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FIBROMIALGIA E TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: CONHECENDO
PARA TRATAR
FIBROMYALGIA AND COGNITIVE-BEHAVIORAL THERAPY: KNOWING TO
TREAT
Daisy Gonçalves – [email protected]
Maria Lúcia de Paula Tavares de Oliveira – [email protected]
Roselaine Aparecida Ferreira Piani – [email protected]
Graduandas do Unisalesiano
Prof. Me. Oscar Xavier de Aguiar – Unisalesiano – [email protected]
RESUMO
A Fibromialgia é uma síndrome clínica, sua principal característica é a dor
musculoesquelética difusa e crônica. Além do quadro doloroso, os pacientes
costumam queixar-se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de
extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. As estimativas
mostram que a fibromialgia está presente em cerca de 2% a 3% da população. O
diagnóstico da fibromialgia é essencialmente clínico. O tratamento inclui o
medicamentoso com antidepressivos e analgésicos e não medicamentoso, como
atividade física e intervenção psicológica. A Terapia Cognitivo-Comportamental leva
principalmente em conta a forma como cada um pensa e age perante os
acontecimentos do dia a dia. Seu objetivo é ajudar o paciente a aprender novas
cognições e estratégias para atuar no ambiente produzindo as mudanças
necessárias. Os objetivos da pesquisa foram: conhecer as informações das pessoas
com fibromialgia em relação à síndrome e ao seu tratamento; identificar
pensamentos automáticos; identificar o conhecimento dos participantes da pesquisa
em relação à síndrome e seu tratamento; observar como pensamentos automáticos
podem alterar as emoções, elevando o nível de ansiedade, possibilitando um
agravamento da dor e apresentar possíveis formas de tratamento. Optou-se pela
pesquisa descritiva de caráter qualitativo como abordagem metodológica, pois foi de
encontro aos objetivos do estudo, auxiliando na compreensão das percepções que
os indivíduos participantes da pesquisa tenham sobre a fibromialgia. O instrumento
selecionado para a coleta de dados foi o questionário com questões fechadas de
múltipla escolha, visando identificar pensamentos e sentimentos das pessoas com
Fibromialgia e quais informações possuem sobre a síndrome. As informações
obtidas serão analisadas qualitativamente, objetivando responder ao problema de
pesquisa.
Palavras-chave: Fibromialgia. Terapia Cognitivo-Comportamental. Qualidade de
Vida.
ABSTRACT
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 5., n.10, jan/jul de 2014
Fibromyalgia is a clinical syndrome which the main feature is the chronic and
diffuse musculoskeletal pain. Besides the painful condition, patients often complain of
fatigue, sleep disturbances, morning stiffness, abnormal sensation in the extremities,
subjective sensation of edema and cognitive disorders. Estimates show that
fibromyalgia is present in about 2% to 3% of the population. The diagnosis of
fibromyalgia is essentially clinical. The treatment includes medication with
antidepressants and analgesics and non-pharmacological, such as physical activity
and psychological intervention. The Cognitive-Behavioral Therapy objectify mainly
how each one thinks and deals with the events along everyday life. The goal is to
help patients to learn new cognitions and strategies in order to act in their lives
producing the necessary changes. The research goals were: obtaining information of
people with fibromyalgia syndrome in relation to their treatment; identifying automatic
thoughts; identifying the knowledge of the patients regarding the syndrome and its
treatment; observing how automatic thoughts can change emotions, raising anxiety
levels, enabling a worsening of pain and indicating possible ways of treatment. It was
chosen the descriptive qualitative research study as a methodological approach,
because it was together the objectives of the study, assisting the understanding of
the perceptions that individuals participating in the research have about fibromyalgia.
The tool selected for collection data was a questionnaire with closed questions
multiple choice, to identify thoughts and feelings of people with Fibromyalgia and
what information we have about syndrome. The information obtained will be
qualitatively analyzed, aiming to answer the research problem.
Keywords: Fibromyalgia. Cognitive-Behavioral Therapy. Quality of Life.
