1 CURRÍCULO EM REDE DE SABERES CONTEXTUAIS RELACIONAIS NO ENSINO SUPERIOR Mirlene Ferreira Macedo Damázio1 - UNITRI [email protected] Resumo: Este projeto de pesquisa-ação, denominado Currículo em Rede de Saberes Contextuais Relacionais no Ensino Superior, desenvolvido no Unitri e aplicado no curso de Pedagogia, procura, primeiramente, considerar o ser humano, o conhecimento e o objeto de estudo de outra forma, a partir da base conceitual do pensamento pós-moderno, envolvendo a educação da consciência e da instrução da inteligência. Este projeto apresenta resultados importantes para colaborar no aperfeiçoamento da elaboração e execução de currículos no ensino superior, gerando possibilidades enriquecedoras para as ações da gestão acadêmica. Palavras-chave: Currículo Ensino Superior - Rede de Saberes - Gestão Acadêmica A construção de um projeto pedagógico institucional para o ensino superior, no Brasil, com base em princípios decorrentes dos novos paradigmas, tem encontrado dificuldades para se efetivar, em virtude de problemas relacionados com as decisões político-filosóficas, pedagógicas e de gestão. Os projetos curriculares dos cursos de ensino superior, geralmente, centram-se na competência técnica, pois desconsideram a competência política e humana e não estabelecem relações intensas com os contextos externos, perpetuando, assim, os modelos de currículo disciplinares homogêneos, destinado a qualquer público, totalmente amorfos, e que não respeitam as diferenças humanas numa perspectiva inclusiva. Assim, o fazer pedagógico recebe os reflexos desse cenário e, em muitos momentos, não atende às reais necessidades da formação profissional e pessoal que o mercado almeja do concluinte de curso superior. É sabido que o mercado anseia por novos perfis profissionais, aquele que consiga desenvolver as habilidades e os talentos humanos, e constitua-se em sujeito de competências técnicas, humanas e políticas; aquele que estabeleça movimentos contínuos e recursivos no processo de aprender a aprender; aquele que assegure a sobrevivência coletiva 1 Pedagoga, Doutora em Educação pela Unicamp/SP, Professora do Centro Universitário do Triângulo - Unitri/MG – mestrado em educaçào 2 numa perspectiva inclusiva. Não existe mais coerência nessa racionalidade técnica plantada numa visão “guetificada”, excludente, fragmentada das ações do homem no mundo. Nesse contexto, diferentes propostas político-pedagógicas do ensino superior, com suas pedagogias, não reconhecem a educação como um sistema aberto, um processo continuum e recursivo, que provoque interdependência entre todos os fatores da realidade e considere o ser humano nas suas dimensões biopsicosocial, cognitivo e cultural, com suas diferenças peculiares na forma de vir-a-ser. Pelo contrário, ainda se percebe um processo que propõe uma educação centrada em si mesma e não provoca conexões com a totalidade, secundarizando fatores sócioeconômicos, políticos e ideológico-culturais, além de perpetuar o modelo de educação existente. Diante do exposto, e sob um outro ponto de vista, nossa concepção procura, primeiramente, levar em conta o ser humano, o conhecimento e o objeto de estudo de outra forma, a partir da base conceitual do pensamento pós-moderno, no qual se reconhece a complexidade do fenômeno inter e intra-humano, num holomovimento. Buscamos uma proposta educativa, capaz de gerar novos ambientes de aprendizagem, que nos favoreça ver o conhecimento e a realidade em contextos dinâmicos, com trabalhos que acompanhem a evolução que ocorre no mundo da tecnologia, da técnica, das necessidades humanas e que se sustente nos referenciais epistemológicos da educação da consciência e da instrução da inteligência, constituindo-se numa simbiose, em que o ser humano seja visto como um “todo”, capaz de interagir com e conectar-se ao “outro” e ao mundo. Assim, as concepções e as construções epistemológicas de um Currículo em Rede de Saberes Contextuais Relacionais tecem o ensino mediante uma teoria que leva em conta o conhecimento produzido por nós, sujeitos humanos, e se configure em forma de conexões ou “nós”. Esse currículo foi idealizado metodologicamente (DAMÁZIO, 2007:35) e tem sido 3 operacionalizado por equipes de educação superior sob a ótica epistemológica do pensamento de Edgar Morin e Deleuze e Guatarri, na visão paradigmática da complexidade e dos rizomas. Dessa forma, o paradigma dos “rizomas” reconhece a interdependência entre todos os fatores da realidade e é regido por seis princípios básicos: a conexão, a heterogeneidade, o rizoma, a ruptura asignificante, a cartografia e a decalcomania (DELEUZE, GUATARRI, 1995:15-22). Pode-se dizer que, em tempos de pós-modernidade, em início do terceiro milênio, sob a força de grandes acontecimentos, mudanças, rupturas e desagregações, o currículo em rede de saberes insere-se nesse paradigma emergente. Assim, para pensar a educação num novo paradigma, na pósmodernidade, há que se levar em conta o sujeito humano, a sociedade, a história, a cultura e a linguagem. Nesse sentido, a educação se vê comprometida com a relação biopsicosocial, cognitiva e cultural do homem com o meio, podendo provocar transformações, ao mesmo tempo em que poderá construir e reconstruir tudo em movimentos contínuos e recursivos, tendo em vista as necessidades básicas prementes do momento