Prof. Dr. Wilson da Silva A aproximação Behaviorista vê o comportamento como uma resposta ao ambiente. Em sentido amplo, o ambiente é composto por antecedentes, que ocorrem antes do comportamento (por exemplo, a presença de pessoas, instruções) e as conseqüências, que se seguem ao comportamento (por exemplo, os reforços ou punições que ocorrem depois um comportamento). Assim, o comportamento pode ser descrito como uma contingência tríplice composta de: antecedentes-respostas-conseqüências } Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) Ivan Petrovich Pavlov foi um fisiólogo russo premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1904 por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais. Ivan Pavlov veio no entanto a entrar para a história por sua pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por acaso: o papel do condicionamento na psicologia do comportamento (reflexo condicionado). O Laboratório de Pavlov No final do século XIX, ao estudar a produção de saliva em cães expostos a diversos tipos de estímulos palatares, Pavlov percebeu que com o tempo a salivação passava a ocorrer diante de situações e estímulos que anteriormente não causavam tal comportamento (como por exemplo o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela de alimento). Curioso, realizou experimentos em situações controladas de laboratório e, com base nessas observações, teorizou e enunciou o mecanismo do condicionamento clássico. } O Condicionamento Clássico No experimento de Pavlov sobre o condicionamento clássico, um estímulo neutro, neste caso o tiquetaque de um metrônomo, é apresentado quase simultaneamente como um estímulo incondicionado, o alimento. A visão do alimento leva à resposta incondicionada de salivação em uma pessoa ou num animal faminto (não há necessidade de condicionar o estímulo-alimento, para que surja a resposta incondicionada, salivação). Depois de ambos terem sido apresentados juntos repetidamente e o alimento ter sido retirado gradualmente, o som do metrônomo sozinho, gera a resposta de salivação. O som do metrônomo passa a ser o estímulo condicionado, e a salivação se torna uma resposta condicionada. } Esquema do condicionamento Clássico EI (comida) EC (metrônomo) RI (salivação) EC (metrônomo) RC (salivação) } John Broadus Watson (1878-1958) Watson é considerado o fundador do behaviorismo. Em 1913, Watson publicou o artigo A Psicologia como um Behaviorista a Vê, sendo que este artigo ficou conhecido mais tarde como Manifesto Behaviorista. Fragmento do Manifesto Behaviorista A psicologia, como o behaviorista a vê é um ramo puramente experimental e objetivo das ciências naturais. Seu objetivo teórico é a previsão e o controle do comportamento. A introspecção não é parte essencial de seus métodos, como tampouco o valor científico de seus dados depende da presteza com que se prestam à interpretação em termos da consciência. O behaviorista, no seu empenho de obter um esquema unitário da reação animal, não reconhece nenhuma linha divisória entre o homem e o animal. Esse é um dos trechos mais citados da psicologia. Em quatro orações, Watson: (a) inseriu a psicologia entre as ciências naturais; (b) delineou um conjunto de objetivos muito claros para a psicologia científica; (c) rejeitou completamente a pesquisa baseada na introspecção, da maioria dos seus colegas; e (d) aceitou plenamente um modelo evolucionista de comportamento. Outra citação muito conhecida de Watson é: Num sistema de psicologia inteiramente resolvido, dada a reação, os estímulos podem ser determinados; dados os estímulos, a reação pode ser determinada. Watson achava que todo comportamento humano poderia ser compreendido em termos de estímulo e resposta, mesmo em atividades tão mentais quanto o pensamento. O Estudo com o Bebê Albert } Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) B. F. Skinner conduziu trabalhos pioneiros em psicologia experimental e foi o propositor do Behaviorismo Radical, teoria que descreve a forma como o comportamento é influenciado por seus efeitos, popularmente representados pela recompensa e pela punição. Ele também escreveu trabalhos nos quais advoga o uso de técnicas para a modificação do comportamento (principalmente o condicionamento operante) com o intuito de melhorar a sociedade e tornar o homem mais feliz. Os seres humanos são adaptáveis e aprendem a se ajustar aos seus meios. } A evolução é um processo por meio do qual as características físicas são selecionadas em resposta ao meio. Também o comportamento pode ser selecionado. } As causas do comportamento se encontram fora do indivíduo. } Os indivíduos diferem em seus comportamentos devido a diferenças em suas histórias de reforços. } É possível conceber uma sociedade na qual um uso mais eficiente do reforço torna as pessoas mais felizes e mais produtivas, usando mais a recompensa do que a punição para controlar o comportamento. } A teoria de Skinner é bastante diferente de outras teorias da aprendizagem, nas quais os comportamentos não são modificados, mas simplesmente estão ligados a novos estímulos, como os cães de Pavlov. } A idéia básica do comportamento operante é que o comportamento é determinado pelos resultados ambientais contingentes ao comportamento, ou seja, aqueles que se seguem regularmente ao comportamento. Skinner descreveu isso como a seleção do comportamento por meio de suas conseqüências. O condicionamento operante segue o modelo Ed-R-Er, onde um primeiro estímulo Ed, dito estímulo discriminativo, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma resposta R. Ex.: o pombo que deve levantar a cabeça acima de uma determinada altura, recebe comida imediatamente. A freqüência