UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO - FCSAC CURSO PUBLICIDADE E PROPAGANDA VICTOR DI CÁSSIO SALVADOR SALOMÃO A EVOLUÇÃO DA EMPRESA ATRAVÉS DO REPOSICIONAMENTO DE MARCA: O CASO HAVAIANAS São José dos Campos - SP, 2014 VICTOR DI CÁSSIO SALVADOR SALOMÃO A EVOLUÇÃO DA EMPRESA ATRAVÉS DO REPOSICIONAMENTO DE MARCA: O CASO HAVAIANAS Monografia apresentada ao Curso de Publicidade e Propaganda, da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, Faculdade de Ciências Sociais - FCSAC, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Professor orientador: Mário Gustavo Almeida de Paula São José dos Campos - SP, 2014 VICTOR DI CÁSSIO SALVADOR SALOMÃO A EVOLUÇÃO DA EMPRESA ATRAVÉS DO REPOSICIONAMENTO DE MARCA: O CASO HAVAIANAS Monografia apresentada ao Curso de Publicidade e Propaganda, da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, Faculdade de Ciências Sociais - FCSAC, como prérequisito para a obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Aprovado em ___ de _________________ de 2014. BANCA EXAMINADORA -----------------------------------------------------------------------------Prof. Orientador: Mário Gustavo Almeida de Paula -----------------------------------------------------------------------------Prof.a: Celeste Marinho -----------------------------------------------------------------------------Prof.: Celso DEDICATÓRIA Ao meu Orientador; Aos Professores; Aos colegas de curso; A Deus, pela força e a dádiva do aprendizado. VICTOR DI CÁSSIO SALVADOR SALOMÃO AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me abençoar com uma família maravilhosa, aos meus pais por todo suporte necessário ao longo desses anos da minha graduação. Agradeço também a todos os professores pelo ensinamento transmitido durante essa etapa da minha vida. Obrigado! VICTOR DI CÁSSIO SALVADOR SALOMÃO RESUMO “Brand Equity”, Valor da Marca, é um termo usado no marketing para descrever o valor que tem uma marca conhecida, isto com base na ideia de que o proprietário de uma marca bem conhecida pode gerar mais dinheiro a partir de produtos com essa marca do que de produtos com um nome menos conhecido, pois os consumidores acreditam que um produto com um nome bem conhecido é melhor do que produtos com nomes menos conhecidos. Marcas são um dos ativos mais valiosos de uma empresa e o valor da marca é um dos fatores que podem aumentar o valor financeiro de uma empresa, embora não seja o único. Os elementos que podem ser incluídos na avaliação do valor de uma Marca incluem mudar participação de mercado, margens de lucro, o reconhecimento do consumidor dos elementos visuais, associações feitas pelos consumidores, a percepção de qualidade dos consumidores e outros valores de marca relevantes. Este estudo tem por objetivo analisar o reposicionamento de marca realizado pela empresa Havaianas verificando a Marca como fator de vantagem competitiva e identificando seus referenciais, suas relações e estabelecendo seus elementos determinantes. Palavras Chaves: Marca, Reposicionamento, Havaianas. ABSTRACT "Brand Equity", Brand Value is a term used in marketing to describe the value that has a known brand, this based on the idea that the owner of a well-known brand can generate more money from products with this brand than products with a lesser known name because consumers believe that a product with a well known name is better than products with less familiar names. Brands are one of the most valuable assets of a company and the value of the brand is one of the factors that may increase the financial value of a company, although not the only one. The elements that can be included in assessing the value of a brand change include market share, profit margins, consumer recognition of visual associations made by consumer’s elements, the quality perception of consumers and other relevant brand values. This study aims to analyze the brand repositioning carried out by checking the company Havaianas brand as a competitive advantage factor and identifying their reference, their relationships and establishing its determinants. Keywords: Brand, Repositioning, Havaianas. LISTA DE FIGURAS 1- Tipos de Marcas...............................................................................31 2- Brand Wheel –DNA da Marca..........................................................35 3- A pirâmide da Lealdade...................................................................36 4- Elementos do valor da Marca...........................................................38 5- Uma visão Geral das decisões de Marca.........................................39 6- Bons nomes de Marca......................................................................42 7- Estratégia de Marca..........................................................................43 8- Chico Anysio.....................................................................................52 9- Havaianas Top..................................................................................52 10- Havaianas Baby...............................................................................53 11- Havaianas Brasil..............................................................................53 12- Havaianas Flash..............................................................................54 13- Havaianas High...............................................................................54 14- Havaianas Ypê................................................................................54 15- Havaianas Cartunista......................................................................55 16- Havaianas Slim...............................................................................56 17- Havaianas Team.............................................................................57 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 CAPÍTULO I .......................................................................................................... 12 1.1 MARKETING: CONCEITO E DEFINIÇÃO ................................................ 12 1.2 ELEMENTOS DO MARKETING ................................................................ 15 1.2.1 Produto ............................................................................................... 16 1.2.2 Preço ................................................................................................... 19 1.2.3 Praça ................................................................................................... 20 1.2.4 Promoção............................................................................................ 21 1.3 CONSUMIDOR ......................................................................................... 22 1.3.1 Percepção do consumidor ................................................................ 24 CAPÍTULO II...........................................................................................................25 2.1 O QUE É PESQUISA? .............................................................................. 25 2.2 TIPOS DE PESQUISA .............................................................................. 25 2.2.1 Pesquisa bibliografica.........................................................................25 2.2.2 Pesquisa descritiva..............................................................................25 2.2.3 Pesquisa qualitativa.............................................................................26 2.2.4 Pesquisa quantitativa..........................................................................26 2.2.5 Pesquisa documental..........................................................................26 2.3 ESTA PESQUISA ..................................................................................... .27 CAPÍTULO III ........................................................................................................ 28 3.1 MARCA: CONCEITO E DEFINIÇÃO ......................................................... 28 3.2 O VALOR DA MARCA............................................................................... 29 3.3 POSICIONAMENTO.................................................................................. 32 3.4 SÍMBOLOS, SINAIS E ATRIBUTOS DE UMA MARCA ............................ 34 3.5 PATRIMÔNIO DA MARCA..........................................................................37 CAPÍTULO IV....................................................................................................... 45 4.1 ESTUDO DE CASO: HAVAIANAS ............................................................ 45 4.2 BREVE HISTÓRICO HAVAIANAS. ........................................................... 45 4.3 REPOSICIONAMENTO DA MARCA HAVAIANAS ................................... 47 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 58 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 60 10 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, a disputa entre as corporações passou do plano da manufatura para o mercado. Não há mais como manterem diferenciais competitivos técnicos, de produto, por muito tempo. Isso vale para um chip, um detergente, um serviço bancário. Quando os produtos deixam de exibir diferenças significativas entre si, a essência do negócio passa a ser o desenvolvimento, a gestão, a construção e a ampliação dos negócios com base em marcas competitivas e fortes, porque são as marcas que definem, na ponta da linha, o sucesso do negócio. A construção de marcas é um processo intrincado, doloroso, mas inevitável. Muita gente tenta evitar esse problema buscando a saída mais fácil: estender as marcas que já existem. Essa é uma oportunidade essencial nos negócios, mas é necessário critério para utilizá-la. Além disso, construir novas marcas é essencial para a multiplicação de negócios no futuro. O surgimento das business units, ocorrido há pouco mais de uma década, representou um grande avanço para as organizações. As diversas áreas das empresas foram liberadas para gerar resultados, sair em busca de suas metas, seu bônus, seus desafios. Ocorre que, com o passar do tempo, as unidades de negócio viraram feudos dentro das empresas e, com isso, muitas marcas corporativas, a identidade corporativa, em nome da qual você abre portas, passou a ser fragilizada. Gerir marcas significa olhar com mais cuidado para esse processo. Marcas devem ter um projeto de evolução. Os verdadeiros donos das marcas são os clientes e os consumidores. Portanto, para entender como essa evolução deve ser operada, é fundamental entender como o processo de expansão das marcas acontece na cabeça e no coração das pessoas. Responder a essas questões, por exemplo: que tendências mercadológicas ajudarão a estender negócios com a marca já existente? O que deve ser feito? (e mais importante, até, o que não deve ser feito) com a marca que já existe? A marca tem que ser a verdadeira chave para gerar retornos substanciais sobre o investimento. Há uma sensibilidade enorme para a necessidade de medir a 11 eficácia dos resultados dos investimentos realizados em marketing. As práticas fundamentais de marketing focam para as seguintes expressões: holístico e integrado. Essas práticas são necessárias para o sucesso no mundo atual dos negócios. Hoje, pessoas vivenciam marcas nas mais diversas situações: online, no varejo, por meio de representação de vendas, em embalagens, em aviões e até na traseira de caminhões. Um processo integrado e estratégico de marketing garante uma mensagem eficiente e consistente em qualquer ponto de contato com clientes atuais e potenciais. Este estudo tem por objetivo analisar o reposicionamento de marca realizado pela empresa Havaianas verificando a Marca como fator de vantagem competitiva, analisando e identificando seus referenciais, suas relações e estabelecendo seus elementos determinantes. 