sócio-econômico, político e histórico. No decorrer desse processo, o conhecimento e a realidade são socialmente construídos e constituídos, por meio de experiências, vivências e situações significativas que desencadeiam formas de comportamentos e atitudes. A atitude desse homem, na realidade, não é a de um ser abstrato, mas a de um ser que age e interage objetivamente, como ser histórico que se relaciona 4 com a natureza e com outros seres humanos no exercício de atividades práticas, com finalidades e interesses, nas relações sociais (KOSIK, 1976:9-10). Assim, a ciência contemporânea, na pretensão de ultrapassar o pensamento cartesianonewtoniano e a visão funcionalista da simplificação e concebendo o homem em sua totalidade, traz em seu bojo uma concepção teórica que vê o sujeito humano como complexus em detrimento de um reducionismo, que dicotomiza homem x conhecimento. Nessa perspectiva, pode-se explicitar que a realidade complexa é a que garante a conjunção da unidade do sujeito e do objeto na totalidade de um mesmo processo, em que o paradoxo do uno e do múltiplo, a ordem e a desordem, a ambigüidade e incerteza, devem ser constituintes de um pensamento complexo (MORIN, 2001:107-113). Nessas circunstâncias, a proposta de um currículo em rede de saberes inscreve-se num sistema complexus, que significa abranger várias partes de coisas interdependentes, ligadas entre si, como membros de um todo. Esta é uma unidade complexa em que se integram ações conectadas que unificam pensamentos. Uma reflexão que faremos, baseada na complexidade, diz respeito à Educação. No paradigma da complexidade, a educação é vista como construção e reconstrução de experiências e de histórias psicosociais, em que o modo de organizar o conhecimento não deve estar pautado na cegueira improdutiva, sistematizada mediante o paradigma da simplificação (MORIN, 2001: 16-23). Assim, o sujeito humano é uno e constitui-se como sujeito do conhecimento, passando por uma teia de relações, na qual as informações se processam como instrumento de interlocução e de diálogo multidimensional. Daí, a constituição do sujeito simbólico, sendo múltiplo, não se pendendo e nem se desestruturando, mas constituindo-se como ser sistêmico. 5 Tomando como base teórica os princípios da complexidade, pensamos a educação no ensino superior pelo enfoque de que tudo se liga a tudo e que o ato de um professor transformar sua prática pedagógica, conectando teoria e prática, sustenta-se num paradigma rizomático. Isto lhe permite ser capaz de quebrar a hierarquização do conhecimento, pois as possibilidades heterogêneas de conexões auxiliam a construção de mapas de conhecimentos religados, numa conjunção de sujeito + planeta + vida + ciência, seguindo os princípios hologramáticos da autoeco-organização, da transversalidade, das conexões e das cartografias, que colocam em cena o conhecimento plural, aberto para todas as áreas dos saberes. 6 Desse modo, o ensino superior precisa ser pensado com seus atores e os conhecimentos circundantes, em redes interconectadas, sem hierarquização de conteúdos, sem dicotomizações, reducionismos, mas com um olhar pluridimensional. Com isso, certamente, o discurso de um ensino em rede será inovador e sustentará que professores e alunos conectados produzam, pela mediação da prática pedagógica, novos conhecimentos, a partir de novos olhares da didática, da metodologia, das estratégias e da avaliação. 7 Dessa forma, a práxis pedagógica, sob a ótica do pensar complexo, quer superar a disjunção ao lançar os princípios constituintes da conjunção, em que o conectar das partes projeta a articulação simultânea de todos os referenciais metodológicos, devolvendo ao sistema didático a visão hologramática de um conjunto. Assim, num movimento curricular em rede de saberes contextuais relacionais, a práxis pedagógica, constituída em objetivos educacionais, conteúdos, metodologia de ensino, métodos e processos avaliativos, sob a influência da racionalidade moderna simplificadora, a que esteve, até então, subsumida, deve ser desconstruída e reconstruída. Isso equivale a dizer que ocorre a interconexão das partes, percebendo a práxis como um conjunto que se articula, em que as partes e o todo se encontram mutuamente implicados. Em síntese, essa proposta em rede de saberes compreende não apenas as interações entre os raciocínios concreto e abstrato, dos métodos indutivos e dedutivos, dos sentidos, que registram os dados observáveis e que os ordenam em esquemas de ações significativas, mas, sim, que vai muito além, que busca criar novos ambientes de aprendizagens, privilegiando a formação plena do ser humano, a partir de um novo paradigma, que reconhece a interdependência entre todos os fatores da realidade, que colabora para construir a visão contextual relacional do homem entrelaçado no mundo, numa percepção ecológica. Essa proposta curricular propõe o re-ligare do ser humano, buscando a educação da consciência e a instrução da inteligência, pois é por meio dessa simbiose que atuaremos na esfera da vida, na esfera da inteligência e na esfera da consciência. Se o desenvolvimento da inteligência for estimulado sem a educação da consciência, este Ser poderá deteriorar-se, predestinando-se a seguir caminhos perigosos e ser relegado a uma condição humana inferior. 