Desafios para a Sustentabilidade e o

Propaganda
RELATÓRIO DE PESQUISA
SET2007
RP0702
Desafios para a Sustentabilidade e
o Planejamento Estratégico das
Empresas no Brasil
CLÁUDIO BRUZZI BOECHAT E ROBERTA MOKREJS PARO
Relatório de Pesquisa
Ano 7 – N0 02 – Setembro de 2007
Desafios para a
Sustentabilidade e o
Planejamento Estratégico
das Empresas no Brasil
Cláudio Bruzzi Boechat
Professor do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade
Corporativa da FDC
Roberta Mokrejs Paro
Pesquisadora do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade
Corporativa da FDC
Projeto gráfico
Célula de Edição de Documentos
Revisão
Célula de Edição de Documentos
Assessoria editorial
Teresa Goulart
Supervisão de editoração
José Ricardo Ozólio
Impressão
Fundação Dom Cabral
2007
Reproduções integrais ou parciais deste relatório somente com a autorização expressa da FDC. É permitida a citação de
dados, tabelas, gráficos e conclusões, desde que indicada a fonte.
Para baixar a versão digital desta e de outras publicações de temas relacionados à Gestão Empresarial, acesse a Sala do
Conhecimento da Fundação Dom Cabral através do link http://www.fdc.org.br/pt/sala_conhecimento
Copyright© 2007, Fundação Dom Cabral. Para cópias ou permissão para reprodução, contatos pelo telefone
55 31 3589-7465 ou e-mail: [email protected]. Esta publicação não poderá ser reproduzida sem a permissão da FDC.
Campus Aloysio Faria – Centro Alfa – Av. Princesa Diana, 760 – Alphaville Lagoa dos Ingleses 34000-000
Nova Lima, MG – Brasil Tel.: 55 31 3589-7465 Fax: 55 31 3589-7402
Agradecimentos
À equipe do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade
Corporativa, pelas ricas interações ao longo da concepção e realização
desta pesquisa.
A Cláudio Duarte, da Signum Pesquisas e Imagem, pela realização da análise
estatística dos dados, bem como por sua valiosa contribuição no desenvolvimento
da metodologia e elaboração do questionário desta pesquisa.
Aos estagiários Luisa Valentim Barros, Almir Silva Neto, Clarice Alkmim e
Juliana Azevedo Travassos, por sua colaboração inestimável e entusiasmada nas
diversas etapas deste trabalho.
Sumário
Introdução......................................................................................................................9
Objetivo................................................................................................................9
Delimitação do Escopo ..................................................................................10
Cronologia..........................................................................................................11
Dados de Pesquisa............................................................................................11
Sustentabilidade e Estratégia Empresarial: Descompassos..................................13
Fundamentação Teórica.............................................................................................17
O Contexto Empresarial: Responsabilidade e Sustentabilidade................17
Modelo de Gestão Responsável para a Sustentabilidade............................19
Metodologia ................................................................................................................21
Primeira Etapa – Mapeamento dos Desafios da Sustentabilidade............21
Segunda Etapa – Pesquisa Quantitativa: Verificação da Incorporação
dos Desafios da Sustentabilidade ao Planejamento Estratégico das
Empresas Brasileiras . ......................................................................................25
Terceira Etapa – Tratamento Estatístico dos Dados...................................27
Resultados....................................................................................................................29
Mapa dos Desafios da Sustentabilidade.........................................................29
Planejamento Estratégico e Desafios da Sustentabilidade: a Visão
das Empresas ....................................................................................................32
Conclusão.....................................................................................................................51
Referências...................................................................................................................53
Entrevistas....................................................................................................................55
Anexo 1 – Mapa de Desafios da Sustentabilidade: Enunciados..........................57
Anexo 2 – Perguntas do Questionário de Pesquisa...............................................61
Anexo 3 – Algoritmos para Rankings e Gráficos de Correlação.........................65
Introdução
mbora se observe no Brasil uma significativa mobilização empresarial em torno
E
dos temas ligados à responsabilidade social corporativa, as empresas podem não
estar tratando de pontos relevantes no nível estratégico. Isso reduz a possibilidade
de que essas questões sejam adequadamente analisadas, priorizadas e alinhadas
internamente com os demais objetivos estratégicos da empresa, podendo ensejar
resultados desfavoráveis, tanto para os negócios quanto para a sociedade.
O sentido de tentar compreender a inserção dos temas da sustentabilidade
no planejamento estratégico das empresas reside em ser este justamente o processo
utilizado para influenciar toda a ação empresarial na busca de sua adequação
ao futuro.
Este projeto compõe o Observatório da Gestão Responsável para a
Sustentabilidade no Brasil, que, além de realizar leituras periódicas dos desafios
da sustentabilidade e do posicionamento estratégico das empresas quanto a esses
desafios, aborda também indicadores para a gestão empresarial, práticas gerenciais
que promovem a sustentabilidade e relatórios socioambientais empresariais.
Objetivo
Esta pesquisa pretende verificar de que forma os principais desafios
socioeconômicos e ambientais hoje postos para a sociedade brasileira, aqui referidos
como desafios da sustentabilidade, estão incorporados na estratégia de negócios
das empresas no Brasil. Com isto pretende-se apontar à sociedade, particularmente
aos estrategistas de empresas, as discrepâncias na incorporação dos desafios às
estratégias corporativas, bem como a interpretação da relevância desses desafios.
Para tanto, foram mapeados os temas-chave da sustentabilidade, sejam eles
tradicionais ou emergentes, verificando-se, a seguir, se tais temas foram ou não, e até
que ponto, incorporados ao planejamento estratégico das empresas, assim como a
relevância e influência de outros fatores para esse resultado. Para isto, focamos nas
empresas brasileiras com um compromisso declarado, ou com um nível comprovável
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
9
de práticas de sustentabilidade corporativa, visto que é nesse grupo que se esperaria
uma permeabilidade maior da gestão aos temas relevantes à sustentabilidade – mas
chegaria essa permeabilidade até o nível estratégico?
Pretendemos que o mapa de desafios da sustentabilidade daí resultante, além de
servir de insumo para a análise central da pesquisa, possa fornecer às empresas alguns
parâmetros para reflexão e direcionamento de seu planejamento estratégico.
Delimitação do Escopo
Ao verificar o grau de incorporação dos desafios para a sustentabilidade ao
planejamento estratégico das empresas no Brasil, não queremos sugerir que todos
os desafios predefinidos devessem estar incorporados. Tampouco entendemos que o
fato de estarem incorporados equivale a um bom desempenho do ponto de vista da
sustentabilidade. O fato de um desafio estar incorporado à estratégia significa que a
empresa tem a intenção de agir com relação àquele assunto dentro de determinado
horizonte de tempo, mas não implica necessariamente a implementação de ações na
prática e, muito menos, que essas ações sejam efetivas na reversão das tendências
problematizadas nesta pesquisa.
Partimos da premissa de que a incorporação de determinado tema à estratégia
é um bom indício de seu posicionamento entre os temas mais relevantes para o
direcionamento futuro da empresa, exigindo certo grau de discussão quanto à interrelação que ele mantém com outros temas relevantes em termos de inserção no
mercado e competitividade, bem como quanto aos seus possíveis desdobramentos
junto ao sistema de gestão. Um planejamento adequado buscaria alinhar os
objetivos estratégicos, fomentar sinergias e articular ações e processos, evitando
incoerências.
Assim, nosso objetivo é contrapor os desafios que precisam ser enfrentados
pela sociedade brasileira na construção do desenvolvimento sustentável, ao
processo de sua absorção pelo planejamento estratégico das empresas brasileiras.
No momento em que os temas sustentabilidade e responsabilidade corporativa são
tão comumente citados no meio empresarial, muitas vezes associados à excelência
gerencial, o quanto isto representa em termos de absorção, na pauta das discussões
estratégicas, de temas críticos ao desenvolvimento sustentável no Brasil? O quanto
estas duas agendas – a do desenvolvimento sustentável e a da estratégia empresarial
– de fato convergem?
10
RP0702
Esta pesquisa não se propõe a responder plenamente a essas perguntas,
mas, sim, obter um quadro geral de incorporação de tais desafios ao planejamento
estratégico das empresas, de forma a disponibilizar uma base para futuras discussões
mais focadas e aprofundadas em cada desafio. Esse quadro poderá sinalizar para
o fato de que alguns temas podem não estar sendo adequadamente considerados,
cabendo então uma avaliação, caso a caso, do quão importante isto seria do ponto de
vista da sustentabilidade – da empresa, em si, e, numa perspectiva mais abrangente,
da sociedade.
Em outras palavras, lançar luz sobre a intensidade da inserção do setor
empresarial na viabilização do desenvolvimento sustentável, no Brasil.
Cronologia
As etapas da pesquisa transcorreram nos seguintes períodos:
 Primeira Etapa (Mapeamento dos Desafios da Sustentabilidade): janeiro
a junho de 2006;
 Segunda Etapa (Pesquisa Quantitativa): julho a setembro de 2006;
 Terceira Etapa (Tratamento Estatístico): outubro de 2006.
Dados de Pesquisa
Os estudos estatísticos das respostas à pesquisa quantitativa geraram
quadros-resumo publicados em um volume separado (ver BOECHAT, C. B.;
PARO, R. M. Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das
Empresas no Brasil – Dados de Pesquisa, 2007). Tais dados podem ser solicitados
ao Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa
([email protected]).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
11
12
RP0702
Sustentabilidade e Estratégia
Empresarial: Descompassos
É
nas principais características de seu negócio principal – sua atividade básica
– e nas estratégias desenvolvidas para ter sucesso neste negócio que se concentra
a responsabilidade primordial da empresa. Isto porque é nelas que reside a grande
força motriz em torno da qual se reunirão esforços e conseqüentes desdobramentos
em seu sistema de gestão (objetivos, metas, planos de ação, indicadores, mecanismos
de recompensa, etc.), e é deles que resulta, no final das contas, o impacto maior da
empresa na sociedade. Se essa força motriz aponta para uma direção oposta ao que
se considera desejável para a sustentabilidade, pouco efeito fará tentar neutralizá-la
com ações compensatórias periféricas.