12 CAPÍTULO I 1.1 MARKETING: CONCEITO E DEFINIÇÃO Tofler (2007) relata que com a Revolução Industrial a sociedade sofreu uma profunda transformação, especialmente nas características do mercado, ou seja, o marketing confundia-se com a administração clássica. Em 1903 o diretor do laboratório de psicologia e, depois, presidente da Northwestern University, escreveu The Teory of Advertising, A Teoria da Propaganda, uma das primeiras aplicações da psicologia na área de marketing. Em 1922, Fred E. Clark, um dos fundadores da National Association of Teachers of Marketing e o primeiro presidente da American Marketing Association, escreveu Principles of Marketing, Princípios de Marketing, sendo considerado então o pioneiro na literatura fundamental da área. Para Raimar Richers, “o berço do marketing encontra-se indiscutivelmente nos Estados Unidos e sua difusão pelo mundo foi relativamente lenta. Mesmo na Europa, o marketing só começou a ser aceito após a Segunda Guerra Mundial.” (RICHERS, 2000, p.4) Richers (2000) narra que em 1954, Peter Drucker apresentou o marketing como uma ferramenta poderosa a ser considerada por administradores focados no mercado. Em seu livro “A Prática da Administração de Empresas”, ele caracterizou, muito provavelmente, os primeiros passos para a difusão dessa matéria. Em 1960, conforme narrado por Richers (2000), foi publicado na Harvard Business Review – julho/agosto pelo alemão Theodore Levitt um artigo intitulado “Marketing Myopia”, Miopia de Marketing onde se mostrou a importância da satisfação do cliente, isto transformou para sempre o mundo dos negócios, ele então passou a ser reconhecido por muitos como o pai do marketing. Richers (2000) pontua ainda que outra grande contribuição da década foi a publicação do livro “Administração de Marketing” em 1967 por Philip Kotler, considerado atualmente o mais respeitado estudioso em marketing, foi ele quem consolidou seus conceitos básicos que até hoje servem de referência aos estudiosos do marketing. 13 Para Tofler (2007) na década de 1970 ocorreu a multiplicação dos grandes centros comerciais, shoppings centers e hipermercados que adotaram as estratégias de marketing em seu dia a dia. Outros setores de atividade passaram então a valerse dessas mesmas estratégias adaptadas às suas necessidades. Multiplicaram-se também as agências de publicidade e com elas aumentou-se o uso da mídia de massa, bem como a comunicação mercadológica que atingiu proporções nunca observadas. Nessa época, em 1972, Al Ries e Jack Trout escrevem uma série de três artigos na revista Advertising Age intitulada “A Era do Posicionamento”, que mudou não só a propaganda, como também afetou profundamente toda a visão estratégica de marketing. Esse artigo originou o livro “Posicionamento: a batalha pela sua mente”, dos mesmos autores e lançado em 1981. Aliás, nessa década, especialmente no ano de 1982, foi lançado outro livro marcante “Em busca da excelência”, onde Tom Peters e Bob Waterman focam a importância da completa atenção no cliente. Sobre esse terreno fértil, na década seguinte, a cultura dos serviços customizados de atendimento aos clientes é plantada. Destaca-se o marketing de relacionamento, a personalização da massa, a metodologia Marketing 1 to 1 da Peppers & Rogers Group que valoriza o tratamento diferente para cada cliente, de acordo com seu valor e suas necessidades. Segundo Madruga, “[...] Assim como o marketing de massa foi à solução no século passado para levar o maior número possível de produtos para o maior número imaginável de clientes, o marketing de relacionamento [...] privilegia a interação com seu cliente, com o objetivo de desenvolver, especialmente para ele, um conjunto de valores que o levarão à satisfação e longevidade do seu relacionamento com a empresa”. (MADRUGA, 2000, p. 20) Kotler (2008) alega que muitas pessoas confundem o marketing com vendas e propaganda, o que se justifica em razão de sermos todos os dias bombardeados com inúmeros comerciais de TV, anúncios em jornais e revistas, malas diretas, telemarketing, etc. Todavia, as ações de venda e a propaganda são apenas partes de todo um composto do marketing. Kotler (2000, p. 570) esclarece que o mix de comunicação de marketing é composto de cinco formas essenciais de comunicação: 14 1. Propaganda qualquer forma paga de apresentação e promoção não-pessoais de idéias, mercadorias ou serviços por um anunciante identificado. 2. Promoção de vendas: uma variedade de incentivos de curto prazo para encorajar a experimentação ou a compra de um produto ou serviço. 3. Relações públicas e publicidade: uma variedade de programas elaboradas para promover ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos. 4. Vendas pessoas: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais visando apresentar produtos ou serviços, responder perguntas e tirar pedidos. 5. Marketing direto: utilização de correio, telefone, fax, e-mail ou Internet para se comunicar diretamente com clientes específicos e potenciais ou lhes solicitar uma resposta direta.” Peter Drucker (1973, p. 64-65 apud Kotler, 2008, p. 2) defende que “o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua.”. Evidentemente isso não quer dizer que a atividade de venda não tenha importância, mas que consiste na parte de um conjunto de instrumentos utilizados pelo marketing. Diante de todos os fatos expostos este estudo adotou o conceito formulado por Kotler (2008, p. 2) que define o marketing como “o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtém aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores.” O conceito adotado aqui se faz por considerar uma palavra que represente fidedignamente o marketing nessa definição de Kotler, essa palavra é “processo”. Considera-se neste estudo que o marketing é um processo, uma atividade que consiste na análise do ambiente do mercado, no planejamento, na implementação e controle de ações que permitam a empresa a atuar nesse mercado com relativo sucesso, um processo. Também deve ser considerado social, pois o objetivo de toda a empresa que atua no mercado é lucrar atendendo as necessidades da sociedade. 15 1.2 ELEMENTOS DO MARKETING Em 1948 James Culliton cunhou a expressão marketing mix ou composto de marketing que ganhou visibilidade a partir de 1960, por meio de McCarthy e tornouse conhecida como os 4Ps do marketing: produto, preço, praça e promoção. Atualmente, encontra-se alguns autores que propõem outras definições para os Ps além dos 4 iniciais, como o P de público, o P de pesquisa, dentre outros. Entretanto deve lembrar que os 4Ps são exclusividade da organização, compete apenas a ela a decisão sobre o que produzir, qual preço praticar, em que praça (local) distribuir e o que comunicar. O acréscimo do P de público, o P de pesquisa tem que considerar que o público e nem a pesquisa são exclusividade de qualquer organização em particular. O público é objeto de disputa entre as organizações e a pesquisa é método disponível para qualquer instituição ou área do conhecimento. Assim, predomina apenas o conceito dos 4Ps no Marketing. Tem-se que lembrar que é através do conhecimento destes elementos que o profissional de marketing dará conta de enfrentar as mudanças ambientais e a competição cada vez mais acirrada, para alcançar resultados favoráveis. O sucesso da organização dependerá então do conhecimento que o profissional de marketing detém sobre os 4Ps, a combinação mais adequada levará a criação de uma vantagem competitiva em relação a concorrência. 1.2.1 Produto São muitas as definições que se pode encontrar para produto, a maioria delas válidas e próximas entre si. Utiliza-se neste estudo o conceito proposto por Hawkins et al (2007, p. 14): “um produto é qualquer coisa que um consumidor adquire ou pode adquirir para atender uma necessidade percebida”. Por esta definição pode-se dizer que de forma geral, produtos incluem objetos físicos, organizações, ideias, locais, ou pessoas. Para Kotler, “os clientes estão exigindo cada vez mais qualidade e serviço superiores, além de alguma customização. Eles percebem menos diferenças reais entre 16 produtos e mostram menos fidelidade a marcas. Eles também podem obter muitas informações sobre produtos por meio da Internet e de outras fontes, o que permite que comprem de maneira mais racional Os clientes estão mostrando maior sensibilidade em relação ao preço em sua busca por valor.” (KOTLER, 2000, p.48) Percebe-se a existência de duas grandes tipologias de produtos: os materiais denominados de produtos tangíveis e os produtos intangíveis também chamados de serviços. Kotler (2000) acredita que os produtos tangíveis são os físicos que constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria das organizações. Para ele, os alimentos, commodities, itens de vestuário e habitação devem ser considerados o sustentáculo da economia. Qualquer que seja o tipo de produto, ele não pode ser olhado apenas no seu todo. Deve, isto sim, ser examinado também nas partes que o compõe. O conjunto de componentes do produto é conhecido como composto do produto que engloba: os atributos do produto, sua embalagem, design e marca, além dos serviços de apoio ao produto, como a assistência técnica e a garantia. Os atributos são as características do produto, o que se costuma, quando interpretadas em conjunto, nomear-se de qualidade do produto, como exemplo pode se citar um produto que tenha como atributo um degelo automático, economia de energia, durabilidade, tamanho diferenciado, entre outros. Vale lembrar que um atributo pode contribui para diferenciar o produto dos seus concorrentes. O atributo faz o consumidor perceber o produto como melhor, com mais qualidade ou mais benefícios. Kotler (2008, p.413) relata que os serviços são um desafio à parte para os gestores de marketing. Eles têm características peculiares que os diferenciam dos bens físicos. Na visão deste autor as principais características dos serviços são: intangibilidade, inseparabilidade, perecibilidade e variabilidade. • Intangibilidade: foca o sentido abstrato do bem; só se observa e avalia o resultado, depois de terminado o serviço. O serviço acaba no momento que termina a prestação dele, mesmo que seus efeitos sejam duradouros. Para o comprador, é difícil saber se o resultado será satisfatório a menos que o experimente (que o compre). O risco na compra está sempre presente. Por 17 exemplo, em uma cirurgia plástica facial o risco é alto: pode frustrar a expectativa do comprador e não ter possibilidade de reversão; • Perecibilidade: no sentido que não há como estocar os serviços. A produção dos serviços obedece à demanda real, em tempo único. A poltrona vazia (não vendida) de um ônibus que parte não pode ser armazenada, ela se torna ociosa. Uma das formas de minimizar a ociosidade é o uso da terceirização, isto é, trabalhar com o justo e necessário para atendimento da demanda mínima ou normal e nos momentos de picos de demanda utilizar pessoal e equipamentos contratados de terceiros. São os ônibus extras que aumentam as frotas para atender aos feriados prolongados e as festas de final de ano. Quando há descompasso nesta adequação, os consumidores tornam-se insatisfeitos e a imagem da marca sofre desgaste. É o caso dos overbookings nas empresas aéreas. • Inseparabilidade: a produção e consumo dos serviços ocorrem ao mesmo tempo, diferentemente dos bens físicos. Os serviços primeiro são vendidos e depois, produzidos e consumidos simultaneamente. Não há como separar o prestador do próprio serviço: o motorista, da maneira como conduz o veículo; o cirurgião, da operação realizada; o pedreiro, da parede levantada. Além disso, é frequente a interação dos funcionários com os clientes que geralmente acompanham a produção do serviço. Daí resulta também, na empresa prestadora do serviço, a necessidade de integração entre o marketing e outras áreas como: produção e recursos humanos. O funcionário é visto, ao mesmo tempo, como técnico, porta voz e vendedor da imagem da empresa. • Variabilidade: a qualidade do serviço pode variar de cliente a cliente, de tempos em tempos e de funcionário a funcionário. Quando a produção do serviço envolve diversos funcionários, aumenta a possibilidade de comportamentos inadequados. Pode gerar conflitos entre os componentes da equipe e comprometer o resultado esperado. É comum encontrar clientes insatisfeitos na compra de serviços de reformas residenciais. Bombeiros, pedreiros, pintores, eletricistas, podem uns atrapalhar o desempenho dos outros, retardando o prazo de entrega e comprometendo a qualidade. 