A Educação para Ser mais. JORNAL ALIANÇA Vivemos momentos de extremas dificuldades no estruturado e injusto mundo do deus capital. Mega investidores transformam os países ricos, pobres ou em vias de desenvolvimento em redutos de seus ganhos imensuráveis. Jogam alto nas bolsas de valores, acumulam sempre mais, sem se preocuparem com a multidão de miseráveis que ousam povoar o mesmo planeta. Esses comandantes de nossas vidas perpetuam o poder dominador dos senhores de engenho ou dos fazendeiros do café do passado que não tinham um mínimo de remorso de morar com todas as mordomias na casa grande, tendo ao redor uma chusma de maltrapilhos subumanos a seu serviço. Não é de hoje que os senhores do capital se beneficiam do sangue e do suor de incontáveis trabalhadores. Tal situação de injustiça ofende a nossa dignidade, mas, em lugar de combater esse vírus destruidor, somos acometidos de uma estranha pretensão que é de viver como vivem os nossos algozes. Contemplamos nesse pequeno grupo de privilegiados o ideal a ser seguido, o fim a ser atingido. Desejamos a todo custo deixar a condição de oprimidos e passar para o lado dos opressores, realimentando a situação que ora detestamos. A educação, que provocaria estímulos de autoconfiança e libertação ao nosso povo, encontra-se atrelada aos ideais dessa minoria reinante que não abre mão do comando. Infelizmente, essa gente possui o poder de estabelecer leis e diretivas envolvendo a todos nós numa ideologia de cabresto, conduzindo-nos sem dificuldades como uma boiada. Com propagandas coloridas e vistosas convence multidões que babam diante dos vídeos. Essas artimanhas retiram de nosso povo a capacidade de pensar e de falar, transformando-o em robô comandado ou em “videota” de cérebro raspado... Não é por acaso que as nossas escolas se encontram em estado de calamidade, sem perspectivas e sem o apoio de que necessitam. O que conta é o número de alunos em sala e não se estão se desenvolvendo para atuarem como cidadãos responsáveis. Diante de um mundo que se movimenta veloz, há a preferência por uma educação de conteúdos técnicos, que preencha os espaços no mundo do trabalho, mas que não permita as pessoas refletirem sobre si mesmas e sobre as condições em que vivem. Definiu-se até, que o ser humano mais valorizado é o que conseguiu sucesso na vida, ficou rico ou que chegou mais perto dos ideais burgueses. Se acumulou bens e riquezas é um vencedor! Caso contrário, é um fracassado! Culpa do sistema? Que nada! A causa da desgraça é a nossa própria incompetência... somos acusados! Quantos atingem esse ideal? Poucos. Mas, sabemos que muito se luta para chegar lá... De quem, então, podemos esperar uma proposta melhor? Dos que continuam no poder? Dificilmente. As nossas famílias, as comunidades eclesiais e outros movimentos que partem das ruas, das periferias, do coração do povo, talvez possam protagonizar mudanças redentoras. Não podemos deixar a educação seguir trilhas enganadoras, porque ela conserva em seu bojo a missão de gerar vida, fazendo com que o nosso povo seja mais gente, mais participante de seu próprio destino. A educação, certamente, nos torna mais aptos para o mundo do trabalho, mas este não pode ser um fim em si mesmo. Há que se procurar e desejar muito mais. A nossa questão fundamental é como ser gente e gente feliz! João José Corrêa Sampaio