Ao se partir do pressuposto de que a consideração de algumas das questões
pertinentes à sustentabilidade no planejamento estratégico demandaria, no mínimo,
um posicionamento da direção da organização, o alinhamento dos objetivos
estratégicos e o desdobramento no sistema de gestão, entende-se que tal inserção
evitaria ações e processos incoerentes no que compete à competitividade e ao
desenvolvimento sustentável. Tornaria ainda a contribuição da empresa mais efetiva,
sem representar um desvio de suas atividades básicas. Mais que isso, possibilitaria o
redesenho das atividades críticas e produtos de vários setores de negócio, sujeitos
a impactos inevitáveis de alguns dos desafios da sustentabilidade.
Aparentemente, porém, essa abordagem não é a mais comumente adotada. Na
busca pela sustentabilidade, considerável progresso tem se conseguido em relação à
disposição das empresas brasileiras em repensar suas ações e políticas no que se refere
a aspectos socioambientais, no âmbito da responsabilidade social corporativa ou
sustentabilidade corporativa (ver BOECHAT et al., 2005). Entretanto, de um ponto
de vista global, os referidos termos têm sido objeto de diferentes interpretações,
dependendo, entre outros fatores, do contexto socioeconômico em que as empresas
operam e dos stakeholders tradicionalmente considerados.
Tal imprecisão de definições é relevante não apenas por razões de preciosismo
acadêmico. A diferença de interpretações importa e muito no que se refere às razões
e abordagens que levam a empresa a se engajar com a sustentabilidade, sendo que,
mais cedo ou mais tarde, tanto a empresa quanto a sociedade acabarão questionando
os reais resultados que poderão advir, para ambas, desse alardeado engajamento.
De uma perspectiva interna da empresa, tem sido observado um descompasso
entre as respostas da empresa às questões da sustentabilidade e os fatores-chave que
formatam a estratégia global da empresa (WWF, 2003).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
13
Alguns autores têm considerado a necessidade de a política da responsabilidade
social corporativa evoluir de elemento adicional às operações empresariais para
uma integração plena à estratégia de negócios, funcionando assim mais como uma
contribuição aos propósitos e objetivos da empresa e menos como uma forma de
desvio destes.
Grayson e Hodges (2004) expressam essa idéia afirmando que a responsabilidade
social corporativa deveria transitar do meramente “adicional” ao “embutido”. Ou
seja, ao invés de ser traduzida como “uma proliferação de iniciativas e projetos
que representem um desvio do propósito primordial da empresa e um entrave ao
desempenho” – o que a torna também difícil de ser absorvida pela média gerência –, a
responsabilidade social corporativa deveria integrar-se não ao nível operacional, mas à
estratégia de negócios, visto que a primeira subordina-se à última. Ignorar isso, alegam
os autores, resulta em divergência de ação. Os autores apontam também que encarar
a responsabilidade social corporativa somente como gestão de risco pode auxiliar a
empresa a manter mercado, mas não a expandi-lo, visto não estar adequadamente
associada às possibilidades do desenvolvimento do mercado, inovações em produtos
e serviços e novas oportunidades de negócio.
Um relatório precedente da WWF (WWF, 2003) também enfatizou esses
pontos. Afirma que a sustentabilidade e a estratégia corporativa raramente convergem,
gerando perda de oportunidades às empresas por adotarem usualmente abordagens
que conservam valor, ao invés de criarem valor, em parte devido às dificuldades
em lidar com valores intangíveis. O mesmo relatório aprofunda a discussão sobre a
necessidade que há de se incorporarem os desafios da sustentabilidade ao pensamento
estratégico, de forma que as empresas entendam como eles podem contribuir para
a criação de valor.
Da perspectiva da sociedade, por outro lado, é possível observar algumas
manifestações de insatisfação em relação aos resultados práticos da disseminação
das idéias de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa. Considerações
conceituais à parte, estariam as empresas sendo bem-sucedidas no tratamento das
questões relevantes para a sociedade?
De uma perspectiva mais ampla, as iniciativas empresariais podem ser vistas
como insuficientes para gerar impacto na escala necessária. Um relatório produzido
pela SustainAbility e o Global Compact afirma que as ações combinadas dos
governos, empresas e sociedade civil para o desenvolvimento sustentável estão sendo
atropeladas pela escalada de problemas (SustainAbility, 2004). Aponta o relatório que,
não obstante muitas empresas identifiquem um leque mais amplo de stakeholders
e trabalhem com as questões centrais – o que também se observa no Brasil (ver
Boechat et al., 2005) – a maioria dessas iniciativas ainda está desconectada das
principais estratégias de negócios, resultando em atividades conflitantes, tais como
14
RP0702
adotar medidas de responsabilidade corporativa e, ao mesmo tempo, atuar em lobbies
para reduzir os padrões ambientais e sociais.
Assim, ao assumir que a incorporação das questões da sustentabilidade à
estratégia é importante, mas não ocorre facilmente na prática, vamos abordar o
assunto tentando obter um quadro apontando o rol de temas da sustentabilidade a
ser considerado no desenvolvimento das estratégias, e quais desses temas estão de
fato sendo incorporados ao planejamento estratégico, dos cenários até os objetivos
e ações estratégicas. Isto, por sua vez, poderá nos dar uma idéia sobre a relevância
dos temas para o propósito empresarial, assim como sobre seu potencial para serem
devidamente integrados ao sistema de gestão e alinhados com outras dimensões e
operações da empresa.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
15
16
RP0702
Fundamentação Teórica
O Contexto Empresarial: Responsabilidade
e Sustentabilidade
idéia de sustentabilidade é associada à preservação da capacidade dos
A
ecossistemas de atenderem às necessidades das gerações presentes e futuras. As
atuais percepções sobre a natureza alertam para os riscos de se negligenciar a
dependência dos seres vivos em relação aos sistemas que permitem a vida no
planeta sob as condições atuais. Não é possível se pensar na sustentabilidade de
somente uma parte isolada, uma vez que as dinâmicas evolutivas de mudança se dão
em processos interativos simultâneos. Sob condições de desequilíbrio, os sistemas
ecológicos tendem a buscar novos equilíbrios e se reorganizar, não necessariamente
preservando as mesmas condições nas quais o desenvolvimento humano tem se
baseado. E este, numa perspectiva histórica, apóia-se no desenvolvimento de sistemas
sociais e econômicos. A sustentabilidade do desenvolvimento social e econômico a
longo prazo depende da nossa capacidade de entender esse contexto e preservar o
equilíbrio dos sistemas naturais e sociais dos quais dependemos.
A FIG. 1 ilustra o modelo adotado para o sistema vivo em que as empresas
se inserem, sendo elas próprias vistas como seres vivos.
Figura 1 – O Biograma Empresarial
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
17
Mais propriamente, as empresas atuam em um sistema de dimensões
e interesses múltiplos, os quais impactam e pelos quais são impactadas.
A FIG. 2 apresenta uma abordagem genérica das partes interessadas em uma empresa,
designadas stakeholders.
Figura 2 – Os stakeholders no Biograma Empresarial
O conjunto de responsabilidades de uma empresa constitui-se justamente nas
relações que ela estabelece nesse sistema. Para promover a sustentabilidade, essas
responsabilidades vão além de uma percepção de curto prazo, exigindo uma visão
de longo prazo (FIG. 3).
18
RP0702
Sustentabilidade
Geração Atual
+
Gerações Futuras
Responsabilidade
Equilíbrio nas Relações
+
Visão de Longo Prazo
Figura 3 – Sustentabilidade e Responsabilidade Empresarial
Por sua imensa capacidade atual de afetar esse sistema por meio de suas operações
e influência, as empresas possuem papel fundamental em sua sustentabilidade. Pelo
fato de exercer impactos significativos sobre o meio ambiente e o desenvolvimento
social e econômico, o setor empresarial se vê inequívoca e inevitavelmente envolvido
na busca de um padrão de desenvolvimento que seja sustentável.
Modelo de Gestão Responsável para a
Sustentabilidade
Como a definição do que de fato se busca no futuro resulta de um processo
dinâmico, que comporta conotações locais e globais específicas e requer a conciliação
de uma multiplicidade de interesses de curto, médio, longo e longuíssimo prazos,
a busca da sustentabilidade impõe perseguir – ainda que as dificuldades práticas
sejam inúmeras – o diálogo amplo, a negociação e o equilíbrio nessa acomodação
de interesses. A gestão empresarial que promove a sustentabilidade deve, portanto,
fomentar tal qualidade de relacionamento com todos os seus stakeholders.
A FIG. 4 apresenta o modelo de Gestão Responsável para a Sustentabilidade,
adotado nesta pesquisa.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
19
Gestão Responsável para a Sustentabilidade
Figura 4 – Modelo da Gestão Responsável para a Sustentabilidade
Os principais elementos desse modelo são:
 Diálogo: É imperativo considerar como componente dessa gestão
o permanente diálogo da empresa com stakeholders, aos quais deve
influenciar e por eles ser influenciada de forma constante, mantendo,
assim, sua condição de adequação às mudanças externas.
stakeholders no planejamento
estratégico: Adequação das estratégias desenvolvidas pela empresa para
ter sucesso nos negócios às questões relevantes à sustentabilidade.
 Inserção das questões dos
 Uso de indicadores e metas gerais para a empresa como um todo,
derivadas dos objetivos estratégicos da empresa.
 Práticas de gestão e projetos negociais aderentes às metas estratégicas.
 Promoção da transparência por meio de relatos de sustentabilidade
periódicos.
20
RP0702
Metodologia
sta pesquisa dá continuidade à pesquisa do Núcleo Andrade Gutierrez de
E
Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa sobre a gestão das empresas
no ambiente competitivo, que, na fase anterior, se concentrou na investigação de
estratégias e indicadores na cadeia produtiva (BOECHAT et al., 2005). Nessa fase,
o foco será no alinhamento entre “questões” e “estratégias” de sustentabilidade.