18 1.2.2 Preço Para Kotler (2000) o preço é o elemento utilizado pela empresa na concretização da troca do seu produto com o consumidor, representa ele a equivalência entre os custos envolvidos na produção e a remuneração de todo esforço envolvido até a disponibilização do produto ao mercado. Para este autor “os clientes estão mostrando maior sensibilidade em relação ao preço em sua busca por valor.” (KOTLER, 2000, p.48) Do ponto de vista do consumidor, o preço nada mais é do que quanto lhe custa para adquirir o produto, isto é, quanto dinheiro ele precisa para tê-lo. Simples assim, se fosse apenas uma questão puramente racional, matemática. Urdan e Urdan (2006) narram que preço é a cota de sacrifício, o quanto custa a posse ou uso de um bem ou serviço. Mas muitas vezes o consumidor percebe no produto um total de benefícios que suplanta o que esperava por ele. Neste caso, o consumidor tende a emprestar maior valor ao produto. Três dos elementos do composto de marketing, o produto, a distribuição e a promoção, criam soluções e valor para o consumidor, significando custo e desembolso para a empresa. Em contrapartida, o preço configura-se como custo para o consumidor, mas para a empresa, significa o retorno do investimento, a recompensa obtida pela relação de troca (URDAN & URDAN, 2006). Para a tomada de decisão sobre a prática de preços, Basta et al. (2009) dizem que há várias formas para fazê-lo. Há empresas que utilizam a técnica do mark-up, isto é, definem o preço adicionando aos custos de produção, comercialização, distribuição e divulgação, um percentual a título de margem de lucro, considerando ou não a concorrência. Há outras empresas que partem de um preço-teto que o mercado esteja disposto a pagar pelo produto e ajustam seus custos ou lucros para enfrentar a competição. É comum que esta prática seja usada para lançamento de novos produtos, a fim de valorizá-los, e à medida que atingem escala de produção, iniciam um processo de redução paulatina do preço, é a prática do skimming. O preço pode ainda ser fixado em função da percepção do consumidor ao confrontar o produto com a concorrência. 19 Qualquer que seja a técnica utilizada, uma coisa é certa, com a concorrência cada vez mais forte, a decisão do preço deve contemplar fatores internos e externos à organização. Internamente é preciso: analisar os custos, a margem de contribuição e a economia de escala de produção. Externamente: analisar a concorrência, análise da demanda e análise da sensibilidade do consumidor ao preço. 1.2.3 Praça Entende-se por praça os canais que as organizações utilizam para distribuir seus produtos no mercado, procurando disponibilizá-los o mais próximo possível do consumidor, de forma a que ele tenha suas necessidades atendidas fácil e rapidamente. Dentre todos os Ps, a distribuição talvez seja o de menor visibilidade para o consumidor. Para a organização, entretanto, a distribuição assume grande importância pelos impactos que acarreta aos outros elementos do composto de marketing e nos custos dos produtos. Para Kotler (2008) a seleção de um determinado canal de distribuição repercutirá na política de preços, na quantidade de vendedores e na qualificação da força de vendas. Cuidados à parte, sugere o autor uma atenção especial a internet, uma atenção ao desenvolvimento tecnológico que rapidamente vêm mudando a interação entre pessoas e as organizações. Como exemplo narra o autor que os avós compravam carros nas concessionárias, mas atualmente pode-se adquirir um carro pela internet, confortavelmente instalado em sua residência. E como este, há inúmeros produtos que são vendidos e adquiridos pela internet. Richers (2000) relata que algumas organizações vendem seus produtos diretamente ao usuário final, como exemplo cita o autor a Dell Computadores. A ausência de intermediário caracteriza como direto o relacionamento entre produtor e consumidor final. Isto é mais frequente em organizações que fabricam produtos industriais ou produtos complexos, como é o caso da Bpong que vende aviões para as empresas de viação aérea e os entrega diretamente. Os custos são menores e é maior o controle da negociação, porém, o que mais se encontra é a participação de intermediários, que são empresas que retiram o produto dos centros de produção e cumprem a tarefa de disponibilizá-los ao consumidor final, os distribuidores. 20 Rocha e Christensen (2007) esclarecem que existem vantagens e desvantagens no uso de intermediários, distribuidores, as vantagens são que o fabricante reduz custos logísticos (estoque, transporte e armazenagem), custos comerciais (negociação, número de vendedores), custos financeiros (riscos de financiamento), bem como os custos com atendimento ao cliente. Além disso, os distribuidores conseguem levar os produtos a regiões mais distantes do centro de produção, outra vantagem é que o produtor vende em grandes quantidades ao distribuidor. As desvantagens estão relacionadas com o distanciamento da empresa com o consumidor final e conflitos com o distribuidor, além disto, aumenta-se o poder de barganha do intermediário, pois ele detém o poder de compra de boa parte da produção. 1.2.4 Promoção No composto de marketing, pontua Kotler (2008), o P de promoção assume um sentido mais amplo do que a palavra sugere. Vale lembrar que os produtos que as organizações desenvolvem destinam-se à satisfação de necessidades dos clientes. Com isto, o mercado só poderá desenvolver algum interesse por estes produtos se, primeiramente, souber de sua existência. Este é o ponto de partida para que alguém venha a transformar-se em cliente. Por isso, as organizações precisam comunicar ao mercado quais produtos disponibilizam, com quais atributos e benefícios, em quais condições de preço e onde podem ser encontrados. Kotler (2008) afirma que em meio a tantos concorrentes, as organizações precisam ainda tornar evidentes, aos potenciais clientes, as razões distintivas do seu produto, em relação aos concorrentes, ou seja, para que o marketing cumpra plenamente sua função na organização, não é suficiente contar com o melhor produto, ao melhor preço e colocá-lo disponível da melhor forma, é imprescindível que o público saiba disso, e para tanto, o marketing lança mão à comunicação. As atividades de marketing da organização devem ser coordenadas, coerentes e adequadas ao objetivo a ser alcançado. Uma vez selecionado o elemento do composto promocional ou a combinação deles para atingir o objetivo fixado, será necessário proceder à escolha do veículo de comunicação, mídia, que 21 será utilizado. A seleção do veículo também deve ser adequada ao perfil do público alvo da mensagem. 1.3 CONSUMIDOR O consumidor ou cliente é a pessoa que recebe os produtos resultantes de um processo no intuito de satisfazer suas necessidades e de cuja aceitação depende a sobrevivência de quem os fornece. Garvin afirma que, “de um modo geral as definições de qualidade acabam passando, necessariamente, pela palavra “consumidor” ou “cliente”. A palavra do século, sem dúvida alguma, tantas vezes escrita e pronunciada ao redor do mundo nas últimas décadas. Muitos, entretanto vêm utilizando este vocábulo sem nunca terem parado para refletir sobre sua real definição nem sobre suas consequências. ” (GARVIN, 2002, p.55) Para Garvin (2002), o “consumidor” ou "cliente” é qualquer um que recebe ou é afetado pelo produto ou processo. Neste sentido, abrange até inocentes espectadores. Pode-se dizer pelo exposto, que clientes são pessoas que estão envolvidas com o produto; podem ser reconhecidos em grupos, definidos como equipes processadoras. "Uma equipe processadora pode ser qualquer unidade da organização: a empresa, uma divisão, um departamento, uma tripulação, um indivíduo". Existe quando há um processo prescrito que se deve executar. Garvin (2002) afirma ainda que as pessoas que fornecem entrada para tal processo são chamadas de fornecedores e aquelas que recebem a saída geralmente são chamadas de clientes; as que executam os processos são às vezes chamadas de processadores. Os clientes podem ser externos ou internos. Clientes externos são afetados pelo produto, mas não integram a empresa produtora; incluem clientes que compram o produto, órgãos governamentais de regulamentação e públicos. Clientes internos são afetados pelo produto e são integrantes da empresa produtora; são funcionários ou organizações que fazem parte da empresa. Funcionários são chamados clientes, mesmo não sendo este o sentido habitual dos dicionários; não são fregueses. 22 Churchill & Peter (2009) enfatiza que “clientes ou consumidores: pessoas que compram bens e serviços para seu próprio uso ou para presentear outras pessoas”. Eles afirmam que existem dois tipos de clientes que participam de trocas comerciais. Primeiro os compradores organizacionais, que compram bens e serviços para empresas, órgãos governamentais e outras instituições, como hospitais e escolas. Os compradores organizacionais compram produtos para o funcionamento de suas próprias empresas (como suprimentos de escritório, máquinas, redes de computador) ou para vender a outras organizações ou consumidores. Em segundo lugar, há os consumidores, que compram bens e serviços para o sim próprio ou para presentear outras pessoas. Os consumidores incluem indivíduos e famílias que fazem compras para satisfazer suas necessidades e desejos, resolver seus problemas ou melhorar sua vida. Kotler (2008) argumenta que consumidores são todos os indivíduos e famílias que compram ou adquirem produtos e serviços para consumo pessoal. Conceitua comprador como a pessoa que faz a compra, ou seja, nas instituições são pessoas com autoridade formal para escolher o fornecedor e podem ajudar a delinear especificações de produto. Eles podem ou não usar o produto, os são integrantes da organização que usarão o produto ou serviço. Narra o autor que em muitos casos os usuários iniciam a proposta de compra e ajudam a definir as especificações do produto. Stone apud Dias (2006) desenvolveu uma tipologia agora famosa, na qual os compradores de bem de consumo são classificados em quatro grupos: • O cliente poupador: este cliente quer maximizar o valor obtido pelo seu gasto de tempo, esforço e dinheiro; • O cliente ético: este cliente sente uma obrigação moral de apoiar empresas socialmente responsáveis. • O cliente personalizado: este cliente quer gratificação interpessoal, como reconhecimento e conversação, em sua experiência de serviço. 