do comportamento de levantar a cabeça aumenta. Skinner escolheu o termo operante para a descrição dessa atividade de levantar a cabeça porque o comportamento “opera” (age) sobre o ambiente – quando ocorre, produz um resultado previsível para o pombo (obtenção de alimento). O comportamento foi alterado pelo reforço das conseqüências. A diferença em relação aos paradigmas E-R é que, no modelo Ed-R-Er, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se um estímulo reforçador Er, que pode ser um reforço (positivo ou negativo) que "estimule" o comportamento (aumente sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição que iniba o comportamento em situações semelhantes posteriores. } } } } } } } Conceitos: Comportamento operante: o comportamento que opera sobre o ambiente para gerar conseqüências. Reforçador: é um estímulo que aumenta a freqüência do comportamento. Reforços positivos: apresentação de estímulo; acrescenta algo. Reforço negativo: remoção de alguma coisa. Punição: é um estímulo aversivo que reduz a probabilidade do comportamento. Modelagem: processo para criação de um novo comportamento, que raramente se verifique, onde se reforça uma série de aproximações sucessivas, aumentando assim a probabilidade do comportamento raro acorrer. 1. Princípio da aproximação sucessiva: quando o comportamento é inteiramente novo, é necessário fracioná-lo em pequenos passos. Cada passo é seguido de outro, sendo que em cada um, a criança receberá uma recompensa ou reforço. É necessário ter a visão completa do comportamento, para que seja estabelecido o comportamento final. Exemplo: para se amarrar os cordões do sapato, é necessário, entre outros passos, aprender a seqüência do laço. 2. Princípio do Reforço contínuo: para se desenvolver um comportamento novo na criança, é importante que a mesma receba reforços imediatos e contínuos. Isso tem a função de manter o comportamento no repertório infantil. Faça isso, na fase de instalação comportamental, isto é, quando ainda não se tem a segurança de que o novo comportamento fará parte das atividades rotineiras. Exemplo: quando uma criança está aprendendo a fazer cocô na privada, é importante que receba elogios e sorrisos para tal comportamento higiênico até que ela, por si só, sempre queira fazer no vaso, independente do reforço externo. 3. Princípio do Reforço negativo: para aumentar o desempenho de uma criança de um modo particular, você pode organizar o ambiente para que ela evite ou escape de uma situação aversiva. Exemplo: a professora que não deixa a criança comer na hora da aula, está favorecendo o comportamento alimentar na hora do recreio. A situação aversiva a ser evitada aqui é ficar com fome durante as aulas ou receber um “não” caso queira abrir a lancheira. Esse princípio favorece a internalização de regras e o estabelecimento de causas e efeitos, contribuindo para que as crianças se comportem de acordo com as regras estabelecidas previamente. 4. Princípio da modelação: ensinar para uma criança novos modos de se comportar, permitindo que ela observe uma pessoa de prestígio. Ao ver o modelo executando o comportamento desejado, ela poderá aprender como é que se faz. Quando um ídolo infantil fala que é importante tomar a vacina contra a paralisia, há o incentivo de que é necessário participar da campanha de vacinação. Não é por acaso que as propagandas colocam pessoas famosas ou super-heróis na esperança de que, ao ver tais personagens consumindo ou elogiando tal produto, as crianças queiram fazer o mesmo. 5. Princípio do reforço decrescente: encorajar uma criança a continuar executando um comportamento estabelecido com uma pequena ou nenhuma recompensa. Gradualmente, é necessário um período de tempo mais longo para se reforçar as respostas. Começa-se com altas taxas de reforçamento até que ele não seja mais necessário para que o comportamento seja mantido. Exemplo: elogiar quando a criança conseguir ficar prestando atenção à aula, depois, fazer o olhar panorâmico de professor de forma casual. Chegará um momento que a própria criança se reforçará na atenção. 6. Princípio de extinção: um comportamento que não recebe reforços tende a se extinguir. Exemplo: quando você organiza o ambiente de forma que ele não forneça recompensas que seguem o comportamento que se pretende extinguir. 7. Princípio do alternativo incompatível: reforçar o comportamento oposto ou inverso. Exemplo: praticar esportes é incompatível com o hábito de fumar. Assim, se um adolescente fuma, os pais podem matriculá-lo em aulas de natação, pois quanto mais ele ficar na piscina, menos tempo terá para tragar um cigarro. 8. Princípio do castigo ou punição: um estímulo aversivo que se segue a um comportamento tende a diminuir de freqüência. Exemplo: depois que foi aprovada a nova lei do trânsito, instituindo multas e pontos negativos, houve diminuição acentuada nos acidentes envolvendo veículos. No entanto, a punição não é muito boa para fortalecer a aprendizagem, pois gera hostilidade e aumento nos desejos de vingança ou agressão. Ela deveria ser usada só de forma ocasional ou esporádica, quando outros métodos não foram eficazes. Quando o fizer, procure colocar esse princípio junto com reforços positivos. 9. Princípio da exposição controlada: para situações fóbicas ou apavorantes, a exposição com baixa ansiedade costuma ajudar muito na superação. Exemplo: para uma criança a superar o medo de uma situação particular, gradualmente aumente a exposição dela para a situação temida. Se alguém da confiança dela puder estar por perto, isso aumenta a chance de sucesso. Procure tornar a situação confortável, relaxada. Quando ela conseguir, forneça o principal reforço.