Empirismo Recebe esta denominação a corrente de pensamento que procura fundar todo conhecimento na noção de experiência. Deriva da palavra grega empeiría, experiência. Em sentido amplo, pode-se compreender o empirismo como uma tendência de interpretação da realidade e do conhecimento, presente ao longo de toda a história da filosofia. É possível encontrá-lo, na Antiguidade e Idade Média, presente no pensamento de Aristóteles, nos epicuristas, nos céticos, na concepção nominalista. Contudo, o empirismo ganha sua forma acabada e seu pleno arcabouço teórico somente na Idade Moderna, entre os séculos XVII e XVIII, com o chamado empirismo inglês. Os principais representantes do empirismo moderno são Francis Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume. Esta concepção surge em uma dupla oposição: ao racionalismo, corrente de pensamento que afirma a razão como o fundamento do conhecimento, e ao inatismo, que postula, por sua vez, que o conhecimento é adquirido a partir de idéias preexistentes no sujeito, inatas e anteriores a toda experiência sensível. O empirismo inglês caracteriza-se por possuir aspectos, a um só tempo, gnoseológicos e metafísicos: admite que o conhecimento radica na noção de experiência, afirmando, simultaneamente, ser a experiência o modo como se constitui a realidade mesma. O sujeito figura, nesta concepção, como um mero receptáculo, formando-se a partir dos dados e impressões recebidas. Contudo, estes ainda não constituem o conhecimento propriamente dito; este consiste nas relações que se estabelecem entre as impressões ou as idéias que delas derivam. Freqüentemente, os empiristas associam a noção de experiência unicamente aos dados fornecidos pelos sentidos. Desta forma, a tal compreensão corresponde, freqüentemente, uma compreensão materialista da realidade, embora nem todo empirismo gnoseológico conduza, necessariamente, a tal posição Metafísica. Muitas foram as correntes filosóficas, na Modernidade e na era contemporânea, influenciadas por esta compreensão. Kant afirma ter sido despertado de seu sono dogmático pelo pensamento de Hume, embora não aceite integralmente a concepção empirista. John Stuart Mill, William James, o positivismo lógico, a escola de Cambridge, E. A. Singer, são alguns exemplos desta influência. Materialismo Corrente filosófica segundo a qual a matéria constitui, propriamente, o fundamento da realidade. O termo materialista surgiu, pela primeira vez, no século XVII, em um texto de Robert Boyle, intitulado A excelência e fundamentos da filosofia mecânica, referindo-se à doutrina que afirma que a realidade se compõe de partículas dotadas de propriedades mecânicas, passíveis de ser expressas matematicamente. Formou-se, a partir daí, o termo geral materialismo, correspondente à doutrina adotada pelos materialistas. É possível apontar várias posturas materialistas adotadas ao longo da história da filosofia. Na Antiguidade, é comum atribuir ao atomismo de Leucipo e Demócrito esta caracterização, bem como à filosofia de Epicuro e seus seguidores. Contudo, Somente na Era Moderna este termo ganha sua máxima expressão. Com a divisão canônica estabelecida por Descartes, entre res cogitans (substância ou coisa pensante) e res extensa (substância ou coisa material), torna-se possível firmar-se duas posições antagônicas, o materialismo, que afirma a primazia da matéria sobre o pensamento, e o idealismo, que afirma a primazia do inteligível sobre o sensível. Segundo esta concepção moderna, a matéria não deve ser compreendida, contudo, desde a distinção aristotélica entre matéria e forma; para os materialistas, sendo a matéria não só princípio do real, mas também causa de todo movimento e transformação, ela deve conter, necessariamente, a forma como sua determinação; trata-se, assim, de uma matéria formada. Dentro da concepção materialista, é preciso ainda distinguir suas várias modalidades. Procederemos à explicação de três tipos principais: o materialismo mecanicista, o materialismo histórico e o materialismo dialético. O primeiro afirma a matéria desde suas propriedades corpóreas, estas sujeitas aos princípios do movimento expressos pela física