23 • O cliente conveniente: este cliente não tem interesse em ir buscar o serviço; conveniência é o segredo para atraí-lo. Clientes convenientes freqüentemente se dispõem a pagar mais por serviços personalizados ou sem transtornos; por exemplo, supermercados com entrega em domicílio podem encantar estes consumidores. 1.3.1 Percepção do consumidor A percepção é a realidade sentida (ou realidade percebida) por um consumidor. O significado para palavra percepção é “ato ou efeito ou faculdade de perceber”. Na visão de Kotler (2008) a percepção é o processo pelo qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações para criar um quadro significativo do mundo. Ela não depende apenas do estímulo físico, mas também da relação do estímulo com o meio ambiente e das condições interiores do indivíduo, ou seja, a percepção é única, ou seja, cada pessoa tem a sua, a depender do “ponto de vista” de cada um. A percepção que o cliente tenha a respeito de uma empresa ou de um serviço recebido, pode ser positiva ou negativa. Para o autor, percepção é o meio através do qual os estímulos afetam as necessidades latentes. • Quais são essas reais necessidades do consumidor e como despertar? • Quem é o público alvo, quais são os nichos de mercado? Estes são questionamentos fundamentais para saber qual é a fatia do mercado enquanto empresário (detentor do mercado) e quem são os seus prospects. Neste aspecto, é preciso fazer do local, produto, marca, dos benefícios, algo capaz de despertar no indivíduo a necessidade de comprar. Nesse momento o marketing é fundamental, por ser este o responsável pelo planejamento e execução do processo que envolverá a troca (compra), visando gerar a satisfação, tanto da organização, como do cliente. Sendo a percepção, a forma de captarmos os fatos e adquirirmos os conhecimentos com o auxílio dos sentidos: fica caracterizada a importância de usarmos os canais de comunicação (com uma linguagem eficiente) e sermos capazes de reconhecermos as diferenças marcantes em relação à concorrência, 24 seja através do preço, promoção, localização, facilidade de pagamento, atendimento, etc. Reforça essa tese Dias (2006), quando afirma ser a percepção a sensação de estímulos externos para o organismo do indivíduo, o ativo ou processo de compreender o mundo em que ele existe. Percepção pode ser definida como processo de dar significado a um estímulo. Segundo Churchill & Peter, “trata-se de um processo complexo através do qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam estímulos sensoriais em uma visão coerente e significativa do mundo. A resposta do consumidor a um determinado produto ou serviço, dependerá em grande parte, de suas percepções com relação ao pacote de serviço ao cliente que são comunicados ao consumidor na forma de estímulos sensoriais que são percebidos pelos consumidores como seus reais atributos.” (CHURCHILL & PETER, 2009, p.173) Cobra (2003) expressa bem a importância da percepção do consumidor na avaliação do serviço, o consumidor percebe o serviço em sua maneira única, especial, emocional, irracional e totalmente humana. O consumidor pensa que a realidade está baseada na diferença entre sua expectativa e sua percepção quanto a cada um dos atributos do serviço oferecido. A avaliação do ciclo do pedido de um determinado fornecedor, geralmente, envolve a comparação entre a performance percebida para este fornecedor, neste atributo a um nível de comparação percebido. (COBRA, 2003) O ponto crítico no desenvolvimento e ajuste de políticas de serviço ao cliente está, no monitoramento e entendimento das expectativas dos clientes. Para isto é de fundamental importância, entender o que o cliente deseja receber. A identificação equivocada das prioridades dos clientes, por parte do fornecedor, provavelmente acarreta insatisfação do cliente. Uma análise correta dos atributos de serviços que impactam positivamente no desempenho do serviço, oferece à empresa a oportunidade de segmentação dos clientes. (COBRA, 2003) 25 CAPÍTULO II 2.1 O QUE É PESQUISA? De acordo com a Wikipédia uma pesquisa ou investigação é um processo sistemático para a construção do conhecimento humano, gerando novos conhecimentos, podendo também desenvolver, corroborar, reproduzir, refutar, ampliar, detalhar, atualizar, algum conhecimento pré-existente, servindo basicamente tanto para o indivíduo ou grupo de indivíduos que a realiza quanto para a sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade regular também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejadas pela busca de um conhecimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa. 2.2 TIPOS DE PESQUISA 2.2.1 Pesquisa bibliográfica: A pesquisa bibliográfica abrange leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, documentos mimeografados ou fotocopiados, mapas, imagens, manuscritos, etc. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo. Por tudo isso, deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final. 2.2.2 Pesquisa Descritiva O tipo de pesquisa que se classifica como "descritiva", tem por premissa buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da observação, análise e 26 descrições objetivas, através de entrevistas com peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). A pesquisa descritiva usa padrões textuais como, por exemplo, questionários para identificação do conhecimento. O IBGE realiza pesquisas descritivas. A pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece. É importante que se faça uma análise completa desses questionários para que se chegue a uma conclusão. 2.2.3. Pesquisa Qualitativa Segundo Minayo (1995, p.21-22): a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 2.2.4. Pesquisa Quantitativa Seguindo ensinamentos de Richardson (1989), este método caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas. Conforme supra mencionado, ele possui como diferencial a intenção de garantir a precisão dos trabalhos realizados, conduzindo a um resultando com poucas chances de distorções. 2.2.5. Pesquisa Documental Sendo uma técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas, a Análise Documental é indispensável porque a maior parte das fontes escritas – ou não – são quase sempre a base do trabalho de investigação; é aquela realizada a partir de documentos, cientificamente autênticos. contemporâneos ou retrospectivos, considerados 27 A pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura, escultura, desenho, notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos. (Santos, 2000) A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema (Ludke e André,1986) 2.3. ESTA PESQUISA Esta pesquisa é descritiva documental que segundo (GIL, 2002, p. 88), a pesquisa documental possibilita ampliar o entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural e nesta pesquisa será usada para captar e levantar dados presentes nos registros oficiais. Também neste sentido, afirma Moreira (2011, p. 269) que “ a análise documental é ao mesmo tempo fonte de informação e indicador de metas e dificuldades encontradas. 28 CAPÍTULO III 3.1 MARCA: CONCEITO E DEFINIÇÃO Segundo a American Marketing Association, uma marca é entendida como um nome, termo, símbolo, desenho, ou uma combinação desses elementos que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los dos da concorrência. Essa descrição aparentemente completa descreve estaticamente as marcas, desprovidas do que têm de mais valioso: seu significado. É este que permite à marca agregar valor aos produtos/serviços/empresas a ela associados. (AAKER, 2007) Para David Ogilvy em Aaker (2007) o produto e marca são palavras constantemente utilizadas como sinônimos. Mas elas não significam a mesma coisa. Uma simples e crucial distinção é que dentro de cada marca existe um produto, mas nem todo produto é marca. Um produto é tangível: você pode vê-lo, pode tocá-lo, possui características tais como: sua fórmula, sua embalagem, etc. O produto tem atributos físicos como estilo, modelo, propriedade, preço. A marca é a somatória de como os consumidores se sentem em relação a um produto. A personalidade que atribuem a ele. A confiança que depositam nele. A afeição que sentem por ele. E, acima de tudo, as experiências vividas por eles com o produto. A definição de marca é complementada como a intangível soma dos atributos de um produto: seu nome, embalagem e preço, sua história, reputação e a maneira como ele é promovido. A marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a utilizam, assim como pela sua própria experiência pessoal. Quanto maior a ponderação de ordem psicológica ou emocional para o produto, a marca torna-se tão ou mais importante do que o produto físico. (AAKER, 2007) Definir mudanças no sistema de gerência de marcas é uma tarefa difícil. Todas as pessoas envolvidas na administração de marcas lutarão contra mudanças, 29 uma vez que elas destruirão o processo normal de promoção na organização. Todavia, mudanças são necessárias. O fato é que o sistema de gerência de marcas é orientado para vendas e não para o consumidor. Os gerentes de marcas estão preocupados em empurrar os produtos não importa a quem. A Procter & Gamble mudou o seu sistema, agora, os gerentes de marcas estão subordinados a novos gerentes de categoria de marcas, que resolvem conflitos, protegem posicionamentos, alocam orçamentos e desenvolvem novas marcas para a categoria. A administração de categoria de marcas é também, parcialmente responsável pelo fato de os supermercados estarem introduzindo compradores por categoria de marcas, em substituição aos compradores gerais (KOTLER, 2000). A Colgate abandonou a organização por marca (creme dental Colgate) para a organização por categoria de produtos (creme dental) e, recentemente, para organização orientada para o consumidor (saúde oral). Finalmente, esta última etapa levou a empresa a focar sobre uma necessidade do consumidor. (KOTLER, 2000) 3.2 O VALOR DA MARCA Dizem que quem vê cara não vê coração, mas isso não é bem verdade nas relações comerciais. Em uma marca, o consumidor identifica cara e coração. Se o coração, em algum momento, não corresponder à cara da marca, e vice-versa, adeus consumidor. Portanto, ao tratar sobre marca, voltamos aos temas lealdade e marketing de emoção. Não será mais possível viver, ou sobreviver comercialmente, sem essas preocupações. A equidade da marca, sua retidão, seu caráter, são ativos e têm valor. A marca carrega uma imagem, uma personalidade, o que diminui o estresse. Os consumidores usufruem os benefícios da marca, por meio da confiança (emoção) que conferem a ela. (KOTLER, 2000) As pessoas são bombardeadas 24 horas com mensagens, promessas e mentiras. Vive-se em uma sociedade saturada de comunicação. E