reportagens publicas no dia 10 sobre a recessão que brasil enfrenta

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PRONUNCIAMENTO SOBRE A CRISE
Na semana passada, senhor presidente, fomos
acometidos por uma avalanche de notícias, baseadas
em dados do IBGE, sobre a recessão que o país
estaria enfrentando agora por conta da crise
econômica internacional. O problema é que a
divulgação dessas informações, como não poderia
ser diferente, vieram acompanhadas do achismo dos
economistas de plantão.
Por intermédio de uma tecnocracia bem própria,
esses especialistas insistem em tentar prever qual
será o tamanho e o formato dos problemas futuros
do país. Ora, senhores deputados, sem querer
desprezar os números e os dados do IBGE – o órgão
que de fato pode emitir pareceres técnicos –, tudo
não passa de um mero exercício de adivinhação, de
futurologia astrológica.
O pior de tudo é que essas opiniões, muitas
vezes infundadas, se transformaram numa espécie de
cacoete do economês dessa gente. Fazendo uma
análise do mercado, comparo esses fatos às
promoções dos supermercados, onde você compra
um produto e leva dois. Ou seja, quando o assunto é
economia, você já pode esperar que ela venha
acompanhada, como diria Nelson Rodrigues, do seu
óbvio ululante, que nesse caso são os chamados
especialistas. Só que ninguém compra isso de boa
vontade. O produto, nesse caso, é empurrado goela
abaixo.
E ainda há os contrassensos. Os dados do IBGE
mostraram que o resultado foi bem melhor que o
mercado esperava. Isso quer dizer que os tais
especialistas já haviam errado, e muito, sobre as
projeções para o PIB do trimestre. Então, senhores
deputado, eu fico muito à vontade para falar sobre o
tema. Evidentemente, os senhores podem ficar
tranquilos, que não vou ocupar essa tribuna para
conjecturar sobre números e nem falar quais serão os
próximos números da megassena.
Mas economia, senhor presidente, é um tema
onde muitos falam, poucos entendem e que na
prática acaba fugindo à regra. É um mundo à parte,
com fatos pitorescos sem precedentes. Por que digo
isso? Porque pior que seja o gestor econômico, mais
cedo ou mais tarde, mesmo que ele tenha cometido
as maiores atrocidades administrativas, ele vai
acabar emitindo opiniões sobre o que deve ou não
ser feito na economia. É ou não é risível, senhores?
Felizmente o governo não tem medidos esforços
para nos salvar dessas incongruências. No mesmo
dia da divulgação dos dados do IBGE, já à noite, o
Comitê de Política Monetária (Copom) cortou em
um ponto percentual a taxa de juros, a Selic, quando
o mercado apostava num corte de 0,75. Além de
representar o menor patamar da história do país, a
nova Selic, analisaram novamente os especialistas,
evidenciava uma trajetória de 15 anos de política
econômica responsável. Com certeza é para deixar
qualquer um tonto da cabeça.
Apesar de toda essa confusão, a economia
brasileira, graças ao esforço do governo, dá sinais de
melhoras nesse segundo trimestre. Em abril, a
produção industrial cresceu 1,1% sobre março. Em
maio, a fabricação de carros subiu 2,6%; o consumo
de energia, 1,6%; e o uso da capacidade instalada
das fábricas, 1,4%, em relação a abril.
Fora isso, está havendo um retorno na procura e
na oferta de crédito para pessoas físicas. A redução
do IPI para carros e eletrodomésticos também
incentivou a demanda de bens. Outro sinal de que a
economia nacional vive novos tempos foi o
empréstimo de US$ 10 bilhões concedido pelo
Brasil, também na semana passada, ao Fundo
Monetário Internacional (FMI).
Gostaria de lembrar ainda aos nobres colegas,
que desempenho do PIB brasileiro foi o oitavo
melhor entre 36 maiores economias globais.
Somente Austrália, Coreia do Sul, Polônia, Chile,
Canadá e Noruega tiveram um resultado do PIB
melhor que a brasileira. A Suíça teve retração
idêntica à nossa. São sinais que o país está no rumo
certo, com ou sem recessão.
A eleição para o Parlamento Europeu, senhores,
mostrou que nem sempre há uma correlação entre o
estado da economia e a avaliação do governo. Na
Alemanha, o PIB caiu 3,8% no primeiro trimestre. Já
na Itália, a queda foi de 2,4%. Foram as duas
maiores recessões européias. Entretanto, os governos
dos dois países se saírem bem nas eleições.
Tivemos exemplos disso aqui. Em 1998, o
presidente Fernando Henrique foi reeleito em plena
turbulência econômica. Na época, como agora, a
crise veio de fora, dos países asiáticos. Dizia-se,
inclusive, que o Brasil seria a “bola da vez”. O país
ainda não tinha feito o ajuste fiscal e a âncora do real
era a política cambial, que tornou o país vítima de
ataques especulativos.
A equipe econômica procurou minimizar a
ameaça, mas logo depois acabou admitindo a crise.
A poucas semanas da eleição, o governo dobrou os
juros para tentar proteger a moeda. Foi uma medida
impopular, mas que não ficou clara para o eleitor. O
governo acabou cedendo e deixou o câmbio flutuar,
mas só dias depois da posse do segundo mandado.
Em 1998, o eleitorado não associou Fernando
Henrique à crise, apesar do discurso da oposição.
Agora, novamente, como demonstram as pesquisas,
o eleitorado não associa o presidente Lula à crise,
apesar do discurso da oposição. Ao contrário, vê que
os programas sociais do governam estão fazendo
bem para o país. Nem sempre, senhores, a economia
e seus analistas ditam as regras.
Tendo relação ou não com as eleições, senhores,
o importante é que o governo está atento e tomando
as medidas necessárias. O mundo está atento a nós.
Na semana passada, a revista britânica “The
Economist” fez uma reportagem sobre o Brasil,
dizendo que ele foi o último país a entrar em
recessão e pode ser o primeiro a sair dela.
A revista exalta o presidente Lula pela redução
de um ponto percentual na Selic. A reportagem
aposta em crescimento ainda este ano e diz que
haverá uma expansão de 3,5% e 4% em 2010.
O que quero dizer com todo esse discurso,
senhor presidente e caros deputados, é que nós, da
base aliada, estamos do lado do governo para o que
der e vier. Sabemos que tudo isso já está sendo
enfrentado. O país prepara novas medidas para
estimular setores específicos da economia e tentar
garantir crescimento de 1% ainda este ano. Há
propostas para incentivar a produção de bens de
capital, software e a indústria naval. Por isso,
senhores, é hora de colaborar trabalhando, e não
ficar dando palpites que muitas vezes não coadunam
com a realidade.
Muito Obrigado.
BERNARDO ARISTON
Deputado Federal
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