III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 A INFLUÊNCIA DO MARKETING VERDE NO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA Karina Lúcia Benites Pereira [email protected] RESUMO O mundo está passando por um processo de mudança, onde questões ambientais estão sendo de extrema importância. O consumidor atual não admite mais comprar produtos de empresas que agridem o meio ambiente. Devido a essa grande repercussão dessa questão ambiental, surge-se um novo conceito de Marketing denominado Marketing Verde, onde a empresa se preocupa em não agredir o ambiente em seu processo de produção e a passar informações sustentáveis de seus produtos aos seus clientes. Através de revisão bibliográfica, o objetivo deste artigo é discutir o quanto o Marketing Verde pode influenciar no processo de decisão de compra do consumidor. Palavras-chave: Marketing Verde, meio ambiente e processo de decisão de compra 1. INTRODUÇÃO A busca por uma melhor qualidade de vida, fez com que as pessoas passassem a preocupar-se mais com o meio em que vivem e em maneiras sustentáveis de praticar suas atividades do dia-a-dia. Isso fez com que os consumidores se tornassem mais preocupados e exigentes com os produtos que consomem. Muitas empresas visionárias já preocupam-se há muito tempo com as questões ambientais e procuram fabricar seus produtos através de medidas sustentáveis que causem o menor impacto possível no ambiente. Muitos consumidores já não adquirem mais produtos de empresas que agridem o meio ambiente efetuando desmatamentos em florestas, poluição de rios, e até mesmo deixando de comprar alimentos de empresas que não se preocupam com o sofrimento do animal na hora do abate. Devido a esse novo consumidor no mercado, surgiu um novo conceito de marketing conhecido como Marketing Verde, ecológico ou ambiental, onde a empresa não se preocupa apenas em vender o seu produto, mas também no 1 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 impacto que o mesmo causará no ambiente, seja em seu processo de fabricação, seja após o seu consumo. Nos dias atuais, pode-se verificar grandes empresas mudando os seus hábitos, pode-se citar hipermercados que estão trocando suas sacolas plásticas pelas sacolas retornáveis de pano, roupas sendo fabricadas utilizando o material sintético no lugar do couro, produtos que após o término pode-se reutilizar a embalagem comprando apenas um novo refil, entre outros. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na data de 17 de maio de 2011, o texto substitutivo ao Projeto de Lei 496/2007, o qual proíbe a distribuição e venda de sacolas plásticas no comércio do município de São Paulo. Tem como objetivo incentivar o uso de sacolas retornáveis, também conhecidas como “Ecobags”. As empresas serão obrigadas a exibir placas informativas, com as dimensões de 40 centímetros por 40 centímetros, com os dizeres "Poupe recursos naturais! Use sacolas reutilizáveis". Existem outras cidades que também já proibiram a utilização da sacola plásticas em seus estabelecimentos comercias. Na cidade do Rio de Janeiro a utilização é proibida desde julho de 2010 e Belo Horizonte desde abril de 2011 e, agora a cidade de São Paulo. Há também outras cidades em que ainda não houve a proibição através de lei, mas algumas empresas já se conscientizaram e não utilizam mais as sacolas plásticas. Se o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab sancionar a lei, esta será implementada até 31 de dezembro de 2011 e o seu não cumprimento acarretará multa entre R$ 50 e R$ 50 milhões. A fiscalização da aplicação da lei será feita pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. O que abordarda-se-á nesse artigo é o quanto o uso do Marketing Verde pode influenciar o consumidor em seu processo de compra, em sua decisão pelos produtos da empresa e a responsabilidade que a empresa adquire ao usar esse tipo de marketing, visto que, uma empresa que utiliza o marketing verde não deve preocupar-se apenas com a venda de seus produtos, mas também com as questões ambientais em geral. O artigo foi elaborado através do método de revisão bibliográfica abordando os principais autores que estudam sobre os assuntos como Kotler, Armstrong, Dias, Maslow, Vilela Junior e Demajorovic. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Introdução De acordo com Kotler (2003), ao fazer uma compra, o comprador passa por um processo de decisão que consiste em reconhecimento da necessidade, busca por informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e comportamento pós compra. Figura 1: Processo de decisão do comprador Fonte: Kotler; Armstrong, 2003, p.136 2 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 Durante o reconhecimento da necessidade, o consumidor percebe uma necessidade ou um problema que poderia ser resolvido através da compra de um produto ou serviço que esteja disponível no mercado. O próximo passo é a busca por informação a cerca do produto como qualidade, diferentes valores existentes no mercado, diferentes tipos de materiais em que o produto desejado é confeccionado entre outras informações. Após essa etapa avalia-se as alternativas, verifica-se as marcas e modelos existentes no mercado e procura-se qual adapta-se melhor ao seu perfil, bem como qual o melhor a ser comprado. Então surge o comportamento pós-compra onde existirá a satisfação pelo produto adquirido ou insatisfação o que será de grande importância para a empresa, onde o consumidor efetuou a compra, uma vez que, caso o mesmo compre um produto e se sinta satisfeito, ele irá repassar para as pessoas que vivem em seu meio social: o quanto foi satisfatório adquirir tal produto; enquanto caso ocorra a insatisfação, a empresa será prejudicada, visto que o consumidor passará uma imagem negativa do produto adquirido. 2.2 O comportamento do consumidor na decisão de compra Deve-se ressaltar que ao comprar um produto o consumidor leva em conta seus fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos, ou seja, o consumidor é levado até o produto pela sua cultura ou pelo meio em que vive. Por exemplo, para muitos um produto muito desejado pode ser um computador de última geração, para outra pessoa pode ser apenas um computador simples. Tudo depende do meio em que a pessoa vive, pois como no exemplo acima, uma pessoa que utilize muito o computador, seja no trabalho, casa ou até mesmo esteja efetuando uma graduação nessa área o mais viável para ele seja um computador de última geração, enquanto para uma pessoa de baixa renda que só deseja utilizar o computador poucas horas por dia, um computador simples já será suficiente. Pode-se verificar que, embora todos os consumidores passem pelo processo de decisão de compra, cada um possui uma maneira diferente de tomar a sua decisão de compra, pois cada indivíduo leva em consideração os seus valores culturais, sociais, pessoais e psicológicos e salienta-se que não existem dois indivíduos iguais no mundo. Cada um possui a sua maneira de pensar, de analisar o que será melhor para ele e leva em conta todos esses sentimentos no ato da sua decisão de compra pelo produto desejado. Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do consumidor Fonte: Kotler; Armstrong, 2003, p.119 3 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 Kotler e Armstrong (2003), informam que a cultura é o principal determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa, pois é através da cultura que a pessoa vive, que ela adquiri seus valores, seus desejos e suas percepções. Diante disso, os profissionais de marketing, sempre estão atentos as mudanças culturais para verificarem se seus produtos estão sendo desejados pelo mercado ou se devem investir em estudos que possam ajudar na criação de novos produtos e serviços. Kotler (1998) salienta que toda cultura se divide em subculturas, que fornecem identificação mais específica e socialização para os seus membros. Pode-se citar como exemplos de subcultura as diferentes religiões e grupos raciais. O fator social é quando a pessoa vai solicitar opinião das pessoas que conhece sobre o produto que deseja adquirir, vai verificar se alguém já o possui, se é bom, entre outros. Nesta etapa estão incluídos seus amigos e família. Segundo Kotler e Keller (2006), os membros que constituem o grupo primário da família, ou seja, os pais, são o grupo de maior influência. No