Belo Horizonte, 9 de agosto de 2011 Cautela e sacrifícios - jornal Folha de São Paulo reportagem publicada às 07h02 pelo repórter Valdo Cruz A palavra de ordem dentro do governo, por enquanto, é de cautela na economia. Afinal, como disse ontem a presidente Dilma, o momento não é para brincadeira. Nada de excessos. Mas se a crise continuar se agravando no ritmo atual, pode apostar, vai começar a campanha dentro do governo pela queda na taxa de juros. Afinal, o Palácio do Planalto já não considera mais a inflação, no momento atual, o principal problema brasileiro. Pelo contrário, o agravamento da crise é classificado de "benéfico" para o combate à inflação, já que vai desacelerar a economia mundial e, por tabela, a brasileira. Tanto que a equipe de Dilma já dá como encerrado o ciclo de alta da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central para segurar as pressões inflacionárias. O agravamento da crise já vai providenciar a dose extra necessária para domar a inflação e fazer os índices de preços convergirem para a meta de 4,5% em 2012. Agora, se a crise só piorar, e derrubar ainda mais a economia, tanto lá fora como aqui dentro, a tendência é que o BC comece a ser pressionado para iniciar, antes do previsto, um processo de redução dos juros. Este não é, porém, o cenário desenhado dentro do Banco Central. A autoridade monetária não assume publicamente que vá interromper o ciclo de cinco elevações na taxa básica, que fez a Selic passar de 10,75% para 12,5% ao ano. Mas isso é líquido e certo. O que não é nada líquido e certo é que o BC fará alguma redução nos juros antes do próximo ano. No cenário atual, tudo indica que isso não acontecerá. Fica para 2012 algum corte na Selic. Ou seja, o BC prefere a cautela, palavra repetida inúmeras vezes ontem nas reuniões da equipe econômica. Cautela que deve levar o governo Dilma, pelo menos nesse primeiro momento, a não repetir as mesmas medidas adotadas pelo governo Lula durante a crise de 2008 para evitar um tombo na economia, quando o Tesouro abriu o caixa para estimular a atividade econômica. Primeiro, porque, até aqui, nada indica que o crescimento vá recuar tanto quanto em 2009. Segundo, porque não há lá muita folga no Orçamento para abrir o saco de bondades e sair distribuindo incentivos para a economia. Além das desonerações já concedidas na política industrial, o Orçamento do próximo ano vai estar pressionado pelo reajuste real de 7,5% a ser concedido para o salário mínimo. Enfim, o momento é, mesmo, de cautela. Dilma não quer perder o controle da economia no seu primeiro ano de governo. Sabe que, se for preciso fazer algum sacrifício, que seja agora. Exatamente para não ter de sacrificar o ritmo do crescimento econômico nos anos seguintes. Mundo em transição fortalece os Brics - Vera Saavedra Durão para o Valor Online A avaliação é do embaixador Gilberto Fonseca-Guimarães de Moura, diretor do Departamento de Mecanismos Inter-Regionais (DMR) do Ministério das Relações Exteriores, em palestra feita no Centro de Estudos Políticos dos Brics, da PUC, no Rio. Para ele, "o mundo vive hoje um grande momento de transição. Uma transição muito longa, pois caso seja rápida, será traumática para todos." No contexto de mudança global, Moura prevê que os Brics vão se fazer ouvir, pois, com a crise, os países ricos vão ser questionados. "E algum tipo de ajuste será feito na governança global". Ele vê os Brics como uma resposta a esse repensamento da estrutura global atual, tanto em termos políticos, quanto econômico-financeiro. "Fóruns internacionais envelhecendo." criados no mundo pós-guerra, como a própria ONU, estão No futuro, qualquer país que almeje se destacar como líder global não pode querer reproduzir visões arcaicas que dividiram o mundo entre Norte e Sul, diz. "O líder mundial do futuro não pode querer as coisas só para si. Se estamos lutando contra isso, contra um ou dois países dominando o mundo, seria um contrasenso reproduzir práticas passadas". Os diversas grupos de países que vêm despontando, como os Brics, o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), o