8 A educação da consciência é de natureza íntima do ser, é individual, é do interior para o exterior, e não o contrário. O homem que for educado na consciência e instruído na inteligência terá uma condição humana melhor. Não existe crise na educação. O que existe é uma deplorável instrução da inteligência e uma total ausência de educação da consciência (ROHDEN,1997:43). Precisamos educar verdadeiramente, deixando manifestar o que de melhor existe na natureza do homem. Enfim, nesse processo educativo de interdependência e simbiose entre a educação da consciência e a instrução da inteligência, para a era das relações e contatos humanos, a educação num currículo em rede de saberes contextuais relacionais significa preparar para a individualidade e a coletividade o sujeito humano, a fim de provocar um processo comunicacional-dialogal-global e a superação da imanência, da imediaticidade, buscando, assim, a transcendência (um processo de mudanças) do social, do cultural e do histórico-ideológico, com a ruptura de fronteiras, instituindo uma sociedade mais solidária, fraterna e humana, em que os saberes não aprisionem o corpo ao poder, mas possam liberá-lo para o amor, a compaixão e a paz. E ter consciência é saber do nosso grande poder: o poder de ser humano – “ser gente”. ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA DO CURRÍCULO EM REDE A proposta de currículo em rede de saberes contextuais relacionais respeita as diretrizes gerais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, porém é desenvolvida por meio de conhecimentos em rede, e procura romper com o paradigma moderno da simplificação, o qual legitima a fragmentação do conhecimento, a homogeneidade, a hierarquização dos saberes, a linearidade, os estereótipos, os estigmas e os preconceitos de um fazer educativo centrado no idealismo, no intelecto, no individualismo e na reprodução social. 9 O movimento educacional dessa proposta de currículo em rede é desenvolvido na perspectiva pós-critica de educação e de teorias de currículos, que se preocupa com a identidade, a alteridade, a diferença e a subjetividade, que envolve todos os fenômenos existentes para assimilar, buscando a significação e a representação em dimensões multiculturais. Procuramos deflagrar um processo que não se centra na disciplinaridade, nem na hierarquização dos saberes e nem na seriação. Nesse aspecto, o processo curricular é organizado em rede de saberes que rompem com a mera visão de interação de disciplinas, ou seja, a interdisciplinaridade, e desenvolvem as dimensões da interdependência, da complementaridade, da conectividade, que reconhece uma axiomática, entre as ciências, de forma relacional contextual. Planejamentos Educacionais Vida Fetal Cenários e Espaços Educativos Pensamento Pedagógico Sistemas Avaliativos Direitos Humanos Atos de Falar e Usar Ensino Vivenciado Atos Educativos Do Meio a Condição Humana Práxis Culturais e Científicas Evolução Conceitual Mitopoética e Paidéia Planetariedade Currículo Consciência Ética Docência e Gestão Teorias Fundantes Humanismo Do Movimento ao Meio Organizações Modalidades Avaliativas Homem / Natureza Educação da Pessoa com Cegueira e Baixa Visão Atos de Alfabetizar Saber Docente Ser Cultural Rede de Saberes Primeira Infância Língua e Linguagem Ato de Escrever Memórias e Identidades Educabilidade Social Talentos Humanos Planejamentos de Projetos Ser de Relações Avaliação Paidéia Cristã Pedagogo Segunda Infância Dificuldade de Aprendizagem Gestão Pedagogias Relações e Movimento Sociedade Terceira Infância Educação da Pessoa com Surdez Concepções e Tendências Atos Educativos Ato de Ler Pedagogia Especial Atos de Usar e Refletir a Gramática Atos Gestores na Empresa Cenários e Espaços Educativos Pedagogia da Expressão Atos Gestores na Escola Desenvolvimento Humano Essa rede é contextual relacional, e nela os conhecimentos estão conectados. Assim, há um fluxo total e único, um movimento contínuo complexo, formando sistemas abertos e fechados de saberes, por meio de um processo complementar, que promove interconectividade, inclusividade, 10 flexibilidade, cooperação e inteireza. Esse processo rompe com a visão seriada e disciplinar, que provoca rupturas e desconexões na compreensão do mundo e do homem no mundo, ou seja, fragmentações no pensar e agir humanos. CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO EM REDES.....FAZ SE O CAMINHO CAMINHANDO.... Primeiro passo: idealizar e conceber a matriz axiomática2 A matriz axiomática dos currículos em rede de saberes contextuais relacionais foi idealizada e concebida, a partir da compreensão e percepção do homem no mundo contemporâneo, estabelecendo, na educação, o espaço consolidador da formação desse ser. Essa matriz segue os ciclos do desenvolvimento e as fases da aprendizagem humana, bem como considera as habilidades e saberes essenciais a serem trabalhados numa formação profissional. Ao projetar a matriz axiomática, buscamos a essência da formação, ou seja, a episteme que determina os pontos convergentes e cruciais à plenitude do ser, com o qual estamos trabalhando. Idealizar essa matriz determina possibilidades infinitas para as ações do professor, a fim de promover as habilidades fundamentais nesse ser em formação e preparação profissional. É importante demarcar, na matriz, a origem do movimento didático-pedagógico, que favorecerá a compreensão, a autonomia e a organização, mas com a existência de interdependência entre todos esses fatores. O currículo, em seu cotidiano, procura respeitar o tempo, o ritmo de cada ser em desenvolvimento como um continuum. 