Resenha 03 – Hipermídia Turno: Noite / 21-04-2010 Nome: Nayara Francielle Texto: PRIMO, Alex. Enfoques e desfoques no estudo da interação mediada por computador. Na década de 80 RAFAELI dizia que interatividade era um termo amplo e subdefinido. Nos dias atuais ele já é um termo que esta em circulação por toda parte, e não só interatividade como interativo e interação também. Mas sua referência cientifica, mostra uma conceituação mais rigorosa, e sendo assim encontraremos muitas definições conclusivas e ilimitadas, com isso poderemos apontar diversos enfoques sobre a chamada “interatividade”. Aqui, porém nos referimos a isso como interação mediada por computador e tentaremos afinal fazer uma defesa sistêmico racional para esse estudo. No contexto da cibercultura pouco se questiona sobre interação. Mas este autor trabalha nesse texto como o entendimento de que a interação é uma “ação entre” os participantes do encontro, ou o foco se volta para a relação estabelecida entre eles. Segundo os estudos da lingüística histórica de STAROBINSKI, a palavra interação ou interaction figurou pela primeira vez no Oxford English Dictionary em 1832, e era apresentado como um neologismo, e o verbo to Interact, no sentido de agir recipocramente em 1932. Na França a palavra interação surgiu depois da “interdependência” outro neologismo, mas só entra no dicionário 1864. Ao observar a partir disso que os enfoques mais comuns da chamada interatividade nos fará observar se valorizam a ação recíproca e a interdependência. As redes informáticas vieram transformar e ampliar as formas de comunicação a distância, porém a interatividade trabalhada e refletida entre um webdesigner e ‘’usuário’’ é priorizar somente a abordagem transmissionista de comunicação e a intenção não é essa. O modelo transmissionista de SHANNON e WEAVER na origem do estudo da telefonia e muito influente hoje em dia. A cadeia emissor-mensagem-canalreceptor se mostra deficiente ao ser transposto para a comunicação humana, pois de acordo com o modelo o emissor seria o agente criativo, aquele que moldaria a mensagem que terá o intuito de afetar o receptor, que estaria numa posição inferior. MATURANA e VILELA (1995) criticam o que chamam de “metáfora do tubo” aonde a comunicação começaria em um ponto e seria levado ao extremo através de um ‘’tubo’’, usando o ponto de vista da biologia. Pois para eles a comunicação ocorre quando se estabelece uma coordenação comportamental em um domínio estrutural, pois nós seres humanos agimos conforme a nossa estrutura. E ele parecia se encaixar ao estudo da comunicação de massa, pois poderia ser posicionado em um pólo , por exemplo, uma emissora de TV e de outro o telespectador. “... Mas se a critica dos pesquisadores da comunicação de massa há muito resistia á imagem de um receptor que assiste passivamente á programação irradiada, agora a indústria, as revistas especializadas em tecnologias digitais e mesmo investigadores da cibercultura destacam a configuração de sites pelo webdesigner, que busca prever a melhor “navegabilidade” do “usuário”. Com esse processo em mente, o modelo webdesigner-site-Internet-usúario ainda reflete o modelo da teoria da informação (emissor-mensagem-canal-receptor). Enquanto no modelo informacional o “emissor transmite”, novo modelo diz-se que o “webdesgner disponibiliza”. (pag.4/16). Ao estudo de uma conversa, exemplo, uma sala de bate- papo onde o processo interativo seria reduzido ao burocrático seria também limitado. Alguns teóricos tentam se livrar da linearidade usando a bidirecionalidade como característica da interatividade, mais esse fluxo de mensagens em mão dupla a confundem com interação social, ou seja, ainda não conseguem fazer jus à complexidade da comunicação, pois resiste o foco nos fluxos de emissão e recebimento. Também e muito comum encontrar nos artigos sobre “interatividade”, os pressupostos que incorporam a teoria da informação, segundo Primo, (também chamada de teoria matemática da comunicação), valoriza a possibilidade de escolha entre alternativas disponíveis. “... a palavra informação não se refere tanto ao que você efetivamente diz, mas ao que poderia dizer. Isto é: informação é uma medida de sua liberdade de escolha quando seleciona uma mensagem...”. PRIMO ao estudar o enfoque informacional sugere três variáveis citadas na discussão de BRENDA LAUREL sobre interatividade, que devem ser consideradas neste estudo: freqüência (em que momentos se pode reagir), amplitude (quantas escolhas estão disponíveis) e significância (que impacto as escolhas têm). A partir disso a interatividade é classificada a partir do número de escolhas que o programador coloca à disposição do usuário. Ainda que as possibilidades de permutação e combinação de alternativas distingam o computador de outros meios de comunicação, o destaque dessas características como definição de interatividade, carregam fundamentos informacionais como carga hereditária, acrescenta ele. “Nesse sentido, PRIMO define que a escolha de alternativas, a permutação e a combinatória, apresentadas como características fundamentais da interatividade”, podem não passar de meros processos potenciais. A interação mediada por computador, por depender de um suporte tecnológico, recebe normalmente um tratamento que destaca as características técnicas da máquina e das redes e dos programas, linguagens e bancos de dados empregados. Mais uma vez, porém, Primo coloca que se trata de uma preocupação que remonta à teoria da informação, abordada então como capacidade do canal. Ele sugere segundo WEAVER que “a capacidade de um canal de comunicação deva ser descrita em termos de