INTRODUÇÃO
A Fibromialgia é uma síndrome clínica, sua principal característica é a dor
musculoesquelética difusa e crônica. “Além do quadro doloroso, os pacientes
costumam queixar-se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de
extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos” (HEYMANN et
al., 2010, p.57).
Ainda não existe uma causa definida para a síndrome. Porém, “estudos
mostram que os pacientes apresentam uma sensibilidade maior à dor do que
pessoas sem Fibromialgia” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011,
p.6). Seria como se o cérebro dessas pessoas interpretasse de forma exagerada os
estímulos, ativando todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011), as
estimativas mostram que a fibromialgia está presente em cerca de 2% a 3% da
população.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 5., n.10, jan/jul de 2014
O diagnóstico da fibromialgia é essencialmente clínico. Alguns exames
laboratoriais são solicitados para exclusão de outras condições que apresentam
sintomas parecidos aos da fibromialgia ou doenças concomitantes.
O tratamento inclui o medicamentoso com antidepressivos e analgésicos e
não medicamentoso, como atividade física e intervenção psicológica, sendo a
terapia cognitivo-comportamental o suporte indicado (HEYMANN et al., 2010).
A Terapia Cognitivo-Comportamental leva principalmente em conta a forma
como cada um pensa e age perante os acontecimentos do dia a dia. Seu objetivo é
ajudar o paciente a aprender novas cognições e estratégias para atuar no ambiente
produzindo
as
mudanças
necessárias
(SOCIEDADE
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA, 2011).
Os objetivos da pesquisa foram: conhecer as informações das pessoas com
Fibromialgia em relação à síndrome e ao seu tratamento; identificar pensamentos
automáticos; identificar o conhecimento dos participantes da pesquisa em relação à
síndrome e seu tratamento; observar como pensamentos automáticos podem alterar
as emoções, elevando o nível de ansiedade, possibilitando um agravamento da dor
e apresentar possíveis formas de tratamento.
A pergunta problema que norteou a pesquisa foi: os pensamentos
automáticos negativos podem desencadear as crises de Fibromialgia e manter a
condição dolorosa?
A hipótese testada foi: os pensamentos desadaptativos tornam os indivíduos
com Fibromialgia vulneráveis emocionalmente, possibilitando desencadeamento da
dor. Além de servir como estímulo a lembrá-los constantemente da dor, aumentando
a tensão muscular e provocando dor adicional.
Optou-se pela pesquisa descritiva de caráter qualitativo como abordagem
metodológica, pois foi de encontro aos objetivos do estudo, auxiliando na
compreensão das percepções que os indivíduos participantes da pesquisa tenham
sobre a Fibromialgia.
O instrumento selecionado para a coleta de dados foi o questionário com
questões fechadas de múltipla escolha, ou seja, nelas foi apresentado um conjunto
de alternativas de respostas, visando identificar pensamentos e sentimentos das
pessoas com Fibromialgia e quais informações possuem sobre a síndrome.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 5., n.10, jan/jul de 2014
1
REVISÃO DE LITERATURA
Por muito tempo a Fibromialgia foi apresentada sob muitos nomes, incluindo o
mais inapropriado, ou seja, fibrosite (CHAITOW, 2002). Durante décadas foi
conceituada como distúrbio psicológico ou como síndrome dolorosa regional.
Segundo Heymann et al. (2010), a Fibromialgia é uma das doenças
reumatológicas
mais
comuns,
se
manifesta
principalmente
com
dor
musculoesquelética difusa e crônica, não inflamatória. Sendo esta condição,
dolorosa, mas não-deformante.
De acordo com Heymann et al. (2010), os pacientes costumam queixar-se,
além da dor, de fadiga, sono não-reparador, rigidez matinal, parestesias de
extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos.
Como a Fibromialgia é uma doença em que as sensações são amplificadas,
essas queixas são comuns, como se esses pacientes tivessem um controle de
volume desregulado e suas percepções exacerbadas.
Segundo Carvalho e Rego (2001), ocorre em cerca de nove mulheres para
cada homem, mas acomete, também, crianças, adolescentes, idosos.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011), as
estimativas mostram que a Fibromialgia está presente em cerca de 2% a 3% da
população.