Para cumprir os objetivos propostos, três etapas principais foram
estabelecidas.
Primeira Etapa – Mapeamento dos Desafios
da Sustentabilidade
Definindo os temas da sustentabilidade
Iniciamos por definir os desafios da sustentabilidade como sendo as
questões ambientais, econômicas e sociais que desafiam a sociedade brasileira por
representarem barreiras ao desenvolvimento sustentável.
Estas questões podem ser tradicionais – já conhecidas há muito tempo, mas
que persistem, recebendo um tratamento precário pela sociedade brasileira –, e
emergentes – de configuração mais recente, e que podem estar requerendo uma
antecipação em termos de avaliação e posicionamento estratégico da sociedade.
Contudo, ao mencionar os desafios da sustentabilidade no Brasil, impõemse ainda algumas considerações básicas. Este é um país que de longa data
apresenta obstinadas taxas de subdesenvolvimento (ver IPEA, 2004), a par de um
excelente desempenho em vários campos da inovação tecnológica ao desempenho
empresarial. Se a evidente disparidade social observada no Brasil representa um
entrave ao desenvolvimento, pensado em termos convencionais, o mesmo se
constata para o desenvolvimento sustentável – já que este último implica noções
de justiça social e igualdade de oportunidades como componentes essenciais
(ver BRUNDTLAND, 1987), aliados à preservação do capital natural, também
afetada pelas condições sociais locais.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
21
Em conseqüência, na lista dos desafios fundamentais da sustentabilidade,
incluímos alguns temas sociais tradicionais que estão tipicamente associados ao
subdesenvolvimento e a um fraco desempenho governamental em suas funções
básicas, tais como saúde pública, educação, infra-estrutura e habitação. Embora
isso possa soar contraditório em relação aos propósitos deste estudo – que
focaliza abordagens estratégicas e integradas da sustentabilidade na empresa
– consideramos que os temas citados podem ser vistos como desafios legítimos da
sustentabilidade.
Quanto aos desafios emergentes, seriam aqueles que assim já podem ser
identificados, ainda que não citados de forma sistematizada ou formal como
desafios da sustentabilidade. A consideração dos desafios emergentes no processo
de formação da estratégia é igualmente importante, possibilitando às empresas
definir uma tomada de posição e alinhamento, tanto internamente como em relação
às visões e expectativas dos stakeholders.
Ao tratar do papel da empresa na construção do desenvolvimento sustentável,
– o que requer a busca da integração dos princípios e critérios do desenvolvimento
sustentável da concepção à gestão do negócio – referimo-nos ao conceito de
sustentabilidade corporativa. Embora este não seja o termo utilizado em várias
de nossas referências – que comumente utilizam o termo responsabilidade social
corporativa –, assumimos que as idéias subjacentes, interpretações e problemas
relativos ao engajamento das empresas com a sustentabilidade, aos quais ambos os
termos se referem, são similares.
Empregamos o termo sustentabilidade corporativa com ênfase na
transformação real do papel da empresa na sociedade, uma transformação que
seja sistêmica, ao invés das mudanças periféricas em operações empresariais, ou do
enfoque concentrado em investimento social privado. Isto significaria focar, antes de
tudo, no exame dos impactos socioambientais da empresa que se mostrem relevantes
junto ao setor e região onde ela opera.
Esse procedimento confere à variável Impacto do Negócio no Desafio da
Sustentabilidade uma posição muito importante em nossa análise, não só em termos
de como a empresa avalia seu impacto sobre o tema, mas também da relação entre
este fator e o grau de incorporação do tema ao planejamento estratégico.
22
RP0702
Abrangência dos desafios
Os desafios da sustentabilidade aparecem nesta pesquisa com a denominação
abrangente com que geralmente são discutidos nas fontes pesquisadas, e
independentemente da interface das empresas com o tema. Optamos, por exemplo,
por levantar a questão das “condições de equilíbrio dos ecossistemas e serviços
ambientais”, em vez de abordarmos esse mesmo problema por meio do tipo
de impacto comum às empresas, tal como a geração de resíduos. O objetivo ao
manter essa forma, nem sempre familiar ao contexto empresarial, foi evitar um
viés direcionador à maneira como o desafio deve ser abordado pela empresa,
esvaziando interpretações alternativas e inovadoras da questão. Assumimos que os
desafios devam surgir, no nível estratégico, inicialmente, em formato semelhante
ao em que se encontram nesta pesquisa, sendo então, já num contexto empresarial,
naturalmente traduzidos em implicações e aspectos mais pertinentes ao negócio
(sistemas de gestão e processos relacionados).
Com isto, procuramos deixar espaço para reflexão e manter maior liberdade
de busca de conexões entre o desafio “externo” e os impactos das operações e
atividades da empresa, tanto para quem respondeu ao questionário desta pesquisa,
quanto para quem utilizar o mapa de desafios como fonte de parâmetros para seu
redirecionamento estratégico para a sustentabilidade.
O mesmo ocorre na reflexão sobre as oportunidades que surgem em torno dos
desafios. Por exemplo, qual a relevância do desafio “envelhecimento da população”
para o futuro da empresa? Poderíamos pensar em aspectos operacionais como
a contratação de funcionários acima das faixas etárias atualmente priorizadas e
planejamento da aposentadoria. Mais enriquecedor, porém, ao se tratar o assunto
de maneira estratégica, seria situá-lo na análise de ameaças e oportunidades, e frente
aos recursos disponíveis, para então construir soluções adequadas a cada contexto
de estratégia de negócios. Isto porque o enfoque aqui seria o tratamento estratégico
das questões para a sustentabilidade, buscando sinergias, o que difere das inúmeras
práticas que, sob a denominação de responsabilidade social ou corporativa, podem
ser tão periféricas que nada impede sua implementação à margem do núcleo de
negócios da empresa.
Além disso, a interface operacional tradicionalmente observada entre esses
desafios e os stakeholders ou temas de responsabilidade corporativa pode ser
facilmente obtida por meio do vasto material existente no Brasil em fontes como
o Instituto Ethos e outras referências no assunto.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
23
Levantamento dos desafios
Esta primeira tarefa baseou-se, principalmente, em um levantamento da
literatura existente sobre o assunto, além de dados obtidos em entrevistas com
alguns dos representantes dos diversos setores da sociedade brasileira: Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (setor governamental), Fundação Avina
(sociedade civil), Núcleo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo – PUC-SP (comunidade acadêmica) e Programa das Nações Unidas
Para o Desenvolvimento – PNUD.
A partir de um rol de cerca de 50 temas identificados, foi feita uma lista
preliminar, submetida a alguns entrevistados para um teste piloto, com o objetivo
de avaliar dificuldades e fazer os devidos ajustes de abrangência, conteúdo e forma
do questionário.
A partir da lista preliminar, o entrevistado deveria optar por:
1. sugerir novos temas;
2. excluir o tema, nas seguintes hipóteses:

o tema já vem atualmente obtendo respostas adequadas da
sociedade (seja do governo, setor privado, terceiro setor, academia,
etc.) no sentido de reverter uma tendência incompatível com o
desenvolvimento sustentável;

o tema não é considerado relevante o suficiente para figurar na lista
de principais desafios da sustentabilidade;
3. reformular o tema, quando julgasse que o tema deveria ser modificado,
especificado.
As empresas consultadas para essa fase foram ABN AMRO Real, Arcelor
Brasil e Localiza. As respostas obtidas foram estudadas e reelaboradas numa listasíntese, chegando-se aos 31 temas considerados como os principais desafios da
sustentabilidade.
Observe-se que, pela sua importância heterogênea aos vários setores, os temas
emergentes foram mais propensos ao corte no processo de filtragem dos temas.
Cada desafio da lista foi objeto de uma breve explanação retratando as
tendências negativas que lhe são intrínsecas (ver Quadro 1 ou Anexo 1), visando
possibilitar a etapa seguinte.
24
RP0702
Segunda Etapa – Pesquisa Quantitativa:
Verificação da Incorporação dos Desafios
da Sustentabilidade ao Planejamento
Estratégico das Empresas Brasileiras
A segunda etapa baseou-se em uma abordagem quantitativa, por meio de um
questionário fechado enviado a empresas selecionadas.
Universo e amostragem
O universo almejado foi composto por um grupo de 134 empresas brasileiras
com um compromisso declarado, ou com um nível comprovável de práticas de
responsabilidade ou sustentabilidade corporativa, pela sua participação formal em
um ou mais dos seguintes grupos: Pacto Global da ONU; Dow Jones Sustainability
Index (DJSI) da Bolsa de Nova Iorque; Índice de Sustentabilidade Empresarial da
BOVESPA (ISE); publicação de relatórios de sustentabilidade de acordo com as
diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI); Centro de Tecnologia Empresarial
da Fundação Dom Cabral; Centro de Referência para a Gestão Responsável para
a Sustentabilidade associado ao Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e
Responsabilidade Corporativa da Fundação Dom Cabral; e Grupo de Trabalho
brasileiro da ISO 26000.
Todas as empresas deste universo foram convidadas previamente a participarem
da pesquisa. Isso foi importante devido ao fato de o questionário ser relativamente
longo (155 questões fechadas). Além disto, para atender aos objetivos da pesquisa,
o questionário deveria ser endereçado à pessoa responsável pela formulação da
estratégia principal da organização (ou função semelhante) e respondido por ela,
e não pela pessoa responsável pela área de sustentabilidade ou responsabilidade
corporativa. Isso porque o objeto de estudo é a estratégia de negócios da empresa,
e não a das áreas de sustentabilidade ou correlatas, em que esses desafios, ainda que
já sejam assimilados, podem sê-lo de forma periférica e independente da atividade
básica da empresa.
Um total de 81 empresas aceitou participar da pesquisa e 30 delas de fato
completaram o questionário, agrupados nos setores mostrados no GRÁF. 1.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
25
Gráfico 1 – Setores das empresas participantes
Instrumento de pesquisa
Os 31 desafios identificados foram compilados numa lista, com a finalidade
de viabilizar a construção do questionário de entrevistas.