quantidade de informação que ele pode transmitir, ou melhor, em termos de sua capacidade de transmitir aquilo que é produzido a partir de uma fonte de informação dada”. No que concerne o estudo da interatividade aqui pesquisado e suas possibilidades, Primo traz observações feitas por Steuer (1993, p. 1). “Por interatividade ser definida como a extensão em que os usuários podem participar modificando a forma e o conteúdo do ambiente em tempo real e se diferenciar de termos como engajamento e envolvimento”. Steuer delimita então três fatores que contribuem para a interatividade: a) velocidade, a taxa com que um input pode ser assimilado pelo ambiente mediado; b) amplitude (range), refere-se ao número de possibilidades de ação em cada momento; c) mapeamento, a habilidade do sistema em mapear seus controles em face das modificações no ambiente mediado de forma natural e previsível. Ora, como se vê, o autor não vai além da análise do desempenho do meio. Com o objetivo de produzir uma analise que classifique o maior número possível de meios de comunicação, Primo traz a visão de Jensen (1999), concentrada em dois aspectos do tráfego de informação: quem possui e oferece a informação e quem controla sua distribuição. A partir dessa base transmissionista, o autor vai oferecer ao final uma classificação que estuda a “interatividade” a partir das características dos meios como: “a programação televisiva seria considerada transmissão, um diálogo ao telefone seria conversação, uma visita a páginas na Web seria uma consulta e, finalmente, uma pesquisa de opinião da audiência constituiria um registro”. Apenas a transmissão seria considerada comunicação unilateral e a Internet seria um distanciamento da transmissão em direção aos outros tipos de comunicação, segundo Jensen. Seguindo essas informações PRIMO vai apresentar a seguinte definição para a interatividade: a) interatividade de transmissão, onde o meio permita que o usuário escolha qual fluxo de informações em mão única ele quer receber (não existe a possibilidade de fazer solicitações); b) interatividade de consulta, onde o meio permita que o usuário solicite informações em um sistema de mão dupla com canal de retorno; c) interatividade de conversação, onde o meio permita que o usuário produza e envie suas próprias informações num sistema de duas mãos d) interatividade de registro, onde o usuário possa registrar suas informações e responder às necessidades e ações dele. A interatividade é um argumento de venda, assim como ela é tratada pelo marketing. Dando assim a possibilidade de se inserir dados, de acordo com as instruções apresentadas no site, e obter as informações solicitadas, possibilitando também a interação. PRIMO analisa a pesquisa de BAIRON sobre o “diálogo” entre a máquina e o usuário. Caberia logo perguntar que tipo de “diálogo” é esse? Ou melhor, o que se entende aí por “diálogo”? Trata-se de uma equiparação ao fenômeno comunicativo humano ou é apenas uma figura de linguagem? O “usuário” de fato dialoga com o sistema informático? A citação a seguir procura apresentar o que seria esse diálogo com o computador. “... Eu dialogo com a mensagem quando eu a construo ou a consulto. Essas manipulações que visam a modificar a mensagem, portanto os elementos textuais ou sonoros que a compõem se operam através de uma tela interativa. Interativa porque ela é lugar de diálogo, mas também porque ela é o meio desse diálogo. A tela transparente, simplesmente irradiada do interior, desapareceu. Ela se tornou “inteligente”.” (citado por SILVA). Baseando em Marchand, a utilização do sistema operacional Windows seria um diálogo. O uso generalizado de “diálogo” e “inteligência” desconsidera as diferenças singulares entre o funcionamento da máquina e o comportamento humano. Se tudo é visto como dialógico e inteligente, o que resulta é uma generalização achatadora que se aproxima das opiniões populares ou dos discursos da indústria da informática. PRIMO traz o pensamento de Searle e salienta que máquinas não possuem o que ele chama de intencionalidade intrínseca. Trata-se de um fenômeno de natureza biológica dos seres humanos e outros animais. Logo, ao dizer que um computador dialoga, estaria-se fazendo uma referência apenas à intencionalidade como-se. Ele também entende que é preciso opor a “coisa real” à mera aparência da coisa (em suas palavras, “como-se-tivesseintencionalidade”). PRIMO assegura que existem inegáveis exemplos que fazem resplandecer a possível interatividade, citando a interação mútua, assim profundamente estudada. Os interagentes assim reúnem-se em torno de contínuas problematizações como: 1) As soluções inventadas são apenas momentâneas, podendo participar de futuras problematizações 2) A própria relação entre os interagentes é um problema que motiva uma constante negociação. 3) Cada ação expressa tem um impacto recursivo sobre a relação e sobre o comportamento dos interagentes. Algumas considerações dele ainda parecem importantes para que o presente analise seja bem compreendida. É importante lembrar que em muitos relacionamentos a comunicação não se dá através de um único canal. Pode-se pensar em algo como uma multi-interação, no sentido de que várias podem ser as interações simultâneas. Por exemplo, uma interação com outra pessoa que pode se dar através da fala, de gestos, perfumes, etc., assim cada um interage com seu contexto e intrapessoalmente. Já em um chat, ao mesmo tempo em que se conversa com outra pessoa também se interage com a interface do software e também com o mouse, com o teclado. Assim em muitos casos tanto se pode estabelecer interações reativas quanto mútuas.