2 A Matriz Axiomática é a síntese teórica do currículo em rede de saberes contextuais relacionais desenvolvido segundo as teorias pós-críticas de currículo. 11 A matriz axiomática do currículo em rede de saberes deve ser desenvolvida em movimento de recursão e continuum, por meio das epistemes contextuais relacionais, que são complementares, e que correspondem, respectivamente, ao desenvolvimento e à aprendizagem humana, técnica e política do profissional que irá atuar no mercado, envolvendo os saberes curriculares essenciais ao processo de formação desses alunos. Essa matriz axiomática, abaixo exemplificada, é submetida aos atos normativos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, no que diz respeito à estrutura e ao funcionamento do ensino superior, ao calendário, ao regimento escolar, à descrição de carga horária e à organização de espaço físico e recursos humanos, uma vez que vivemos em ações coletivas na sociedade, sendo importante, necessário e obrigatório seguir as diretrizes gerais da educação brasileira, porém que valorizem e utilizem das flexibilidades que essa Lei possibilita. Exemplo de uma Matriz Axiomática Contextual Relacional 12 O Ser Homem Biopsicosocial Congnitivo Cultural Família Lazer / Esporte Interesses Escola Habilidades Trabalho Talentos Competência Capacidades Pedagogia Contextual Relacional Potencialidades Temperamentos Comunicação Moralidade Humana Saberes Sociológicos Saberes Históricos Língua e Linguagem Saberes Técnicos Científicos Aptidões Saberes Filosóficos Saberes Psicopedagógicos Demonstração Experienciação Inclusão Investigação Experimentação Criatividade Ambiente de Aprendizagem Contextual Relacional Dialogicidade Convivência Relações Planejamento de Ensino Metodologia de Ensino Organização Didática Métodos de Ensino Recursos de Ensino Avaliação Processual Ser Humano Profissional Segundo passo: idealizar e conceber as epistemes3 contextuais relacionais As epistemes contextuais relacionais compreendem as bases epistemológicas, filosóficas, antropológicas, sociológicas, históricas, psicológicas, pedagógicas e das ciências especificas da formação, que propiciarão a compreensão do homem como ser de relações, no mundo em constante transformação, desencadeando um novo olhar sobre as dimensionalidades do ser humano numa visão da planetariedade, da sustentabilidade, da virtualidade, da globalização e da conexão de conhecimento, numa concepção atualizada dos saberes em redes contextuais 3 As epistemes contextuais relacionais conectam todos os saberes em rede de conhecimentos em uma tecitura conceitual 13 relacionais, em um prisma dos valores éticos e estéticos, da solidariedade nas diversidades multiculturais, como formação política, técnica e humana da identidade de um profissional . Na condição de seres de linguagens, de relações, de movimentos e de expressões no mundo em constante transformação, procuramos incitar, nos alunos, um processo de aprendizagem para as epistemes sobre a égide das dimensionalidades do ser humano e numa visão biopsicosocial cognitiva e cultural. Abrangeremos os âmbitos da cognição, da percepção, da memória, da moralidade humana, da sociabilidade, da afetividade, da expressão e natureza do ser, da língua e linguagem, do pensamento, dos temperamentos, das aptidões, dos interesses, das habilidades e dos talentos humanos, assegurando uma formação dimensionada, atualizada. Partimos de saberes vivenciados em redes de conhecimentos contextualizados, que garantam o acolhimento às diferenças humanas e a inclusividade na formação básica da identidade do perfil profissional, em uma determinada profissão. Desenvolvimento Humano Ensino Vivenciado Currículo Avaliação Hominização Sociedade Epistemes Língua e Linguagem Pensamento Pedagógico Gestão Saber Docente Pedagogia Especial Práxis Culturais e Científicas Exemplo de elaboração de epistêmes contextuais relacionais de um curso No movimento das epistemes de formação, em determinado curso superior, não se desenvolve o profissional para ser mero reprodutor do saber. Queremos engendrar seres humanos 14 em sua plenitude, para que sejam gestores do conhecimento. Pessoas que opinam a respeito dos fenômenos, adquirindo competências para o enfrentamento das questões que as envolverão nas diversas instâncias do seu cotidiano. Nesse sentido, é importante citar os princípios dessa formação profissional em rede de saberes: Legitimação de uma concepção ampliada de homem e de mundo, por meio do equilíbrio do homem com a natureza, numa visão da auto e eco-organização; resgate da imagem humana do ser; valorização e prática dos valores humanos, nos prismas da solidariedade; condução ao caminho do auto-conhecimento e reconhecimento do outro, e a autorealização e auto-organização; fomento ao espírito de equipe, parceria, cumplicidade e os sentimentos de nós e mesmo de pertença; respeito às diferenças individuais e coletivas, na compreensão multicultural crítica; concepção de um currículo contextualizado, alicerçado nos valores históricoculturais, em ação e movimento continuum, que provoque a flexibilidade, o diálogo, a recursão, a organização do homem no mundo, nas dimensões da complementaridade e da complexidade; provisão de um ambiente de aprendizagem, no qual o aluno seja observador, seja observado de forma intensa e reflexiva, ao procurar não só sua formação, mas provocar movimento e transformação; processos de ensino e de aprendizagem que deflagrem o aprender a aprender; estabelecimento de uma metodologia de ensino que possibilite ao ato educativo um campo pedagógico rico de vivências, experiências, experimentações, investigações e criações. 