XII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Sustentabilidade – Mudança dos Padrões de Consumo Estratégia de marca e reposicionamento de mercado: um estudo de caso da marca Havaianas Ana Silva Santos Sousa Bacharel em Administração de Empresas Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP Campus Guarujá [email protected] Márcia Célia Galinski Professora de graduação e pós-graduação Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP Campus Guarujá Universidade Monte Serrat - UNIMONTE Santos má[email protected] Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo No mundo contemporâneo e com a complexidade dos negócios, torna-se vital para as organizações investirem em estratégia de marca. Manter uma marca forte tem sido um desafio cada vez maior para os gestores, pois a competitividade tem sido cada vez mais forte no ambiente corporativo. Para o marketing é fundamental compreender o mercado, encantar e criar valor para o cliente e construir relações lucrativas com os stakeholders. O problema que instigou o presente trabalho foi conhecer como a marca Havaianas promoveu mudanças inovadoras no produto e estratégias de marketing para reposicionar-se no mercado? Como objetivos principais destacam-se: discorrer sobre o conceito de marketing e analisar as ações e estratégicas de marketing que a empresa Alpargatas utilizou para conseguir revitalizar-se e reposicionar a marca Havaianas no mercado consumidor. O trabalho caracteriza-se por uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A técnica de coleta de dados utilizada foi por meio de livros, revistas, sites e estudo de caso. Concluiuse que o grande desafio das Havaianas foi mudar a imagem de um produto que era considerado popular, para transformar-se em um produto desejado e que possibilitou alcançar classes sociais mais elitizadas. Com modelos diferenciados e coloridos e uma estratégia de comunicação mais arrojada, a marca conquistou a confiança, a admiração e a lealdade dos consumidores. Palavras-chave: Marketing; marca; Havaianas. Summary In the contemporary and the complexity of the business world, it is vital for organizations to invest in brand strategy. Maintain a strong brand has been a growing challenge for managers, because competitiveness has been growing stronger in the corporate environment. For marketing is essential to understand the market, delight 1 and create value for customers and build profitable relationships with stakeholders. The problem that prompted the present study was to know how the Havaianas brand promoted innovative changes in the product and marketing strategies to reposition itself in the market? The main objectives are: discuss the concept of marketing and analyze the actions and strategic marketing that Alpargatas company used to get reenergize and reposition the Havaianas brand in the consumer market. The work is characterized by a descriptive research of qualitative nature. The data collection technique used was through books, magazines, websites and case study. It was concluded that the great challenge of Havaianas was to change the image of a product that was considered popular, to turn into a desired product and that made it possible to reach more elitist classes. With different and colorful models and a bolder communication strategy, the brand has earned the trust, admiration and loyalty of consumers. Key-words: Marketing; brand; Havaianas. Seção 1 - Curso de Administração de Empresas - Meio Ambiente Apresentação: oral 1. Introdução Atualmente, muito se fala a respeito das marcas, o que elas representam para as empresas e para os consumidores. Manter uma marca forte tem sido um desafio cada vez maior para os gestores, pois a competitividade tem sido cada vez mais forte no mundo dos negócios. A tecnologia e a globalização vêm impactando cada vez mais na concorrência entre as empresas e os gestores precisam manter-se sempre informados sobre as mudanças que ocorrem constantemente no país e no mundo e precisam ter estratégias para conhecer o mercado, como o consumidor se comporta, saber quais são os desejos, suas necessidades e que possam oferecer produtos ou serviços de qualidade e conseguir atingir seus objetivos. O marketing tem sido de grande importância tanto para a economia, quanto para a política nacional. E está concentrado em criar valor para o cliente e construir relações