G-20, o G-15, a Unasul, entre outros, espelham a grande necessidade de mudanças. "Está evidente que o status quo do planeta não é o adequado". Segundo ele, não é possível mais nos dias de hoje ignorar um país como a China. E nem mesmos outros países de dimensões continentais como Rússia, Índia e Brasil. "Não é possível ignorar os Brics. Eles incomodam." O diplomata reconhece que o grupo não tem uma unidade de pensamento, dados os interesses diferentes e por vezes divergentes. "Eles são países baleias, enormes, bisonhos." Mas reconhece que estão trabalhando no sentido de desenvolver "uma cumplicidade positiva" em busca da consolidação de posições comuns em relação aos diversos temas globais. "Os Brics têm realizado encontros anuais para desenvolver um diálogo político. No último encontro, em abril, na cidade de Sanya, na China, Rússia e China reconheceram a aspiração de Brasil, Índia e África do Sul de lograrem desempenhar "um papel mais protagônico" nas Nações Unidas", relatou. Como bloco, os Brics estão avançando, disse Moura, lembrando que consta da declaração de Sanya a reforma do FMI com participação maior dos países emergentes no Fundo, a reforma do sistema monetário internacional por meio de um sistema de reservas internacionais abrangentes, capaz de proporcionar segurança e estabilidade, dentre outras questões. Para o diplomata, o tema das reservas é muito atual e poderá avançar na próxima cúpula, que acontece em 20 de março de 2012, na Índia. Propostas para a criação de uma cesta de moedas para atenuar a presença de dólares e títulos da dívida pública americana no portfólio das reservas dos países Brics certamente estarão em debate. Somente a China detém US$ 1 trilhão em títulos da dívida americana no seu portfólio de reservas, enquanto o Brasil possui 60% desses títulos em suas reservas. Para o embaixador, o grupo de emergentes caminha para uma configuração mais política, se distanciando cada vez mais do que foi sua origem no banco americano Goldman Sachs. Mantega vê Brasil mais preparado e promete medidas se crise se agravar Martha Beck e Geralda Doca para o jornal O Globo BRASÍLIA. O tremor na economia global está em 2,2 pontos na escala Richter, avaliou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, bem inferior aos “8,8 pontos das turbulências registradas em 2008”. Ele disse que, embora a crise tenha se agravado nos últimos dias — especialmente com o rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard&Poor;’s, que ele considerou de “forçação de barra” e política —, o Brasil está mais preparado para enfrentá-la e fará isso com uma política fiscal austera e com ações para dar mais competitividade à indústria. — É claro que uma crise sempre é inesperada. Nos países avançados, por exemplo, ela nunca terminou, entrou numa fase crônica. Ela está algo como 2,2 na escala Richter. Em 2008, chegamos a 8,8. Espero que não vá adiante, mas, se for, armamento não (nos) falta — disse. O ministro prometeu fazer superávits primários elevados: — Eu prometo a vocês uma surpresa fiscal a cada mês. Nem adianta pedir aumento de salário. Não estaremos admitindo aumento de gastos de nenhuma natureza neste momento, isso nos distingue de outros países. Outra linha de ação será o fortalecimento da indústria nacional, pois a crise deve agravar a guerra cambial e a concorrência com importados. Segundo ele, se o dólar voltar a cair fortemente, o governo vai adotar mais medidas restritivas nas operações com derivativos. Se houver escassez de recursos, o crédito virá com reservas internacionais. “G-7 não está dando conta do recado”, diz Mantega Para Mantega, a percepção do mercado de que o mundo caminha para uma recessão foi o que motivou a forte queda nas bolsas nos últimos dias. O ministro disse que o rebaixamento dos EUA foi uma “forçação de barra”, pois o dólar continua sendo uma moeda sólida e os investidores migram para ele ao sair da bolsa. Ele destacou que os países do G-20 (grupo que inclui as principais economias emergentes) discutiram a instabilidade no fim de semana: — O G-7 (maiores