o que se busca no meio desse ruído todo não é mais informação. São relacionamentos: com 30 pessoas, com os produtos, com os serviços. Portanto, nessa geração, nada é mais importante do que a fé, a lealdade e o amor. (AAKER, 2007) No início existiam produtos, depois os fabricantes inventaram as marcas registradas para proteger o consumidor e a si mesmos. Foi então que a Procter & Gamble inventou o marketing das marcas. Eram baseadas em apelos superlativos: a maior, a melhor, a mais forte, a mais branca. E depois vieram as marcas de confiança: você pode depender delas, você as respeita bastante. O problema é que agora elas são quase commodities (produtos cuja estrutura e conceito são praticamente similares entre si). Se a marca não proporciona um benefício funcional ou se não é confiável, está morto. Para se sobressair nesse cenário só com auto-respeito. Exemplo: A Harley Davidson não é a motocicleta mais rápida ou a melhor. Mas as pessoas amam a Harley Davidson. O Swatch é apenas um relógio de plástico, mas as pessoas o amam. O Burger King faz o melhor hambúrguer. Mas ninguém se importa. As pessoas preferem o McDonald's por causa do Ronald, dos brinquedos distribuídos na lanchonete. (AAKER, 2007) Marcas populares e regionais ganham espaço na lista de compras do consumidor. As que não se contentam com o apelido tubaína investem em marketing, modernizam produtos, vendem mais e tiram o sono dos grandes fabricantes. Um exemplo de uma fala pode ilustrar o parágrafo anterior. - Já está indo para casa? Não se esqueça de levar dois litros de Vedete, uma lata de Predilecta e um Baby Soft. Não entendeu? Então que tal dois litros de Coca-Cola uma goiabada Cica e um Confort? Quem optar pela segunda lista vai levar produtos de grandes fabricantes e com um adicional de status que apenas as marcas com um enorme investimento em marketing proporcionam. Mas quem for de Vedete, Predilecta e Baby Soft não deve se sentir o último dos consumidores. Afinal, é cada vez maior o número dos que preferem as marcas regionais, populares, as chamadas tubaínas. (AAKER, 2007) 31 Da lista-demonstração do parágrafo anterior, duas marcas são líderes nacionais: o amaciante baby Soft e a goiabada Predilecta. Vedete é um dos inúmeros e exóticos nomes de refrigerantes que incomodam a vida da Coca-Cola. Estes produtos poderosos em suas regiões, tiram pontos preciosos da participação de mercado da marca norte-americana. Nada mais do que 34% do consumo nacional no Brasil, está concentrado nas mãos de marcas como Bakana, Fruki, Jesus e Frevo. (AAKER, 2007) Figura 1: Tipos de Marcas Fonte: AAKER, 2007. Com três multinacionais no páreo - Gessy Lever, Procter & Gamble e Bombril -, o consumo de detergentes no Brasil é liderado pela marca Ypê, fabricado pela Química Amparo, de São Paulo. Nos amaciantes, ninguém bate o Baby Soft, da paulista Scarlat, que detém 16,95% do mercado, conforme AAKER (2007). Mas basta uma embalagem simpática, enormes volumes de vendas e um nome tipo Big ou Carrefour, para estes e centenas de outros fabricantes transformarem seus produtos em best-sellers das gôndolas. É a lógica da marca própria, que ganhou força depois que quatro ou cinco supermercados tomaram conta do varejo no país. 32 3.3 POSICIONAMENTO Posicionar uma marca é conferir uma personalidade de tal modo distinta das outras que ela irá ocupar um lugar próprio na cabeça e no coração do consumidor. Portanto, se é definido uma personalidade para uma marca, a empresa não pode deixar que o consumidor confunda as marcas que pertencem às mesmas categorias de produtos. (RIES & TROUT, 2009) O posicionamento reflete a imagem da marca, a interpretação e a classificação da marca na mente e no coração do consumidor. O que se pensa e diz dela. Nem sempre este posicionamento é o idealizado pela empresa. Se posicionamento é a posição do produto na mente do consumidor, a marca é a imagem do produto nessa posição, balizando sua aceitação, classificação e retenção pelo consumidor. (RIES & TROUT, 2009) A palavra posicionamento, no marketing, é utilizada em várias situações e, nem sempre de forma correta. Frequentemente confunde-se posicionamento com notoriedade e posicionamento com slogan. A Teoria do Posicionamento, isto é, o produto/marca deve ser tratado como uma pessoa, tem que ter uma personalidade própria e distinta, foi inicialmente, desenvolvida pelo publicitário David Ogilvy presidente da Ogilvy&Mather Advertising na década de 60, porque nessa altura, falava-se em marcas e não somente em produtos. Posteriormente, esta teoria foi aperfeiçoada por outros publicitários. (RIES & TROUT, 2009) Já na década de 70, Al Ries e Jack Trout deram a esta teoria, um caráter muito mais abrangente através do livro Posicionamento. Uma batalha pela sua mente. Estes autores analisam a história recente da comunicação de marketing falando na Era do Produto, na Era da Imagem e na Era do Posicionamento. A Era do Posicionamento ressalta a importância de uma estratégia para se ocupar um lugar na mente e no coração das pessoas. Pessoalmente, nos dias de hoje, teríamos que fazer algumas ressalvas na forma como os autores justificam o uso dessa estratégia. Mas, o que nos cabe aqui discutir é a diferença entre o conceito Posicionamento e a sua definição. (RIES & TROUT, 2009) 33 Das estratégias de Marketing existentes: concorrências ou competitivas, de desenvolvimento e de fidelização; o Posicionamento está dentro das estratégias competitivas juntamente com as comparativas, financeiras, promocionais e de imitação. (LENDREVIE, 2006) Pode-se encontrar vários tipos de posicionamento, o técnico, o psicológico e o sociológico. Segundo Lendrevie (2006) a qualidade do Posicionamento depende de vários fatores: a natureza daquilo em que se apoia, o seu caráter diferenciador, a sua credibilidade, a sua universalidade, a sua compatibilidade com os dos outros produtos e atividades da empresa e o seu valor dinâmico. Já notoriedade, tem a ver com o grau de conhecimento que as pessoas possuem de uma ou mais marcas existentes num determinado segmento. Esta notoriedade pode ser espontânea ou provocada. A espontânea mede-se pela porcentagem de pessoas capazes de citar, espontaneamente, e de imediato, o nome da marca, quando se evoca o setor de atividade ou segmento da marca estudada. A provocada ou assistida, mede-se pela porcentagem de pessoas capazes de citar a marca, após terem sido estimuladas por metodologias específicas. Para Lendrevie "do grau de conhecimento, resulta o chamado top of mind (a primeira marca citada) ou share of mind (classificação de ordem numérica que uma marca possui entre seus concorrentes, na mente do consumidor que normalmente é traduzida em porcentagem)." (Lendrevie, 2006, p. 52) Estes conceitos diferem de alguns autores, nomeadamente de Raimar Richers em seu livro "Marketing uma visão Brasileira", onde este autor escreve que o posicionamento é entendido como o lugar no mercado em que o produto é colocado. A confusão existe em confundir estratégia de posicionamento com a "posição" que o produto/marca ocupa na cabeça do consumidor, isto é, a sua classificação de ordem numérica. Neste sentido, faz-se necessário abrir um parêntese sobre o share of heart (cota de participação do produto/marca no coração do consumidor). Nem sempre a primeira marca citada, é a que o consumidor tem em casa e/ou que gostaria de ter. 34 Da mesma forma, nem sempre a marca que possui o maior share of mind, é a líder de mercado em vendas (seja em volume ou em valor). Imagem, também não é a mesma coisa que notoriedade. No caso de índice de imagem, estamos perante uma apreciação de valor do consumidor acerca do desempenho concreto da empresa/produto/marca. "A imagem de marca é caracterizada por um conjunto de idéias, convicções e sensações associadas à própria marca em função da comunicação, dos seus atributos e da experiências vividas pelo consumidor com o produto/serviço" (Lendrevie, 2006, p.55). Para Kotler (2000) o slogan, "é uma frase que deve conter uma promessa/benefício, é preciso estar ligado ao produto/serviço, ser curto e de fácil memorização." Por exemplo: BIC é assim que se escreve; Carlton, um raro prazer; Nestlé faz o melhor chocolate. Quando não contém esta promessa, benefício, podese chamar de assinatura. 3.4 SÍMBOLOS, SINAIS E ATRIBUTOS DE UMA MARCA Símbolos e sinais são coisas diferentes. O sinal é o designativo de alguma coisa com pouca ou nenhuma carga emocional. O símbolo é a representação "da coisa" acrescida de todos os seus apostos emocionais. O uso estratégico de uma marca pressupõe a transformação do sinal em símbolo. (RIBEIRO, 2007) A ótica hoje é sair da mesmice e criar novos produtos/serviços para construir marcas com personalidades própria. Uma personalidade que justamente ajude este novo consumidor, que quer ser ele próprio, a eleger aquela marca cuja personalidade, melhor se relacione com a sua própria. As marcas carregam em si um código genético único e intransferível. Cada componente possui seu significado que identifica uma marca. Para Churchill (2000) se a empresa trata uma marca apenas como um nome, está totalmente equivocada. O desafio em estabelecer uma marca é desenvolver profundas associações positivas em relação a ela. Os profissionais de marketing devem decidir em que níveis devem ancorar esta identidade. Os significados mais permanentes de uma marca são seus valores, sua personalidade e por fim, sua essência. 35 Figura 2 - Brand Wheel - DNA da Marca Fonte: Churchill, 2000. Churchill (2000, p.111) relata que atributos de uma marca é a descrição do que é a marca e suas características racionais e funcionais do produto, serviço ou indivíduo. Deve-se procurar ancorar a marca selecionando um ou mais atributos que caracterizem a importância destes atributos para o mercado-alvo. Os atributos de uma marca na visão deste autor são: • Benefícios: são as consequências desejáveis, para o consumidor, dos atributos do produto (expectativas emocionais e racionais). A recompensa que o consumidor terá ao utilizar determinado produto/serviço. • Valores : são fatores importantes que regem os princípios fundamentais da empresa/marca. Estes valores estão inter-relacionados com as culturas e subculturas do mercado-alvo e traduz o que a marca significa, valores humanos básicos e sentimentos aferidos à marca. Há valores autênticos e valores fabricados. O consumidor nem sempre pode estabelecer a diferença, mas é sensível a tudo que parece pouco autêntico. • Personalidade : são os traços salientes da psicologia da marca. Seus traços de caráter. Essa projeção da imagem não deve ser demasiado complexa, e é inútil querer dar-lhe um grande número de dimensões psicológicas. Os consumidores farão rapidamente a triagem, simplificando os excessos. Pode- 36 se definir a personalidade de uma marca através das semelhanças e dessemelhanças da marca com pessoas, animais, flores, plantas, cidades, instituições, personagens, música, esporte, estilo plástico, literário, etc. A personificação de uma marca humaniza e personaliza o produto/serviço, facilitando um vínculo emocional do consumidor com o "objeto". • Essência: o que é fundamental que o mercado-alvo saiba e sinta sobre a marca. Pode ser uma ideia singular que resuma toda a alma da marca. • Pirâmide da lealdade: a experiência de uso é o principal fator e um pressuposto obrigatório para a formação da lealdade do consumidor à marca. David Aaker (2007) distinguiu cinco tipos de atitude do cliente em relação a sua marca, sendo o último o de máxima lealdade. Estes níveis de lealdade à marca, causam impacto no Brand Equity (valor da marca). Figura 3: A pirâmide da Lealdade Fonte: Churchill, 2000. A interpretação da pirâmide da lealdade segundo Aacker (2007): • Sem lealdade à marca: qualquer produto é percebido como satisfatório, a marca não constitui elemento de poder de decisão de compra, um dos fatores 37 de preferência é o preço ou a própria conveniência do consumidor. Possui pouco conhecimento da marca e é um comprador mutável; • Satisfeito e habitual: não existe ponto negativo que o faça mudar de marca, principalmente se isso não é conveniente para ele. Não procuram alternativas e possuem bom nível de conscientização; • Satisfeitos: são aqueles que conhecem o produto por experiência de uso, seus atributos e suas necessidades são satisfeitas. O concorrente só o conquistará caso apresente qualidades similares e um diferencial no qual haja vantagens sobre o custo benefício., são suscetíveis às mudanças. Possui alto grau de aceitabilidade; • Valoriza a marca: grupo de clientes satisfeitos com vínculo longo de consumo, o qual transforma em sentimento afetivo. Vê a marca como uma amiga, é um apreciador da marca e possui alto grau de preferência; • Devotado à marca: este é um comprador comprometido com a marca, que percebe todo o benefício obtido por ele através da marca e recomenda o seu uso a pessoas do seu círculo de relação. A marca define seu estilo de vida. É um defensor da marca e possui alto grau de lealdade. 