lucrativas com ele. Para que tudo isso aconteça, é necessário conhecer as necessidades e os desejos dos consumidores, determinar quais mercados- alvo que a empresa pode atender melhor e propor valor por meio da qual a empresa pode conquistar, permanecer e conservar clientes-alvo. As funções de um negócio não são desempenhadas só pelo marketing, é um estudo que determina a organização como um todo. O setor de marketing deve trabalhar em conjunto com todos os departamentos da empresa e também com outras instituições para poder criar valor para os consumidores e desenvolver relacionamentos lucrativos. Os profissionais de marketing devem saber conquistar clientes com boas propostas e selecioná-los adequadamente. É importante manter e conservar os clientes através de agregação de valores, atuar com eficiência entre a empresa e os clientes, através de vendas, lucros e fidelidade. As empresas que se destacam são as que têm uma boa estratégia de marketing, criam valor para os clientes, sabem compreender o mercado, encantar o cliente e também satisfazer as suas necessidades sabendo gerenciar ações assertivas, gerando o retorno de seus investimentos de marketing, a fim de 2 contemporizar os interesses dos clientes e das empresas. O marketing de alguns anos atrás era menos complexo do que o marketing de hoje. O marketing para o consumidor produzia com base em princípios de marketing de pessoas, já o marketing empresarial dedicava-se em primeiro lugar na organização nos esforços de vendas. O setor varejista era ocupado por muitas lojas comerciais, vários supermercados para vendas de alimentos e pequenos comércios familiares. A maior parte da ideia de marketing estava dedicada na concretização da venda. Com o aumento da tecnologia, diminuiu o tempo e o espaço no lançamento de novos produtos, desta forma, os produtos são lançados no mercado em ritmo acelerado e estão disponíveis em curto espaço de tempo. Com todas essas mudanças que ocorrem a cada dia, os consumidores estão cheios de tarefas e estão mudando seus hábitos de compra. Como o tempo é curto, muitos fazem compras por catálogo, por telefone e pela internet. Podem executar operações bancárias por telefone ou computador e muitas outras transações financeiras. Todas essas mudanças que dão novas práticas de compra e aumentam as oportunidades de negócios. As informações do mundo atual são enormes, os consumidores poderão ter essas informações concretas, sobre marcas concorrentes, os preços praticados, características e qualidade dos produtos, sem precisar entrar em contato com fabricantes ou varejistas exclusivos. As empresas mais inteligentes sabem reconhecer quando seus clientes estão migrando para o valor. As transformações em mercados de marketing estão disputando uma liderança em mercados exclusivos e não estão contentando com posições de menor importância e sim, em mercados de massa e customizados. As empresas estão cada vez mais procurando reter os clientes em vez de simplesmente conquistar clientes novos. Também estão identificando os clientes que proporcionam os maiores lucros, oferecendo a eles um serviço diferenciado e também estão tomando suas decisões no valor do cliente em longo prazo, mas no aumento dos lucros imediato. Um importante exemplo e referência quando se discorre sobre esta temática é comentar a marca Havaianas, produzida pela São Paulo Alpargatas S.A. Em momentos de quedas em suas vendas, perdeu mercados, mas graças a uma estratégia de marketing brilhante, inovadora e a reposição da marca, o que era considerado um produto popular passou a ser um produto de moda. O problema que instigou o presente trabalho foi: como a marca Havaianas promoveu mudanças inovadoras no produto e estratégias de marketing para reposicionar-se no mercado? 2. Objetivos Destaca-se como objetivos principais deste trabalho: a. Discorrer sobre o conceito de marketing e suas estratégicas de marca; b. Analisar as ações e estratégicas de marketing que a empresa Alpargatas utilizou para conseguir revitalizar-se e reposicionar a marca Havaianas no mercado consumidor; c. Analisar o processo de reposicionamento da marca Havaianas no mercado. 