FARMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) Sistema nervoso central - substância branca e cinzenta A camada mais externa do encéfalo tem cor cinzenta e é formada principalmente por corpos celulares de neurônios. Já a região encefálica mais interna tem cor branca e é constituída principalmente por fibras nervosas (dentritos e axônios). A cor branca se deve a bainha de mielina que reveste as fibras. Na medula espinal, a disposição das substâncias cinzenta e branca se inverte em relação ao encéfalo; a camada cinzenta é interna e a branca, externa. Diversos fármacos interferem na vida de cada um todos os dias, produzindo efeitos fisiológicos e psicológicos específicos. As substancias que atuam no SNC podem aliviar a dor ou a febre, suprimir distúrbios do movimento ou prevenir ataques epiléticos seletivamente. Podem induzir o sono ou o despertar, reduzir o desejo de comer ou suavizar a vontade de vomitar. Podem ser usadas para tratar a ansiedade, mania, depressão ou esquizofrenia sem alterar o grau de consciência. O cérebro também responde secundariamente a substancias que são usadas para tratar doenças de órgãos específicos. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FÁRMACOS As ações dos fármacos podem ser relacionadas com os eventos cinéticos do processo de neurotransmissão. Inicialmente um fármaco pode interferir com a síntese de neurotransmissor, inibindo a enzima que catalisa a etapa limitante da síntese ou bloqueando o sistema de transporte de um precursor de síntese do neurotransmissor. MEDIADORES QUIMICOS DO SNC - DOPAMINA : Importante neurotransmissor no cérebro, produzido por um grupo de células nervosas chamadas de neuronios pré sinapticos, que atuam no cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a sensação de motivação. A Dopamina é precursora natural de adrenalina e da noradrenalina e por conseguinte tem como função a atividade estimulante do SNC. As anormalidades da dopamina estão relacionadas a patologias de desordens psiquicas como: esquizofrenia (desbalanceamento com excesso na via dopaminérgica mesolímbica e escassez na via mesocortical), também associada ao Mal de Parkinson (escassez na via dopaminergica nigro-estriatal). - NOREPINEFRINA: A Noradrenalina ou Norepinefrina são neurotransmissores metabolizados em produtos biologicamente inativos por oxidação (catabolizada pela monoaminooxidase - MAO) e metilação (catabolizada pela catecol-O-metiltransferase COMT). MAO localiza-se na superfície externa das mitocondrias e encontra-se em altas concentrações nas terminações dos nervos que secretam norepinefrina. COMT também encontra-se distribuída em grandes quantidades nas terminações nervosas e no fígado e rins. COMT cataboliza principalmente a norepinefrina circulante a nível hepático. Nas terminações nervosas, a norepinefrina é inicialmente inativada pela ação da MAO, em compostos inativos que entram na circulação e são posteriormente metabolizados no fígado pela COMT. Recaptação de norepinefrina da fenda sináptica é o principal mecanismo de remoção deste transmisso. A Norepinefrina ou Noradrenalina, influencia o humor, a ansiedade, o sono, a alimentação junto com a Serotonina, Dopamina e Adrenalina. Suas principais ações no sistema cardiovascular estão relacionadas ao aumento do influxo celular de cálcio e a manter a pressão sangüínea em níveis normais. A saber, vasoconstrição periférica e taquicardia. Tais efeitos são mediados por receptores alfa adrenérgicos. Além de ser um hipertensor. Possui efeito agonista alfa adrenérgico- aumenta a Resistência Vascular Sistêmica, sem aumentar significantemente o débito cardíaco. ACETILCOLINA: A acetilcolina consiste numa substância química que atua como neurotransmissor, transmitindo os impulsos nervosos entre as células do sistema nervoso. Também se encontra associada à transmissão de impulsos entre as junções das células nervosas e musculares, que provocam a contração muscular. A acetilcolina é uma base quaternária de amônio (CH 3CO-OCH2CH2N(CH3)3OH), que se forma no organismo em pequenas quantidades, por via enzimática.