Unidade II METODOLOGIA E PRÁTICA ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Profa. Ma. Lilian Pessôa O que é ler? É viajar por lugares fantásticos. É sonhar de olhos abertos. É tornar possível o impossível. É conhecer, é aprender. É atribuir sentido ao texto. Por que é preciso ler para os alunos? “Os mestres atuam como mediadores entre a realidade sociocultural e o sujeito, pois põem os alunos em contato, de uma forma crítica, com os instrumentos, os signos e os símbolos que compõem a cultura.” cultura ” (RONCA, V. F. C. Docência e Ad-Miração: da imitação à autonomia. São Paulo, 2007, p.124) As diferentes formas de ler Os propósitos de leitura são diferentes: lemos para nos divertir, nos informar, para estudar, por lazer, para aprender a fazer algo etc. Quando o professor lê para seus alunos dá “vida” ao texto por meio de: entonação, expressão, ritmo, fluência, postura etc. A organização da rotina de leitura. A leitura deve ser diária. Os textos precisam ser variados . Deve-se escolher um bom momento da aula para a realização da leitura. Uma leitura exige planejamento. O professor deve ser cuidadoso na escolha do texto. No “papel” de leitor, o professor deve ser um bom ator. Deve ter lido o texto antes de apresentáapresentá lo aos alunos. É importante fazer comentários adicionais sobre o autor e a obra. A leitura deve ser realizada no seu portador de texto original. original Uma boa estratégia também é a leitura em capítulos. Acesso ao acervo literário. O desenvolvimento da competência leitora pressupõe autonomia por parte do leitor. Por isso, é preciso permitir o acesso do aluno ao acervo literário da escola para que ele vivencie situações que envolvem critérios de seleção e tomadas de decisão. Interatividade Ao realizar uma leitura cuidadosa para os seus alunos, o professor torna-se uma referência de leitor, um modelo a partir do qual os alunos: a) compreendem que é preciso copiar quando leem. b) ampliam o que conhecem sobre as possibilidades de leitura. c) garantem o aprendizado de uma forma de leitura. d) podem interpretar corretamente o texto. e) entendem como será a sua leitura quando forem adultos. Os conhecimentos prévios... O aluno não é uma folha em branco. Desde que nasce, nas interações que estabelece, vai aprendendo muitas coisas. O que ele sabe, o que experienciou, suas preferências, servem de ponto de partida para o trabalho do professor. Desconstruir a homogeneidade ... frente à leitura na escola, parece necessário que o professor se pergunte com que bagagem as crianças poderão abordá-la, prevendo que esta bagagem não será homogênia. (SOLÉ, É 1998, p.104) Ponto de partida não é ponto final. É essencial que o professor tenha clareza de que os conhecimentos prévios dos alunos devem ser vistos como pontos a partir dos quais se pode ampliar o que eles sabem sobre o assunto. assunto Não se pode permanecer nos conhecimentos prévios. O papel dos desafios no ensino. Gostamos de desafios. Por esse motivo, os jogos, charadas, enigmas, quebracabeças, são atraentes para todos nós. Esse é o motivo pelo qual os desafios costumam ser eficientes estratégias de ensino. A problematização da atividade. As atividades precisam ser apresentadas ao aluno sob a forma de um problema a ser resolvido. Uma boa situação problema é aquela em que o aluno mobiliza os seus saberes para encontrar uma solução até então desconhecida por ele. Problema solucionável. O desafio a ser apresentado ao aluno numa situação problema deve ser passível de solução. Caso contrário, pode gerar desinteresse e sentimento de incapacidade no aluno. Interatividade A ideia de que o aluno possui saberes sobre vários assuntos evidencia que: a) o trabalho do professor é facilitado, pois o aluno já sabe muita coisa. b) aos conhecimentos que o aluno já possui, o professor deverá somar outros. c) o aluno tem participação ativa no seu processo de aprendizagem. d) o professor não precisa realizar intervenções na aprendizagem do aluno. e) será necessário uniformizar os diferentes saberes que possam surgir na classe. Acompanhamento do professor. É imprescindível para o trabalho do professor, conhecer o que o aluno sabe. A partir desse conhecimento é que o professor orienta a sua prática. É preciso observar os alunos. As observações realizadas pelo professor em sala de aula devem prever um rodízio de alunos a serem acompanhados de modo mais próximo por atividade. Entretanto, deve-se garantir que ao final de um