3 3. Revisão da Literatura 3.1 O marketing: principais aspectos Com o desafio constante da concorrência em todos os setores da economia, as empresas utilizam todas as suas estratégias para atender todas as demandas dos consumidores com eficácia. Por todas essas mudanças que ocorrem a cada momento na economia é que o marketing é importante, pois faz com que as pessoas se interessem mais em conhecer os seus processos. O marketing está presente na vida dos consumidores e influencia diretamente o seu comportamento de compra. Os estudos confirmam que em algumas mercadorias, 50% do preço estão incluídas as despesas com marketing. Apesar da importância do marketing na vida moderna, o conhecimento sobre o assunto ainda é significativo. No Brasil, apesar de ter ocorrido melhora, muitas pessoas fazem interpretações falsas sobre o marketing. (LAS CASAS, 2006, p. 13) Nas últimas décadas houve muitas mudanças nos mercados consumidores e nas empresas. As pessoas estão mudando seus hábitos, e há vários grupos de com estilos de vida diferentes. O sucesso empresarial só é possível se tiver qualidade, sem este requisito não se consegue determinar e satisfazer as exigências das demandas do mercado. O marketing tem sido entendido e definido em termos de relações de trocas. A América Marketing Associaton (apud COBRA, 1992, p. 34) tem adotado como oficial a seguinte definição: “Marketing é o processo de planejamento e execução desde a concepção, apreçamento, promoção e distribuição de ideias, mercadorias e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais.” Já Las Casas complementa: Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. (LAS CASAS, 1992, p.26) Para Drucker (apud KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p.4), o objetivo do marketing é tornar a venda desnecessária. Vendas e propagandas são apenas peças de um “mix de marketing” - um conjunto de ferramentas de marketing que operam juntas para satisfazer as necessidades dos clientes e construir relacionamentos com eles e são empreendidas por meio dos 4P´s – produto; preço; promoção e praça. De acordo com Churchill e Peter (2000, p. 10), “marketing é uma visão de que uma organização deve procurar satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes procurando alcançar seus objetivos”. O programa de marketing procura dar ênfase quanto à importância de produzir e comercializar produtos e serviços de acordo com o que os clientes precisam e desejam. 3.2 Comportamentos do consumidor Os profissionais de marketing estudam o comportamento dos consumidores para entender porque eles compram certos produtos e marcas em vez de outros e 4 também como as pessoas são afetadas por várias forças em relação às atividades de trocas. Essas forças são influxos da sociedade de marketing e situacionais à situação do momento. As influências sociais, cultura e subcultura influência direta e indireta na formação do comportamento dos consumidores. As classes sociais também influenciam as pessoas, ou seja, grupos de pessoas que tem valor e influência iguais baseada em sua riqueza, capacidade e poder. Já os pensamentos, sentimentos e ações dos consumidores são influências de pessoas de grupos de referência. A família dos consumidores também intervém muito no seu comportamento de compra. Diante disso, os profissionais de marketing procuram saber quais membros da família decidem e influenciam nas decisões de compra e também quais os tipos de decisões de compras estão unidos a várias etapas do ciclo de vida da família. As influências de marketing sobre o processo de compra do consumidor incluem os efeitos da estratégia de marketing, seja no aspecto de produto. Preço, praça ou promoção. A estratégia do produto pode influenciar a avaliação do produto pelo consumidor e sua capacidade de proporcionar valor. A estratégia de preço pode induzir a seleção de um determinado produto que aumente ou diminua o custo total da compra. A estratégia do profissional de marketing para a distribuição pode influenciar e seleção com base na disponibilidade do produto. Finalmente, a promoção pode tornar os consumidores conscientes de uma marca e incluí-la em seu conjunto considerado. (CHURCHILL; PETER, 2000, p. 169). A definição do comportamento do consumidor é, “como as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações”. (ENGEL et al, 2000, p. 4). Os administradores de marketing procuram entender como os consumidores se comportam em relação à idade, a renda, nível de educação, o padrão de mobilidade e o gosto dos consumidores. Com a percepção do consumo dos consumidores, os profissionais de marketing buscam