fator pessoal verifica-se o quanto há a necessidade do produto no momento, analisa-se se há necessidade imediata de aquisição do mesmo ou se pode-se prorrogar o prazo de compra. Kotler e Armstrong (2003), informam também que as decisões dos compradores são influenciadas pelas suas características pessoais, como sua idade, ocupação, situação financeira e personalidade. a)idade: Kotler (1998), informa que as necessidades e os desejos das pessoas mudam ao longo de suas vidas. Um produto que seja um sonho de consumo para um jovem hoje, daqui a 10 anos o mesmo pode não desejar mais tal produto e o seu sonho de consumo ser outro, ou seja, houve mudança de comportamento devido ao aumento de sua idade. b)ocupação: Nada mais é do que a profissão do consumidor. O trabalho que a pessoa executa, exerce influência direta sobre a sua decisão de compra. Se um consumidor tem um alto cargo em uma empresa, conseqüentemente buscará comprar produtos de melhor qualidade e preços mais elevados. c)situação financeira: Outro aspecto de grande impacto na decisão de compra é a questão financeira. Uma pessoa com um alto salário procurará por melhores produtos e serviços. d)personalidade: Conforme informado anteriormente, cada indivíduo é único e possui uma personalidade distinta. Sendo assim, um produto que é bom para uma pessoa, pode ser ruim para a outra e vice-versa. E o fator psicológico que é o quanto o produto poderá melhorar a vida da pessoa, um bom exemplo é a troca de um carro por um mais moderno e/ou confortável e mais econômico. Através de todas as informações obtidas, pode-se verificar que o trabalho do profissional de marketing é algo complexo e que exige grande conhecimento de seus consumidores. Diante disso deve-se verificar quanta influência o marketing verde poderá acarretar nessa decisão de compra. 2.3 Uma breve definição de Marketing 4 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 Para questionar-se o quanto o Marketing Verde poderá influenciar na decisão de compras do consumidor, precisa-se primeiramente definir-se o que é Marketing. “Um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtem o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com outros.”(KOTLER e ARMSTRONG, 2003, p.3). Quando uma empresa aplica o marketing não se deve pensar que a mesma está apenas pensando em fazer propaganda de seu produto e posteriormente a sua venda, pois nos tempos modernos em que se vive, as empresas estão altamente preocupadas em satisfazerem os seus consumidores para que os mesmos tornemse os seus clientes, ou seja, para que voltem a comprar seus produtos. Percebe-se com esse pensamento, que os próprios clientes efetuarão o marketing da empresa uma vez que, comunicando-se em seu meio social, o mesmo passará informações do quanto o produto que adquiriu é de boa qualidade e o quanto ficou satisfeito. A função do marketing, mais do que qualquer outra nos negócios, é lidar com os clientes. Entender, criar, comunicar e proporcionar ao cliente valor e satisfação constituem a essência do pensamento e da prática do marketing moderno(KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 3). 2.4 Mudanças de comportamento do consumidor Com o passar dos anos, depara-se com grandes catástrofes ambientais, como: tsunamis, furações, chuvas ácidas, entre outras. Percebe-se que não se possui mais as estações do ano bem definidas como antigamente. Existem dias de verão em que há a necessidade de se usar blusas de frio e dias de inverno em que tem-se 30º de temperatura.Devido a esses fatos, as preocupações com o meio ambiente assumiram proporções maiores do que existia há tempos atrás. A questão a ser discutida é: será que algumas dessas catástrofes não estão associadas ao o que o homem vem fazendo com a natureza, como por exemplo, desmatamento das florestas que impossibilitam a fotossíntese das plantas que ajudam a eliminar o CO² da camada de ozônio, suas chaminés, filtros inadequados que despejam no ar toda a poluição de suas fábricas? Dias (2009) defende que essa mudança de comportamento com relação a conscientização ambiental que pode-se verificar no século XX, ocorreu de acordo com o aumento das denúncias sobre os