CIÊNCIA E COTIDIANO Gabriela Marcon NUNES1 Joice Guilherme de OLIVEIRA2 Karla Suellen da SILVA3 Mayara Gonçalves de PAULO4 Renilda Nunes Machado de JESUS5 Sara Modolon CORREA6 RESUMO: Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis, cotidiano significa “aquilo que se faz ou sucede todos os dias”. Ciência entende-se como o conjunto de saberes no qual as teorias acerca das explicações dos fatos apoiam-se no método científico. A inter-relação entre essas duas ações humanas formativas, terá como um dos lugares mais apropriados o ambiente escolar. Para tanto, o Projeto que está sendo desenvolvido na Escola de Ensino Básico Senador Francisco Benjamin Gallotti, tem como objetivo desenvolver diferentes estratégias, a fim de elevar o nível de aprendizagem dos alunos da unidade escolar e oportunizar aos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) situações de inserção no cotidiano. Espera-se desta forma atender aos objetivos institucionais do PIBID, bem como contribuir para a formação dos estudantes do ensino médio. Palavras Chaves: Aprendizagem, Ciência, Cotidiano. Introdução O provérbio "Ninguém vive sozinho" é uma verdade válida para todas as etapas de nossa vida. Na vida pessoal e profissional necessitamos de outras pessoas. Segundo Dalmo Dallari, “A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas as outras.” Entretanto, e por isso mesmo, conhecer nossos limites e o que de fato somos torna muito mais fácil lidar com as limitações do outro para que possa ser respeitado e para que ele também tenha consciência de si mesmo. Em nossas escolas nos deparamos com alunos que não demonstram interesse ao estudo, inquietos e aparentemente descomprometidos, não respeitam professores e colegas, e não têm noção de seus próprios limites. Podemos citar autores como Camargo (2000), La Taille (1996), Rego (1996) e Aquino (1996), que atribuem como causas para estes atos de indisciplina a falta de imposição de limites por parte dos pais, da escola e da sociedade. Ou ainda, a falta de valores ou do enfraquecimento do vínculo entre a moralidade e o sentimento de vergonha. Assim, considerando o projeto pedagógico da escola, o tema foi proposto por uma necessidade da comunidade escolar considerando estas dificuldades. Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis, cotidiano significa “aquilo que se faz ou sucede todos os dias”. Ciência entende-se como o conjunto de saberes no qual as teorias acerca das explicações dos fatos apoiam-se no método científico. A inter-relação entre essas duas ações humanas formativas, terá como um dos lugares mais apropriados o ambiente escolar. O conhecimento é uma construção permanente e continuada, na qual o estudante é instigado pela busca do saber; e a dúvida é o ponto inicial para a construção desse conhecimento. O mundo está em constantes mudanças, desta forma, o aluno deve estar atento à realidade que o cerca, observando as experiências cotidianas e sociais de cada indivíduo. O ensino num olhar interdisciplinar possibilita desenvolver e aprimorar as relações sociais, culturais e científicas dentro de uma sociedade, ligando-as ao cotidiano escolar e possibilitando a intervenção entre sujeito e objeto de acordo com a formação do saber. 1 Este projeto, Ciência e cotidiano, tem relação com a proposta do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), tendo em vista que se identifica, como um projeto de aprendizagem, ação prevista no primeiro Eixo – Gestão da prática pedagógica. O projeto contribuirá com o desenvolvimento dos alunos da Escola de Educação Básica Senador Francisco Benjamin Gallotti, localizada na cidade de Tubarão/SC e, acadêmicos dos cursos de licenciatura em ciências biológicas, letras e matemática contemplados com a bolsa do programa pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Materiais e métodos Este projeto está sendo realizado com os alunos da Escola de Educação Básica Senador Francisco Benjamin Gallotti, por meio de aulas expositivas dialogadas, oficinas e aulas práticas, documentários, palestras, monitorias compartilhada e extraclasse, jogos e atividades lúdicas e possíveis saídas de campo. Nossa primeira ação foi apresentar o projeto a toda comunidade escolar, possibilitando que todos conhecessem e interagissem com as atividades previstas para este semestre. Trabalhando em conjunto