reuni-los em segmentos que tenham as mesmas características. Quando há muitas marcas, produtos muito conhecidos ou não, preço alto, a importância do produto, o mais provável é que os consumidores tomem suas decisões de compra de modo extensivo e não de forma rotineira ou limitada. Conforme Cobra (1992, p.201), é preciso determinar quais são os fatores que causam as maiores influências no comportamento de compra dos indivíduos: influências do meio ambiente físico; influências tecnológicas; influências econômicas; influências políticas; influências legais. Os empresários são os mais interessados em motivar e compreender o comportamento do consumidor. Um novo produto não deve satisfazer as necessidades e expectativas de uma equipe administrativa, e sim, satisfazer as necessidades do consumidor. Conforme Engel et al (2000, p. 8), o comportamento do consumidor como direção tem intenção e a orientação de objetivos. Os produtos e serviços são aceitos ou não de acordo com a ampliação em que eles sejam percebidos como importantes às necessidades e ao estilo de vida. Os profissionais de marketing dessa época estavam interessados em como estimular os consumidores nas decisões de compra através da inovação do produto e comunicação de massa. As teorias racionais consideram os afetos humanos secundários, os quais só controlariam pessoas com problemas. Assim, a grande massa dos 5 consumidores teria conhecimento de seu comportamento e o controlaria. Segundo os racionalistas, colocar a emoção como explicação do comportamento é colocar o maior dom humano em lugar secundário. (GIGLIO, 2010, p.33). Esses planos têm níveis que são independentes uns dos outros, o domínio de um ou de outro é dada por uma importância da pessoa. O comportamento do consumidor é importante para a estratégia de marca para que os profissionais de marketing possam entender porque os consumidores compram certos produtos e outros não. Assim, podem colocar no mercado produtos e serviços certos à disposição dos consumidores. O conhecimento das variáveis que influência sobre o comportamento do consumidor é importante na decisão de compra para que os empresários melhorem a qualidade de seus produtos e serviços sempre levando em conta os desejos e necessidades do consumidor e direcionando suas ofertas para o mercado certo. 3.3 Marca As empresas e outros tipos de organizações estão concluindo que os nomes de marca associados a seus produtos e serviços é que dão valor a seus ativos. Os indivíduos e as empresas têm menos tempo para fazer essas opções devido à complexidade do mundo. O processo de decisão do consumidor em diminuir o processo da capacidade de uma marca forte e de tornar mais simples, é inestimável. É um dos objetivos da administração que as marcas criadas sejam fortes, cumpram o que prometem e também aprimoram suas forças ao longo do tempo. Segundo a definição da American Marketing Associaton - AMA: Marca é um nome, termo símbolo, desenho ou uma combinação desses que deve identificar os bens ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los dos da concorrência”. Portanto, tecnicamente falando, sempre que um profissional de marketing cria um novo nome, logotipo ou símbolo para um novo produto, ele cria uma marca. (Apud, KELLER; MACHADO, 2006, p. 02). Para os autores, na prática, porém, muitos administradores referem – se a uma marca como mais do que isso, no mercado a marca é algo que promoveu certo nível de informação, fama e saliência. Para tomar as decisões de marketing, é necessário que se leve em conta todas as marcas, principalmente as marcas fortes, pois elas permitem fazer vários tipos de associações. Há marcas que nomeiam o fabricante e outras que determinam o produto, suas características e sua finalidade. Pode ser um nome de fantasia, ajustado, ou formado com a escolha de palavras, ou nome que tenha licença ou acordo. Cobra (1992, p.346) conceitua marca como “um nome, um sinal, um símbolo, ou design, ou uma combinação de tudo isso, com o objetivo de identificar produtos ou serviços de um vendedor ou grupos de vendedores e diferenciá-los de seus concorrentes.” A marca é um composto do produto e é um fator importante na adequação do produto ou serviço e à satisfação que os consumidores percebem. Nem sempre é necessário que um nome escolhido para um produto ou serviço se relacione com o que ele faz. No Brasil, a economia ao logo