moderna, ou mecânica: sua atividade não é auto-gerada, mas provém do choque com outros corpos; seu movimento é contínuo e uniforme, tendendo à regularidade e permanência de seu estado atual (inércia). O materialismo histórico, por sua vez, aplica a posição materialista à investigação da história. Foi professado, pela primeira vez, por Marx e Engels, contrapondo-se ao idealismo hegeliano. Segundo os pressupostos materialistas, a história deve ser interpretada não a partir dos desdobramentos de um Espírito Absoluto, mas sim a partir dos fatos materiais que constituem seu fundamento, sua infra-estrutura. Estes são as relações econômicas de produção, as quais, em última instância, determinam a produção cultural e ideal de um povo, que constituem, para esta concepção, sua super-estrutura. Todavia, o caráter problemático das relações entre infra e super-estrutura levou a postular a dialética como o modo como estas duas instâncias se relacionam. Este caminho conduziu Engels à elaboração do materialismo dialético, que ultrapassa o âmbito da história para afirmar a dialética como o movimento regulador, por excelência, da natureza e da matéria, e, assim, de toda a realidade. Estruturalismo O termo estruturalismo deriva de estrutura. Esta palavra advém do latim (structura), e significa, primeiramente, construção. Na linguagem filosófica, estrutura relaciona-se aos significados de forma, configuração, complexo, conexão. Em linhas gerais, pode-se definir uma estrutura como um conjunto de elementos cujas partes atuam como funções uma das outras. Assim, uma estrutura é um complexo de elementos que se interrelacionam de maneira indissolúvel; a alteração de um membro provoca, necessariamente, alterações no todo. Embora a noção de estrutura seja utilizada desde o pensamento antigo, firmando-se a partir do romantismo alemão e da filosofia de Dilthey, recebe a denominação estruturalismo uma vertente da filosofia contemporânea, plenamente consolidada a partir da década de 50. O estruturalismo recebeu, para sua formação, influências de diversos ramos do pensamento de nosso século. Entre elas, destacam-se a lingüística propagada por Saussire, a antropologia de Lévi-Strauss e a psicanálise de Lacan. O estruturalismo configura um método que consiste em buscar o sentido como realidade última, este compreendido a partir das relações que os termos de uma totalidade estrutural estabelecem. Ao invés de subordinar o sentido à sua produção por um sujeito, o estruturalismo busca a gênese de sujeito e objeto a partir do sentido no qual estes, a princípio, se inscrevem. A estrutura não corresponde, contudo, a uma mera totalidade; ela é o modelo de inteligibilidade presente em uma determinada configuração do real, sua possibilidade de organização lógica. As relações entre os elementos, procuradas pelo olhar estrutural, não são prioritariamente de identidade ou semelhança, como em uma doutrina de caráter holista; antes, o estruturalismo persegue as diferenças, responsáveis pela criação das significações. A semelhança é compreendida por este pensamento como um caso particular da diferença que a funda. Assim, a finalidade do método estrutural é reconstruir logicamente um determinado objeto, a partir da considerações de suas diferenças, de modo a tornar manifestas suas regras intrínsecas de funcionamento. Alguns dos principais representantes do estruturalismo: Roland Barthes, Althusser, Michel Foucault, entre outros. Funcionalismo O Funcionalismo foi, primeiramente, um segmento que surgiu da Etnologia, por volta do ano de 1922. Seus fundadores são B. Malinowski, com a obra Argonauts of the Western Pacific, e outro etnólogo conhecido, o Sr. A.Radcliffe-Brown, com a obra The Andaman Islanders. Estas duas obras clássicas foram as que fizeram o primeiro planteamento funcionalista da Etnologia, com um método estabelecido. No entanto, essa teoria tem certas passagens que pensamos serem um tanto complicadas. Para isso, tentaremos elucidar para nosso leitor, primeiramente, o conceito de Função pensado segundo a Sociologia. Para esta ciência, o conceito de Função pode ser a contribuição ou necessidade que proporciona um feito