvolvimento infantil, tornando-se indispensável na prática pedagógica do educador, pois contribuem com a construção da personalidade e do desenvolvimento cognitivo. Não se pode deixar de lançar mão dessa ferramenta em nossas salas de aulas. (VERDERI, 1999:78) Os jogos ajudam a desenvolver a cooperação entre os alunos do grupo. Faz com que as crianças ajudem-se mutuamente no processo de construção coletiva de conhecimento e possibilitam a interação do grupo. As crianças com TDAH aprendem, assim, a conviver com os colegas de maneira mais saudável e prazerosa. Através dos jogos, o professor poderá explorar muitas habilidades de forma significativa e interessante. Por não haver pressão, imposição e cobrança, a criança se sente mais à vontade para superar as dificuldades cognitivas e emocionais. 40 O jogo infantil possui regras bem definidas a serem obedecidas por todos os participantes. Sabe-se que os alunos com TDAH têm dificuldades em seguir e obedecer a instruções, pois eles não sabem se submeter adequadamente às regras de interação social. Através dessa prática pedagógica, a criança compreenderá o porquê das regras, pois, antes do início de qualquer atividade lúdica, é necessário que os participantes compreendam e concordem com as regras combinadas pelo grupo e pelo professor. O TDAH dificulta o desenvolvimento de um comportamento social adequado. Segundo Cunha apud Barros (2002): “Através dos jogos e brincadeiras grupais, a criança aprimorará seu senso de respeito às normas grupais e sociais.” (CUNHA apud BARROS, 2002:61) O jogo é um caminho para a aprendizagem das habilidades sociais. É por isso que se enfatiza a necessidade de os portadores de TDAH aprenderem a jogar. É preciso reconhecer que as crianças normais possuem maiores habilidades no que se refere às atividades lúdicas e recreativas, apresentando um comportamento mais persistente, paciente e com maior nível de concentração, enquanto as crianças com TDAH, pela dificuldade que apresentam em manter atenção em tarefas ou mesmo em atividades lúdicas, demonstram um comportamento lúdico dispersivo. Portanto, o papel do jogo, como intervenção no aluno com TDAH, é o de contribuir para melhores condições de desenvolvimento e não como forma de tratamento. Para Barros (2002), deve-se levar em consideração que: Em situações em que o jogo exija um grau elevado da capacidade de atenção, concentração e paciência, o comportamento lúdico das crianças consideradas hiperativas certamente será comprometido, pois essas crianças possuem menos intensidade de jogo do que as crianças normais. Dessa forma, seu comportamento poderá ser diferente do das outras crianças. (BARROS, 2002:63) Devido à grande instabilidade comportamental e todas as suas conseqüências, as crianças com TDAH têm dificuldades em cultivar e preservar suas amizades, assim, o jogo também poderá atuar como facilitador das relações 41 interpessoais, melhorando suas interações sociais e ampliado seu círculo de amigos. É essencial que essas crianças percebam que, através da integração social que têm com os companheiros do grupo, podem aprender as habilidades sociais e fazer uso delas para ter uma vida comunitária satisfatória. O professor deve criar facilidades para que a criança com TDAH adquira novas amizades, pois os amigos são essenciais para o desenvolvimento dessas crianças. Segundo Lopes (2000): A instabilidade comportamental, a ansiedade e a falta de concentração em algumas crianças hiperativas fazem com que as outras crianças se afastem delas, pois, por não compreenderem a sua forma de relacionamento, acabam as considerando inconvenientes. Assim sendo, algumas vezes, as crianças hiperativas acabam sendo excluídas pelos amigos, o que poderá provocar alguns transtornos emocionais, pois a falta de companheiros poderá trazer para algumas delas sentimentos de solidão e ansiedade. (LOPES, 2000) Nas relações do cotidiano escolar, o professor deverá intervir de maneira positiva com o seu grupo de forma a ajudar os seus alunos a observarem que os colegas com TDAH possuem qualidades, fazendo-os perceberem que, muitas vezes, suas ações necessitam de correção para que eles aprendam a reagir e a interagir de forma adequada com o grupo. Dessa forma, o professor estará facilitando as relações interpessoais das crianças e construindo uma auto-educação para a tolerância e a paciência, tão essencial na vida das pessoas nos dias atuais. De acordo com Fabris (2003): A impulsividade é um comportamento básico na vida do hiperativo; ele tem desejo de satisfazer suas vontades de maneira rápida e imediata, independendo das circunstâncias; possivelmente esta manifestação ocorre devido à falta de organização interna dos indivíduos, à imaturidade, à falta de atenção e às inabilidades motoras que apresentam. (FABRIS, 2003:30) Em decorrência da necessidade impulsiva de recompensa imediata, o hiperativo apresenta muita dificuldade em compartilhar e ser cooperativo com o grupo. 