dos anos tem evoluído bastante, antes era o produto que era soberano, no entanto, este conceito aos poucos foi alterando e 6 cresceu bastante a preocupação com o serviço do consumidor. É importante a combinação do composto do juntamente com a publicidade e do esforço com as vendas. Para reconhecer as necessidades não satisfeitas dos consumidores, bem como efetuar o atendimento pré-venda, de venda, de instalação do bem vendido e de pós-venda, a administração do composto de produtos precisa de aplicações de técnicas de pesquisas. Devido uma concorrência cada vez mais agressiva e criativa, é que todo esse esforço é canalizado, ou seja, é um caminho pelo qual se pode transmitir uma comunicação. A área do produto ampliado é onde o comprador mais exigente compara o desempenho do produto, avalia a imagem das marcas, embalagem e serviços oferecidos. Tanto em termos de quanto tem que procurar, tanto em termos de quanto exatamente tem de pensar internamente, as marcas permitem que consumidores reduzam custos de busca de produtos sob uma perspectiva econômica. As marcas podem ser sinais particularmente importantes da qualidade e de outras características para os consumidores devido à dificuldade de avaliar e interpretar os atributos e benefícios dos produtos nos casos dos bens de experiência e credibilidade. As marcas assumem para os consumidores um significado especial, pois pode mudar suas percepções e experiências com o produto. Um produto igual pode ser avaliado por um indivíduo ou organização conforme identificação ou privilégio que lhe é dada. As marcas representam para os consumidores significados privativos que facilitam as atividades do dia a dia e enriquecem sua vida. Não dá para estimar a capacidade que as marcas têm de simplificar a tomada de decisão e reduzir riscos, à medida que a vida dos consumidores estão ficando complicada, atribulada e com o tempo cada vez mais curto. Os investimentos na marca podem favorecer produtos de combinações e significados privativos que os tornam diferentes de outros produtos. Ainda segundo Keller e Machado (2006, p.08), as marcas podem mostrar certo nível de qualidade de maneira que os compradores satisfeitos tenham facilidade em escolher o produto novamente. Quando um cliente se torna fiel a uma marca, dá uma previsão para a empresa e também segurança para que a empresa possa criar obstáculos de demanda que dificulte a entrada de outras empresas no mercado. Isto é o brand equity ou patrimônio da marca. As marcas têm a capacidade representar ativos valiosos para a empresa que é capaz de exercer influências no comportamento do consumidor, ser compradas e vendidas e dar a seus proprietários a certeza de obter receitas futuras incessantes. Para Aaker (1998, p.15), às vezes, um longo período de tempo, uma marca pode até resultar numa operação de desempenho com foco nos problemas de curto prazo. Muitas vezes, a deterioração de uma marca que é atingido pelo seu desempenho se torna um perigo. Todas as atividades que envolvam a construção de uma marca merecem justificativas. No entanto, a necessidade é particularmente aguda na propaganda, por causa dos elevados custos envolvidos, frequentemente vulneráveis a pressões de curto prazo. Conforme Keller e Machado (2010, p. 29), o brand equity foi um dos mais importantes conceitos que surgiu na década de 1980. Para os profissionais de marketing, o surgimento desse conceito significou tanto boas quanto más notícias. A boa notícia é que ele acrescentou o grande valor da marca na estratégia de marketing. A percepção da qualidade pode assumir diferentes formas para os diferentes tipos de indústrias. A lealdade à marca e as decisões de compra influencia na qualidade percebida. 7 Se uma marca estiver bem posicionada sobre um atributo-chave na classe de produtos (tal como o apoio de serviço ou a superioridade tecnológica), os concorrentes terão dificuldade de atacar, se tentar um assalto frontal reivindicando superioridade via aquela dimensão, ocorrerá um problema de credibilidade. Será difícil para as lojas de departamento concorrentes fazer com que seja digna de crédito a afirmação de que tenha ultrapassado a Nordstrom em serviços. Restará a ela encontrar outra base de competição, talvez inferior. Assim, uma associação pode ser uma barreira contra os concorrentes. (AAKER, 1998, p. 21). O relacionamento com os canais de distribuição, as marcas registradas, as patentes são ativos valiosos da marca que impedem ou inibem a atuação dos concorrentes de erodir i apoio e a lealdade dos consumidores. Diferentes formas podem ser assumidas por eles. Por exemplo, o brand equity é protegido por uma marca registrada contra os seus concorrentes que muitas vezes tentam confundir os consumidores através de um nome semelhante, símbolo ou embalagem. 