EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Consideremos agora que o fluxo produzido por um bobina (indutor) atravesse uma outra bobina. Esta aula: Indutores acoplados e Indutância mútua Transformador linear Transformador ideal A variação temporal do fluxo da primeira bobina induzirá uma tensão na segunda bobina Indutores Acoplados e Indutância Mútua Indutor: Fluxo magnético é produzido pela passagem de corrente elétrica (contínua ou variante no tempo) – fluxo é proporcional à corrente. Campo magnético variável induz tensão no indutor, proporcional à variação temporal do fluxo: v(t ) = L di (t ) . dt v2 (t ) = M 21 di1 (t ) dt e v1 (t ) = M 12 di2 (t ) dt Podemos mostrar que: M 12 = M 21 = M (indutância mútua) M Coeficiente de acoplamento k = , L1 L2 com 0 ≤ k ≤ 1 em que L é a indutância própria Esta Nota de Aula foi preparada (incluindo as figuras) com base no capítulo 13 do livro Análise de Circuitos em Engenharia, Hayt, Kemmerly e Durbin, 7a. edição, McGraw Hill. A polaridade da tensão induzida devido à indutância mútua depende da combinação dos fluxos magnéticos produzidos pelas bobinas. 1 2 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 O fluxo φ1 (t ) produzido por i1 (t ) na primeira bobina é para baixo (regra da mão direita). O fluxo φ2 (t ) produzido por i2 (t ) na segunda bobina também é para baixo. Da mesma forma, v2 (t ) = L2 di2 (t ) di (t ) +M 1 dt dt Usamos pontos para indicar no circuito a forma de combinação (soma ou subtração) dos fluxos entre duas bobinas acopladas. Portanto, os fluxos se somam, em ambas bobinas. Tensão induzida na primeira bobina: Devido à corrente i1 (t ) (fluxo próprio): di1 (t ) dt Devido à corrente i2 (t ) (fluxo acoplado): di (t ) v12 (t ) = + M 2 dt pois o fluxo φ2 (t ) se soma ao fluxo φ1 (t ) v11 (t ) = L Uma corrente entrando pelo terminal pontuado de uma bobina induz uma tensão de circuito aberto com referência positiva no terminal pontuado da outra bobina Portanto: v1 (t ) = L1 di1 (t ) di (t ) +M 2 dt dt 3 4 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Exemplos de situações de pontos em indutores mutuamente acoplados: Exemplo: v1 (t ) = − L1 di1 (t ) di (t ) +M 2 dt dt v2 (t ) = − L2 di2 (t ) di (t ) +M 1 dt dt e Com sinais senoidais, ficamos com: V1 = − jω L1I1 + jω M I 2 , V2 = − jω L2 I 2 + jω M I1. 5 6 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Impedância de entrada: é a impedância vista pelo gerador VS , ou seja Transformador Linear Z ent = VS I1 As equações de malha são: VS = Z11I1 − jω M I 2 Z L = RL + jX L é a carga, 0 = − jω M I1 + Z 22I 2 L1: indutor primário, L2: indutor secundário, R1 e R2: resistências dos fios das bobinas. em que: Z11 = R1 + jω L1 Transformador linear: núcleo das bobinas é feito de material que resulta em uma relação linear entre a corrente da bobina e o fluxo produzido. e Z 22 = R2 + jω L2 + Z L Usando as equações acima, chegamos a Z ent = Z11 + Materiais magnéticos não levam a transformadores lineares, pois o uso de tais materiais leva a uma relação não-linear entre a corrente e o fluxo magnético. ω 2M 2 Z 22 Note que a impedância de entrada independe da posição dos pontos nos indutores; Se mudarmos a posição de um ponto, mudamos M por (− M ) na equação da segunda malha. No entanto, sem esses materiais magnéticos no núcleo, o coeficiente de acoplamento não passa de alguns décimos. 7 8 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Impedância refletida: 2) Reflexão da reatância do secundário: Z ref = ω M 2 2 Z 22 Escrevendo Z 22 = R22 + jX 22 , e racionalizando Z ent , temos Z ent = Z11 + = Z11 + ω 2M 2 A reatância do secundário X 22 reflete para o circuito primário com sinal oposto àquele no secundário. Note que X 22 = ωL2 + X L pode ser positivo ou negativo, dependendo da natureza da carga Z L . R22 + jX 22 ω 2 M 2 R22 R222 + X 222 jω 2 M 2 X 22 − 2 R22 + X 222 Duas conclusões importantes: 1) Aumento da perda no circuito primário devido ao circuito secundário: O termo ω 2 M 2 R22 2 2 R22 + X 22 é sempre positivo e soma à R1 , causando aumento da perda no circuito primário 9 10 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Transformador Ideal É uma aproximação usada para descrever transformadores em que: • Os enrolamentos (indutores) são fortemente acoplados (k ≈ 1), • As reatâncias indutivas do primário e do secundário são muito maiores que as impedâncias terminais Definimos a relação de número de espiras como N2 =a → N1 L2 = a2 L1 Consideremos o seguinte circuito, com um transformador ideal Essas características são observadas em transformadores bem projetados. Consideraremos também que a indutância própria da bobina é proporcional ao quadrado do número de espiras. As equações das duas malhas são Portanto, no desenvolvimento a seguir adotaremos: Coeficiente de acoplamento é unitário (k = 1) Indutância própria é proporcional ao quadrado do número de espiras N Reatâncias do primário e do secundário são muito maiores que as impedâncias terminais e as resistências das bobinas 11 V1 = jωL1I1 − jω M I 2 , e 0 = − jω M I1 + (Z L + jωL2 )I 2 . A impedância de entrada é dada por, Z ent = V1 I1 12 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 Exemplo: N1 = 100 e N 2 = 10000 Usando as equações de malha, além das hipóteses (transformador ideal): Coeficiente de acoplamento k = 1, L2 = a 2 L1, chegamos à Z ent a= Portanto: Um capacitor de 10µF na carga aparece como um capacitor de 100mF no circuito primário (aumenta a capacitância). Um indutor de 30 mH na carga aparece como um indutor 3µH no circuito primário (diminui a indutância, o mesmo valendo para o caso de resistência). ω 2 a 2 L12 . = jωL1 + 2 Z L + jωa L1 Manipulando essa expressão, ficamos com Z ent = ZL ZL jωL1 +a N2 = 100 . N1 . 2 Lembrando que estamos assumindo que as reatâncias dos enrolamentos são muito maiores que as impedâncias terminais, então Z ent = ZL . a2 13 14 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 EA513 – Circuitos Elétricos – DECOM – FEEC – UNICAMP – Aula 26 V2 I N = a2 2 = a = 2 V1 I1 N1 Relação entre tensões e entre correntes Das equações de malha, Portanto: V1 = jωL1I1 − jω M I 2 , 0 = − jω M I1 + (Z L + jωL2 )I 2 , V2 N 2 = V1 N1 podemos escrever I2 jω M = . I1 Z L + jωL2 e I 2 N1 = I1 N 2 Note que V2 I *2 = V1I1*, ou seja, em um transformador ideal há conservação de potência complexa entre o primário e o secundário. Lembrando que a reatância do secundário é muito maior que a impedância da carga, então I 2 jω M L1 1 = = = I1 jωL2 L2 a Ou I1 N1 = I 2 N 2 Usando agora V2 = I 2 Z L e V1 = I1Z ent = I1 ZL a2 15 16