social, uma estrutura ou uma Instituição (Por exemplo, a família, o direito) para conseguir determinadas condições do sistema (por exemplo autoconservação, equilíbrio ou troca social regulada). Estas manifestações sobre a Função de um feito social pressupõe-se que podem ser determinadas com precisão, e assim saber se essas situações devem ser funcionais ou disfuncionais. Em geral poder-se-á provar, para um feito social, várias Funções e para a condição do sistema podem haver também vários meios sociais funcionais. Portanto podemos classificar dois tipos de função: a) Função manifesta - quando as conseqüências de um meio social para a conexão de determinadas condições do sistema são conhecidas e intencionadas; b) Função Latente - quando estas conseqüências não são nem conhecidas nem intencionadas. Podemos dizer que o Funcionalismo, segundo outro teórico conhecido, T. Parsons, constrói-se segundo o seguinte esquema: Primeiro: em uma época qualquer funciona o sistema social "S" em uma situação "Z", que aqui chamaremos de situação normal. Segundo: Isso seria válido para qualquer época, mas "S" somente funcionaria se se cumprirem as condições necessárias "N". Terceiro: Quando o sistema social "S" dispor de uma característica da classe "M" estaria cumprida a condição "N". Por fim: Algumas das características da classe "M" se passa no sistema social "S" na época "T". Certamente o leitor poderá encontrar dificuldades para poder compreender o Funcionalismo. Por isso diremos que o Funcionalismo procura delimitar as relações entre os elementos individuais de uma cultura e sua integração funcional com nosso sistema. Isto é, como diria Malinowski talvez, a idéia central do funcionalismo é o conceito de necessidade. Para ele, a função de uma instituição cultural se encontrava na satisfação das necessidades humanas. Para Radcliffe-Browm, que anteporia o conceito de sociedade, a função de um elemento consiste em contribuir para a manutenção da estrutura social e da integração social dos indivíduos dentro da comunidade. Afora essas observações, que apenas orientarão o leitor numa pesquisa ou saciará sua curiosidade em conhecer os diversos pensamentos dos antropólogos, propomos ao leitor que procure ler as obras de Malinowski, que certamente serão de grande auxílio para se entender o Funcionalismo e a Antropologia em geral. Behaviorismo O behaviorismo nasce em 1913 e tem como fundador o americano John B. Watson. Esta tendência teórica também é conhecida como comportamentalismo, teoria do comportamento ou análise experimental do comportamento. A prática do behaviorismo tornou-se importante na medida em que definia o fato psicológico de forma concreta, a partir da noção de comportamento, possibilitando uma consistência que até então os psicólogos da época vinham buscando. Esta característica surgia como um desejo de instituir a psicologia como ciência, rompendo com a tradição meramente filosófica. O behaviorismo tem como objeto de estudo o comportamento humano e suas manifestações em diferentes condições e diferentes sujeitos. Estuda a relação entre os aspectos do comportamento e os aspectos do meio, acreditando que só desta forma é possível fazer uma psicologia científica. O ponto de partida para uma ciência do comportamento é o uso de estímulo e resposta como unidades básicas para a descrição do comportamento. Este conceito é necessário porque o comportamento e o meio são muito amplos e não seriam úteis para uma análise descritiva. Nesta linha teórica, o homem é estudado como produto da aprendizagem pela qual passa desde a infância. Depois de Watson, o behaviorista mais importante foi B. F. Skinner (1904 - 1990). A base da corrente Skinneriana é o condicionamento operante ou comportamento voluntário, que são todos os movimentos que possuem efeito sobre o ambiente ou que fazem algo ao mundo ao redor, operando sobre a realidade. O condicionamento operante é fundamentado pela lei do efeito. Ou seja, o que mantém o comportamento é o efeito que ele provoca. Um exemplo de condicionamento operante pode ser o fato de você abrir a geladeira quando tem sede porque você aprendeu que, desta forma, pode conseguir