15 Assim, ao estabelecermos as epistemes, buscamos a sistematização e a organização dos processos de ensino e de aprendizagem, ao seguir o caminho das fases do desenvolvimento e da aprendizagem humana, criando um ambiente estimulador e rico em vivências da realidade. Na visão de Morin (2001), é preciso que o conhecedor, o conhecimento e o conhecido, estejam sem fronteiras, expondo as dimensões da não dualidade, da não separatividade, e rupturas do homem com as coisas do mundo. Terceiro passo: construção dos contextos identitários Os contextos identitários estão alicerçados nas representações sociais, como valores morais, políticos, históricos e afetivos da vida na coletividade, bem como, na necessidade de apropriação dos legados culturais da humanidade. Cada epistemes é constituída por contextos identitários. Estes são selecionados, observando a significância, a representatividade conceitual e a legitimidade social do assunto. Essa escolha deverá ir ao encontro das necessidades da formação. Os contextos identitários deflagram o ambiente de desenvolvimento e aprendizagem, no qual tudo que acontecer, no decorrer do processo do ato educativo, precisa ter sintonia e provocar a possibilidade de conectar e relacionar todos os saberes, em busca da formação do aluno nas áreas biopsicosocial cognitivo cultural. A preocupação básica e essencial, ao definir os contextos para os ambientes de aprendizagens, relaciona-se aos aspectos da legitimidade social do contexto identitário, intimamente ligado aos conhecimentos do mundo. 16 Os contextos identitários são organizados, sem desrespeitar a base comum dos currículos do ensino superior. Eles são sistematizados, em forma de tecitura epistêmica, conectando todos os contextos definidos. Exemplo de uma tecitura epistêmica do contexto identitário Desenvolvimento Humano Relações e Movimento Modalidades Avaliativas Atos de Alfabetizar Teorias Fundantes Currículo Atos de Falar e Usar Pedagogia da Expressão Atos Educabilidade Educativos Social Sistemas Avaliativos Paidéia Cristã Dificuldade de Aprendizagem Primeira Infância Do Movimento ao Meio Língua e Linguagem Talentos Humanos Ato de Escrever Cenários e Espaços Educativos Direitos Humanos Humanismo Gestão Ser Cultural Cenários e Espaços Educativos Ensino Vivenciado Concepções e Tendências Homem / Natureza Sociedade Pedagogo Práxis Culturais e Científicas Terceira Infância Pensamento Pedagógico Planejamentos de Projetos Atos Gestores na Empresa Organizações Consciência Ética Segunda Infância Vida Fetal Mitopoética e Paidéia Planejamentos Educacionais Educação da Pessoa com Surdez Planetariedade Atos Educativos Pedagogias Ato de Ler Primeiro Núcleo Educação da Pessoa com Cegueira e Baixa Visão Saber Docente Ser de Relações Atos Gestores na Escola Avaliação Evolução Conceitual Memórias e Identidades Do Meio a Condição Humana Docência e Gestão Pedagogia Especial Atos de Usar e Refletir a Gramática Quarto passo: construir as conceitualizações dos contextos identitários Após o planejamento dos contextos identitários, o professor realiza pesquisas bibliográficas e elabora as conceitualizações do contexto, demarcando o processo de desenvolvimento do trabalho educativo profissional. As conceitualizações, definem os significados e significantes de todos os saberes em estudo no contexto identitário, visando atender à formação em questão. Essas conceitualizações são escolhidas e definidas mediante estudo detalhado dos saberes em estudo, visando à construção dos sistemas simbólicos. Exemplo de conceitualizações 17 Atos em Rede Discursiva Dialogismo Alfabetização Semiótica Tipologia textual Ato de Escrever Retórica Comunicação Linguagem Texto Língua materna Gêneros Textuais Discursividade Intertextualidade Formação Ideológica Enunciação/ Semântica Enunciado Criticidade Palavras Atos de Falar Sociolingüística Discurso Léxico Gêneros textuais Fala Sintaxe Fonologia Sintagmas Escrita Língua Oratória Métodos Gramática Atos com Gêneros Textuais Efeitos de sentido Ato de Ler Argumentação Fonemas Formação Discursiva Heterogeneidade Interdiscurso Morfologia Atos Retóricos Exposição oral Atos Gramaticais Pragmática Leitura Língua e Linguagem Fonética Letramento Critérios gramaticais Coerência Coesão Interpretação Persuasão Variação lingüística Signo lingüístico Textualidade Polifonia Quinto passo: elaboração de um plano de ensino do contexto identitário Neste momento, iremos elaborar o plano de ensino, que irá envolver a definição do núcleo temático transversal, do tema transversal, das conceitualizações, dos conteúdos, dos procedimentos didáticos e dos recursos de ensino. Ao elaborar o plano, busca-se relacionar os saberes que são essenciais para a construção conceitual das conceitualizações da episteme em estudo, procurando assegurar a conexões do