Com esse instrumento, para cada um dos desafios foram exploradas, além
da primeira e principal questão (1) - variável dependente –, também a relevância e
influência de outras quatro variáveis independentes (2 a 5) e a correlação de cada
uma delas com as demais:
1. Incorporação do desafio da sustentabilidade ao planejamento
estratégico.
2. Importância do desafio da sustentabilidade para o negócio.
3. Impacto do negócio no desafio da sustentabilidade.
4. Nível de dificuldade para enfrentar o desafio da sustentabilidade
5. Principal obstáculo para enfrentar o desafio da sustentabilidade por meio
de sua incorporação à estratégia de negócios.
As 5 questões correspondentes (ver Anexo 2) deveriam ser respondidas para
cada um dos 31 desafios apresentados na lista.
26
RP0702
Terceira Etapa – Tratamento Estatístico dos
Dados
As respostas obtidas foram submetidas a análise estatística para observação
do desempenho de cada variável, assim como sua correlação com as demais.
A influência entre as variáveis independentes sobre a variável dependente
foi feita com base na Árvore de Classificação e Regressão (CART). A Árvore de
Classificação e Regressão explica as relações entre as variáveis, permitindo uma
análise dos fatores relevantes que influenciam a incorporação dos desafios da
sustentabilidade à estratégia – a variável dependente.
A construção de rankings das variáveis (incorporação ou planejamento
estratégico, importância para o negócio, impacto do negócio, dificuldade de
enfrentamento) e dos gráficos de relacionamento entre elas utilizou os algoritmos
descritos no Anexo 3.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
27
28
RP0702
Resultados
Mapa dos Desafios da Sustentabilidade
dentificamos um conjunto com 31 temas, identificados como os principais
I
desafios da sustentabilidade (Quadro 1).
Os temas relacionados à sustentabilidade ambiental aparecem em poucos mas
importantes tópicos. Porém, prevalecem as questões socioeconômicas, presentes
em uma variedade de desafios.
Embora o meio ambiente seja, por definição, um importante tópico na agenda
da sustentabilidade, especialmente quando se consideram os desenvolvimentos no
mercado de carbono e as recentes iniciativas de pagamento pela água, o debate
sobre a sustentabilidade no Brasil abrange os mesmos desafios socioeconômicos
que também entravam a competitividade e o desenvolvimento econômico, tais
como a desigualdade racial e de renda e seus impactos em vários aspectos, que vão
da qualidade da educação à infra-estrutura. Torna-se, pois, estratégico para o setor
empresarial dirigir um esforço especial à superação desses desafios. Assim, em
nossa lista de desafios da sustentabilidade predominam os temas tradicionais para
o desenvolvimento.
Já entre os temas emergentes que vêm claramente se destacando estão: combate
às pandemias; efeitos socioeconômicos do envelhecimento da população; necessidade
de maior espaço nos sistemas de governança corporativa para preocupações relativas
ao desempenho ambiental e social; modelos mentais mais apropriados para educar
as pessoas quanto aos efeitos sistêmicos de processos e ações.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
29
30
RP0702
Impactos ambientais e socioeconômicos
negativos resultantes da maneira como
os alimentos são predominantemente
produzidos.
Precariedade e escassez de moradia para a
população de baixa renda.
Desigualdade acentuada nos níveis de renda
entre indivíduos e entre regiões.
Energia
Mudança Climática
Água
Saúde Pública
Pandemias
Produção de
alimentos
Oferta e condições
de moradia
Distribuição de
renda
2
3
4
5
6
7
8
9
Acesso restrito da população a
medicamentos e serviços médicos
(prevenção, tratamento e orientação em
geral).
Velocidade com que novos vírus se
espalham mundialmente, podendo causar a
perda de milhares de vidas humanas.
Impactos da expansão populacional e
industrial nas fontes de recursos hídricos.
Pressão gerada pelos padrões de produção e
consumo de produtos e serviços nas fontes
de energia para as gerações presentes e
futuras.
Efeitos das emissões de gases do efeito
estufa na estabilidade climática.
1
Impacto da expansão populacional e
industrial no equilíbrio dos ecossistemas e
na perda irreversível da biodiversidade e de
outros serviços ambientais.
Condição de
equilíbrio dos
ecossistemas e
provisão de serviços
ambientais1
25
24
23
22
21
20
19
18
17
Comércio ilegal de pessoas, armas, drogas e
mercadorias pirateadas, e suas conseqüências
para a sociedade.
Banalização da corrupção e de práticas
antiéticas em todos os níveis da sociedade.
Oportunidades de Escassez de oportunidades de trabalho e
trabalho e renda
renda.
Despreparo das pessoas para a contínua
Empregabilidade renovação de competências exigidas pelo
mercado de trabalho.
Baixo grau de conscientização do
consumidor em relação aos impactos
Consumo
ambientais, sociais e econômicos de padrões
de produção e consumo.
Influência do marketing na comunicação e
Marketing
disseminação de valores incompatíveis com o
desenvolvimento sustentável.
Falta de uniformidade, ao longo das cadeias
produtivas, no que diz respeito à manutenção
Cadeia produtiva de padrões éticos elevados e de práticas
econômicas, ambientais e sociais compatíveis
com o desenvolvimento sustentável.
Concorrência
Utilização de práticas ilegais para aumentar a
desleal
competitividade das empresas.
Utilização do apoio político e de políticas
públicas para o favorecimento de interesses
Apoio político e
particulares em detrimento das condições
políticas públicas
sociais, ambientais ou econômicas relevantes
ao desenvolvimento sustentável.
Violência e
Tráfico
Corrupção e falta
de ética
Mapa de Desafios da Sustentabilidade
QUADRO 1
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
31
Baixa capacidade das comunidades no
sentido de solucionarem seus problemas e
construírem seu próprio futuro.
Acesso restrito da população a uma
educação básica de qualidade.
Incapacidade dos modelos educacionais
para ampliar a percepção das pessoas
quanto às conseqüências diretas e indiretas
de suas ações individuais e coletivas, nas
dimensões social, econômica e ambiental do
desenvolvimento da sociedade.
Envelhecimento da
população
Precariedade dos
sistemas de infraestrutura
Capital social
Qualidade da
Educação Básica
Educação para a
sustentabilidade
12
13
14
15
16
31
30
29
28
27
26
Desequilíbrio entre a dedicação ao trabalho e
à vida pessoal.
Ocupação informal e deterioração das
condições de trabalho ao longo da cadeia
produtiva.
Incoerência entre as atitudes individuais e os
Comprometimento
valores e princípios éticos declarados pelas
com valores e
pessoas (seja atuando como indivíduo, seja
princípios
atuando por meio de instituições).
Baixo engajamento das pessoas na garantia
Cidadania
do cumprimento de seus direitos e deveres
como cidadãos.
Stress
Precarização do
trabalho
Falta de foco em atividades cujos
Impactos
impactos econômicos gerem benefícios às
econômicos locais
comunidades locais mais necessitadas.
Os sistemas de governança corporativa
atuais caracterizam-se por um modelo que
Governança
tende a resultar no privilégio do desempenho
corporativa
econômico-financeiro em detrimento do
desempenho social e ambiental.
Serviços ambientais são os benefícios proporcionados às pessoas pelos ecossistemas. Incluem serviços provisionais como alimento, água, madeira
e fibras; serviços de regulação que afetam o clima, enchentes, doenças, resíduos, e qualidade da água; serviços culturais que incluem a provisão de
recreação, benefícios estéticos e espirituais; e serviços de suporte, como a formação de solo, fotossíntese e ciclo de nutrientes.
1
Desigualdades socioeconômicas entre
homens e mulheres.
Desigualdade de
gênero
11
Impactos socioeconômicos resultantes
do aumento da longevidade e,
conseqüentemente, do aumento do
percentual de idosos na população.
Escassez de investimentos na manutenção
e expansão da infra-estrutura (energia,
transporte, comunicação) no país.
Discriminação étnica e desigualdade
socioeconômica entre as populações branca,
negra, parda e indígena.
Discriminação e
desigualdade racial
10
Planejamento Estratégico e Desafios da
Sustentabilidade: a Visão das Empresas
Por terem sido coletados dados para cada um dos 31 desafios levantados, esta
pesquisa resultou num grande volume de informações, num total de 290 gráficos e
tabelas. Este relatório, no entanto, discutirá os resultados obtidos com referência ao
conjunto de desafios, com exceção de algumas observações pontuais referentes
a alguns deles em particular.
Não obstante, os dados obtidos para cada um dos 31 desafios fornecem a
possibilidade de contribuição para estudos mais focados em cada tema, e por isso a
íntegra dos dados estatísticos e resultantes tabelas e gráficos são disponibilizados nos
Dados de Pesquisa (Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico
das Empresas no Brasil – Dados de Pesquisa, set. 2007).
As porcentagens nos Quadros 2 a 6 referem-se ao número total de empresas
(30) multiplicado pelo número de desafios (31), resultando em 930 respostas, ou
“casos”, como os denominaremos daqui em diante.
Incorporação dos desafios da sustentabilidade ao
planejamento estratégico
Observados enquanto grupo, os 31 desafios da sustentabilidade encontram-se
moderadamente incorporados ao planejamento estratégico das empresas estudadas.
Em mais da metade dos casos, os desafios incorporam-se, seja aos objetivos, seja às
ações estratégicas, sendo que em um terço dos casos o tema não foi incorporado
ao planejamento estratégico (Quadro 2).