economias do mundo) não está dando conta do recado. Por isso, é importante que o G-20 entre para ajudar a estancar a sangria nas bolsas. Se o quadro atual perdurar, pode haver perda de riquezas. Temos que afastar esse perigo. O diretor de política externa do Banco Central (BC), Luiz Pereira, afirmou que a instituição não trabalha com uma desaceleração brusca da economia mundial como cenário base, mas com uma desaceleração lenta. — Temos uma economia dinâmica, que está excessivamente bem preparada para enfrentar um leque bastante amplo de situação de mercado externo. O secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, não crê em alta do dólar: — Não há cenário de desvalorização acentuada do real. Canais de contágio - Editorial jornal O Globo Três grandes perguntas rondaram o país ontem: Como a crise afeta o Brasil? Por que a bolsa brasileira caiu mais que as outras? Teremos de novo uma crise como a de 2008? Começarei pela última. Não é uma crise como a de 2008. Por enquanto, é menor. Ainda é só uma forte queda das bolsas, muita instabilidade no mercado de moedas e redução dos preços de commodities. Nos afeta pela queda dos preços dos produtos que o Brasil exporta. Isso pode aumentar o déficit que o país tem nas contas externas. A bolsa brasileira tem uma representação exagerada de empresas ligadas às commodities. Essa é uma das razões pelas quais ela cai mais. A queda não é sinal de que a economia brasileira está pior do que as outras. Mas o Brasil não é inatingível. Se a perspectiva é de crescimento menor do mundo, o Brasil cresce menos também. Não temos aquele volume espantoso de poupança da China, com a qual ela aumenta o investimento para produzir uma demanda crescente doméstica, para compensar uma recessão mundial. Ontem, o mercado amanheceu pessimista, mas sem pânico, na Ásia. Ficou mais nervoso na Europa. E houve um momento de pânico em que o Ibovespa desabou e as bolsas americanas caíram fortemente logo após a fala vazia do presidente americano, Barack Obama. Criar expectativas para dizer nada é a melhor forma de derrubar mercados já em si nervosos. Do que os mercados têm medo? De uma recessão mundial; de a Zona do Euro não conseguir resgatar a Itália e a Espanha, que juntas somam 11 Grécias. Por isso, esperam a reunião de hoje do BC americano. Acham que ele aprovará uma nova rodada de expansão monetária. Se aprovar, será um alívio. Mas pequeno. Não será a solução. A situação, por enquanto, é melhor do que em 2008, porque naquela época houve quebra de bancos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, houve sérios problemas em algumas empresas que estavam com muitas operações no mercado futuro de câmbio. Como o dólar saiu de R$1,55 para R$2,38 em dois meses, e elas apostavam em queda, tiveram prejuízos enormes. Agora elas estão menos alavancadas, segundo o que se ouve tanto no Banco Central quanto no mercado. Mesmo assim, há outros canais pelos quais a economia brasileira pode ser atingida. O preço das commodities está em queda nos últimos dias. Ainda é queda discreta e não atinge nossos principais produtos. Se houver recessão mundial, elas cairão, certamente, e são elas que garantem o superávit comercial brasileiro. O petróleo caiu 16% em um mês, mas o importante para nós são outras mercadorias, como soja, minério de ferro, açúcar. A soja, segundo Fábio Silveira, da RC Consultores, está ainda em alta de 42% de janeiro a julho, comparado com o mesmo período do ano passado. O minério de ferro teve alta de 87% em 2010 e de 60% este ano. O açúcar, alta de 41% de janeiro a julho. Mesmo assim, o índice que junta todas as commodities, o CRB, publicado no “Financial Times”, mostra queda de 4,5% este ano, e no ano passado teve alta de 21%. — Na bolsa brasileira, o setor de commodities está super-representado; 30% é Vale e Petrobras, mas elas juntas não são 30% da economia brasileira. Se agregar aço e alimentos, fica ainda maior. Por isso a perspectiva de queda de commodities afeta tanto a bolsa brasileira — diz Alexandre Schwartsman. A analista da MB Agro Ana Laura Menegatti acha que os