42 Os jogos dramáticos, tais como a dramatização e a expressão, podem ajudar a criança com TDAH a desenvolver as habilidades de saber ouvir, esperar a sua vez de falar, bem como olhar para quem fala. Isso enriquecerá a sua integração com o meio em que vive, bem como favorecerá seu crescimento social e emocional. É por meio dos jogos dramáticos que se pode levar o hiperativo a reconhecer que compartilhar é importante para conquistar amigos. O professor deve ser o facilitador das relações interpessoais, mostrando à criança que o seu comportamento está inadequado, e oferecer oportunidades de superar seus erros e melhorar tais deficiências comportamentais. Para a realização de uma prática pedagógica eficiente através dos jogos, é necessário que o professor esteja preparado para exercer plenamente suas funções com responsabilidade e competência, estando consciente de que, ao utilizar os jogos em sua sala de aula, precisa saber quais objetivos deseja alcançar e quais potencialidades almeja desenvolver em seus alunos. Para isso, é essencial que escolha o jogo adequado para o momento educativo a que se propõe, explorando de maneira significativa as finalidades educativas de cada jogo realizado. Os objetivos traçados pelo professor devem atingir os participantes na sua totalidade, valorizando a aprendizagem individual e grupal, colaborando de forma eficiente na formação integral de cada cidadão. Os jogos e as brincadeiras devem ser elaborados com materiais variados. É necessário criar um ambiente estimulador dentro da sala de aula. Materiais que possibilitem a confecção dos jogos devem estar sempre presentes na sala de aula. O professor deve propiciar a participação dos alunos na elaboração e na construção dos mesmos, fazendo do ambiente escolar um laboratório de aprendizagem. Dessa forma, as crianças sentem-se mais motivadas a jogar e, enquanto constroem os jogos, vão adquirindo conteúdos, conceitos e valores em um ambiente social rico de relações de aprendizagem. Essa prática permitirá mais sucesso nas possibilidades de intervenção pedagógica. 43 Para Lopes (2000): Através da confecção de jogos, a criança poderá ter suas experiências: errar, acertar, construir, criar, copiar, desenvolver planos, e isto aumentará a sua auto-estima, revelando que é capaz, que pode usar o pronto, mas também que pode fazer muitas coisas para si própria. (LOPES, 2000:41) Assim, é fundamental o papel do professor no processo de construção do conhecimento durante a realização dos jogos, devendo ele agir como organizador, mediador e incentivador da aprendizagem. Lopes (2000), relata os resultados positivos que vivenciou em sua clínica através da confecção e aplicação dos jogos no tratamento de crianças com TDAH: Essas crianças foram encaminhadas pela instituição escolar com queixas de hiperatividade e dificuldades em acompanhar o desenvolvimento geral da classe. Em relação aos aspectos comportamentais, apresentavam um nível de ansiedade muito alto e dificuldades em concentração, coordenação viso-motora e aceitação de regras. Após adotar um trabalho pedagógico com a criação e aplicação de jogos com as crianças acima mencionadas, os resultados começaram a aparecer a cada sessão. No final do trabalho, a autora pôde perceber que, a partir da vivência com jogos, as crianças criaram novos hábitos e desenvolveram potencialidades e habilidades. Os trabalhos realizados abriram caminhos que estavam fechados, pois as crianças vivenciaram possibilidades até então desconhecidas, passando, dessa forma, a trilhar caminhos pelos quais atingiram a maioria dos objetivos terapêuticos propostos.