32
RP0702
QUADRO 2
Incorporação do Conjunto dos Desafios da Sustentabilidade ao
Planejamento Estratégico
Freqüência
Percentual
Ainda não incorporado
315
33,9%
Incorporado apenas aos
cenários
117
Incorporado aos objetivos
ou às ações estratégicas
498
12,6%
53,5%
TABELA 1
Ranking do Grau de Incorporação dos Desafios da Sustentabilidade ao
Planejamento Estratégico
Comprometimento com Valores e
Princípios
2
Governança Corporativa
3
4
5
6
Estresse
Energia
Cadeia Produtiva
Qualidade da Educação Básica
7
Corrupção e Falta de Ética
8
Impacto Econômico Local
Água
Empregabilidade
11 Capital Social
12 Educação para a Sustentabilidade
Equilíbrio dos Ecossistemas e
13
Serviços Ambientais
Concorrência Desleal
14-15
Precarização do Trabalho
16 Cidadania
9-10
(86,7%)
17
Mudança Climática
Oportunidades de Trabalho e
Renda
(76,7%)
Apoio Político e Políticas Públicas
19-20
(73,3%)
Marketing
(73,3%) 21 Desigualdade de Gênero
(70%) 22 Consumo Consciente
Discriminação e Desigualdade
(66,7%) 23
Racial
Precariedade dos sistemas de
(66,7%) 24
Infra-estrutura
(66,3%) 25 Distribuição de Renda
(66,3%) 26 Envelhecimento da População
(66,3%) 27 Saúde Pública
(66,3%) 28 Violência e Tráfico
(80%)
(60%)
(60%)
(60%)
(60%)
18
29
Oferta e Condições de Moradia
30
Pandemias
31
Produção de Alimentos
(56,7%)
(56,7%)
(53,3%)
(53,3%)
(50%)
(46,7%)
(46,7%)
(43,3%)
(40%)
(33,3%)
(26,7%)
(23,3%)
MENOS INCORPORADOS
MAIS INCORPORADOS
1
(20%)
(13,3%)
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
(10%)
33
Importância de cada desafio da sustentabilidade para o
negócio
Quanto à questão sobre o quão importante são os desafios da sustentabilidade
para as operações empresariais, observa-se uma concentração de respostas em “alta”
(54%) e em “moderada” (26,5%) importância, com 19,6% dos casos classificados
em “baixa” importância (Quadro 3).
QUADRO 3
Grau de Importância do Conjunto de Desafios da sustentabilidade para o Negócio
Freqüência
Baixo
182
Moderado
246
Elevado
502
Percentual
19,6%
26,5%
54%
Produção de alimentos detém a última posição na lista de importância, seguida
dos temas sociais como oferta e condições de moradia, saúde pública e pandemias,
envelhecimento da população e violência e tráfico (TAB. 2).
34
RP0702
TABELA 2
Ranking de Importância dos Desafios da Sustentabilidade para os Negócios
MAIS IMPORTANTES
Energia
Corrupção e Falta de Ética
Comprometimento com Valores e
3
Pricípios
4
Água
5
Governança Corporativa
6
Concorrência Desleal
Precariedade dos sistemas de Infra7
estrutura
8
Estresse
9
Cadeia Produtiva
Equilíbrio dos Ecossistemas e Serviços
10
Ambientais
11
Empregabilidade
12
Qualidade da Educação Básica
13
Precarização do Trabalho
Educação para a Sustentabilidade
14-15
Impactos Econômicos Locais
16
Capital Social
17
18
19-20
Mudança Climática
Discriminação e Desigualdade Racial
Cidadania
21
22
Consumo Consciente
Marketing
Distribuição de Renda
23
Desigualdade de Gênero
24
25
Oportunidades de Trabalho e Renda
Apoio Político e Políticas Públicas
26
Violência e Tráfico
27
28
29
Saúde Pública
Envelhecimento da População
Pandemias
30
Oferta e Condições de Moradia
31
Produção de Alimentos
MENOS IMPORTANTES
1
2
Impacto do negócio em cada desafio da
sustentabilidade
Quando os estrategistas pesquisados são solicitados a avaliar como as operações
de seus negócios impactam os desafios da sustentabilidade, o resultado é digno
de nota. Note-se que a questão refere-se explicitamente aos impactos diretos ou
indiretos, incluindo-se os relativos à cadeia de produção e consumo (Anexo 2).
Os impactos são considerados positivos em 70, 4% dos casos. Somente uma
pequena taxa (3,8%) considera os impactos como negativos (Quadro 4).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
35
QUADRO 4
Impactos dos Negócios no Conjunto dos Desafios da Sustentabilidade
Freqüência
Negativo
35
Nulo
240
Positivo
655
Percentual
3,8%
25,8%
70,4%
Isso ocorre até mesmo com os temas nos quais os impactos são mais evidentes,
por serem diretos. Por exemplo, no caso do tema “energia”, a problemática geral
apresentada ao entrevistado era: “Pressão gerada pelos padrões atuais de produção
e consumo de produtos e serviços nas fontes de energia para as gerações presentes
e futuras”. Em apenas 6,7% dos casos estimou-se o impacto como negativo.
No desafio “distribuição de renda”, de grande destaque no Brasil, a tendência
genérica apresentada foi: “desigualdade acentuada nos níveis de renda entre
indivíduos e entre regiões”. Não houve nenhuma resposta indicando impacto
negativo (0%), enquanto que 86,7% das empresas o classificaram como positivo.
De maneira semelhante, o desafio ”discriminação e desigualdade racial” obteve
0% (nenhuma resposta) das empresas avaliando seu impacto como negativo para a
questão, enquanto que 66,7% o classificaram como positivo, e 33,3% como nulo.
O quadro geral que se constata nesta pesquisa, condensado no Quadro 4, revela
que as empresas enxergam seu papel na sustentabilidade como não impactante do
ponto de vista negativo. Sua escala evolui do “nenhum impacto” (nulo) aos impactos
positivos, e elas tendem a não considerar os efeitos negativos preexistentes. Isso
poderia indicar uma percepção inadequada do papel – no sentido da responsabilidade
– das empresas no cenário atual, podendo suscitar sinais de alerta quando se considera
que estamos tratando de empresas formalmente engajadas na sustentabilidade.
Seria de se esperar, nesse grupo de empresas, que a familiaridade prévia
com o tema resultasse em dirigentes mais treinados a perceber a quantidade de
conexões entre suas práticas e vários dos temas relacionados à sustentabilidade. Ao
reconhecer que muitas dessas conexões podem se manifestar na forma de impactos
negativos, posto que a atividade empresarial tem historicamente lançado mão de
36
RP0702
recursos sociais, econômicos e ambientais para se sustentar e expandir num modelo
de interação desequilibrada entre essas três dimensões – fator este cuja evidência
não é objeto desta pesquisa – caberia então a postura de se apontar os aspectos
envolvidos, estudar suas características e posicionar-se quanto a eles, traçando planos
para contornar tais impactos, ou tendências negativas nas esferas ambiental, social
ou econômica.
Não se constatando essa percepção por parte do grupo de empresas mais
engajado na área de sustentabilidade, seria possível levantar a seguinte questão
junto à sociedade: quais os limites do papel que se espera do setor empresarial no
desenvolvimento sustentável? Se uma parcela crítica desse setor não percebe seus
impactos na sustentabilidade como negativos, de que setores ou instituições podemse esperar medidas que revertam a persistência de tantos desafios tradicionais ao
(sub)desenvolvimento do Brasil? As seções seguintes sugerem alguns pontos que
vão de encontro a essas questões.
TABELA 3
4
5
Comprometimento com Valores e
Princípios
Oportunidades de Trabalho e Renda
Capital Social
Empregabilidade
Governança Corporativa
6
Cadeia Produtiva
1
2-3
MAIOR IMPACTO
7
Distribuição de Renda
Impacto Econômico Local
8-9
Educação para a Sustentabilidade
Precarização do Trabalho
10-11
Corrupção e Falta de Ética
12
Energia
Cidadania
13-14
Qualidade da Educação Básica
Precariedade dos sistemas de Infra15
estrutura
Concorrência Desleal
16-17
Consumo Consciente
18
Apoio Político e Políticas Públicas
19
Estresse
20
Discriminação e Desigualdade Racial
21
22
23
Desigualdade de Gênero
Água
Marketing
Equilíbrio dos Ecossistemas e Serviços
24
Ambientais
25
Envelhecimento da População
Oferta e Condições de Moradia
26-27
Saúde Pública
28
Mudança Climática
29
Violência e Tráfico
30
Produção de Alimentos
31
Pandemias
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
MENOR IMPACTO
Ranking de Impactos Positivos Diretos e Indiretos das Operações das Empresas
sobre o Conjunto de Desafios da Sustentabilidade
37
Grau de dificuldade para o enfrentamento de cada
desafio da sustentabilidade
Aqui, as empresas foram solicitadas a apontar o nível de dificuldade para
enfrentar cada desafio, considerando-se a mobilização dos recursos técnicos,
financeiros e interinstitucionais necessários para que a empresa possa contribuir
positivamente para o enfrentamento de cada um dos desafios.
Os resultados seguem padrão similar ao de “importância do desafio para
os negócios”, com metade das respostas concentrando-se em “alta dificuldade”
(50,4%), seguido de “dificuldade moderada” (33,9%) e “baixa dificuldade” (15,7%
dos casos). O Quadro 5 apresenta esses resultados para o conjunto de empresas e
de desafios.
QUADRO 5
Grau de Dificuldade para o Enfrentamento do Conjunto de
Desafios da Sustentabilidade
Freqüência
Baixo
146
Moderado
315
Elevado
469
Percentual
15,7%
33,9%
50,4%
Contudo, o nível de dificuldade não foi considerado fator de influência
significativa na incorporação dos desafios às ações ou objetivos estratégicos.
O ranking de grau de dificuldade para o enfrentamento de cada desafio da
sustentabilidade pode ser observado na TAB. 4.