O diagnóstico da Fibromialgia é essencialmente clínico.
Alguns exames laboratoriais são solicitados para exclusão de outras
condições que apresentam sintomas parecidos aos da Fibromialgia ou doenças
concomitantes.
Segundo Heymann et al. (2010), as comorbidades mais frequentes
apresentadas por esses pacientes são: a depressão, a ansiedade, a síndrome da
fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do colón irritável e a síndrome
uretral inespecífica.
A estratégia ideal para o tratamento da Fibromialgia requer uma abordagem
multidisciplinar.
Segundo o Consenso Brasileiro do Tratamento da Fibromialgia (HEYMANN et
al., 2010), o tratamento inclui o medicamentoso com antidepressivos e analgésicos e
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não-medicamentoso, como atividade física e intervenção psicológica, sendo a
terapia cognitivo-comportamental o suporte indicado.
2
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Consiste em uma abordagem diretiva, objetiva e focal.
O modelo cognitivo sugere que o pensamento distorcido ou disfuncional seja
comum a todos os distúrbios psicológicos. Decorrem de um modo distorcido ou
disfuncional
de
perceber
os
acontecimentos,
influenciando
o
afeto
e
o
comportamento. Segundo Beck (1997), uma avaliação realista e a modificação no
pensamento acarreta uma melhora no humor e no comportamento. A melhora
permanente resulta das modificações das principais crenças disfuncionais dos
pacientes.
Portanto, a base desta terapia é a mudança do comportamento do indivíduo
através da modificação de seus pensamentos.
As distorções cognitivas constituem formas de interpretação que beneficiam
somente parte das informações que estão disponíveis no meio em que o indivíduo
está inserido. Este pode chegar a conclusões falhas uma vez que não se baseia na
análise completa das evidências (PEREIRA, PENIDO, 2010).
A dor constante da Fibromialgia é fisicamente limitante, incapacitante e
desmoralizante, levando a condições afetivas conflituosas e reduzindo os contatos
sociais e pessoais.
O programa de gerenciamento da dor objetiva reduzir as incapacidades e
angústias causadas pela dor crônica ensinando aos pacientes técnicas físicas,
psicológicas e práticas que melhorem a sua qualidade de vida.
Muitos pacientes quando
chegam ao gerenciamento
da dor estão
incapacitados, tem pouca interação social e expressam raiva. No entanto esta raiva
pode não ser evidente.
De acordo com Lipp e Malagris (2013), a raiva é um sentimento de
desconforto excessivo resultante da percepção de alguma provocação, seja uma
ofensa, um desacordo, mau tratamento, rejeição, agressão, frustração ou
desmerecimento. O incômodo experimentado é tão grande que leva a pessoa a
querer revidar.
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O controle de stress é outro fator importante no gerenciamento da dor.
De acordo com Lipp e Malagris (2013), o stress é uma reação que ocorre
diante de alguma coisa boa ou má, que em determinado momento, ultrapasse a
capacidade de enfrentamento da pessoa. É uma condição de tensão mental e física
que gera um desequilíbrio no funcionamento do organismo e enfraquece o sistema
imunológico, deixando a pessoa suscetível a infecções e doenças.
Sofrer de dor crônica é uma experiência estressante e os pacientes com
Fibromialgia sentem-se tensos por fatores associados à dor, às relações familiares
ruins, ansiedade e têm dificuldade de relaxarem mesmo fatigados.
O estado de dor constante leva ao desenvolvimento de pensamentos
negativos que causam o próprio fracasso. Os pacientes acreditam que não
conseguem fazer tantas tarefas quanto uma pessoa normal, levando-os a um
sentimento de invalidez e desesperança.
De acordo com Chaitow (2002), esses pensamentos empobrecem a confiança
do indivíduo e resultam em depressão e consequentemente altera a percepção de
dor.
Para Del Prette e Del Prette (2009), o pensar assertivo depende de uma
compreensão sobre os direitos e deveres que condizem a cada um dos que estão
fazendo parte de uma interação social.