problemas de contaminação do meio ambiente. Maslow apud Kotler (2003), afirma com base na Teoria da Hierarquia das Necessidades, que as necessidades do consumidor elevaram-se para um patamar mais sofisticado: o da auto-realização, vivendo numa sociedade de informação, onde o mesmo sofre as influências do mercado global que existe atualmente, e onde tem consciência de seus direitos e de seus deveres e responsabilidades. Em virtude disso, esse novo consumidor deseja comprar produtos que lhe satisfaça, mas que também possuam em si valores de natureza ideológica sintonizados com suas crenças e seu novo modo de vida. 5 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 Figura 3: Hierarquia das Necessidades de Maslow Fonte: Kotler; Armstrong, 2003, p.119 Devido a essa mudança de comportamento do consumidor, o Marketing Verde tem sido um assunto de grande repercussão e as empresas estão buscando um posicionamento favorável junto aos seus consumidores. Posicionamento esse que é de grande valor para a empresa, uma vez que uma empresa que se preocupa com o meio ambiente, conseqüentemente já possui uma vantagem com relação às outras empresas que ainda não se conscientizaram sobre a importância da responsabilidade ambiental. O que também influenciou o processo de mudança de comportamento do consumidor foram os surgimentos de Organizações Não Governamentais, mais conhecidas como ONGs que conseguiram mostrar às pessoas a importância da preservação ambiental para um futuro próspero. O surgimento de ONGs poderosas, associado aos avanços na esfera da tecnologia da informação, permite que os casos de irresponsabilidade social figurem em primeiro plano, incrementando-se assim o risco para a reputação das empresas. A comunidade empresarial reconhece que a reputação é um ativo valioso, porque afeta a relação da empresa com seus clientes, empregados e investidores (UNCTAD apud DIAS, 2009 p. 25). Uma empresa que utiliza o marketing verde conseqüentemente deverá se preocupar mais com a questão ambiental e também conscientizará seus clientes sobre a importância de se adotar medidas ambientais adequadas, afinal esse é o mundo que as crianças de hoje terão no futuro. 6 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 2.5 O que é o Marketing Verde A preocupação com o meio ambiente surgiu em meados dos anos 60, quando inciou-se protestos pós segunda guerra, contra a utilização de combustíveis fósseis, produtos químicos e contra o aumento do processo de industrialização e seu impacto no ambiente. O termo Marketing Verde surgiu nos anos 70, quando iniciou-se a preocupação com o meio ambiente. Foi neste período que surgiram as diversas ONGs ecológicas e os movimentos ambientalistas. Segundo Kotler (2002), Marketing Verde é o estudo dos aspectos positivos e negativos das atividades de marketing em relação a poluição, ao esgotamento de energia e ao esgotamento dos recursos não renováveis. Polonski apud Vilela Junior e Demajorovic (2006), enseja que o Marketing Verde nada mais é do que as atividades que são efetuadas para facilitar troca de informação e satisfação do consumidor possuindo o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente. Kotler (2002), afirma que no Marketing Verde, os consumidores esperam encontrar qualidade ambiental nos produtos que desejam adquirir. Através dessa afirmação, pode-se verificar que nenhum esforço por parte das empresas tem sentido, se os consumidores insistirem em ainda consumirem os produtos que agridam a natureza. Já Dias (2009), salienta que o Marketing Verde baseia-se em um processo de gestão integral e que ele é o responsável pela identificação, antecipação e satisfação do consumidor, que espera através do mesmo que o processo de produção dos produtos seja produtivo para a empresa, satisfatório para o cliente e sustentável e responsável com o meio ambiente. Coddington apud Dias (2009), entende que o Marketing Verde é aquele que possui em seu desenvolvimento relação com a responsabilidade ambiental da empresa e até mesmo uma oportunidade de desenvolvimento para a mesma que estará criando o seu diferencial no mercado com seus produtos verdes e que, antes do processo de Marketing Verde, as