água. Você continua abrindo a geladeira toda vez que tiver sede, porque seu comportamento foi condicionado. Aprendemos que uma determinada ação provoca determinada conseqüência e repetimos este comportamento para obtermos o que desejamos. Quando obtemos o que desejamos, dizemos que fomos reforçados. O reforço é responsável pela manutenção de nossas ações e pode ser um reforço positivo quando ele tem a função de fortalecer o comportamento, como no exemplo da geladeira, ou um reforço negativo quando ele fortalece o comportamento que emitimos para eliminar o reforço. Um exemplo de reforço negativo pode ser quando, num show, o artista desvia o microfone rapidamente da caixa de som para se livrar da microfonia. A resposta de desviar o microfone, rapidamente, vai ser repetida toda vez que o estímulo microfonia se repetir. Dizemos então que se instalou um comportamento através do reforço negativo. O condicionamento é aprendizagem e o reforçamento é o que faz com que o comportamento seja aumentado em sua freqüência, por obter um efeito desejado, seja ele de remoção do estímulo aversivo ou de obtenção do que se deseja. A outra forma de condicionamento é o condicionamento reflexo ou respondente, o comportamento involuntário que é eliciado pelos estímulos especiais do meio. Da mesma forma que podemos instalar comportamentos, podemos eliminar os indesejáveis ou inadequados. À eliminação destes comportamentos, Skinner deu o nome de extinção. Se o reforço é algo que mantém o comportamento, a ausência deste reforço faz com que a resposta desapareça. Um exemplo disto pode ser quando tentamos chamar a atenção de uma pessoa e esta pessoa nunca nos dá importância. Como não conseguimos o que queremos, desistimos, ou seja, entramos em extinção. Outra forma de entrar em extinção é quando somos punidos quando emitimos um determinado comportamento. A extinção de comportamento através da punição acontece quando, por exemplo, a classe inteira dá risada e faz “gozação” quando um colega fala alguma coisa em aula. Este colega, provavelmente, entrará em extinção, parando de se colocar nesta situação, para se esquivar da situação aversiva. Os seres humanos também têm a capacidade de generalizar suas experiências e, a este conceito, o behaviorismo chama de generalização. Quando nos acostumamos a emitir uma determinada resposta em situações específicas, repetimos este comportamento em outras situações que achamos parecidas. Este conceito é fundamental para nosso aprendizado, principalmente no que se refere à educação escolar. Não precisamos passar por todas as situações possíveis para sabermos como nos comportar em cada uma delas. Sabemos o que fazer em diferentes situações graças à nossa capacidade de generalizar regras e normas sociais. A generalização é, portanto, a capacidade de perceber a semelhança entre diversos estímulos, respondendo a eles de forma semelhante ou igual. O processo inverso da generalização é a discriminação, que é nossa capacidade de perceber as diferenças entre os estímulos e, desta forma, responder a cada um deles de maneira diferenciada. Um exemplo de discriminação é que aprendemos algumas regras de como nos comportarmos na casa dos outros, no entanto cada pessoa a quem visitamos é diferente, algumas mais simples, outras mais requintadas, portanto devemos saber que em determinadas situações devemos ser mais formais e em outras mais descontraídos, a depender do lugar. O behaviorismo utiliza-se de experiências em laboratório para o estudo de cada um destes conceitos e os sujeitos utilizados são ratos, observados na Caixa de Skinner. Os behavioristas são acusados de serem muito materialistas e de simplificarem muito o comportamento humano mas, ao contrário do que se pensa, eles trabalham com o conceito de subjetividade e entendem o ser humano como tendo características muito complexas. Gestalt Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O significado mais próximo seria forma ou configuração, mas a psicologia não os utiliza por serem distantes do seu real significado para a profissão. O gestaltismo surge na Europa e seu ponto de partida é a negação das psicologias científicas do século