com os bolsistas do projeto de Extensão sobre Educação ambiental, foram realizadas palestras informativas a respeito de problemas ambientais, enfatizando a importância dos 5 R, s (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar) para a sociedade num todo e a responsabilidade de cada um sobre suas ações. Foram confeccionados cartazes informativos e murais de sensibilização referentes a esta problemática. Além disso, nós cuidamos da organização do laboratório de ciências da escola,descrevendo todos os materiais e kits recentemente doados pela Universidade Federal de São Paulo (USP), contribuindo para um melhor aproveitamento do espaço e facilitação do manuseio e da procura, e além do mais, as relações destes materiais encontram-se em pastas nomeadas por matéria, especificando o assunto de cada kit. As aulas práticas (monitoria compartilhada) estão sendo desenvolvidas nos laboratórios de ciência e informática. Procurando-se oferecer atividades experimentais e jogos educativos para que ocorra uma maior compreensão do conteúdo abordado em sala de aula. Em uma das atividades com experiências, os alunos da 1ª série do ensino médio foram levados ao laboratório de ciências da escola junto com as bolsistas e professora regente, para uma aula prática de identificação de proteínas nos alimentos. Como materiais de apoio, utilizamos: sulfato de cobre, hidróxido de sódio, béquer, placas de petri, tubo de ensaio, pipetas, alimentos (leite, clara e gema de ovo, cereais, gelatina, biscoito, entre outros). Os estudantes deveriam observar a reação da coloração dos alimentos ao adicionarmos os reagentes hidróxico de sódio e sulfato de cobre, que dependendo da coloração, indicaria a presença ou a ausência de proteína no alimento. Os resultados foram anotados em uma ficha avaliativa e discutidos em sala de aula. Outra atividade desenvolvida também com os alunos da 1ª série, foi no laboratório de informática. Os estudantes jogaram online uma atividade lúdica sobre a síntese de proteínas, na qual as informações obtidas por meio da troca de fase explicavam como ocorria a síntese proteica. O jogo tornou-se interativo e explicativo, pois possuía imagens e demonstrava como este processo ocorre. Após o término da aula, alguns alunos conseguiram concluir a atividade e os resultados foram discutidos na aula seguinte. Como os alunos da 2ª série estavam aprendendo sobre o sistema circulatório, foi desenvolvida uma aula prática no laboratório de ciências. Com o apoio da professora regente, analisamos os tipos sanguíneos aprendidos anteriormente em sala de aula. Os alunos deveriam observar a reação de seu sangue dispostos em uma lâmina com identificação (anti-A, anti-B e anti-Rh), na sequência colocamos as aglutininas para que se observasse o tipo de reação. 2 Quando todos tiveram seus resultados, discutimos o assunto perguntando quem poderia doar e quem poderia receber os tipos sanguíneos. Em outra atividade prática, os alunos da 2ª série fizeram a observação do sistema respiratório de um bovino, para melhor fixar o conteúdo dado em sala de aula. Para os estudantes a relevância dessa proposta era analisar cada órgão desse sistema e salientar suas funções. Um aluno teve a oportunidade de simular o movimento do pulmão soprando o orifício da laringe. Em uma saída de campo, acompanhados pela professora regente, bolsista e orientadora educacional, os estudantes visitaram a Unisul em um Projeto realizado pelo SESC - produzido pelo Baú de Ciências com o tema“Exploração Espacial:Em Busca de Vida”. Nessa visita, os alunos observaram diversos equipamentos tecnológicos e participaram de atividades como: simulação da estrutura geológica de Marte; tablets com jogos sobre características do sistema solar; kits para montagem de moléculas consideradas bioassinaturas e discussão de elementos da vida; jogos controlados por sensores de movimento, apresentando os extremófilos e suas características e o processo para detectar se há a presença de bioassinaturas em outros astros através da leitura da espectrografia. Esses assuntos estão relacionados aos conteúdos que englobam Ciências Biológicas, Física, Geografia e Química. Com base nas necessidades dos alunos, foram solicitadas monitorias extraclasses para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Essas monitorias estão acontecendo na sala do