empresas devem já terem começado os seus processos de preocupação e responsabilidade com o meio ambiente, pois de nada adianta uma empresa possuir produtos verdes apenas com a intenção de vendê-los mais rapidamente no mercado. Vilela Junior e Demajorovic (2006), defendem que Marketing Verde é, em essência, um ajuste das estratégias mercadológicas de empresas às exigências de um novo tempo no qual os consumidores desejam, mais que produtos. O Marketing Verde não pode ser considerado somente um conjunto de técnicas voltadas para projetar e comercializar produtos que não prejudiquem o meio ambiente; é também uma forma de articular as relações entre o consumidor, a empresa e o meio ambiente. Assim, ao se adotar uma filosofia de Marketing Verde, deve-se ter em mente essa concepção macro do processo, onde a compreensão da importância da preservação do meio ambiente esteja impregnada em toda a organização, incluindo o comportamento cotidiano das pessoas que a intregam( DIAS, 2009, p. 142). 7 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 Ainda seguindo Weldford aput Dias (2009), o Marketing Verde ocorre quando a empresa fornece informações ao consumidor de como o seu produto pode ser utilizado de uma maneira melhor, mais consciente, passando-lhe informações do que deve fazer como a embalagem ou até mesmo com o produto quando o mesmo for inutilizado (no caso pode-se citar as pilhas e baterias), sobre a reciclagem, o que geraria uma mudança no comportamento e na conscientização ambiental do consumidor. Não é suficiente falar a linguagem verde; as companhias devem ser verdes. Longe da questão de apenas fazer publicidade que muitos comerciantes perceberam originalmente, a abordagem satisfatória de preocupação ambiental requer um esverdeamento completo que vai fundo na cultura corporativa. Somente por intermédio da criação e implementação de políticas ambientais fortes e profudamente valorizadas é que a maioria dos produtos e serviços saudáveis podem ser desenvolvidos. É só por meio da criação de uma ética ambiental que abranja toda a empresa que estratégias de marketing podem ser executadas (OTTMAN apud DIAS, 2009, p. 142). Diferente do que ocorreu no passado, quando os consumidores eram escolhidos pelas marcas, hoje são os consumidores que escolhem as marcas, as empresas e os produtos que desejam comprar e, devido a enorme variedade existente no mercado, pode-se dizer que o Marketing Verde pode-se também ser utilizado para a empresa como uma estratégia de marketing e de diferencial no mercado mas, precisa-se deixar claro que, isso será apenas uma conseqüência de todo o esforço e investimento na melhoria da qualidade de seus produtos e na preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade. Os consumidores de hoje possuem muito mais meios de comunicação do que existiam em tempos atrás. Hoje, é possível facilmente verificar se uma empresa que informa que é ambientalmente responsável realmente está falando a verdade pois conforme já salientado anteriormente, esse é um tema de grande abrangência e não é admitido mais empresas que omitam a verdade sobre seus produtos aos consumidores em geral. 2.5.1 O que é um produto verde? De acordo com DIAS (2009), um produto verde é aquele que possui as mesmas funções dos produtos comuns, porém causam um dano inferior ao meio ambiente durante o seu ciclo de vida. Existem certificações e rotulagens ambientais que são conhecidos como “selos verdes” que acompanham o produto demonstrando que o mesmo foi produzido causando um menor impacto no ambiente e também de maneira sustentável. Seguindo informações de Dias (2009), para verificar se os produtos que possuem selos verdes não são fraudes, deve-se seguir os princípios abaixo relacionados: 8 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 a)deve-se verificar a todo momento, para confirmar-se a sua autenticidade; b)serem concedidos por empresas de idoneidade reconhecida; c)não devem criar barreiras comerciais; d)deve-se recorrer a ciência para verificar-se suas condições ambientais; e)sempre deve-se levar em consideração todo o ciclo de vida do produto; e f)estar sempre pensando na melhoria do produto; O produto verde possui um preço mais elevado do que o produto comum, porém os consumidores preferem algumas vezes pagar um pouco mais caro em um produto e levar para a sua casa tendo a consciência de que está agindo socialmente responsável. 