É produzida no botão sináptico (uma tumefação na extremidade de uma célula nervosa) e armazenada em vesículas até que um novo impulso nervoso desencadeia a sua descarga na junção das células nervosas.Quando a acetilcolina atinge a membrana da célula receptora, liga-se a um local específico e provoca a despolarização, originando um novo impulso nas células nervosas ou uma contração nas células musculares. Tem uma ação limitada por ser rapidamente destruída pela enzima colinesterase. As drogas anticolinérgicas possuem várias aplicações em medicina para bloquear a ação da acetilcolina, interrompendo assim a passagem de impulsos nervosos e relaxando determinados músculos, por exemplo na medicação pré-cirúrgica. SEROTONINA A serotonina é um neurotranmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre neuronios. Ela é quimicamente representada pela 5hidroxitriptamina (5-HT), sendo também frequentemente designada por este nome.Esta comunicação é fundamental para a percepção e avaliação do meio e para a capacidade de resposta aos estímulos ambientais. Diferentes receptores detectam este neurotransmissor, envolvido em várias patologias. A serotonina parece ter funções diversas, como o controle da liberação de alguns hormônios e a regulação do ritmo circadiano do sono e do apetite. Diversos fármacos que controlam a ação da serotonina como neurotransmissor são atualmente utilizados, ou estão sendo testados, em patologias como a ansiedade, depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia, entre outras. Drogas como o "ecstasy" e o LSD "mimetizam" alguns dos efeitos da serotonina em algumas células alvo. O ecstasy promove libertação maciça de serotonina e posterior depleção delas. Em geral, os indivíduos deprimidos têm níveis baixos de serotonina no sistema nervoso central. Neste caso, deve se administrar inibidores da recaptação de serotonina pelos neurônios, como a fluoxetina, resultando em maior disponibilidade deste neurotransmissor na fenda sináptica. INTERAÇÕES ENTRE ALGUNS NEUROTRANSMISSORES Os MQ do SNC formam um sistema múltiplo, alguns desempenham funções facilitatórias enquanto outros desempenham funções inibitórias, e eles interagem modulando as funções nervosas de uma maneira balanceada. Consequentemente, qualquer manipulação que afete um ou mais componentes destes sistemas modifica este balanço que se manifesta através de alterações na função do SNC. Nos últimos anos, vem se demonstrando que os MQ do SNC, como NE, DA, 5HT, ACh e GABA interagem entre si em nível neuroanatômico, neurofisiológico e funcional. Exemplos: DOPAMINERGICO-NORADRENERGICO: A DA e a NE participam em diversas funções neurofisiológicas e comportamentais (incluindo estereotipia, atividade motora, agressividade e auto-estimulação). Na manifestação do comportamento estereotipado que envolve a expressão qualitativa de diferentes elementos comportamentais (como por exemplo a transição do comportamento de cheirar até o de morder e lamber), ambos os sitemas DA e NE participam ativamente. Recentemente foi sugerida uma inter-relação dinâmica entre estes dois sistemas. De acordo com esta hipótese, os neurônios NE exercem um efeito modulador inibitório sobre o sistema DA, regulando parte de sua função. DOPAMINO-COLINERGICO: A doença de Parkinson, que se caracteriza pela ocorrência de tremores, rigidez e acinesia é considerada sob o ponto de vista neuroquimico uma deficiência de DA no tecido estriado e pode ser corrigida através da administração de L-DOPA. Esses sintomas são revertidos com a administração de agentes colinergicos de ação central demonstrando um concomitante aumento de atividade deste sistema. Da mesma forma, os neuroepilepticos que bloqueiam receptores DA, produzem o chamado “parkinsonismi farmacológico”, síndrome que pode ser revertida pelas drogas anticolinergicas. Através de estudos histoquímico, demonstrou-se que toda atividade colinergica no tecido estriatal localiza-se em pequenos interneuronios. As projeções dopaminergicas do sistema negro estriatal terminam, me parte, junto a esses interneuronios colinergicos produzindo um marcado efeito inibitório, indicando que o sistema DA negro estriatal tem um efeito tonico inibitório sobre o colinergico. GABAERGICO-DOPAMINERGICO: No núcleo caudado existem ambos os sistemas, e parecem ser interdependentes, pois injeções de DA neste local produzem efeitos comportamentais em ratos diametralmente opostos aos produzidos por GABA, porém idênticos aos produzidos pela administração de um antagonista deste sistema, a picrotoxina. Estudos eletrofisiológicos demonstraram a presença de fibras gabaérgicas inibitórias que se iniciam no tecido estriatal projetando-se até a substancia negra e que funcionam como parte de um mecanismo de controle de atividade dopaminergica negro-estriatal. Os seguintes fatos vem ao encontro esta hipótese: 1-) A estimulação elétrica de neurônios no estriado inibe o disparo de neurônios na substancia negra e esta inibição pode ser bloqueada pela picrotoxina; 2-) A aplicação por iontoforese de GABA em neurônios da substancia negra produz inibição neuronal, que pode ser revertida com a admnistração de picrotoxina. Além destes, já foram descritas na literatura interações do sistemas 5HT-ACh, Nor-Adr-ACh, DA-5HT, confirmando a existência de uma enorme gama de modulações do SNC, o que demonstra o grande cuidado que se deve ter na interpretação das diferentes funções centrais. ROTAS DA DOPAMINA AS ROTAS DA NOREPINEFRINA AS ROTAS DA ACETILCOLINA AS ROTAS DA SEROTINA