núcleo e os temas transversasis. Exemplo de uma Episteme Relacional Transversal: Língua e Linguagem Núcleo Temático Temas Procedimentos de Conceitualizações Transversal Homem, Sociedade, Educação e Trabalho. Conteúdos Transversais Do senso Recursos de Ensino Ensino Linguagem Linguagem e língua Aula expositiva Lousa Pincel comum ao Língua como construção de conhecimento Signo lingüístico sentidos e da realidade elaborado. Leitura no ato de ler em redes Interpretação discursivas, sob foco da Debate grupal Transparência Criticidade. Filosofia da Linguagem GVGO CD dialógica Leitura e interpretação de texto Livro texto Retroprojetor 18 e da Lingüística. Textos-imagem Textos sonoros Textos diversos escritos Bibliografias ABAURRE & et. al. Português. São Paulo: Moderna,2000. AUROUX, Silvain. A Filosofia da Linguagem. Campinas: UNICAMP, 1998. FERREIRA, Josimário de Paulo. Legibilidade e Memória Discursiva- o outro na construção do sentido do texto na leitura. Uberlândia: UFU, 1999. (Dissertação de Mestrado). MARTINS, Maria H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1992. ORLANDI, Eni P. Interpretação. Petrópolis: Vozes, 1996. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura em Curso. Campinas: Autores Associados, 2003. Para colocar em ação os passos apresentados, adotamos a Pedagogia Contextual Relacional, na qual a organização do ato educativo tem coerência com a matriz axiomática e com o pensar das epistemes. O sentido da Pedagogia Contextual Relacional encontra-se em formar o ser humano, por meio de contextos significativos, em que se procura desenvolvê-lo em todos os aspectos possíveis, tais como na vontade, na inteligência, no conhecimento e em idéias sociais, despertando-lhe as qualidades para estabelecer um movimento relacional sadio, entre o ser e o meio ambiente, descartando tudo o que é inútil, sem valor real para a vida. Nesse sentido, o cotidiano adquire significado, quando se levam em conta todas as vivências contextuais relacionais que o ser em evolução experimenta. De acordo com esses preceitos, a Pedagogia Contextual Relacional compreende o homem/mundo relacionados entre si, em uma ação entre o conhecedor, o conhecimento e o conhecido, de maneira dimensionada e ampliada. Essa ação não fica restrita ao conhecimento do mundo físico, dos objetos no plano concreto. Ela também se realiza por meio de exercícios reflexivos, intuitivos e relacionais, baseados na complexidade do fenômeno inter e intra humano. 19 Suas práxis educativas é vivencial processual e exige muita investigação e atos ligados à necessidade do homem, por meio de sistemas contextuais e complexos, que são auto-organizados. Essa Pedagogia aplica a visão da totalidade, e cria uma compreensão do homem, do objeto e do conhecimento numa tríade única, indivisível. Nesse contexto, segundo Moraes (1997), o homem se encontra num contínuo processo de evolução, pelo qual poderá falhar, acertar e refazer caminhos, conseguidos por meio de seu autoconhecimento e do reconhecimento do outro, num encontro interior e exterior, atingindo o processo de busca natural própria do ser em transformação e formação. Assim, a Pedagogia Contextual Relacional estabelece princípios que compreendem o homem como um ser histórico, dialógico, ético, estético, no qual desperta a consciência de si mesmo, possuindo aptidões naturais e culturais. Nesse conjunto, os princípios básicos e científicos da Pedagogia orientam sobre o valor do entendimento e da compreensão dos ciclos do desenvolvimento e da aprendizagem humana, por considerar vital o respeito a estes ciclos, bem como o acompanhamento sistemático da evolução do ser em cada fase. Nesse sentido, essa Pedagogia legitima a busca pela compreensão do desenvolvimento e da aprendizagem humana sobre quatro preceitos teóricos: a concepção dos ciclos do desenvolvimento humano; a concepção dos ciclos da aprendizagem humana; a compreensão dos temperamentos humanos; e a compreensão das aptidões, dos interesses, das habilidades e dos talentos humanos. Desde a mais tenra idade, o ser humano, ao ser colocado no ambiente educacional, menciona que vai à escola para aprender. Ele está certo, porém a nossa principal preocupação 20 está na forma como se decorrem os processos do aprender, vistos os resultados que os ambientes, estimuladores ou não, possibilitam alcançar. Esses resultados alcançados influem nos processos cognitivos, afetivos e sociais por toda a vida, deixando reflexos na saúde, na autoconfiança, no desenvolvimento e na valorização do potencial humano. A vida é um continuum, e focalizar os fenômenos do desenvolvimento e aprendizagem humana separadamente repercute desfavoravelmente na unidade do ser. O homem é uma unidade e, por isso, o professor há de se preocupar com essa unidade, indivisível, original e única, para realizar seu trabalho educativo. Uma prática educativa que respeite o desenvolvimento, a aprendizagem, os temperamentos e as aptidões, os interesses, as habilidades e os talentos do ser humano é essencial aos processos educativos desse currículo e sob os preceitos desta pedagogia. Nesse contexto, a Pedagogia Contextual Relacional cria um campo de trabalho comprometido com essa compreensão de ser humano que possui aptidão e habilidade, e cria, para a potencialização desse ser, um convívio com a realidade, de maneira