38
RP0702
TABELA 4
1
2
3-5
6
MAIS DIFÍCIL
7-8
Equilíbrio dos Ecossistemas e Serviços
Ambientais
Mudança Climática
Água
Violência e Tráfico
Saúde Pública
Energia
Capital Social
17
Empregabilidade
18
Apoio Político e Políticas Públicas
19
Qualidade da Educação Básica
20
21
Envelhecimento da População
Precarização do Trabalho
Cidadania
22-23
Estresse
24
Educação para a Sustentabilidade
25
Impactos Econômicos Locais
26
Discriminação e Desigualdade Racial
13
Pandemias
Distribuição de Renda
Oferta e Condições de Moradia
Corrupção e Falta de Ética
Precariedade dos Sistemas de Infraestrutura
Produção de Alimentos
14
Oportunidades de Trabalho e Renda
29
15
16
Cadeia Produtiva
Concorrência Desleal
30
31
9
10
11
12
27
Consumo Consciente
28
Desigualdade de Gênero
Comprometimento com Valores e
Pricípios
Marketing
Governança Corporativa
MENOS DIFÍCIL
Ranking do Grau de Dificuldade para o Enfrentamento do Conjunto de Desafios
da Sustentabilidade
Principal obstáculo para o enfrentamento de
cada desafio da sustentabilidade por meio de sua
incorporação à estratégia de negócios
Quando solicitados a apontar o principal obstáculo para o enfrentamento do
desafio por meio de sua incorporação à estratégia de negócios, a “falta de articulação
institucional (entre empresas, setor público e sociedade civil)” está em primeiro
lugar na lista de obstáculos sugeridos, indicada em 26,5% dos casos. A seguir vem
“baixa relevância do tema para a estratégia da empresa”, assinalada em 16% dos
casos (Quadro 6).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
39
QUADRO 6
Principais Obstáculos para o Enfrentamento dos Desafios da Sustentabilidade via
Incorporação na Estratégia de Negócios
Freqüência
Falta de articulação
interinstitucional
Baixa relevância do tema para a
estratégia de negócios
Dificuldade para traduzir o desafio
em termos financeiros
Dificuldade técnica para traduzir o
desafio em objetivos estratégicos
Dificuldade para sensibilizar
pessoas na organização
Enfrentamento seria conflitivo com
outros interesses da empresa
Outros obstáculos
Percentual
238
26,5%
144
75
66
53
15
308
16,0%
8,3%
7,3%
5,9%
1,7%
34,3%
Correlação entre as variáveis
A seguir, serão apresentados os resultados da análise estatística da correlação
entre as variáveis apresentadas. Com base nessa análise, foram elaborados algoritmos
(Anexo 3), com o objetivo de fornecer uma melhor visibilidade do posicionamento
de cada desafio por meio de gráficos de correlação.
Incorporação dos desafios à estratégia x nível de dificuldade para
enfrentar os desafios
A correlação entre as duas variáveis revelou que, quando a importância do
desafio da sustentabilidade é considerada baixa, ele tende a não ser incorporado
aos objetivos ou ações estratégicas. Já quando a importância é alta, o tema tende a
ser incorporado (TAB. 5).
40
RP0702
TABELA 5
Correlação entre as variáveis Incorporação e Importância
Incorporação dos Desafios à Estratégia x Grau de Importância dos Desafios
sobre o Desempenho das Empresas
Grau de Importância dos Desafios sobre
o Desempenho das Empresas
Baixo
Ainda não
incorporado
Incorporação
Incorporado
dos Desafios à
Estratégia das apenas aos cenários
Empresas
Incorporado aos
objetivos ou às
ações estratégicas
Total
Moderado Elevado
Total
150
82,4%
104
42,3%
61
12,2%
315
33,9%
9
4,9%
38
15,4%
70
13,9%
117
12,6%
23
12,6%
104
42,3%
371
73,9%
498
53,5%
182
100,0%
246
100,0%
502
100,0%
930
100,0%
O tema “produção de alimentos” e desafios sociais, como saúde pública e
pandemias, oferta e condições de moradia, violência e tráfico, envelhecimento da
população aparecem nas posições mais baixas, tanto na lista de “incorporação”
como na de “importância” dos desafios (GRAF. 2).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
41
Gráfico 2 – Distribuição dos Desafios de acordo com “Incorporação” e
“Importância”
Pandemias, violência e tráfico e produção de alimentos são desafios considerados
de “alta importância”, mas, em mais de 30% dos casos, não são incorporados ao
planejamento estratégico.
“Incorporação dos desafios à estratégia” x “Impacto do negócio
sobre os desafios”
Entre os casos de incorporação aos objetivos ou ações estratégicas, a grande
maioria percebe seu impacto como positivo (89%), e apenas 4% vêem-no como
negativo (TAB. 6).
42
RP0702
TABELA 6
Correlação entre as variáveis Incorporação e Impacto
Incorporação dos Desafios à Estratégia das Empresas x Impacto da Operação
das Empresas sobre os Desafios
Impacto da Operação das Empresas
sobre os Desafios
Negativo
Ainda não
incorporado
Incorporação
Incorporado
dos Desafios à
Estratégia das apenas aos cenários
Empresas
Incorporado aos
objetivos ou às
ações estratégicas
Total
12
34,3%
Nulo
176
73,3%
Positivo
Total
127
19,4%
315
33,9%
4
11,4%
26
10,8%
87
13,3%
117
12,6%
19
54,3%
38
15,8%
441
67,3%
498
53,5%
35
100,0%
240
100,0%
655
100,0%
930
100,0%
Quando o impacto é nulo, o desafio tende a ser não incorporado; quando
é positivo, dá-se o contrário. Sob um outro ângulo, entre as empresas que
não incorporam de forma alguma os desafios ao planejamento estratégico,
56% classificam seu impacto como nulo, 40% como positivo e apenas 4%
classificam-no como negativo. A distribuição dos desafios de acordo com sua
incorporação ao planejamento estratégico e impacto do negócio pode ser vista no
GRAF. 3.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
43
Gráfico 3 – Distribuição dos Desafios de acordo com “Incorporação” e “Impacto”
“Incorporação dos desafios à estratégia empresarial” x “Grau de
dificuldade para o enfrentamento dos desafios”
O estudo da correlação entre as duas variáveis apontou que o nível de
dificuldade não foi considerado um fator de influência significativa na incorporação
ou não dos desafios aos objetivos ou ações estratégicas (TAB. 7). Assim, o
GRAF. 4 aponta que os desafios são incorporados ou não à estratégia,
independentemente de o grau de dificuldade ser considerado alto.
44
RP0702
TABELA 7
Correlação entre as variáveis Incorporação e Grau de Dificuldade
Incorporação dos Desafios à Estratégia das Empresas x Grau de Dificuldade
para Enfrentamento dos Desafios
Grau de Dificuldade para o
Enfrentamento dos Desafios
Baixo
Ainda não
incorporado
Incorporação
Incorporado
dos Desafios à
Estratégia das apenas aos cenários
Empresas
Incorporado aos
objetivos ou às
ações estratégicas
Total
Moderado Elevado
Total
51
34,9%
105
33,3%
159
33,9%
315
33,9%
9
6,2%
46
14,6%
62
13,2%
117
12,6%
86
58,9%
164
52,1%
248
52,9%
498
53,5%
146
100,0%
315
100,0%
469
100,0%
930
100,0%
Gráfico 4 – Distribuição dos Desafios de acordo com “Incorporação” e “Grau de Dificuldade”
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
45
“Incorporação dos desafios à estratégia empresarial” x “Principal
obstáculo para o enfrentamento do desafio (via sua incorporação à
estratégia)”
Quando o principal obstáculo é apontado como tendo “baixa relevância para a
estratégia de negócios”, o desafio tende a não ser incorporado de forma alguma à
estratégia empresarial (TAB. 8).
TABELA 8
Correlação entre as variáveis Incorporação e Principal Obstáculo
Incorporação dos Desafios à Estratégia das Empresas x Principal Obstáculo ao Enfrentamento dos
Desafios
Principal Obstáculo ao Enfrentamento dos Desafios
Baixa
relevância
do tema
para a
estratégia
de
negócio
Incorporação
dos Desafios
à Estratégia
das
Empresas
Dificuldade
para
traduzir
o desafio
em termos
financeiros
Falta de
articulação
interinstitucional
Enfrentamento seria
conflitivo
com
interesses
da empresa
Outros
obstáculos
Total
Ainda não
incorporado
120
83,3%
34
51,5%
9
17,0%
14
18,7%
49
20,6%
2
13,3%
81
26,3%
309
34,4%
Incorporado
apenas aos
cenários
6
4,2%
12
18,2%
11
20,8%
14
18,7%
44
18,5%
4
26,7%
18
5,8%
109
12,1%
Incorporado
aos
objetivos
ou às ações
estratégicas
18
12,5%
20
30,3%
33
62,3%
47
62,7%
145
60,9%
9
60,0%
209
67,9%
481
53,5%
144
100,0%
66
100,0%
53
100,0%
75
100,0%
238
100,0%
15
100,0%
Total
46
Dificuldade
técnica
Dificuldade
para
para
traduzir os
sensibilizar
desafios
pessoas na
em
organização
objetivos
estratégicos
RP0702
308
899
100,0% 100,0%
A categoria “Outros”, especificada em um terço dos casos, tende a não ser
associada com não-incorporação à estratégia, visto que em 68% desses casos verificase a incorporação do desafio aos objetivos ou ações estratégicas. Isto indica que,
quaisquer que sejam os obstáculos sob esta categoria, eles contribuem pouco para
explicar a não-incorporação, uma vez que são associados a ela em somente 26,3%
dos casos.
“Grau de dificuldade para enfrentar os desafios” x “Principal
obstáculo para o enfrentamento do desafio (via sua incorporação à
estratégia)”
Um alto grau de dificuldade para enfrentar o tema é associado, em 64% dos
casos, com dificuldades técnicas para traduzir o desafio em objetivos estratégicos.
A Lógica Empresarial por trás da Estratégia e os
Desafios da Sustentabilidade
Influência e Distribuição das Variáveis
A Árvore de Classificação e Regressão (CART) explica as relações entre
as variáveis, permitindo uma análise dos fatores relevantes que influenciam a
incorporação dos desafios da sustentabilidade à estratégia – a variável dependente.
O modelo (FIG. 5) dispõe que, entre as quatro variáveis independentes, a única com
maior capacidade para influir sobre a incorporação ou não do desafio é a “impacto do
negócio sobre o desafio”. Em outras palavras, o que leva uma empresa a incorporar
o tema ou não à estratégia é o fato de suas operações não serem indiferentes
ao desafio.