Para pensar assertivamente é importante desenvolver a interdependência,
entender o que são direitos e deveres, o que é relevante ou não nos
relacionamentos e avaliar as consequências de se comportar assertivamente,
fazendo então a sua opção de resposta.
Os pacientes com Fibromialgia, em algum momento, vão experimentar um
aumento das dores e uma recaída em suas condições.
De acordo com Lipp e Malagris (2013), a prevenção de recaídas é feita a
partir da antecipação de possíveis dificuldades que venham a ocorrer e inclui um
planejamento de como o paciente poderá lidar com elas baseado nas habilidades
cognitivas e comportamentais desenvolvidas no processo terapêutico.
Ainda que haja um aumento na compreensão desta síndrome, hoje não há
cura para o problema.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 5., n.10, jan/jul de 2014
De acordo com Chaitow (2002), o manejo dos sintomas da Fibromialgia não é
a mesma coisa que reabilitação e não modificará os problemas de incapacidade
associados a esta condição.
O paciente deve ser encorajado a continuar a ter um estilo de vida
independente tanto quanto possível.
3
METODOLOGIA
A
pesquisa
qualitativa
é
um
processo aberto
submetido a
vários
desdobramentos.
Segundo Lakatos e Marconi (2011), a metodologia qualitativa atenta-se em
analisar e interpretar pontos de vista mais profundos, detalhando a complexidade do
comportamento humano, fornecendo análise mais detalhada sobre as investigações,
hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.
O instrumento selecionado para a coleta de dados foi o questionário, visando
identificar pensamentos, sentimentos, vivências e quais conhecimentos os
participantes possuem sobre a Fibromialgia.
O Questionário para Avaliação de Conhecimento em Fibromialgia utilizado foi
adaptado do Questionário de Conhecimento em Fibromialgia (UNIFESP, 2008) e
dividiu-se em duas partes. Na primeira, a identificação do participante: idade, sexo,
escolaridade, profissão e quanto tempo possui a síndrome. Na segunda parte,
questões relativas ao conhecimento que o participante possui sobre a síndrome,
sintomas, tratamento e pensamentos sobre a Fibromialgia.
Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética, parecer nº 774.540, em
27/08/2014, atendendo a Resolução 466/12, iniciou-se o processo.
Para o recrutamento dos participantes da pesquisa, o convite (APÊNDICE A)
foi veiculado pela rede social – Facebook nos perfis das pesquisadoras assistentes,
identificando o objetivo da pesquisa, a forma de adesão e o critério de inclusão
(idade mínima e máxima, sexo e diagnóstico da síndrome), por um período de 10
dias.
Os convites foram aceitos por 20 pessoas do sexo feminino. Agendaram-se
datas e locais das entregas dos termos de consentimento e os questionários,
através de um portador.
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As respostas foram analisadas considerando-se o critério de múltipla escolha.
Sendo que, em oito perguntas, solicitou-se assinalar uma resposta correta; em cinco
perguntas solicitaram-se duas alternativas corretas e duas perguntas solicitaram-se
três alternativas corretas. Portanto o número de respostas foi acima do número de
sujeitos.
Na questão um, dez participantes assinalaram causa desconhecida e
dezessete consideraram que vários fatores podem estar associados à causa da
Fibromialgia.
Na questão dois, doze participantes marcaram sono que não descansa e
dezoito, dores difusas como principais sintomas.
Na questão três, dezenove participantes assinalaram cansaço ou fadiga como
sintoma presente e uma participante não respondeu.
Na questão quatro, dezoito participantes consideraram importante realizar
consulta médica, com história e exame físico do paciente e quinze marcaram que, às
vezes, é necessário pedir exames para excluir outras doenças de acordo com a
avaliação médica. Duas não responderam a essa questão.
Na questão cinco, dezessete mulheres assinalaram que se pode melhorar
através de medicação correta e dos exercícios orientados e catorze que podem ter
dificuldade, mas conseguem trabalhar.
Na
questão
seis,
quinze
mulheres
consideraram
analgésicos
e
antidepressivos como medicamentos mais indicados no tratamento. Cinco
participantes não responderam a essa questão.