3.4 Reposicionamento de marcas A prática do posicionamento sugere ao cliente maneira pelas quais a empresa difere dos concorrentes atuais e potenciais. Segundo a visão proporcionada por Kotler (1996, p.275), “[…] o posicionamento, portanto, torna-se o projeto efetivo da imagem da empresa de forma que os clientes-alvo entendam e aprecie a posição do negócio em relação aos seus concorrentes.” Um alto grau de mudança no cenário competitivo devido o ponto de vista conceitual, a dinâmica que influi nos mercados, a rápida evolução nas expectativas e valores dos consumidores, a força do processo de consolidação de concorrentes e canais junto com a globalização das organizações, podem gerar a necessidade de um reposicionamento de marca. Conforme Telles (2004, p.73, apud SERRALVO; FURRIER), define reposicionamento como “[...] a ação de redefinir os elementos da identidade de marca a serem ativamente comunicados para um dado público - alvo”. A decisão do reposicionamento de marcas tem um impacto diretamente nas organizações, pois afeta o referencial de reputação e imagem para manter como diferencial competitivo pode então ser preservado e adaptado ou, se necessário, transformado. Por esses motivos parece importante discutir com mais foco os problemas do reposicionamento e também a percepção de eventuais especificidades em termos de processo e implantação, dando subsídios a discussões adicionais que venham a estudar em novos aspectos, tanto a base teórica quanto as práticas de reposicionamento de marcas nas organizações. O tema de reposicionamento de marcas deve estar situado conceitualmente como variante da problemática do posicionamento de marcas. No entanto, não parece que o reposicionamento de uma marca possa ser considerado puramente análogo à tarefa inicial de posicionamento, porque, no momento em que se, já existe um referencial na mente dos clientes. Após ter estudado a empresa, estabelecidos alguns cenários e escolher uma nova direção, para concluir o processo precisa-se comprometer com a nova identidade da marca. Na parte interna da empresa, mudar o que for necessário na estrutura, na forma como as pessoas trabalham, no atendimento e nos valores, apresentar a empresa com nova cara, o resto virá naturalmente. 8 3.5 Estudo de caso: marca Havaianas O estudo de caso permite analisar e verificar de que forma o referencial teórico se aplica, ou não, na prática. Desta forma, apresenta-se o estudo com a marca Havaianas produzida e comercializada pela empresa Alpargatas. Em 1990, a Alpargatas relança aquilo que viria a ser um dos maiores cases de marketing no mundo: Havaianas. As sandálias de borracha que revolucionaram o planeta batem recorde: 100 milhões de pares vendidos. A Missão da empresa é conquistar os consumidores, por meio de marcas e produtos diferenciados e de alto valor percebido, criando valor para acionistas, empregados, fornecedores e clientes, atuando com responsabilidade e ambiental. As Sandálias Havaianas foram lançadas em 14 de Junho de 1962, foi a pioneira na introdução do conceito “chinelos de dedos” no Brasil. A inspiração foi a tradicional sandália de dedo japonesa Zori, com tiras de tecido e sola de palha de arroz. No lugar da palha entrou a borracha, resistente e macia, feita para durar. O grão de arroz inspirou a textura da palmilha. O nome foi inspirado no Havaí, o paraíso do sol e mar que tem tudo a ver com o astral das Havaianas. Em 1969 só existiam as tradicionais Havaianas azuis e brancas. Um erro de maquinário produziu Havaianas Verdes que acabaram indo para o mercado. Em vez de ser um problema, o povo amou. Havaianas aproveitou a onda e começou a produzir pares nas cores ferrugem, amarelo e preto. Em 1996, é a década da grande “virada”. O brasileiro começa a “customizar” Havaianas, virando a sola colorida para cima, para ter um modelo monocolor. Era sinal de que o individualismo característico dos anos 90 pedia sandálias para diferentes estilos. As Havaianas capta o espírito