Os resultados indicam que 67% das empresas de fato incorporam o desafio
quando suas operações têm com ele uma interface positiva ou negativa. Quando o
impacto é nulo, a grande maioria não incorpora o desafio à estratégia.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
47
Figura 5 – Árvore de Classificação e Regressão
Assim, se as empresas não percebem suas operações tendo uma interface
com o tema, não se mobilizarão para tratá-lo estrategicamente. Isso pode gerar
preocupação, uma vez que, nesta pesquisa, as empresas dificilmente reconheceram
seus impactos negativos sobre os desafios, levando a crer que eles aparecem no
contexto estratégico sob a forma de projetos “de impacto positivo” independentes
e desconectados, que não se originaram de uma análise precedente dos impactos
negativos, sendo que estes últimos poderiam ser neutralizados através de projetos
voltados às raízes desse impacto.
O passo seguinte da árvore mostra qual a variável que explica a incorporação
ao planejamento estratégico quando os impactos são positivos ou negativos: o nível
de importância do tema para a empresa.
Quando o impacto é positivo ou negativo e a importância é classificada como
“alta”, em 77% dos casos o tema é incorporado ao planejamento estratégico.
Mas o que acontece se a importância é classificada como “moderada” ou
“baixa”? Nesse caso, as possibilidades são praticamente as mesmas, tanto para
a incorporação como para a não-incorporação, e a variável que influi sobre este
resultado positivamente - isto é, no sentido da incorporação – refere-se ao “principal
obstáculo” para o enfrentamento do desafio apontado. Se os principais obstáculos
48
RP0702
indicados são “baixa relevância para o negócio” e “falta de conhecimento específico
para a formulação da estratégia”, associados a “moderada” ou “baixa” importância
e impacto “positivo” ou “negativo”, é provável que, em 79% dos casos, o desafio
não seja incorporado. Nos demais casos, as chances de incorporação e de nãoincorporação são relativamente equivalentes.
O modelo aponta que o nível de dificuldade para enfrentar o desafio não
é estatisticamente relevante para explicar a incorporação, ou não, do desafio ao
planejamento estratégico.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
49
50
RP0702
Conclusão
om esta pesquisa, chegamos a 31 principais desafios da sustentabilidade, entre
C
os quais prevalecem as questões socioeconômicas, embora as de caráter ambiental
estejam concentradas em poucos, porém relevantes tópicos.
Em cerca de metade dos casos, os desafios da sustentabilidade são incorporados
aos objetivos ou ações estratégicas das empresas estudadas. Conclui-se que o fator
mais influente nesse resultado é a percepção do impacto da empresa sobre o desafio
da sustentabilidade. Portanto, se a empresa não percebe suas operações tendo
uma interface com o tema em questão, não mobilizará seus esforços para incluí-lo
estrategicamente.
A grande maioria das empresas avalia seus impactos (tanto diretos quanto
indiretos) nos desafios da sustentabilidade como positivos, e muito raramente
como negativos. Isso pode indicar uma percepção inadequada do papel da empresa
no cenário atual. Sobretudo quando se tem em mente a noção de que a expansão
da atividade empresarial, em muitos casos, faz-se em detrimento dos recursos
ambientais, sociais e econômicos – o que não chega a ser um fato novo. Reconhecer
essa realidade poderia constituir um passo decisivo para que planos mais consistentes
fossem traçados de forma a contornar os impactos negativos e atingir uma interação
mais equilibrada e harmoniosa no modelo de exploração dos recursos ambientais,
sociais e econômicos. Observe-se que se trata de empresas formalmente engajadas,
ou até mesmo comprometidas, com a sustentabilidade – o que, a rigor, lhes confere
uma familiaridade prévia com o assunto.
Contudo, para que a aproximação da empresa com movimentos de referência
em sustentabilidade reflita-se na incorporação do tema à estratégia de negócios, as
áreas responsáveis por ambos – por sustentabilidade corporativa e pela formulação
da estratégia – precisam de um canal apropriado de comunicação e influência. Até
que ponto isso ocorre hoje nas empresas?
Vale ressaltar também a ênfase que os resultados desta pesquisa conferem à
falta de articulação institucional (entre empresas, setor público e sociedade civil)
enquanto obstáculo à incorporação, ou não, dos desafios da sustentabilidade aos
objetivos e ações estratégicas da empresa. Revela-se aqui a complexidade de
fatores a serem equacionados para a busca da sustentabilidade e a certeza de que,
sem a referida articulação, as iniciativas empresariais tenderão a manter um caráter
predominantemente periférico.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
51
52
RP0702
Referências
BOECHAT, Cláudio B.; GRASSI, Maria Raquel; SOARES, Raimundo. Estratégias
empresariais brasileiras à luz da sustentabilidade, 2005. (Trabalho aprovado para
apresentação no VIII ENGEMA – Encontro Empresarial sobre Gestão Empresarial
e Meio Ambiente)
BOECHAT, Cláudio B.; PARO, Roberta Mokrejs. Desafios para a sustentabilidade
e o planejamento estratégico das empresas no Brasil. Dados de pesquisa. Relatório
de Pesquisa. Nova Lima: FDC, 2007.
BRUNDTLAND, G. (ed) (1987). Our Common Future: The World Commission
on Environment and Development. Oxford: Oxford University Press.
IPEA (2004). Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de
Acompanhamento. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
GRAYSON, D.; HODGES, A. (2004). Corporate Social Opportunity! Seven steps
to make corporate social responsibility work for your business. Sheffield: Greenleaf
Publishing Limited.
SUSTAINABILITY (2004). Gearing up: From corporate responsibility to good
governance and scalable solutions.
WWF (2003). To Whose Profit (ii)? Evolution: Building Sustainable Corporate
Strategy. Surrey: WWF-UK.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
53
54
RP0702
Entrevistas
Arnoldo José de Hoyos Guevara. Núcleo de Estudos do Futuro, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Diretor Geral. 22/03/2006
Beatrice Gropp. Núcleo de Estudos do Futuro – Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP). Pesquisadora. 22/03/2006
Francisco Azevedo. Fundação Avina. Representante Regional para o Brasil –Sudeste
& Distrito Federal. 30/03/2006
Gianna Sagazio. Programa das Nacoes Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD).
Coordenadora de Gestão dos Escritórios Estaduais. 22/03/2006.
Luiz Henrique Proença. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Diretor
de Cooperação e Desenvolvimento. 05/05/2006
Marcelo Torres. ABN AMRO Real. Consultor de Desenvolvimento Sustentável.
26/05/2006
Robson Almeida M. e Silva. Arcelor Brasil. Assessor para Meio Ambiente,
Responsabilidade Social e Comunicação. 22/03/2006.
Sílvio Guerra. Localiza. Gerente de Relacionamento com Investidores.
10/03/2006.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
55
56
RP0702
Anexo 1
Mapa de Desafios da
Sustentabilidade: Enunciados
Os 31 Desafios da Sustentabilidade listados a seguir compuseram o conjunto
de questões pesquisadas.
Nos questionários da pesquisa, respondidos pela internet, os respondentes
foram solicitados a responder a todas as 5 perguntas do Anexo 2 com relação a
cada um dos 31 Desafios.
1. Condição de equilíbrio dos ecossistemas e provisão de serviços
ambientais1
Impacto da expansão populacional e industrial no equilíbrio dos ecossistemas e na
perda irreversível da biodiversidade e de outros serviços ambientais.
2. Energia
Pressão gerada pelos padrões de produção e consumo de produtos e serviços nas
fontes de energia para as gerações presentes e futuras.
3. Mudança Climática
Efeitos das emissões de gases do efeito estufa na estabilidade climática.
4. Água
Impactos da expansão populacional e industrial nas fontes de recursos hídricos.
1
Serviços ambientais são os benefícios proporcionados às pessoas pelos ecossistemas. Incluem
serviços provisionais como alimento, água, madeira e fibras; serviços de regulação que afetam o
clima, enchentes, doenças, resíduos e qualidade da água; serviços culturais que incluem a provisão
de recreação, benefícios estéticos e espirituais; e serviços de suporte, como a formação de solo,
fotossíntese e ciclo de nutrientes.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
57
5. Saúde Pública
Acesso restrito da população a medicamentos e serviços médicos (prevenção,
tratamento e orientação em geral).
6. Pandemias
Velocidade com que novos vírus se espalham mundialmente, podendo causar a
perda de milhares de vidas humanas.
7. Produção de alimentos
Impactos ambientais e socioeconômicos negativos resultantes da maneira como os
alimentos são predominantemente produzidos.
8. Oferta e condições de moradia
Precariedade e escassez de moradia para a população de baixa renda.
9. Distribuição de renda
Desigualdade acentuada nos níveis de renda entre indivíduos e entre regiões.
10. Discriminação e desigualdade racial
Discriminação étnica e desigualdade socioeconômica entre as populações branca,
negra, parda e indígena.
11. Desigualdade de gênero
Desigualdades socioeconômicas entre homens e mulheres.
12. Envelhecimento da população
Impactos socioeconômicos resultantes do aumento da longevidade e,
conseqüentemente, do aumento do percentual de idosos na população.
13. Precariedade dos sistemas de infra-estrutura
Escassez de investimentos na manutenção e expansão da infra-estrutura (energia,
transporte, comunicação) no país.
58
RP0702
14. Capital social
Baixa capacidade das comunidades no sentido de solucionarem seus problemas e
construírem seu próprio futuro.
15. Qualidade da educação básica
Acesso restrito da população a uma educação básica de qualidade.
16. Educação para a sustentabilidade
Incapacidade dos modelos educacionais para ampliar a percepção das pessoas
quanto às conseqüências diretas e indiretas de suas ações individuais e coletivas, nas
dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento da sociedade.
17. Corrupção e falta de ética
Banalização da corrupção e de práticas antiéticas em todos os níveis da sociedade.