Na questão sete, dezesseis participantes marcaram que os antidepressivos
em doses baixas são utilizados no tratamento. Quatro participantes não
responderam a essa questão.
Na questão oito, quinze mulheres assinalaram os exercícios físicos regulares
e analgésicos quando sentirem dor; catorze marcaram fazer terapia psicológica, se
necessário, e atividade física regular; dezessete consideraram fazer atividade física
regular, como caminhada ou hidroginástica associada a antidepressivo em baixa
dose como melhores associações de tratamento para a Fibromialgia.
Na questão nove, dezessete participantes marcaram que os exercícios físicos
podem aumentar os níveis de serotonina, diminuir a dor e melhorar o estado físico
geral. Três participantes não responderam.
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Na questão dez, dezessete mulheres consideraram que os exercícios físicos
devem ser realizados, pelo menos, três vezes por semana. Três participantes não
responderam.
Na questão onze, dezoito participantes responderam que a melhor maneira
de um paciente com Fibromialgia se exercitar são os exercícios de condicionamento,
como caminhada regular e hidroginástica. Duas participantes não responderam.
Na questão doze, dezesseis mulheres assinalaram que fazer pausas durante
as atividades do dia é a melhor maneira de conservar a energia. Quatro
participantes não responderam a essa questão.
Na questão treze, dezenove participantes marcaram fazer planejamento das
atividades do dia, descansando entre as tarefas e catorze assinalaram ter horário
regular para dormir como outras maneiras de conservar energia.
Na questão catorze, dezesseis participantes responderam que, em alguns
casos, pode ser necessária a terapia psicológica além do tratamento convencional.
Quatro participantes não responderam a essa questão.
Na questão quinze, dezoito participantes assinalaram sentir desânimo; quinze
sentem tristeza; sete sentem esperança; seis sentem desesperança e quatro sentem
raiva.
Para Leahy (2006) o pressuposto em que se orienta a terapia é que a
interpretação que o indivíduo faz de um acontecimento determina como ele se sente
e como se comporta. Os pensamentos e sentimentos são fenômenos distintos, mas
interagem. O paciente que ainda não foi treinado não consegue perceber a diferença
entre pensar e sentir, nem identificar os pensamentos associados aos sentimentos,
considerando pensamentos e fatos como sendo a mesma coisa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011) a
interpretação da dor no cérebro sofre muitas influências, inclusive das emoções. As
emoções positivas, como alegria e felicidade, podem diminuir a dor e as negativas,
como tristeza e infelicidade, podem aumentar o desconforto. Sendo assim, os
pacientes com a síndrome que não estiverem sendo bem tratados do quadro
depressivo apresentarão níveis aumentados de dor.
A
terapia
cognitivo-comportamental
ao
enfatizar
especificamente
a
reestruturação cognitiva, torna-se de utilidade inequívoca para o tratamento da raiva
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por trabalhar a modificação das crenças irracionais e nas distorções de interpretação
sobre si mesmo, dos fatos e do mundo ao seu redor.
Segundo Watson (2002), o estado de dor constante leva ao desenvolvimento
de pensamentos negativos que causam o próprio fracasso. Os pacientes acreditam
que não conseguem fazer tantas tarefas quanto uma pessoa normal, levando-os a
um sentimento de invalidez e desesperança. De acordo com Chaitow (2002), esses
pensamentos empobrecem a confiança do indivíduo e resultam em depressão e
consequentemente altera a percepção de dor.
Esses pacientes precisam ser estimulados a identificar esses pensamentos
negativos, substituí-los por cognições mais adaptativas e a identificar quais
pensamentos o levam a ações positivas auxiliando-o a administrar sua condição e
quais o conduzem à depressão.
Os sentimentos de desânimo, desesperança, raiva e tristeza são originados
de pensamentos desadaptativos segundo Pereira e Penido (2010).
A maioria das participantes demonstraram pensamentos desadaptativos em
suas
respostas.
Entretanto,
sete
delas,
responderam
sentir
esperança,
demonstrando assertividade. Para Del Prette e Del Prette (2009), o pensar assertivo
depende de uma compreensão sobre os direitos e deveres que condizem a cada um
dos que estão fazendo parte da interação social.