3.5 PATRIMÔNIO DA MARCA O patrimônio da marca tem 5 dimensões e estão interrelacionadas. É preciso determinar o valor relativo de cada dimensão, pois não são iguais em todos os setores/mercados. É preciso verificar que dimensões representam ou poderiam representar uma vantagem competitiva, sustentável significativa para a marca. 38 Figura 4: Elementos do valor da marca Fonte: Churchill, 2000. Os elementos do valor da marca são explicados por Aacker (2007), como segue: • Lealdade à marca: Este item está ligado aos lucros futuros, uma vez que se traduz em vendas futuras. Na base de clientes existentes X conquista de potenciais clientes. (depende do setor : marketing de massa, segmentado ou de nicho); • Conhecimento da marca: É o elo entre a classe/categoria do produto e a marca. Primeiro o nome para depois introduzir no "arquivo da mente" atributos, fatos, sentimentos, etc.; • Qualidade percebida: É subjetiva porque envolve julgamentos sobre o que seja importante para os consumidores. É fundamental na escolha da marca. Influência a inclusão ou exclusão numa lista a selecionar; • Associações da marca: Cria as atitudes e sentimentos positivos. O seu conjunto de associações, o seu significado para as pessoas; • Outros ativos da empresa: que possam representar uma vantagem competitiva: patentes ou marcas registradas, relação com os canais de distribuição que proporcionem barreiras aos concorrentes. 39 O esquema, mostra que o Brand Equity cria valor não só para o consumidor como também para a empresa. Se a lealdade pertencesse ao produto em vez da marca, o Brand Equity não existiria. Gerir o BE requer paciência e visão. O lucro em curto prazo pode até não acontecer e até demorar anos. O valor de uma marca estabelecida é em parte, devido ao fato de que hoje é mais difícil construir marcas do que há alguns anos atrás. O número de marcas por categoria, a globalização, custos de distribuição muito mais altos e custos da veiculação na mídia de massa, são fatores agravantes para a construção de novas marcas (AACKER, 2007). A política e estratégia da Marca determina a potencialidade de um bem num determinado mercado em relação aos concorrentes (Kotler, 2000). Figura 5: Uma visão Geral das decisões de Marca Fonte: Churchill, 2000. 40 Para Kotler (2000), a decisão de ter ou não ter uma marca, hoje em dia, é algo tão poderoso que praticamente nada fica sem marca. As frutas e verduras são carimbadas com o nome do local do plantio/origem, o queijo fresco vem carimbado com o nome do produtor e assim por diante. Apesar do conhecimento sobre o poder de uma marca, os produtos genéricos ou sem marca, veem desempenhando um papel de crescente motivação de compra pelo consumidor em relação ao preço, principalmente em época de crise. Em alguns casos, houve o retorno ao "genérico", no caso de certos bens de consumo e artigos farmacêuticos, reduzindo custos de embalagem, comunicação, proteção legal, P&D, etc. (KOTLER, 2000). A Decisão de patrocínio de marca, segundo Kotler (2000), um fabricante pode ter diversas opções com respeito ao patrocínio da marca, isto é, onde e como a sua marca poderá ser utilizada. O produto pode ser lançado com a marca do fabricante, uma marca do distribuidor (também chamada marca própria) ou nome de marca licenciado. Embora as marcas do fabricante predominem os grandes varejistas e atacadistas, têm desenvolvido suas próprias marcas, contratando fabricantes para produzi-las (estes fabricantes não possuem marcas no mercado). Marcas licenciadas é a fabricação de produtos utilizando personagens, nomes, enfim "uma fama" de forte apelo comercial para o mercado-alvo. (KOTLER, 2000) As marcas próprias são mais lucrativas para os distribuidores e/ou revendedores, primeiro porque eles buscam fabricantes com excesso de capacidade que produzam a marca própria a um custo baixo. Outros custos, como pesquisa e desenvolvimento, propaganda, promoção de vendas e distribuição, também são muito mais baixos. Isto significa que pode obter uma margem de lucro mais alta, mesmo que não venda o produto a um preço muito mais baixo. (KOTLER, 2000) Desta forma, a tendência atual das grandes redes é procurar equiparar os preços das marcas próprias com as grandes marcas dos fabricantes nacionais, principalmente se o produto em questão tenha sido desenvolvido por um fabricante com exclusividade para este distribuidor. (KOTLER, 2000) 41 O poder do varejista e do atacadista tem crescido "assustadoramente nos últimos anos" o espaço nas prateleiras é vendido ao centímetro quadrado, exposições especiais brevemente entrarão em leilão entre fabricantes. Os consumidores classificavam as marcas, há alguns anos, atrás em uma espécie de escala de marcas, com sua marca favorita no alto e as marcas restantes em ordem descendente de preferência. Hoje, os consumidores compram tendo uma série de marcas aceitáveis no momento de efetuarem suas escolhas. Os consumidores também estão mais sensíveis aos preços. (KOTLER, 2000) O fluxo infindável as extensões de marca e de linha, tem obscurecido a personalidade/identidade de muitas marcas e tem levado a uma confusa proliferação de produtos. Outro fator que vem modificando o panorama geral da gestão de marcas é a Internet. Muitas empresas "digitais de nascença", como a Amazon.com, America On line entre outras, usaram a internet para ganhar reconhecimento de marca. Outras empresas não digitais de nascença estão procurando se adaptar, adequar ao meio. A tática para o desenvolvimento de marcas via internet, devem ser completamente diferentes. A sua natureza um-para-um não permite uma conscientização de marca em massa. No mundo digital, os consumidores estão no controle ou pelo menos parecem que estão. À medida que o e-commerce se desenvolver veremos de forma não usual a construção de marcas e a comunicação de marketing na web. A Decisão de uso da marca própria em um, alguns ou mais nomes individuais, conforme Kotler (2000) pode assumir as seguintes formas: • Nominal individual: Um nome único identifica um produto específico; • Nome de família abrangentes: Os produtos utilizam a marca do grupo; • Nome de família por linha de produtos: As linhas recebem nomes diferentes dos demais. Quando a empresa fabrica produtos bem diferentes, não é desejável usar um nome de família abrangente; • Nome comercial da empresa combinada com nomes individuais: Associação da marca corporativa a diferentes versões do produto. 42 A principal vantagem da marca individual é que se o produto lançado fracassar não compromete a qualidade da marca corporativa ou dos demais produtos. A política das marcas individuais estimula os atributos e valores de determinado bem, resultando em maior interesse e expectativa por clientes que buscam inovações no mercado. Em contrapartida, utilizando o nome de família, o fabricante diminui seus custos de criação, reputação consolidada. Bastam manter o padrão de qualidade, então as vendas continuam com níveis elevados. Figura 6: Bons nomes de Marca Fonte: Churchill, 2000. 43 Dentre outras decisões, existem exemplos de estratégias de marca: Figura 7: Estratégia de Marca Fonte: Churchill, 2000. Kotler (2000) refere-se as estratégias de marca categorizando em: • Extensões de Linha: Permanecer com os nomes de marcas existentes aquando de um upgrade (novos tamanhos e sabores); • Extensões de marca: nomes de marca aplicados a categorias de novos produtos. • Multimarcas: Novos nomes de marcas lançados na mesma categoria de produtos; • Novas marcas: Novo nome de marca para nova categoria de produtos. Pode acontecer que nenhum nome existente seja apropriado; • Marcas combinadas ou duplas: Marcas que trazem dois ou mais nomes de marcas bem conhecidos. O uso de marcas de sucesso para lançar produtos novos no mercado ou acrescentar características a um produto já existente introduzindo versões novas. Esta estratégia faz com que a marca seja visualizada em vários segmentos de mercado, fortalecendo sua imagem na mente do consumidor devendo, porém o fabricante planejar custo de divulgação do produto para sustentá-lo durante os 44 primeiros anos de existência. Pesquisas mercadológicas constatam que é muito pequena a quantidade de produtos bem sucedidos no mercado. Outro risco é que a extensão pode acarretar fragmentação de personalidade e de identidade da marca nominal afetando seriamente o valor e o poder da marca. (KOTLER, 2000) Na estratégia de marcas múltiplas, a empresa desenvolve duas ou mais marcas que concorrem, entre si. A maior preocupação é evitar a dispersão de recursos no lançamento de determinado número de marcas e que cada uma obtenha uma pequena participação do mercado e nenhuma seja particularmente lucrativa. Esta estratégia pode conquistar clientes novos que anseiam por inovações surgindo oportunidade de negócio. (KOTLER, 2000) A Decisão de Posicionamento e Reposicionamento para Kotler (2000) e Cobra (2003): mesmo uma marca bem posicionada no mercado, pode vir a ter que reposicionar-se, por mudanças nas preferências dos consumidores ou pela entrada de novas concorrentes, ou por outros fatores internos ou externos. 45 CAPÍTULO IV 4.1 ESTUDO DE CASO: HAVAIANAS Havaianas é uma empresa brasileira que produz e comercializa sandálias de borracha. As sandálias são produzidas pela São Paulo Alpargatas, uma empresa do Grupo Camargo Corrêa. A marca, que possui participação de 80% no mercado brasileiro de chinelos de borracha, comercializa cerca de 162 milhões de sandálias anualmente, dos quais 10% para mais de 80 países dos cinco continentes, podendo ser encontrada em mais de 200 mil pontos de venda. As exportações chegam a 22 milhões de pares, somente nos Estados Unidos está presente em 1.700 pontos de venda. As vendas da sandália de borracha Havaianas, produto de sucesso da Alpargatas, já representam metade do faturamento da companhia, que no ano passado foi de R$ 1,6 bilhão. O investimento em marketing da marca, de 12% a 13% do faturamento, tem mantido as Havaianas em trajetória de crescimento. (HAVAIANAS, 2014) . 