contextualizada, envolvendo seus aspectos condicionantes e ideológicos e propondo possíveis alternativas às questões problemas, que deflagrem as habilidades para: Interpretar o mundo na visão da virtualidade, da sustentabilidade, da inteireza, da plenitude e da visão ecológica ; ver o homem no mundo, como um fenômeno complexo, no qual a incerteza, a indefinição, a incompletude, a complementaridade são elementos para sua reflexão/ação; entender idéias e valores sócio-culturais e históricos, indispensáveis aos atos do homem no mundo; dimensionar o conhecimento e as coisas do mundo de maneira conectada, contextualizada, elaborando significados, sentidos e aplicabilidade na vida. 21 inter-relacionar os saberes adquiridos com os fazeres cotidianos, promovendo avanços individuais e coletivos; criar e recriar conhecimentos que são, direta e indiretamente, relacionados com os atos humanos e seu bem viver. Na visão de Taylor (1976), esse respeito às diferenças humanas em ações coletivas e individuais envolve um elenco de habilidades relacionadas com a capacidade acadêmica, quais sejam: a criatividade; o planejamento; a comunicação; a tomada de decisões; o relacionamento humano e o discernimento de oportunidades, favorecendo a compreensão de que todo e qualquer ser humano tem potencialidades de evolução, tem capacidade de buscar sua auto realização, tem diferenças que precisam ser respeitadas nas suas especificidades, pois as características, os ritmos e os tempos de cada um são construídos nas relações estabelecidas entre o ser e o meio vivencial. É de acordo com essa visão que criamos e direcionamos o ambiente de relações cotidianas da ação educativa da Pedagogia Contextual Relacional, quanto às interações professor/aluno e aluno/aluno. Em situações de processos de ensino aprendizagem, compreendemos que se torna necessário o estabelecimento de ações dialógicas, nas quais a participação ativa de todos envolvidos no ambiente de aprendizagem é preponderante para a eficiência do processo em construção. Importa que o professor seja considerado como a autoridade para gestar democraticamente o grupo, evitando ações autocráticas. Nesse sentido, procuramos contribuir para que possamos oferecer aos nossos alunos ambientes mais saudáveis, em vista a prepará-los para a vida na coletividade e, individualmente, criando espaços de convivências salutares, nos quais os valores humanos sejam a essência da vida do ser em movimento e evolução permanente. 22 Em relação às diferenças humanas nas deficiências, sejam elas: deficiências físicas; deficiências sensoriais; deficiências mentais e ou múltiplas; as várias síndromes; as dificuldades de aprendizagem, tais como: a dislexia, a hiperatividade e as dificuldades das pessoas com superdotação, as quais são compreendidas e trabalhadas, com foco não no déficit, na falha, na insuficiência ou na falta deixada pela deficiência em si, mas nas áreas que continuam potenciais, visto que toda deficiência causa limites, mas deixa potencial em uma ou várias áreas do funcionamento do corpo humano. Nesse aspecto, o foco da atenção recai permanentemente no aproveitamento de toda e qualquer possibilidade existente na pessoa, visando propiciar a oportunidade de ela vir a ser o que pode ser, e não o que queremos que ela seja, tomada pelos padrões de normalidade e nas respostas esperadas e determinadas. Nesse sentido, o ambiente de aprendizagem da Pedagogia é organizado com base no pressuposto de que todas as pessoas são diferentes, e, por isso, são necessárias atitudes e posturas de respeito às limitações de todos, inclusive dessas pessoas com diferenças humanas nas deficiências. Nesse contexto, recorremos as várias alternativas existentes para desenvolvermos um ensino com técnicas específicas e especializadas para o trabalho com pessoas que tenham essas limitações provocadas pelas deficiências, envolvendo os procedimentos e recursos a serem usados num plano educacional centrado no potencial humano. Os alunos, no ambiente educacional da Pedagogia, estão inseridos em todo o processo, independente de que limitações apresentam. Procuramos respeitar os seguintes aspectos: grupos socialmente organizados de acordo com os núcleos de desenvolvimento e aprendizagem, e que os alunos sejam favorecidos social e afetivamente, considerando o desenvolvimento global; 23 um convívio saudável entre todos, para tanto, são elaboradas estratégias que favoreçam a compreensão das diferenças humanas; os aspectos cognitivos são analisados mediante estímulos oferecidos no ambiente de aprendizagem, quando se trabalha o potencial de cada um e respeitam os limites existentes; uso de técnicas especializadas de organização dos recursos didáticos; planejamento contextualizado, acatando as diferenças que compõem todo o grupo; sistema de avaliação que observa, diagnostica e valoriza o potencial humano, mas que conecta com o contexto, e suas exigências sociais, culturais e cognitivas. Para a Pedagogia Contextual Relacional, no seu fazer acontecer no cotidiano escolar, desenvolve-se a metodologia contextual relacional e vivencial de aprender a aprender. Essa metodologia é entendida como um caminho percorrido pelo professor, para favorecer as condições essenciais de aprendizagem do aluno, numa tríade entre o conhecedor, o conhecimento e o conhecido. Assim, o professor, na