do tempo e cria o modelo top. Hoje há várias cores que todo mundo usa. Em 1998, Havaianas começa a cruzar fronteiras de maneira despretensiosa, literalmente dentro da mala das pessoas. E continuaram se espalhando pelo mundo e distribuídas oficialmente na Espanha, Portugal, Itália, França, Inglaterra, EUA, República Dominicana e Japão. Em 2001, nasce a special collection: Havaianas superespeciais com detalhes exclusivos com cristais e malhas de metal costuradas à mão por artesãs do Nordeste. Uma coleção única e sofisticada feita por mãos brasileiras para os pés do mundo inteiro. Neste mesmo ano é lançada uma edição especial com acabamento em ouro 18K e diamantes em parceria com a joalheria H. Stem. Uma sandália que era uma joia. Como estratégias do novo gerenciamento e posicionamento da marca destacam-se: a. A empresa deixou de tratar as sandálias como commodities e retirou o foco da redução dos custos, investindo no produto para aumentar seu valor agregado; com isso, o produto teve seu ciclo de vida prolongado; b. O lançamento da linha top em 1994 visando reconquistar a classe média; c. Distribuição diferenciada da linha Top em varejistas de calçados; d. Embalagem: as Havaianas Tradicionais eram vendidas soltas; e. Criação de displays para expor os produtos nos pontos de vendas; f. Mudança do foco da comunicação, que deixou de ser voltada para o produto e passou a ser voltada para usuário. E para estratégias para o aumento das vendas e da participação do mercado: 9 a. Manutenção do valor percebido das Havaianas top, que eram baratas para a classe média na mesma proporção em que as tradicionais o eram para as classes de baixa renda; b. Extensão de linhas: a marca, dona de uma única linha até 1994, passou a ter mais de 25 linhas entre 1997 e 2005, destinadas a diferentes segmentos do mercado de renda mais elevada; c. Melhoria no design do produto: d. Lançamento de várias cores fashion, estampas elaboradas e novos formatos; e. Transformação das Havaianas unidades de negócios independentes, a partir de 1997, o que alinhou as áreas de marketing, vendas, desenvolvimento e fábrica, conferindo mais rapidez a todas as iniciativas referentes ao produto; f. Estratégias para ampliação das exportações: g. A partir de 2001, a empresa colocou o produto no país que mais dita as tendências de moda - a França, nas Galerias Lafayetes; h. Distribuição em lojas e butiques no exterior; i. Ocupação de um espaço vazio no mercado: não havia uma marca global de sandálias; j. Distribuição do produto em eventos de grande repercussão na mídia, como Oscar e Grammy. Com relação ao produto a marca que só possuía um modelo de sandálias, começou a diversificar o produto criando modelos, cores e estampas diferentes para o produto; o produto mantém a mesma qualidade e custo-benefício da linha tradicional, o que é um ponto positivo; foram criados modelos com design diferenciado, mas que não saíssem da categoria sandálias de dedos (Havaianas Flash, Havaianas High e Trail; a marca passou a ser internacional, sinônimo de brasilidade e qualidade incomparável; o produto que era vendido solto ou em sacos plásticos, agora possui caixas coloridas). Com um notável trabalho de marketing, a empresa conseguiu conceituar melhor o produto, enfatizando a qualidade tradicional. E, de fato, as pessoas começaram a perceber que as Havaianas têm qualidade superior a quaisquer sandálias de borracha fabricada na China e na Índia. Com relação às estratégias de precificação, mesmo com o lançamento das Havaianas Top e com os investimentos em inovação e comunicação, a empresa manteve os esforços no sentido de que o valor percebido do produto pudesse ótima relação custo-benefício, assim como as Havaianas tradicionais; um produto barato e de qualidade. Outro aspecto importante a ser considerado é a distribuição do produto. A marca investiu na distribuição regional exclusiva e reduziu os canais de distribuição de massa, como supermercados e pequenas mercearias. Esta opção permitiu melhor segmentação tendo como alvo os consumidores de classe média, mas sem eliminar os canais populares. A marca também passou a lançar os produtos primeiramente nos canais de distribuição para consumidores formadores de opinião para quando tomarem conhecimento da linha, iniciar a distribuição nos supermercados atacadistas. Essa restrição de lançamento aos canais formadores de opinião agrega valor e exclusividade ao produto, característica bastante atraente para os consumidores de classe média. A marca investiu consideravelmente em comunicação/promoção tendo em vista que o maior desafio para a marca Havaianas atualmente é a customização de massa e atuação no varejo, o plano de comunicação será elaborado enfocando 10 esses aspectos. A customização de massa poderia ser implantada através da atuação no varejo, uma única ação que englobaria dois objetivos de marketing. 