4.2 BREVE HISTÓRICO HAVAIANAS. A primeira Havaianas surgiu em 1962. Foi inspirada em uma típica sandália japonesa chamada Zori, feita com tiras em tecido e solado de palha de arroz. Por essa razão, o solado de borracha de Havaianas possui uma textura que reproduz grãos de arroz, um dos muitos detalhes que a torna inconfundível. O famoso slogan "Havaianas. As legítimas" foi então lançado. E basta ouvir a frase "Não deformam, não soltam as tiras e não tem cheiro" para se lembrar dos comerciais protagonizados pelo comediante Chico Anysio durante as décadas de 70 e 80. Nesta época, já eram vendidos mais de 80 milhões de pares de Havaianas por ano. As Havaianas eram tão fundamentais na vida do brasileiro que, na década de 80, foram consideradas como um dos itens da cesta básica, assim como feijão e arroz. (HAVAIANAS, 2014) Em 1994 lança o slogan “Havaianas. Todo mundo usa.” Também neste ano a comunicação de Havaianas passa por uma grande transformação. Na televisão pessoas famosas como Malu Mader, Bebeto, Hortência e Luana Piovani mostravam 46 seus pés. Nas revistas, a explosão de cores e as imagens divertidas dos anúncios de Havaianas traduziam o alto-astral da marca. A partir do final dos anos 90, as Havaianas passaram a ser criadas com novas estampas, cores e modelos. Em 1997 foi criado o departamento de comércio exterior das Havaianas com o objetivo de aumentar a exportação do produto. A primeira etapa foi a reorganização de toda a rede de distribuidores. Para a Copa do Mundo de 1998, foi lançado um novo modelo de Havaianas, com uma pequena bandeira do Brasil na tira. Essa sandália logo se tornou objeto de desejo no exterior e motivo de orgulho para os brasileiros. (HAVAIANAS, 2014) Em 2000 as Havaianas se tornam mania internacional atingindo mercados como Havaí, Austrália, França, entre outros. A partir de 2003, Havaianas participa do Oscar, presenteando cada um dos indicados com sandálias exclusivas. Para o Oscar foram produzidos modelos sofisticados com os rubis para ser dado aos indicados ao Oscar. As sandálias foram colocadas em embalagens especiais com a foto de cada um imitando um espelho. Os calçados foram entregues aos indicados no dia seguinte à premiação do Oscar. Em 2004, foi lançada uma edição especial de sandálias assinada pela joalheria H.Stern, com acabamento em ouro 18K e diamantes. A campanha foi acompanhada pelo slogan “Uma sandália que é uma jóia”. Também em 2004 ocorreu um aprimoramento na produção das Havaianas visando agradar as mulheres, as tiras ficaram mais finas e delicadas, caíram no gosto do nosso público mais exigente e se tornaram um ícone da marca. Alguns eventos ocorreram para a divulgação da marca como na França, em 2004, em que as sandálias coloridas tipicamente brasileiras venderam três mil pares. A distribuidora foi uma das que mais trabalharam o conceito da marca, fazendo parcerias com grandes lojas como “Harrods” e “Galeries Lafayette”. (HAVAIANAS, 2014) Em 2006, 162 milhões de pares de Havaianas foram vendidos no mundo inteiro sendo que 10% da venda total de Havaianas foi feita para mais de 80 países dos cinco continentes. A Havaianas foi a quarta marca mais lembrada na América Latina em 2006. Em acelerado ritmo de expansão internacional, Havaianas passa a atuar diretamente na Europa em 2008. O local escolhido para abrigar o escritório próprio da marca e uma equipe de diversas nacionalidades e culturas foi Madri na 47 Espanha. Em 2009 foi aberto o Espaço Havaianas em São Paulo, uma loja que reúne tudo com que os apaixonados por Havaianas sempre sonharam, uma linha completa de sandálias, produtos exclusivos para o mercado internacional, customização e novos produtos. A intenção do Espaço Havaianas era o de transmitir todo o astral e a magia da marca. (HAVAIANAS, 2014) Em 2013 Havaianas ganhou o Troféu Imprensa e o Troféu Internet de Melhor Comercial de 2013. Em 2014 as sandálias Havaianas podem ser encontradas em mais de 60 países e o lucro gerado pela exportação das Havaianas quadruplicou. Os países que mais compram são Austrália e Filipinas. No parque fabril de Campina Grande, único do mundo a produzir o produto, são produzidos 5 pares de Havaianas por segundo. Para se ter uma ideia 2,4 bilhões de pares de Havaianas já foram fabricados e vendidos desde 1962. (HAVAIANAS, 2014) 4.3 REPOSICIONAMENTO DA MARCA HAVAIANAS Diante do narrado no histórico da empresa observa-se que o percurso da empresa Havaianas e bem longo. O nome Havaianas surgiu na década de 1960, o Havaí era o local de férias favorito dos americanos e o nome ostentava uma aura de glamour, por isto produtos foram lançados com esta marca. As sandálias Havaianas foram lançadas pela Alpargatas visando ser uma marca estilosa, entretanto ocorreu o contrário, Havaianas era considerada uma sandália de pedreiro, isto provocou no decorrer do tempo um desgaste e envelhecimento da marca. Consegue-se entender como ocorreu o envelhecimento e o desgaste da marca quando se analisa a propaganda de Havaianas durante os trinta anos que antecederam o reposicionamento da marca. O slogan inicial da empresa Havaianas era “Não têm cheiro, não deformam e não soltam as tiras”. Esses dizeres refletem o conceito da comunicação adotado pela empresa. Até a década de 90 a comunicação da empresa se baseou neste slogan, o foco era fazer o consumidor entender que as sandálias Havaianas não têm cheiro, não deformam e não soltam as tiras. Pode-se questionar se a empresa em sua comunicação com o público não tinha nada mais a falar. Pode-se dizer que o público das Havaianas durante trinta anos iniciais era constituído por uma classe financeiramente desfavorecida, classe C e D, que comprava as sandálias em 48 mercados de bairro. Isto fez com que a imagem da sandália fosse conhecida como “chinelo de pobre”. O merchandising adotado pela Alpargatas já utilizava anúncios na televisão para fortalecimento da marca, a marca patrocinava o programa de humor Família Trapo, que contava com nomes como Jô Soares e Golias, e aparecia em alguns episódios. Existia nas ações de merchandising um pioneirismo de produto e estratégias de promoção, bem como combate à pirataria e tentativa de aumentar a abrangência do mercado externo. Diversas campanhas publicitárias de sucesso marcaram a história das Havaianas. Em 1965 a Havaianas lançou sua primeira campanha na televisão com a Carmem Miranda tendo como slogan “Não têm cheiro, não deformam e não soltam as tiras”. Uma das campanhas de maior destaque adotou o slogan “As legítimas”, visava uma diferenciação da marca no mercado, pois devido ao sucesso, muitas outras empresas lançaram produtos semelhantes para concorrer com as Havaianas. Esta campanha publicitária utilizava como garoto propaganda o Chico Anysio. O personagem Didi dos Trapalhões também foi utilizado como garoto propaganda da marca, lançando o famoso slogan “Ô psiti, não deforma, não tem cheiro, não solta as tiras”. Em 1972 Tony Ramos protagonizou uma das campanhas das sandálias Havaianas reforçando o slogan “As legítimas”. No final da década de 1980, a Alpargatas mudou de agência visando reposicionar a marca Havaianas. Na década de 1990, Didi retorna como garoto propaganda da marca Havaianas com a campanha “Isso é amor antigo” divulgando a linha. Só em 1994 é que eles conseguiram efetivamente reposicionar a marca. O foco saiu do produto, sendo deslocado para o consumidor, famoso ou não. Uma tentativa de reposicionamento da marca ocorreu em 1991. Até 1991 as sandálias Havaianas eram consideradas “chinelo de pobre” e “sandálias dos pedreiros”, neste ano a empresa lançou o modelo Havaianas Sky, com cores fortes e calcanhar mais alto. A intenção era passar a ideia que as sandálias Havaianas se destinavam a um público de classe mais alta. Junto com a campanha ocorreu um aumento dos preços das novas sandálias coloridas. Para levar o lançamento ao público alvo, foram veiculadas propagandas de grande porte estreladas por artistas famosos. Em seguida a distribuição foi organizado de acordo com o público alvo. Também foi 49 criado um display vertical para facilitar a escolha do produto e do número. Este display substituiu as antigas bancadas com pares espalhados. Esta tentativa não deu os resultados esperados em 1994 ocorreu uma nova tentativa de reposicionamento da marca, para isto foi lançada a campanha de marketing, a Havaianas Top, onde se mostrava um novo modelo de sandálias de uma única cor. De 1994 a 2000 as sandálias Havaianas foram aos poucos se tornando sofisticadas. A sofisticação das sandálias era exposta pela empresa em campanhas e nos novos e inúmeros lançamentos. Nesta fase modelos e celebridades começaram a desfilar com a sandália nos pés. Nesta época as exportações aceleraram e a marca ganhou espaço em revistas e nas principais vitrines de moda no mundo. Observa-se no posicionamento da marca Havaianas que desde o início da produção as sandálias Havaianas evoluíram dos modelos simples de chinelo de enfiar no dedo, que continuam a ser um sucesso de vendas, para designs mais elaborados com aplicações e formatos variados. Recentemente foi lançado um modelo que inclui um salto alto. Como narrado anteriormente por Al Ries e Jack Trout (2009) o posicionamento é a maneira como o produto é percebido pelo consumidor. O principal diferencial competitivo, segundo eles, é se posicionar na mente do cliente. Antes a marca Havaianas estava posicionada na mente do consumidor como um produto barato, prático e confortável, um produto popular. Depois do reposicionamento as sandálias Havaianas passaram a ser sinônimo de qualidade, beleza e conforto, inclusive para as pessoas mais exigentes. Observa-se que para que reposicionamento tivesse sucesso a marca lançou chinelos mais delicados, especialmente desenvolvidos para o público feminino que rapidamente caíram no gosto das mulheres. Serrentino (2005) afirma que o posicionamento de uma marca se forma na cabeça dos consumidores. Se a empresa não consegue definir qual a sua importância no mercado perante seus concorrentes, ela se torna frágil, pois seu valor de marca é indiferenciado, ou seja, seu produto se torna um commodity, sem valor agregado. A comoditização gerará uma infidelidade por parte do consumidor, o que ocorria antes do reposicionamento da marca Havaianas. A marca Havaianas era 50 um commodity devido a imagem de seu único modelo do produto, imagem já desgastada e envelhecida. Para Gomes (2005) o reposicionamento da marca Havaianas foi um sucesso devido ao planejamento de marketing que impôs um novo gerenciamento da marca. Isto fez com que se iniciasse um novo ciclo de vida da marca que já perdura por 20 anos. PINHO (2006, p. 47) explica que a imagem da marca é “a síntese dos elementos físicos, racionais, emocionais, estéticos nela presentes”. A Havaianas com o reposicionamento passou a transmitir ao público uma ideia do conforto emocional à mensagem de conforto físico que já era transmitida pela marca. Al Ries e Trout (2009) enfatizaram que a Era do Posicionamento ressalta a importância de uma estratégia para se ocupar um lugar na mente e no coração das pessoas. Observa-se em relação a Havaianas que eles adotaram a estratégia correta através de ações relacionadas a