determinado período, todos os alunos tenham sido atendidos individualmente. Uma rotina de registros As diversas formas de registro possibilitam o resgate das informações, quando necessário, além do acompanhamento mais próximo das aprendizagens do aluno. Por sua importância, a rotina do professor deve contemplar momentos dedicados ao registro das observações realizadas. O papel das interações. Nosso pressuposto é de que o processo de aprendizagem se dá nas interações cotidianas, quando é possível: refletir, analisar, levantar hipóteses, buscar informações, trocar experiências. A troca de experiências Quando o professor é o único interlocutor autorizado para o aluno na sala de aula, será visto como o “detentor do saber”. Juntos conseguimos aprender mais do que sozinhos. A troca de experiência entre os alunos permite que estes percebam as diferentes possibilidade de resolver uma mesma situação. A questão da “dupla conceitualização”. Quando está realizando uma atividade em grupo ou coletivamente, o aluno está duplamente envolvido com a aprendizagem porque precisa: saber o conteúdo; saber argumentar/ justificar/ explicar para os colegas. Esse dinâmica foi chamada por Délia Lerner de “dupla conceitualização”. Interatividade A prática de observar os alunos em sala de aula tem como principal finalidade: a) avaliar o aluno, pois revelam quem está ou não envolvido na realização da tarefa. b) ganhar tempo para a realização das atividades docentes mais burocráticas. c) supervisionar a condução das tarefas propostas, evitando a desordem na classe. d) aproximar aproximar-se se do que sabem seus alunos para o redirecionamento de sua prática. e) promover a socialização e integração dos alunos. A legitimação das aprendizagens. Na realização das atividades que o professor propõe, os alunos podem encontrar soluções válidas ou não para os desafios que enfrentam. Exemplo: numa situação de reescrita coletiva de um texto conhecido pela classe, um aluno sugere ao professor que a palavra “princesa” deve ser escrita com a letra “z”, ou seja: “princeza”. O que fazer? Discussões produtivas O professor deve aproveitar todas as situações de troca de experiências para propor discussão e debate junto aos alunos. Especialmente quando há dúvidas sobre o que foi dito, o professor deve envolver outros alunos na discussão para tentar chegar a um resolução possível para a questão. Questionamentos que ajudam. Uma resposta adequada também pode ser questionada. Com essa medida os alunos aprendem a justificar suas escolhas e a defender suas ideias. Aprender com o outro. O professor precisa promover atividades em que os alunos estejam agrupados de diferentes modos, visto que estes aprendem uns com os outros. Atividades em duplas, trios, quartetos etc., promovem o debate de ideias e a interação dos alunos com o objeto do conhecimento. Atividades coletivas. Antes de propor desafios, o professor precisa ter vivenciado com os alunos os encaminhamento possíveis para a resolução de uma atividade. Por exemplo: antes de solicitar a produção de uma narrativa, o professor deve ter realizado uma produção coletiva dessa natureza para que os alunos tenham parâmetros para o desenvolvimento dessa tarefa. As intervenções. O professor não é mero espectador da construção das aprendizagens dos alunos, mas interage com eles nesse processo. Reservar boas perguntas que possam desencadear análise e reflexão sobre o que está sendo discutido é sempre uma boa estratégia a ser adotada. Interatividade As discussões e debates entre os alunos são cada vez mais entendidos como potencializadoras da aprendizagem porque: a) possibilitam a troca de experiências e análises a partir de diferentes perspectivas. b) favorecem o encontro de um consenso sobre o assunto tratado. c) diminuem o volume de material a ser corrigido pelo professor. d) garantem a manifestação de pontos de vista muito parecidos entre os alunos. e) promovem o desenvolvimento do espírito de liderança. Uma reflexão para terminar... Ficava intrigado como num livro tão pequeno cabia tanta história, tanta viagem, tanto encanto. O mundo ficava maior e minha vontade era não morrer nunca para conhecer o mundo inteiro e saber muito, muito como a professora sabia sabia. O livro me abria caminhos, me ensinava a escolher o destino. Bartolomeu Campos de Queirós, em depoimento para “Na ponta do lápis” – Almanaque do Programa Escrevendo o Futuro, Ano 1, Número 2, Ago/ Set 2005 – CENPEC. ATÉ A PRÓXIMA!