(LOPES, 2000:43) Quando se aplica os jogos como metodologia de ensino e quando eles são trabalhados de acordo com a necessidade e o interesse dos alunos, é possível alcançar resultados positivos na construção do saber das crianças com TDAH. 44 Conclusão Este trabalho procurou mostrar que as dificuldades de aprendizagem podem ser diversas, mas o poder que o estímulo correto, na hora certa pode fazer na vida dessas crianças pode ser decisivo para suas vidas, principalmente quando tratamos de crianças com TDAH, um transtorno de difícil tratamento e incurável. É importante lembrar sempre que a atividade lúdica deve ser encarada com muita seriedade, pois brincando a criança adquire experiências, opera sobre todo o material cultural: conceitos, valores, idéias, objetos concretos, e desenvolve os conceitos sobre o mundo. Lembramos o que Fabris (2003) afirma: Um fator importante é buscar um diagnóstico multidisciplinar, com neuropediatra, psicólogo, psicopedagogo, família e escola. Uma avaliação minuciosa de TDAH deve incluir informações sobre a história do desenvolvimento da personalidade, do desempenho escolar, do comportamento em casa e na escola e da condição clínica da criança. É preciso reconhecer a importância da intervenção multidisciplinar no tratamento das crianças portadoras de TDAH, havendo coerência entre as diferentes propostas e possibilidades que se deseja alcançar. É imprescindível, portanto, uma avaliação das intervenções necessárias em todo o ambiente social, objetivando a melhoria das habilidades deficitárias da criança com TDAH, incluindo a orientação familiar, psicopedagógica e psicológica. (FABRIS, 2003:56) Ele alerta sobre a necessidade do tratamento adequado, pois, dessa forma, serão evitadas as possibilidades de depressão, ansiedade e conduta destrutiva, muito comuns nas pessoas com TDAH. Assim, é necessário que esse tratamento ocorra durante a infância, se possível, o que poderá evitar sequelas emocionais que os pacientes não-tratados poderão apresentar futuramente. A criança com TDAH necessita de amor, paciência, aceitação e compreensão. Devem ser respeitadas seus limites e suas individualidades. Se essa 45 criança receber oportunidades, demonstrará que é um ser criativo e inteligente e que tem um grande potencial para o sucesso. É fundamental que a escola valorize suas potencialidades para que se sinta mais feliz consigo mesma e com a vida. No entanto, a falta de conhecimento sobre o assunto e o pouco ou nenhum auxílio e orientação de outros profissionais envolvidos, leva pais e professores a um despreparo, sobre os procedimentos necessários para atuarem em relação ao problema, o que compromete de forma muito intensa o desenvolvimento psicossocial da criança. Assim, é de extrema importância conhecer o problema, pois isso possibilitará aos pais e professores atuarem de forma mais adequada junto a essas crianças. É necessário que o profissional da educação entenda que, muitas vezes, a criança não tem consciência da inconveniência de seus atos nem sabe diferenciar a desobediência da falta de controle de seus impulsos. Sempre que for feito um diagnóstico de TDAH, o mesmo só terá validade se for realizado visando à reorganização da vida social, escolar e doméstica da criança ou do adolescente, pois não há justificativa para uma avaliação apenas para justificar um processo que está descomprometido com o aluno e com a sua aprendizagem. Em termos bem objetivos, a avaliação nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer com sua superação, parafraseando Vasconcelos (2002). Portanto, assim que o problema for identificado, deve ser feito o encaminhamento para um tratamento especializado. A escola é um espaço social privilegiado de construção do conhecimento. Não há como crescer na dimensão cognitiva se não houver crescimento na relação com os outros e consigo mesmo. Os valores precisam ser abordados desde a mais tenra infância, com crianças ditas normais e as portadoras de TDAH, no sentido de construir na relação com o outro um modo agradável de socializar experiências, valores e atitudes essenciais para a vida com qualidade. Do exposto, concluímos que cabe ao professor, no cotidiano escolar, criar oportunidades de aprendizado com cooperação e interação através das atividades lúdicas, transformando o jogo em um recurso pedagógico para experimentar, como 46 mediador, o verdadeiro significado de uma aprendizagem com desejo e prazer, colaborando assim, com o bem estar e a auto-estima dos portadores de TDAH. 47 Referências bibliográficas ALVES, Rubens. Alegria de Ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994, 225 p. ANDRADE, E.R. Indisciplinado ou Hiperativo? Nova Escola. São Paulo: nº 132, maio de 2000, p. 30-32. ARANHA, Maria Lúcia. A Filosofia da Educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1996. BARROS, Juliana Monteiro Gramático. Jogo Infantil e Hiperatividade. 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