4. Materiais e Métodos De forma ampla, a metodologia estabelece o caminho do pensamento e da prática utilizados para a abordagem da realidade. Envolve ainda, um conjunto de técnicas e concepções teóricas, bem como o “... sopro divino do potencial criativo do investigador” (Minayo, 1994). A metodologia consiste em um instrumento utilizado pela ciência na sondagem da realidade, mas um instrumento formado por um conjunto de procedimentos, mediante os quais problemas científicos são formulados e as hipóteses científicas são examinadas. (GALLIANO, 1986, p.32). Já Vergara (2003, p.12) define o método científico como “um caminho, uma forma, uma lógica de pensamento. Basicamente, há três grandes métodos: (a) hipotético- dedutivo; (b) fenomenológico; (c) dialético.” De acordo com Kant (apud, PARRA FILHO; ALMEIDA SANTOS, 2000, p.20), existem conhecimentos de natureza formal, a priori, recebendo estes o conteúdo dado pela experiência. Esse conhecimento formal que obtém na experiência o seu conteúdo é o conhecimento científico. O trabalho caracteriza-se por uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A técnica de coleta de dados utilizada foi por meio de livros, revistas, sites e estudo de caso. O estudo de caso é, segundo Severino (2010, p.121), Uma pesquisa que se concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo. Os dados devem ser coletados e registrados com o necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. Devem ser trabalhados mediante análise rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados. CONSIDERAÇÕES FINAIS A investigação teórica e o estudo de caso possibilitaram estabelecer uma análise sobre a performance da marca Havaianas no mercado. Constatou-se que quando uma marca está em declínio é possível e viável a sua revitalização Por meio de um trabalho em conjunto, onde a empresa, dona da marca se torna consciente da importância do aperfeiçoamento do produto, associada a uma nova forma de comunicação. A estratégia da empresa trouxe novos diferenciais e valores agregados ao produto, foram constatados também os reais motivos da queda nas vendas das Havaianas. O grande desafio das Havaianas foi mudar a imagem de um produto que era considerado popular, para transformar-se em um produto desejado e que possibilitou alcançar outras classes sociais. A participação de artistas famosos contribuiu para o sucesso da marca. A empresa tinha o objetivo de alcançar a classe média, claro que sem esquecer a classe popular. A participação de celebridades, artistas famosos contribuiu para elitizar o produto. As Havaianas utilizaram de forma eficaz as ferramentas de marketing e foi constatado o uso da publicidade e todos os componentes de comunicação associadas a ela e que foram consideravelmente 11 importantes para transformar o conceito de marca. Com modelos diferenciados e coloridos e uma estratégia de comunicação mais arrojada, a marca conquistou a confiança, a admiração e a lealdade dos consumidores. REFERÊNCIAS AAKER, David A. Brand Equity: Gerenciando o valor da marca. 3 ed. São Paulo: Negócio Editora, 1998. ALPARGATAS. Disponível em: http://www.alpargatas.com.br/conheca-empresa. Acesso em 25/10/2014. CHURCHILL, Gilbert A; JR. , Peter Paul J. Marketing: Criando Valor para os Clientes. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. COBRA, Marcos. Administração de marketing. 2. ed. São Paulo : Editora Atlas S. A. 1992. ENGEL, James F; BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W. Comportamento do consumidor. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Editora S.A Livros Técnicos e Científicos. www.smuzi.com.br/brand/4-etapas-para-reposicionar-uma-marca. 21/11/2014. Acesso em GALLIANO. O método cientifico: teoria e prática. São Paulo: Harbra Ltda. 1986. GIGLIO, Ernesto Michelangelo. O comportamento do consumidor. 4ª ed. 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