PIBID, onde as bolsistas de ciências biológicas e letras orientam os estudantes e sanam suas dúvidas referentes aos conteúdos abordados em sala de aula. Resultados e discussões Na medida em que as atividades são desenvolvidas, um ambiente relacional é proporcionado; permitindo diferentes formas de expressão, agindo sobre a autoestima e o sentimento de competência dos alunos.Desta forma, há maior facilitação no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que cognição e emoção são processos interligados. Por sua vez, os acadêmicos bolsistas do PIBID são envolvidos no planejamento, desenvolvimento e avaliação de atividades de forma integrada, com vistas à elevação do processo de aquisição dos conhecimentos científicos, aumento da autoestima e desenvolvimento de competências para a vivência em grupos. As atividades práticas e lúdicas que estão sendo trabalhadas vêm trazendo resultados significativos,(o que se observa pelas declarações dos alunos) como uma melhor compreensão do aluno ao assunto abordado sem sala de aula e um maior envolvimento do mesmo na disciplina. As aulas de monitoria extraclasse vêm sendo de grande importância e cada vez mais alunos estão procurando as bolsistas para sanar dúvidas e realizar atividades de apoio, para melhor entendimento dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Considerações finais A elaboração e o desenvolvimento deste projeto possibilitaram aos bolsistas uma nova interação com a escola. Uma vez que, para os bolsistas iniciantes neste projeto, percebeu-se que a sua inserção na realidade escolar ocorreu de forma prazerosa e eficaz, sendo que estes também são, na maioria, alunos de primeiro semestre. Desta maneira, o desenvolvimento do projeto proporciona aos acadêmicos a oportunidade de amadurecimento pessoal e profissional, momentos de reflexão sobre a prática docente e a compreensão da importância do trabalho em grupo. 3 Sendo assim, com a relevância do tema do projeto, acredita-se que a proposta contribuirá para o desenvolvimento de um melhor entendimento da definição de “Ciência e Cotidiano”. Acreditamos que a relação entre professor e aluno, ciência e cotidiano,pode ser um mecanismo motivador e modificador que nos possibilitará alcançar bons resultados. O contado com os professores de suas respectivas áreas de atuação tem servido como norteadores para atividades didáticas futuras, bem como o esclarecimento da importância da interdisciplinaridade. Segundo o relato dos professores, as monitorias compartilhada e extraclasse têm sido de grande valia para aqueles que as utilizam. Referências ANTUNES, Celso. Certos passos que são passos certos.6ª Ed. Petrópolis, R.J.: Vozes, 2007. O que Maiakowsky – ou o que a ele se atribui – tem a nos ensinar sobre a indisciplina? Tudo! In: Professor bonzinho = aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. 6ª Ed. Petrópolis, R.J.: Vozes, 2007, fasc.10, p. 34 et seq. BOYNTON,Mark; BOYNTON, Christine. Prevenção e resolução de problemas disciplinares: guiapara educadores. Porto Alegre: Artmed, 2008. CAMARGO, Janira Siqueira. Pais e professores à beira de um ataque de nervos entre o limite e o poder. Arquivos da Apadec, v. 4, n.2, p. 61, jul./dez., 2000. PARRAT, D.S. Indisciplina na escola. In: Como enfrentar a indisciplina na escola. SãoPaulo: Contexto, 2008, p. 07 et.seq. ______. As transformações sociais e as tarefas do professor. São Paulo: Contexto, 2008, p. 107 et. Seq. REGO, T. C. R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva vygotskyana. In: AQUINO, J. G. (org.). Indisciplina na escola. 11ª Ed. São Paulo: Summus, 1996, p. 83 et seq. ______. A indisciplina do ponto de vista dos professores e dos alunos. In: AQUINO, J. G. (org.). Indisciplina na escola. 11ª Ed. São Paulo: Summus, 1996, p. 87 et seq. TAYLLE, Y. de L. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, J. G. (og.). Indisciplina na escola. 11ª Ed. São Paulo: Summus, 1996, p. 09 et seq. VASCONCELLOS, C. dos S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 3ª Ed. São Paulo: Libertad, 1994, cadernos pedagógicos do Libertad, v. 4, p. 20. ZAGURY, T. Por que você estuda? In: O adolescente por ele mesmo. 14ª Ed. Rio deJaneiro: Record, 2004, p. 36 et seq. ______. O adolescente nas aulas. In: O adolescente por ele mesmo. 14ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 54 et seq. 4