2.6 Empresas Reativas, Próativas e Propositivas Segundo Kotler (2003), existem três fatores motivacionais que influenciam na implantação do Marketing Verde, os quais são classificados como reativo, próativo e propositivo. As empresas reativas atendem às preocupações ambientais de seus clientes, somente para evitarem multas, processos ambientais e para satisfazerem os ambientalistas, ou seja, preocupam-se com as questões ambientais apenas porque caso isso não ocorra, a mesma será prejudicada, perdendo os seus clientes e conseqüentemente, tendo dificuldade de posicionamento no mercado.(KOTLER, 2003). Empresas reativas são empresas que infelizmente não se preocupam com as questões ambientais, elas apenas seguem as normas para evitarem serem prejudicadas no mercado.(KOTLER, 2003). Infelizmente a maioria das empresas ainda são apenas empresas reativas, que seguem as normas ambientais apenas para não serem punidas e perderem os seus consumidores e o direito da venda de seus produtos ao mercado. Já as empresas próativas, são aquelas que têm capacidade de trabalhar de maneira eficaz, tem a capacidade de enxergarem nessa grande mudança de comportamento do consumidor uma oportunidade de crescimento em seus negócios, investem altos valores para transformarem seus produtos em verdes.(KOTLER, 2003). De acordo com Vilela Junior e Demarojovic (2006), as empresas propositivas são aquelas que incorporaram o valor ambiental em seus processos de fabricação e em sua cultura por acharem que esta deveria ser a maneira correta de se trabalhar e não por pressão legal ou para obter lucros e benefícios. Pode-se verificar que o ideal seria se todas as empresas que existem fossem propositivas, pois assim, estariam incorporando uma atitude verde porque desejam fazer o melhor ao meio ambiente, aos seus consumidores e à sociedade em geral e não estariam apenas seguindo normas e imposições legais. Se todas as empresas pensassem dessa maneira, não haveria necessidade da criação das leis que proíbem a agressão ao meio ambiente, mas infelizmente esse ainda é um processo longo e de grande trabalho. 9 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 CONCLUSÃO Conclui-se que o processo de decisão de compra pelo qual o consumidor passa antes de adquirir um produto é um pouco complicado e complexo, pois existem diversos fatores que podem interferir nessa decisão de compra, fazendo com que o mesmo mude de opinião ou até mesmo desista da compra. Também deve-se levar em consideração os diferentes tipos de cultura e subcultura, pois são os fatores que mais influenciam nessa decisão. O consumidor tornou-se altamente exigente, e isso fez com que as empresas investissem altos valores em seus departamentos de marketing, tanto para verificar o que o mercado deseja como também para aumentar a aceitação dos produtos que já possuem no mercado. Hoje, é comum na hora de adquirir um produto, que esse processo de decisão de compra, seja ainda mais extenso devido a grande diversidade de produtos que se possuí a disposição no mercado. Pode-se optar por diversos modelos, cores, preços, entre outros fatores. Também deve-se levar em consideração que com o avanço e com a facilidade do acesso a internet, no processo de decisão de compras a pessoa não procura referências do produto e da empresa apenas em seu meio social, mas também procura informações na internet, verificando opiniões sobre os produtos a serem adquiridos, lugares diferentes em que poderá comprar os mesmos e se realmente é o que deseja. Essa facilidade de informação também contribuiu para que as empresas repensassem em sua maneira de cuidar do meio ambiente, visto que uma empresa que o prejudica e o destrói na fabricação de seus produtos, seja poluindo rios ou o ar, rapidamente ficará conhecida na mídia e será muito prejudicada no mercado. O mundo realmente precisa de socorro, as árvores estão sendo destruídas, os peixes estão morrendo, o homem acha que pode tudo