condição de autoridade para gestar e com responsabilidade para construir o ambiente de aprendizagem para o aluno, elabora os métodos pertinentes de acordo com os ciclos do desenvolvimento e aprendizagem, escolhendo os melhores procedimentos e recursos para operacionalizar o trabalho educativo. Assim, a metodologia contextual relacional adota os seguintes preceitos básicos para o ato de aprender a aprender: O ser humano pensa, questiona e levanta idéias sobre todas as coisas; ao levantar idéia, entra em conflito com os esquemas anteriores; ao entrar em conflito, busca respostas aos seus questionamentos, para refutar ou confirmar o que está sendo investigado, estudado; ao descobrir sobre o saber investigado, tem um ato conseguido; 24 esse ato conseguido precisa ser repetido, construindo o significante e o significado; ao apreender o saber, o ser humano realizará sua aplicabilidade no seu cotidiano de vida. Ilustração das fases da metodologia contextual relacional ? Para que essa organização metodológica aconteça, é indispensável a capacitação dos professores de forma contínua, envolvendo aspectos da educação, do desenvolvimento e aprendizagem humana. Essa capacitação se dá por meio de ciclos de estudos pedagógicos e atendimentos individuais aos professores, com objetivo de atingir o perfil do professor de formação específica para o ensino superior. Espera-se que este profissional torne-se um gestor do processo. 25 AVALIAÇÃO PROCESSUAL A avaliação processual visa compreender o desenvolvimento humano, em suas possibilidades, limitações e diferenças no cotidiano educativo. Por meio dessa avaliação, podemos repensar, permanentemente, os atos pedagógicos. Os princípios dessa avaliação coincidem com os da aprendizagem. São proposições diretoras do processo, às quais todo o desenvolvimento posterior deve estar subordinado. Os princípios adotados para a avaliação processual são: • contínua (não se restringir ao momento isolado); • gradual (realizar-se em etapas); • cumulativa (cada avaliação deve fornecer elementos para outra); • coerente (ter ligação recíproca com o processo ensino-aprendizagem e com a metodologia desenvolvida pelo currículo); • cooperativa (professor e aluno devem atuar juntos); • ampla (vários aspectos devem ser considerados); • de acompanhamento (e não apenas classificatória); • transparente (apresentar claramente os objetivos, os conteúdos, os critérios e a bibliografia, antes do momento da avaliação); • prazerosa (desenvolver-se num clima de tranqüilidade e confiança). A avaliação processual oferece a possibilidade de encontrar as potencialidades e não as limitações do desempenho escolar do aluno. Ao trabalhar com avaliações sistemáticas de diversas situações do cotidiano escolar, ampliamos o olhar sobre o desenvolvimento e a aprendizagem desse ser, independentemente de o aluno possuir ou não um déficit intelectual ou sensorial. 26 BREVE CONCLUSÃO Finalmente, queremos afirmar que o ensino superior, é um lugar da formação humana, política e técnica e o nosso dever, como profissionais do ensino, é garantir a esses cidadãos o que a Constituição Brasileira prescreve a todos os brasileiros, indistintamente: o direito a uma educação de qualidade, sem qualquer discriminação e aberta às diferenças Assim, na condição de seres de linguagens, de relações, de movimentos e de expressões no mundo em constante transformação, procuramos desencadear, nos alunos em formação, um processo de aprendizagem sobre a égide das dimensionalidades do ser humano e numa visão biopsicosocial cognitivo e cultural. Abrangemos os âmbitos da cognição, da moralidade humana, da sociabilidade, da afetividade, da língua e linguagem, assegurando uma formação atualizada e diferenciada. Educar a consciência e instruir a inteligência é o cerne deste currículo em rede de saberes, aplicado por meio da Pedagogia Contextual Relacional. Significa sermos capazes de conviver, comunicar e dialogar num mundo em constante movimento, no qual somos contemporâneos de nós mesmos, membros de uma cultura planetária, comunitária, fraterna e solidária. BIBLIOGRAFIAS DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação Escolar de Pessoa com Surdez: uma proposta inclusiva. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de Doutorado. _________.Currículo em Rede de Saberes Contextuais Relacionais: Organização Metodológica. Cadernos Unitri/Mirlene Ferreira Macedo Damázio. V.5. (2007) - Uberlândia: UNITRI, 2007. DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs- Capitalismo e Esquizofrenia -Vol. 1. São Paulo: Editora 34, 1995. KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. 27 MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Crítico. 2 ed. São Paulo: Cortez: 1999. MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 3 ed. Campinas: Papirus, 1997. MORIN, Edgar.Introdução ao pensamento complexo. 3 ed. Lisboa: Stória, 2001. PIAGET, Jean. A epistemologia genética: sabedoria e ilusões da filosofia, problemas de psicologia genética. São Paulo: Abril Cultural, 1978. SILVA, Tomas Tadeu da. Documentos e identidades: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. TAYLOR, Calvin W. Criatividade: progresso e potencial. São Paulo: Ibrasa, 1976. ZOHAR, Danah. O Ser Quântico – Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física. 8 ed. São Paulo: Best Seller.