As participantes demonstraram conhecimentos adequados quanto à síndrome
e suas formas de tratamento multidisciplinar.
De acordo com Chaitow (2002), o manejo dos sintomas da Fibromialgia não é
a mesma coisa que reabilitação e não modificará os problemas de incapacidade
associados a esta condição.
Ainda que haja um aumento na compreensão desta síndrome, hoje não há
cura para o problema.
O paciente deve ser encorajado a manter um estilo de vida independente.
Propõe-se, como intervenção, a criação de um grupo terapêutico, semanal,
com o objetivo de informar o participante sobre sua condição clínica, utilizando-se de
literatura científica para capacitá-lo no que diz respeito aos sintomas, diagnóstico e
possíveis tratamentos.
A aplicação das técnicas cognitivo-comportamentais, com o intuito de
promover reestruturação cognitiva, possibilita que o participante questione sua
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maneira de pensar a respeito da sua condição, promovendo-se assim, a correção
dos erros de pensamentos e crenças distorcidas.
Além de, a atuação do grupo, possibilitar interação com outras pessoas na
mesma condição, troca de vivências, desvio de foco e estimulá-los a ter um estilo de
vida saudável e independente.
CONCLUSÃO
Os dados do presente estudo corroboram com a revisão bibliográfica que, de
acordo com Chaitow (2002) os pensamentos de invalidez e desesperança
comprometem
a
confiança
do
indivíduo
e
resultam
em
depressão
e,
consequentemente, altera a percepção de dor. Ainda, segundo Watson (2002), o
estado de dor constante leva ao desenvolvimento de pensamentos negativos que
causam o próprio fracasso, confirmando as recaídas. Respondendo assim a
pergunta problema que norteou a pesquisa: os pensamentos automáticos negativos
podem desencadear as crises de Fibromialgia e manter a condição dolorosa?
Com a aplicação do questionário foi possível avaliar o conhecimento das
participantes sobre a Fibromialgia e seu tratamento, sendo que as mesmas
demonstraram conhecimentos adequados quanto à síndrome e suas formas de
tratamento
multidisciplinar.
Bem
como,
observou-se
que
os
pensamentos
automáticos negativos podem tornar o paciente vulnerável emocionalmente.
De acordo com Beck (1997), os pensamentos automáticos são geralmente
breves e frequentemente o paciente está mais ciente da emoção que sente em
decorrência do pensamento do que do pensamento em si. Justificando ter sido
solicitado às participantes assinalarem o que sentiam, visto que, de acordo com
Leahy (2006) é um problema comum, no começo, o paciente não ser capaz de
identificar os pensamentos associados aos sentimentos. Nas respostas das
participantes com relação aos sentimentos experimentados quando pensam em
Fibromialgia, confirmou-se a hipótese de que os pensamentos automáticos, além de
servirem como estímulo a lembrá-las constantemente da dor, estes podem aumentar
a tensão muscular, provocando dor adicional, mantendo-se assim a condição
dolorosa. Estando assim, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia
(2011) ao salientar que a interpretação da dor no cérebro sofre muitas influências,
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inclusive das emoções. As emoções positivas podem diminuir a dor e as negativas,
podem aumentar o desconforto.
Observou-se, também, que sete participantes responderam sentir esperança,
demonstrando assim, habilidades assertivas em lidar com a síndrome.
Quanto aos objetivos que foram propostos considerou-se que foram
alcançados satisfatoriamente.
Considerando-se
que,
ainda, não há cura
para a
Fibromialgia,
o
conhecimento adquirido nessa pesquisa, mostrou que as terapias existentes para o
tratamento da síndrome são de fundamental importância e resultam em efeitos
satisfatórios para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
Espera-se que esta pesquisa contribua com os profissionais da psicologia, de
modo a conhecerem ou ampliarem seus conhecimentos.
Sugere-se que, os assuntos aqui tratados, abram espaço para discussão de
novos questionamentos, novas abordagens e novos estudos sobre o tema,
contribuindo, dessa forma, para o crescimento humano e profissional do psicólogo.
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