XIX, que fragmentavam as ações e os processos do ser humano. Os gestaltistas postulam a necessidade de se compreender o homem na sua totalidade. Esta tendência teórica está muito ligada à filosofia. Para a gestalt, há um processo de percepção que acontece entre o estímulo fornecido pelo meio e a reação do indivíduo. Na visão dos gestaltistas, o homem deve ser estudado em seus aspectos globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção que o indivíduo tem da realidade. O fenômeno da percepção passa por um conceito de fechamento, simetria e regularidade da figura que compõe determinado objeto. Estes fenômenos são fundamentais para a compreensão do comportamento humanom, pois, para os gestaltistas, nosso comportamento é determinado pela maneira como percebemos os estímulos. Os estudos da gestalt foram iniciados pela percepção e sensação do movimento e os estudiosos estavam preocupados em compreender quais eram os processos psicológicos que estavam envolvidos na ilusão de ótica, quando um estímulo físico era percebido de uma forma diferente da que tem na realidade. Um exemplo que se costuma usar é o cinema. Nós percebemos o movimento na tela, mas, na verdade, a fita cinematográfica é formada por fotogramas estáticos. O movimento é uma ilusão de ótica. Para a gestalt, algumas vezes, reagimos ao ambiente de forma inesperada porque o entendemos de forma diferente do que ele é na realidade. O que é percebido depende da nossa interpretação. A gestalt fala, também, da importância da figura e fundo para chegarmos à boa forma. Uma boa noção deste conceito pode ser dada através de um exemplo clássico (ver figura 1). Você pode enxergar na figura uma taça ou dois perfis, o que caracteriza uma ambigüidade que não oferece uma boa definição entre figura e fundo. Como no caso desta figura, toda vez que um objeto não apresentar os elementos necessários para a boa forma, constituir-se-á em uma super ilusão de ótica. Quanto mais clara a forma, mais facilmente podemos distinguir figura e fundo e, no caso do exemplo, a distinção é difícil. O comportamento do indivíduo é determinado por um conjunto de estímulos que ele interpreta e, a este conjunto de estímulos, os gestaltistas chamaram de meio, ou meio ambiental, e pode aparecer de duas formas: geográfico que é o meio objetivo, tal como ele é, e meio comportamental que é o resultado da interação entre o sujeito e o meio geográfico, implicando na interpretação do mesmo. É o campo psicológico que nos leva a buscar a boa forma e ele é regido pelos princípios da proximidade, onde tendemos a agrupar os elementos mais próximos, conforme exemplificado na figura 2, identificando três colunas, ao invés de três linhas. Princípio da semelhança, que agrupa os semelhantes, fazendo-nos ver três linhas e não quatro colunas na figura 3. E, finalmente, o princípio do fechamento, onde tendemos a completar uma figura para que possamos compreendê-la, como é o caso da figura 4, na qual tendemos a ver um pentágono e não traços. Para a gestalt, a idéia do todo é fundamental para a compreensão do objeto. Psicanálise A psicanálise nasce na Áustria e tem como grande criador Sigmund Freud (1856 - 1939), que era médico em Viena e fundamenta a psicanálise na prática médica, recuperando para a psicologia a importância da afetividade. O objeto de estudo da psicanálise é o inconsciente, o que quebra com a tradição da psicologia como ciência da consciência e da razão. Esta linha teórica ousou colocar “processos misteriosos” do psiquismo, as “regiões obscuras”, como é o caso das fantasias, dos sonhos, esquecimentos e outros problemas internos do homem, como problemas científicos. Foi a investigação destes processos psíquicos que levou Freud à criação da psicanálise. A teoria baseia-se em conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica, caracterizando leis gerais sobre a psique humana. A psicanálise utiliza-se da interpretação para buscar o significado oculto das coisas. Seu método de investigação consiste em buscar o significado inconsciente das palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo. Este método é baseado em associações livres do indivíduo, que dão