distribuição, preço, embalagem, além da comunicação e relações públicas, as sandálias Havaianas passaram a ser oferecido ao consumidor de maneira a agregar mais valor. Em relação a distribuição passouse a utilizar a exposição do produto em displays nos pontos-de-venda, antes eram vendidas as sandálias soltas. As ações de distribuição, a nova embalagem e a forma de exposição foram associadas a uma mudança na comunicação da empresa com o público. Isto confirma os dizeres de Lendrevie que afirmarou que das estratégias de Marketing existentes concorrências ou competitivas, de desenvolvimento e de fidelização; o Posicionamento está dentro das estratégias competitivas juntamente com as comparativas, financeiras, promocionais e de imitação. Lendrevie (2006) relatou que a qualidade do Posicionamento depende de vários fatores: a natureza daquilo em que se apoia, o seu caráter diferenciador, a sua credibilidade, a sua universalidade, a sua compatibilidade com os dos outros produtos e atividades da empresa e o seu valor dinâmico. Um dos principais desafios da marca Havaianas era mudar sua imagem de “sandália de pobre” para um objeto de desejo. Isto ocorreu com a mudança da forma de se comunicar, tirando o foco do produto e dirigindo-o para o usuário através do uso de campanhas testemunhais divertidas e descontraídas com personalidades famosas. Campanhas estreladas por diversos artistas, entre eles, Cláudia Abreu, Fábio Assunção, Daniela 51 Cicarelli, Luana Piovani, Rodrigo Santoro, Fernanda Lima, Déborah Secco, Marcos Palmeira, Raí, Popó, Luma de Oliveira, Reynaldo Gianecchini e Alexandre Borges. Todos os comerciais mostram cenas em que os artistas usam ou procuram Havaianas nas lojas. Verifica-se que o reposicionamento da Havaianas teve por base as recomendações de Al Ries e Trout (2009) o produto passou de um posicionamento inicial com foco somente popular e no produto para um posicionamento de produto requintado. Passou-se a ter uma cadeia de valor diferenciada, pois a empresa optou por uma distribuição de forma especializada. Nas vendas no exterior, adotou o tradeoff recomendado por Porter, não realizar vendas em grandes volumes para redes de hipermercados para manter seu posicionamento premium. A comunicação através da assessoria de imprensa e relações públicas foram fundamentais para o reposicionamento da marca Havaianas. Além da estratégia de estar sendo seguida na atualidade verifica-se que a empresa está dando ênfase ao Marketing Digital. Em 2009, foi lançada uma campanha que gerou muita polêmica, onde uma senhora “moderna” sugere à sua neta que faça sexo com o ator Cauã Reymond. Muitos telespectadores reclamaram e um processo chegou a ser aberto no Conar - conselho que rege a publicidade. A empresa fez uma nota, retirando a propaganda do ar, em respeito aos consumidores que não haviam gostado, mas publicando o vídeo no YouTube para aqueles que haviam gostado da propaganda, tornando-o rapidamente um "viral" com milhões de acessos. Em 2010 a campanha veiculada com a atriz Fernanda Vasconcellos gerou polêmica na internet ao apresentar a atriz sem umbigo. O vídeo da campanha divulgado na internet, diferentemente da que fora divulgado na televisão, mostra a atriz com a ausência do umbigo na região abdominal. Não ficou claro se esta foi uma ação como estratégia de marketing planejada pela empresa para o vídeo publicado na interne ou foi um erro da empresa produtora que criou vídeo. 52 A linha das sandálias HAVAIANAS cresceu de apenas um modelo até 1994 para mais de 100 modelos nos dias atuais, comercializadas em mais de 65 cores e 600 combinações de estampas diferentes. Entre as linhas mais populares da marca destacam-se: Anos 60/70 ● Primeira Havaianas, lançando uma campanha com Chico Anysio. Figura 8: Chico Anysio Fonte: Internet. 1994 ●Ocorre o reposicionamento da marca Havaianas, surgindo um novo modelo, a Havaianas Top, as monocromáticas. Figura 9: Havaianas Top Fonte: Havaianas, 2014. 53 1997 ● Lançamento das HAVAIANAS BABY, sandálias direcionadas para um público infantil, em tamanhos que variam do 17/18 ao 23/24, com feixe para prender ao calcanhar. Possuem as variações Baby Pets (com bichinhos nas tirinhas), Baby Brasil (com estilo idêntico ao modelo adulto) e Baby Estampadas (com estampas coloridas na base) Figura 10: Havaianas Baby Fonte: Internet. 1998 ● Lançamento das HAVAIANAS BRASIL, sandálias com uma pequena bandeira do Brasil na tira e listras nas cores verde e amarela em torno da base. Essa sandália logo se tornou objeto de desejo no exterior e motivo de orgulho para os brasileiros. Figura 11: Havaianas Brasil Fonte: Internet. 2003 ● Lançamento das HAVAIANAS FLASH, que possuem diferentes formas de tiras e estampas. Existem as inúmeras variações como Hit, Indian, Urban, Fresh, Way, Way Etnics e Tresse (modelos com tiras trançadas e em cores quentes). 54 Figura 12: Havaianas Flash Fonte: Internet. ● Lançamento das HAVAIANAS HIGH, modelos com saltos de até 6 centímetros disponíveis em diferentes cores e estampas. Figura 13: Havaianas High Fonte: Internet. 2004 ● Lançamento das HAVAIANAS IPÊ, modelos com estampas de animais em extinção feitas em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), onde 7% das vendas líquidas eram destinadas ao instituto. Essa parceria teve início com uma coleção formada por sandálias que ilustravam o peixe-boi, o mico leão de cara-preta e o papagaio de cara-roxa. Já no ano seguinte, houve a renovação da coleção com novas espécies como a arara, o muriqui e a onça. Houve também o lançamento da coleção filhotes para as crianças, devido aos inúmeros pedidos dos consumidores. Figura 14: Havaianas Ypê Fonte: Internet. 55 2005 ● Lançamento das HAVAIANAS CARTUNISTA, sandálias infantis que traziam estampas de cartunistas famosos. Figura 15: Havaianas Cartunista Fonte: Internet. ● Lançamento das HAVAIANAS JOY, modelo feminino com salto pequeno de 3 centímetros. Não possuem estampas nem variação de modelos, apenas de cores. Todas trazem flores delicadas presas às tiras. 2006 ● Lançamento das HAVAIANAS MENINA, uma linha feminina com modelos perfumados, muito cor-de-rosa e estampas de corações, flores e frutas. Existem as variações Flores, Lucky, Stars e Tropical, que vêm com uma bolsinha estampada. ● Lançamento das HAVAIANAS MENINO, sandálias com temas de esportes radicais e aventura. ● Lançamento das HAVAIANAS SLIM, sandálias simples com tiras mais finas e delicadas e solado baixo. Possui duas variações, a Slim, lisa contando apenas com variação de cores, e a Slim Season, com tiras e estampa floral dourada. Rapidamente esse modelo caiu no gosto do público feminino e se tornou um ícone da marca. 56 Figura 16: Havaianas Brasil Fonte: Internet. 2007 ● Lançamento das HAVAIANAS TRIAL, sandália com tiras fixas e mais largas que contornam o calcanhar garantindo estabilidade aos pés. ● Lançamento das HAVAIANAS WAVE, sandálias masculinas com formato anatômico com tiras bicolores mais largas. 2008 ● Lançamento das HAVAIANAS FIT, sandálias com solado super macio que acompanham as curvas dos pés e tiras que se ajustam aos calcanhares. ● Lançamento das HAVAIANAS LOGO, sandálias com tiras translúcidas que trazem o logotipo da marca em borracha injetada, em cor contrastante. ● Lançamento das HAVAIANAS 4 NITE, modelo com tiras e estampas fosforescentes. 2009 ● Lançamento de uma edição especial das sandálias com toque retrô e visual sofisticado, uma releitura do modelo tradicional com sola branca e tiras coloridas. As femininas foram criadas na cor nude metalizado, e para os homens a cor eleita foi cinza também metalizado. As sandálias eram entregues dentro de uma caixa, cuja 57 parte interna apresentava a patente da marca e um texto cronológico que contava a sua história. ● Lançamento das HAVAIANAS SLIM ÁFRICA, com estampas tribais e combinações de cores vibrantes. ● Lançamento das HAVAIANAS SLIM WIND, que esbanja conforto com sua tira tubular. ● Lançamento das HAVAIANAS FUN, criadas para o público adolescente com estampas modernas e divertidas, em opções de tira flúor ou jelly. ● Lançamento das HAVAIANAS SLIM ILLUSION, sandálias femininas super delicadas, psicodélicas e coloridas, que chegaram ao mercado com tiras nas cores neon, flúor e candy combinando com os traços de cores vibrantes pincelados nas solas. 2010 ● Lançamento das HAVAIANAS TEAMS, sandálias que traziam as cores e estampas das 32 seleções que participaram da Copa do Mundo de Futebol da África do Sul. 58 CONCLUSÃO Diante do narrado neste estudo verifica-se que a empresa Havaianas através de um reposicionamento conseguiu diferenciar seu produto agregando valor a marca, tornando sua marca um objeto de desejo do consumidor. Em relação ao produto em si evidencia-se que ocorreram mudanças em relação a sua forma e características mantendo seu desempenho, durabilidade, confiabilidade. O ponto chave foi a mudança do estilo através do design. Em relação a oferta de serviços verifica-se que ocorreu uma facilidade na compra, pois a empresa optou por lojas próprias e e-commerce. Com isto o canal de vendas passou a ser especializado aumentando mais seu desempenho. A imagem da marca Havaianas se consolidou através de novos símbolos, mídia e eventos. Estas ações levaram a modernização de seus conceitos tornado as sandálias Havaianas um produto desejado pelo consumidor. O sucesso da estratégia de reposicionamento da marca Havaianas ocorreu por diversos motivos, entre eles, a identificação dos motivos que estavam levando a marca Havaianas ao declínio. Com esta informação os gestores de marketing elaboraram ações estratégicas em relação ao produto, estilo e design, mantendo o desempenho, durabilidade e confiabilidade original, e em diversas estruturas de composição da marca Havaianas, entre elas a própria unidade de negócios responsável pela produção das sandálias e a imagem da marca através da reestruturação da comunicação. Verifica-se que o conceito de Marcas propõe que as empresas desenvolvam condições sociais e éticas em suas práticas de marketing. Como ocorreu com a Havaianas as empresas devem equilibrar critérios frequentemente conflitantes entre o lucro da empresa, a satisfação dos desejos dos consumidores e o interesse público. Não só a Havaianas atingiu notável volume de vendas e lucro através da adoção e das práticas de posicionamento e estratégia de Marcas, outras empresas seguem seu caminho. Conclui-se então que a estratégia de Marcas adotada pela empresa Havaianas é um processo gerencial pelo qual a empresa obteve o que necessitava e desejava através do reposicionamento da marca. O uso da marca Havaianas como vantagem competitiva se deu através das necessidades, desejos e demandas, dos 59 produtos (bens, serviços e ideias), do valor, do custo e da satisfação, da troca e transações, dos relacionamentos e das redes, dos mercados e principalmente dos consumidores potenciais. Por fim, pode-se afirmar que o uso de marcas como vantagem competitiva, como no caso da empresa Havaianas, faz com que a marca seja visualizada em vários segmentos de mercado, fortalecendo sua imagem na mente do consumidor, entretanto se faz necessário que a empresa faça um planejamento do custo de divulgação do novo produto para sustentá-lo durante os primeiros anos de reposicionamento. 60 REFERÊNCIAS AAKER, David. Construindo Marcas Fortes. Rio de Janeiro, Bookman, 2007. ALBRECHT, Karl. 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