18. Violência e tráfico
Comércio ilegal de pessoas, armas, drogas e mercadorias pirateadas, e suas
conseqüências para a sociedade.
19. Oportunidades de trabalho e renda
Escassez de oportunidades de trabalho e renda.
20. Empregabilidade
Despreparo das pessoas para a contínua renovação de competências exigida pelo
mercado de trabalho.
21. Consumo
Baixo grau de conscientização do consumidor em relação aos impactos ambientais,
sociais e econômicos de padrões de produção e consumo.
22. Marketing
Influência do marketing na comunicação e disseminação de valores incompatíveis
com o desenvolvimento sustentável.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
59
23.Cadeia produtiva
Falta de uniformidade, ao longo das cadeias produtivas, no que diz respeito à
manutenção de padrões éticos elevados e de práticas econômicas, ambientais e
sociais compatíveis com o desenvolvimento sustentável.
24. Concorrência desleal
Utilização de práticas ilegais para aumentar a competitividade das empresas.
25.Apoio político e políticas públicas
Utilização do apoio político e de políticas públicas para o favorecimento de interesses
particulares em detrimento das condições sociais, ambientais ou econômicas
relevantes ao desenvolvimento sustentável.
26. Impactos econômicos locais
Falta de foco em atividades cujos impactos econômicos gerem benefícios às
comunidades locais mais necessitadas.
27. Governança corporativa
Os sistemas de governança corporativa atuais caracterizam-se por um modelo que
tende a resultar no privilégio do desempenho econômico-financeiro em detrimento
do desempenho social e ambiental.
28. Precarização do trabalho
Ocupação informal e deterioração das condições de trabalho ao longo da cadeia
produtiva.
29. Stress
Desequilíbrio entre a dedicação ao trabalho e à vida pessoal.
30. Comprometimento com valores e princípios
Incoerência entre as atitudes individuais e os valores e princípios éticos declarados pelas
pessoas (seja atuando como individuo, seja atuando por meio de instituições).
31. Cidadania
Baixo engajamento das pessoas na garantia do cumprimento de seus direitos e
deveres como cidadãos.
60
RP0702
Anexo 2
Perguntas do Questionário
de Pesquisa
As 5 perguntas abaixo foram respondidas pela internet para cada um dos 31
Desafios da Sustentabilidade, listados no Anexo 1. Elas estão aqui enunciadas da
mesma forma como foram encaminhadas aos pesquisados.
1ª Pergunta: Em que medida o enfrentamento de cada um dos Desafios
abaixo listados está presente no Planejamento Estratégico de sua empresa
para 2006?
Assinale a alternativa que melhor descreva a inclusão de cada um desses Desafios
no planejamento estratégico de sua empresa, seja através de sua incorporação aos
cenários de curto, médio ou longo prazos, seja através da definição de objetivos
estratégicos e de indicadores para o monitoramento dos resultados a serem
alcançados em relação àquele tema.
a) O Desafio está incorporado aos cenários que compõem o planejamento
estratégico da empresa para 2006, mas em relação a ele não foram ainda
definidos objetivos estratégicos específicos.
b) O Desafio está incorporado ao planejamento estratégico da empresa
para 2006, e em relação a ele já foram definidos um ou mais objetivos
estratégicos específicos.
c) O Desafio está incorporado ao planejamento estratégico da empresa
para 2006, e em relação a ele já foram definidos um ou mais objetivos
estratégicos específicos, bem como os indicadores necessários ao
monitoramento dos resultados a serem alcançados.
d) O Desafio já foi anteriormente endereçado a partir de ações,
procedimentos ou políticas corporativas que permanecem em vigor, e
por essa razão não está contemplado no planejamento estratégico da
empresa para 2006.
e) O Desafio não foi ainda incorporado ao planejamento e às ações
estratégicas da empresa.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
61
2ª Pergunta: Na sua percepção, que grau de importância sua empresa atribui
a cada um dos Desafios listados abaixo, sob o ponto de vista do desempenho
da própria organização?
Assinale o grau de importância que sua empresa atribui a cada um desses Desafios,
sob o ponto de vista de seus impactos negativos sobre o desempenho da própria
organização (produtividade, performance econômico-financeira, imagem, reputação,
segurança, etc.).
a) Baixo
b) Moderado
c) Elevado
3ª Pergunta: Pela sua avaliação, como você classificaria o impacto das
operações de sua empresa sobre esses Desafios?
Partindo de uma visão do negócio como um todo, assinale a alternativa que melhor
descreva o impacto das atividades de sua empresa sobre cada um desses Desafios,
levando-se em conta não apenas os efeitos diretos resultantes de suas operações,
mas também os efeitos indiretos gerados ao longo de toda a cadeia produtiva e de
toda a cadeia de consumo.
a) Negativo
b) Nulo
c) Positivo
4ª Pergunta: Na sua percepção, qual seria o grau de dificuldade para o
enfrentamento de cada um desses Desafios?
Assinale o grau de dificuldade percebido por você para o enfrentamento de cada um
dos Desafios listados abaixo, levando-se em consideração a mobilização de recursos
técnicos, financeiros, organizacionais e inter-institucionais necessários para que a
empresa possa contribuir positivamente em relação a cada um desses temas.
a) Baixo
b) Moderado
c) Elevado
62
RP0702
5ª Pergunta: Qual o principal tipo de obstáculo que sua empresa enfrenta (ou
viria a enfrentar) para a incorporação de cada um desses Desafios à estratégia
de negócios de sua organização, de maneira a contribuir positivamente para
o enfrentamento desses Desafios?
Assinale a opção (apenas uma) que melhor descreva o tipo de dificuldade que sua
empresa enfrenta, ou teria que enfrentar, em relação à incorporação de cada um
desses Desafios à estratégia corporativa essencial (core business strategy), de maneira
a contribuir para a superação desses Desafios.
a) Esse Desafio não é reconhecido como relevante para o desenvolvimento
de nossa estratégia de negócios.
b) Há carência de conhecimentos ou técnicas para traduzir esse Desafio
em objetivos estratégicos.
c) É difícil sensibilizar e mobilizar pessoas dentro da organização em torno
desse Desafio.
d) É difícil traduzir esse Desafio em termos financeiros (custos ou
benefícios, ameaças ou oportunidades, etc.).
e) Há falta de articulação com outras empresas, governo ou sociedade
civil.
f) Objetivos estratégicos que contribuíssem positivamente para o
enfrentamento desse Desafio entrariam em conflito com outros interesses
da empresa.
g) Outros.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
63
64
RP0702
Anexo 3
Algoritmos para Rankings e
Gráficos de Correlação
Os critérios para estabelecer os rankings das variáveis foram:


Incorporação dos desafios ao planejamento estratégico (TAB. 2):
yy
maior percentual da somatória de respostas b, c e d à 1ª pergunta do
questionário;
yy
maior percentual da somatória de respostas a à 1ª pergunta do
questionário;
yy
maior percentual da somatória de respostas e à 1ª pergunta do
questionário.
Importância dos desafios para o negócio (TAB. 3), Impacto dos negócios
sobre os desafios (TAB. 4) e Dificuldade de enfrentamento (TAB. 5):
yy
maior percentual da somatória de respostas c às 2ª, 3ª e 4ª perguntas
do questionário, respectivamente;
yy
maior percentual da somatória de respostas b às 2ª, 3ª e 4ª perguntas
do questionário, respectivamente;
yy
maior percentual da somatória de respostas a às 2ª, 3ª e 4ª perguntas
do questionário, respectivamente;
Para compor os gráficos de correlação, as respostas das empresas consultadas
aos questionários do Anexo 2 foram processadas de acordo com os algoritmos a
seguir. A finalidade desse processo foi simplesmente obter uma melhor disposição
visual das grandezas correlacionadas nos gráficos.
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
65
1.
Grau de Incorporação dos Desafios ao Planejamento Estratégico da
Empresa
GINC =
(2 x Ação) + (Cenário)
300
Onde,
 “Cenário” é o percentual de respostas “a” à primeira pergunta do
questionário (desafio incorporado apenas aos cenários).
 “Ação” é o percentual de respostas “b”, “c” e “d” à primeira pergunta
do questionário (desafio incorporado às ações estratégicas).
2.
Grau de Importância dos Desafios para os Negócios da Empresa
GIMPORT =
(3 x Elevada) - (2 x Moderada) - (Baixa)
600
Onde,
 “Baixa” é o percentual de respostas “a” à segunda pergunta do questionário
(desafio de baixa importância para os negócios da empresa).
 “Moderada” é o percentual de respostas “b” à segunda pergunta do
questionário (desafio de moderada importância para os negócios da
empresa).
 “Elevada” é o percentual de respostas “c” à segunda pergunta do
questionário (desafio de elevada importância para os negócios da
empresa).
66
RP0702
3.
Grau de Impacto das Operações da Empresa nos Desafios
GIMPACT =
(3 x Positivo) - (2 x Negativo) - (Nulo)
600
Onde,
 “Negativo” é o percentual de respostas “a” à terceira pergunta do
questionário (operações da empresa impactam positivamente o
desafio).
 “Nulo” é o percentual de respostas “b” à terceira pergunta do questionário
(operações da empresa não impactam o desafio).
 “Positivo” é o percentual de respostas “c” à terceira pergunta do
questionário (operações da empresa impactam negativamente o
desafio).
4.
Grau de Dificuldade para Enfrentamento dos Desafios pela Empresa
GDIF =
(3 x Elevado) - (2 x Moderado) - (Baixo)
600
Onde,
 “Baixo” é o percentual de respostas “a” à quarta pergunta do
questionário (desafio apresenta baixa dificuldade para enfrentamento
pela empresa).
 “Moderado” é o percentual de respostas “b” à quarta pergunta do
questionário (desafio apresenta moderada dificuldade para enfrentamento
pela empresa).
 “Elevado” é o percentual de respostas “c” à quarta pergunta do
questionário (desafio apresenta elevada dificuldade para enfrentamento
pela empresa).
Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil
67
68
RP0702
Download