validade às interpretações. Os psicanalistas têm uma prática para o tratamento psicológico, através da análise psicoterápica que visa cura ou auto-conhecimento. O paciente é analisado e, como nada sabe, ou sabe muito pouco a respeito dos motivos de sua doença, o profissional tem como função lhe ensinar a compreender a composição das formações psíquicas mais complicadas, reduzindo os sintomas que provocam sofrimento. Toda a psicanálise está muito vinculada ao trajeto pessoal de Freud, porque grande parte da produção de conhecimento teórico foi baseada em experiências pessoais do autor, que foram transcritas em várias obras. Freud formou-se em medicina na universidade de Viena em 1881. Especializou-se em psiquiatria, trabalhou em um laboratório de fisiologia e deu aulas de neuropatologia. Ele começou a clinicar por problemas financeiros e seus pacientes eram pessoas que sofriam de “problemas nervosos”. Quando terminou a residência, Freud ganhou uma bolsa para estudar em Paris, onde trabalhou com Charcot, um psiquiatra francês que tratava as histerias através da hipnose. Esta prática foi utilizada por Freud quando ele voltou a Viena e, nesta ocasião, teve um importante contato com Josef Breuer, que ajudou na continuidade das investigações. Breuer era médico famoso e tratava de um caso muito significativo. A paciente chamava-se Ana O. e sofria de distúrbios somáticos que produziam paralisia com contratura muscular, inibições e dificuldade de pensamento. Nesta época, Ana O. cuidava do pai doente e a conclusão do tratamento foi que ela tinha pensamentos e afetos em relação ao desejo de que o pai morresse. Estas idéias e pensamentos foram reprimidos e substituídos por sintomas que só eram esclarecidos sob hipnose, onde a paciente relatava as suas origens. Segundo Freud a rememoração destes sintomas fazia com que eles desaparecessem. Breuer parou de trabalhar com hipnose, porque nem todos os pacientes prestavam-se a ser hipnotizados e, portanto, mudou sua técnica para a concentração que se dava através da conversação normal. A principal função da clínica psicanalítica, que se dá através da análise, é buscar a origem dos sintomas ou dos comportamentos manifestos, ou do que a pessoa verbaliza. Para atingir os objetivos da psicanálise, é necessário vencer as resistências do indivíduo que impedem o acesso ao inconsciente. A psicanálise entrou em modismo, o que levou diversos autores a produzirem, em nome desta teoria, trabalhos cujo conteúdo, métodos e até mesmo os resultados, não condizem com a psicanálise propriamente dita. Inconsciente O inconsciente é o objeto de estudo da psicanálise e, para as linhas dinâmicas, ele é o responsável pela organização do psiquismo humano, é a base de toda a vida psíquica. Para as abordagens psicodinâmicas, os fenômenos conscientes são apenas uma manifestação do inconsciente. Outras manifestações do inconsciente são o sonho, a histeria, atos falhos, lapsos e outras. O termo inconsciente, utilizado de forma adjetiva, pode ser usado para se referir a coisas que não estão conscientes. Esta seria uma definição num sentido descritivo porque, num sentido tópico, o inconsciente designa um dos sistemas do aparelho psíquico definido por Freud, que se constitui de conteúdos, aos quais foi negado o acesso ao plano da consciência, por se tratarem sempre de algo penoso para o indivíduo. O inconsciente pode representar o ponto mais importante da descoberta Freudiana. A noção de inconsciente na psicanálise, surgiu das experiências de tratamento realizadas por Freud, que demonstrou que o mundo psíquico não pode ser reduzido aos conteúdos conscientes e que certos conteúdos só se tornam acessíveis depois que superamos algumas resistências ou repressões. Freud considerava a existência do inconsciente como um “lugar psíquico”, especial, que deve ser concebido como um sistema que possui conteúdos, mecanismos e provavelmente uma “energia” específica. O sonho foi o principal caminho que Freud trilhou para a descoberta do inconsciente. Para o inconsciente, não existem as noções de passado e presente e os conteúdos podem já terem sido conscientes ou podem ser genuinamente inconscientes.