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O Sr. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE) pronuncia o
seguinte
discurso:
Senhor
Presidente,
Senhoras
e
Senhores Deputados, hoje nos reunimos, nesta sessão
solene dedicada à Consciência Negra, para um momento
afirmativo da vontade da nossa sociedade na busca do
ideal
democrático,
de
um
Brasil
reconhecidamente
pluriétnico e totalmente livre de quaisquer discriminações e
preconceitos.
É um momento ímpar para que o PMDB motive
algumas reflexões que contribuam para a condução a uma
visão justa e equilibrada do nosso contexto social –
passado, presente e futuro –, no tocante à influência da
discriminação racial no contexto demográfico e ao longo do
caminho percorrido para a construção da consciência
negra.
O 20 de Novembro, Senhoras e Senhores Deputados,
é
uma
realização
social
e
política
de
dimensão
extraordinária, porque retoma a história de homens que,
escravizados, ao longo dos tempos, não perderam a noção
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de
dignidade
permanecerem
e
do
lutando
sentimento
pelos
de
bravura,
ideais
supremos
para
da
sociedade humana, ou seja, pelo triunfo dos princípios da
liberdade e do respeito à identidade de cada indivíduo.
Nobres Deputados, Senhores convidados: O negro,
arrebatado de sua terra, destinado ao trabalho escravo e
sofrendo discriminações até hoje na nossa sociedade,
nunca se deixou abalar em seus sonhos de libertação. Ao
contrário, ajudou a construir a civilização deste País,
preservou suas tradições culturais e criou ritmos e formas
artísticas
que
nos
engrandecem
e
permanecem
relembrados no curso de nossa historiografia.
Na verdade, a diversidade trazida – e que foi
agregada ao povo que aqui se formou – passou a ser um
trampolim para a maturidade que encontramos, hoje, no
movimento
negro.
Na
adversidade,
conheceram
os
recursos de que dispunham para a sua emancipação; pois
as dificuldades, não esmagam um homem, fazem-no bem
mais avigorado para o confronto com a adversidade.
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É por isso que hoje se fala em consciência negra. É
por isso que se logrou ser construído um sólido conceito do
movimento negro, que é o conhecimento que permite
vivenciar,
experimentar
e
compreender
diversificados
aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.
A consciência negra é, nesse sentido, a compreensão
da necessidade de despertar a sociedade para o combate
ao racismo e à discriminação. É a percepção de que a
humanidade se revela quando feita de interdependências,
complementaridades e, mesmo, conflitos; e, que se,
enfrentados juntos, serão por nós superados em todos os
seus múltiplos aspectos.
O sentimento de Cidadania contribui para
lidar-se
com a noção de identidade – noção de identidade negra –
ensejando a que se reflita em pluralidade, e se perceba
que cada um de nós é diferente, e que dentro dessa
diferença temos objetivos comuns; e que, para cada um de
nós, só faz sentido batalhar se houver um projeto de vida
que conduza a uma construção comum.
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A consciência negra traduz a disposição do indivíduo
negro de ser ele próprio – e não o branco – o autor de sua
auto-emancipação coletiva. É a compreensão de que eles
não podem esperar de uma sociedade injusta e desigual
sem que ela se abra para os seus problemas fundamentais.
A consciência negra é essa percepção que chegou a hora
de os seus membros assumirem o “leme da embarcação”,
assimilando percepção dos problemas que atingem os
vários setores da população negra. É essa exatamente a
necessidade de entonar a própria voz, a voz de alguém
que tem que falar por si próprio.
Essa é a convicção que adotamos,ao trabalhar na
construção de uma personalidade que nos defina como
cidadãos, construtores de uma identidade para a nossa
Nação, que também possui uma personalidade em
evolução.
Senhor Presidente, Senhor e Senhoras Deputados
definitivamente, esta é uma tribuna de luta, e o PMDB não
poderia se divorciar de uma data como esta e do seu
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significado para os diversos movimentos negros. Jamais
alguém poderá fazer algo com as mãos amarradas;
precisamos desatá-las; precisamos, portanto, de liberdade
para empregá-las com firmeza, coerência e determinação .
Enfim, para o nosso partido e sua liderança, o 20 de
Novembro é isto: é protesto; é autonomia; é identidade; é
dignidade; é tolerância; é liberdade; é direito inalienável e
igualdade. A luta continuará árdua e persistente, com apoio
dos segmentos esclarecidos da comunidade.
Muito obrigado.
23_11_2006_Mauro Benevides_CE Solene Negro.doc
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