para conseguir o progresso mas já está sentindo as conseqüências disso, portanto, imaginem a geração futura. Através das análises efetuadas para o desenvolvimento do artigo, acredita-se que realmente o Marketing Verde pode influenciar na decisão de compra, pois além dos consumidores terem se tornando ambientalmente mais responsáveis, tem-se grandes empresas e governo também preocupados com essa questão. Um bom exemplo que se pode citar mais uma vez é a proibição do uso de sacolas plásticas. Claro que sempre existirão as pessoas que irão ao mercado e na hora do embalo da mercadoria para levar para a casa, ainda irão solicitar que cada produto comprado seja colocado em uma sacola, pois a mesma utiliza como “lixinho da cozinha” em sua casa, mas o que importa é que existe uma grande quantidade de pessoas que, se interessam em ler esse artigo e podem fazer a diferença. O novo consumidor leva sim em conta a conseqüência que o seu produto adquirido irá impactar no ambiente, e as empresas que usam o Marketing Verde estão à frente das demais que ainda não se preocupam com essa questão uma vez que, uma empresa que utiliza tal marketing, na maioria das vezes já está consciente ambientalmente de sua responsabilidade em preservar o meio em que se vive e procurar maneiras sustentáveis de praticar a sua atividade. O mundo mudou, as pessoas mudaram e as empresas precisam continuar mudando se desejarem permanecerem no mercado com sucesso. Empresas que agridem o meio ambiente estão sendo multadas, estão perdendo os seus clientes e sem clientes uma empresa não consegue sobreviver. 10 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 O Marketing Verde ainda é algo novo nas empresas brasileiras, mas com o avanço dos movimentos de causas ambientais futuramente todas as empresas utilizarão o mesmo em suas diversas formas: criando produtos verdes, informando o consumidor adequadamente a maneira de reciclagem do produto, criando postos de coleta de produtos que sejam recicláveis, entre outros. Percebe-se também que o ideal seria se todas as empresas tivessem atitudes propositivas, ou seja, que desejassem melhorar o processo de fabricação de seus produtos por vontade própria, pensando no benefício que essa atitude estaria trazendo para as pessoas e para o meio ambiente, e não que agissem como a maioria que, só mudam as suas atitudes quando se vêem obrigadas pelo governo ou pelo consumidor que deixa de comprar os seus produtos. As empresas brasileiras já descobriram que o Marketing Verde é de extrema importância para os seus negócios, pois cria uma imagem positiva, e também pode gerar economia, uma vez que ela poderá reciclar seus produtos para produzir produtos novos ao mercado e conseqüentemente gerará uma redução de custos. Essa imagem positiva no mercado, além do objetivo principal que é a preservação ambiental, ainda poderá facilitar na obtenção de empréstimos bancários. Ainda é necessário que ocorra mais mudanças e conscientização, tanto das empresas, quando das pessoas com relação à questão de que depende-se do ambiente em que se vive e que, se o destruir as conseqüências serão catastróficas e irreversíveis, mas o importante é que uma parte dessa mudança já foi iniciada e está obtendo sucesso e desenvolvimento. Ser consumidores conscientes é utilizar o Marketing Verde das empresas para adquirir produtos ambientalmente corretos, os chamados produtos verdes. Comprar apenas de empresas que causem o menor impacto possível no meio ambiente e que se preocupem com o futuro e o futuro do planeta e das futuras gerações. REFERÊNCIAS DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. KOTLER, Philip. Administração de marketing: implementação e controle. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 1998. análise, planejamento, ______________. Marketing para o século XXI. 12. ed. São Paulo: Futura, 2002. ______________. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo:, Pearson, 2002. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Pretice Hall, 2003. VILELA JUNIOR, Alcir; DEMAJOROVIC Jacques, Modelos e Ferramentas de Gestão Ambiental: Desafios e Perspectivas para as organizações. São Paulo, Senac, 2006. 12