Inconsciente e Sexualidade na Filosofia de Merleau

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Inconsciente e Sexualidade na Filosofia de Merleau-Ponty
Vitor Hugo1 de Oliveira e Reinaldo Furlan1
1
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo, São Paulo
1. Objetivos
Merleau-Ponty, do ponto de vista de uma
filosofia da existência, dialogou com a teoria
freudiana, percebendo tanto uma atitude de
compreensão de um sentido vivido, quanto
inspiração em um modelo científico do
“aparelho psíquico”. Merleau-Ponty discute
essas perspectivas da teoria de Freud,
abordando a metapsicologia freudiana partindo
inicialmente da noção de existência como ser
no mundo. A presente pesquisa buscará
apresentar, portanto, as implicações da
filosofia merleau-pontyana para a psicanálise,
principalmente a respeito das Tópicas de
Freud.
2. Método
Para tal, foi realizado um mapeamento das
principais noções metapsicológicas de Freud,
através da crítica realizada por Merleau-Ponty.
Posteriormente, abordou-se a tessitura teórica
deste autor, buscando conceitos que habilitam
uma nova perspectiva sobre os temas
psicanalíticos e de como abordá-los.
3. Resultados e Discussão
No exame das tópicas freudianas, notou-se
que, ao afirmar que mesmo os sonhos, chistes
e sintomas neuróticos possuem um sentido
vivido, acessado pela história individual, Freud
abriu à pesquisa um novo campo de
experiência, mais amplo que aquele da
consciência. Além disso, com o conceito de
pulsão, ambíguo entre o físico e o mental,
mostra uma nova concepção de corpo vivo,
ultrapassando a dicotomia entre o fisiológico e
o psíquico. Mas ao compreender a relação
entre o sentido e a pulsão, Freud recorre ao
realismo de seu aparelho psíquico que, em
parte, restaura uma dualidade corpo-alma.
Obteve-se que a noção de sentido vivido era
essencial para articular a psicanálise com a
obra de Merleau-Ponty, que parte da questão
da experiência do corpo próprio [1]. O autor diz
que o excesso de sentido dos atos sobre seus
significados explícitos é inerente à constituição
de corpo, em necessária relação com um
mundo. O sentido, sempre múltiplo e ambíguo,
é inseparável de seu “significante”, pois na
própria percepção ele se dá no objeto
percebido, o que permite compreender que a
significação inconsciente é uma possibilidade
de sentido na rede de equivalências própria da
relação com o mundo. Isso deve muito à
generalidade da sexualidade na existência,
que destaca no mundo os outros e os objetos
com um sentido afetivo. Já em suas últimas
obras, Merleau-Ponty identifica o inconsciente
ao próprio sentir, como o silêncio “estruturado”
que é a própria condição da percepção [2].
4. Conclusões
Portanto, parece que a promiscuidade de
sentidos elimina a necessidade de se duplicar
o conteúdo manifesto em um latente, o que
supera a idéia de se postular uma vida interior
como representação. Compreende-se então o
corpo como originário na apreensão de
sentidos no mundo, evitando a concepção da
divisão
do
aparelho
psíquico
entre
representações conscientes e inconscientes, e
suas relações extrínsecas de causalidade.
5. Referências Bibliográficas
[1]
MERLEAU-PONTY,
M.
(1999).
Fenomenologia da Percepção. São Paulo:
Martins Fontes.
[2] MERLEAU-PONTY, M (1971). O Visível e o
Invisível, Campinas: Papirus.
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