produtos agrícolas podem não cair muito, apesar da crise internacional, porque há baixos estoques e a demanda vem dos emergentes. Já as metálicas devem cair mais. O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros acredita que o Brasil de novo é punido por ter um mercado mais sofisticado do que outros países. — Se você precisar vender Colômbia num momento desses, não consegue. Aí, quem está tendo prejuízo em algum lugar vende ações num país onde há liquidez e mercado futuro, como o Brasil. Isso é que provoca esse exagero de quedas no país. A RC Consultores informou que espera os seguintes movimentos: menos especulação nos mercados futuros; queda dos preços das commodities; menos inflação no resto do mundo; mercado de ações fraco; crescimento menor no Brasil: 3,5% este ano e 3,3% no ano que vem. O cenário de queda das commodities é o mais comum, no governo e no mercado. — Temos podido consumir mais do que o PIB porque os preços dos produtos que o Brasil exporta têm subido extraordinariamente. Se eles caem, o Brasil cresce menos — diz Schwartsman. Há um exagero nas quedas dos últimos dias. Porém, há riscos à frente com o rebaixamento americano. Se a Moody’s também rebaixar, vai ser um Deus nos acuda. Muitos fundos de investimento têm um espaço menor em carteira para títulos de duplo A. Teriam que vender. Alguns administradores de reservas de países terão também que vender títulos do Tesouro americano. Um primeiro rebaixamento é ruim; um segundo, é péssimo. Alexandre acha que não vai acontecer. Ontem, a Moody’s soltou nota no estilo “quem avisa, amigo é”. A Moody’s já pôs em atenção a dívida, em comunicado no mês passado, e ontem disse que se o ajuste fiscal não for confiável poderá mexer na nota. Mas o pior perigo ainda mora na Europa. Simon sugere a Dilma que investigue todas denúncias - JORNAL DO SENADO, DF Senador recomenda à presidente que determine a apuração de toda e qualquer suspeita de corrupção em seu governo, sem ceder a pressões políticas ou partidárias Pedro Simon: "O governo é dela e ela tem que ser firme e enérgica" Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu ontem à presidente Dilma Rousseff que determine que toda e qualquer suspeita de irregularidade ou corrupção em seu governo seja investigada. Para o senador, a presidente precisa ser firme e determinada e não ceder a pressões políticas ou partidárias, independentemente do poder e força dos envolvidos. Ele citou como exemplo as recentes denúncias contra membros do Ministério da Agricultura, comandado pelo peemedebista Wagner Rossi. - O governo é dela e ela tem que ser firme. Ela tem que ser enérgica. O que está acontecendo na pasta da Agricultura é sério. Se tiver que limpar, tem que limpar! Quando Sua Excelência diz que está enquadrando os ministros, isso está correto afirmou. Na opinião de Simon, a presidente Dilma tem, até agora, agido a contento frente aos casos de irregularidades em seu governo, o que a diferencia de seus antecessores Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, Dilma precisa continuar no mesmo tom, determinando as investigações necessárias e afastando do governo "quem precisa ser afastado", mesmo que seja do PT ou do PMDB. - O fato novo é que a Dilma tem tido coragem. A presidente tem que continuar assim. Que ela tenha coragem de fazer as coisas. Acho que ela precisa fazer - disse Simon, ao afirmar que Dilma conta com o apoio de muitos parlamentares, do governo e da oposição, para continuar combatendo a corrupção. Entretanto, o senador questionou a saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa. Para ele, a presidente Dilma "agiu açodadamente" nesse caso. Simon elogiou a capacidade do ex-ministro e afirmou que Jobim exerceu de maneira competente todos os cargos que ocupou nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma. Ele acredita que a presidente agiu de maneira precipitada, pois, em sua opinião, Jobim não cometeu erros graves. O senador sugeriu também que Dilma tenha mais "jogo de cintura" daqui para frente. Em apartes, os senadores Paulo Paim (PT-RS), Blairo Maggi (PR-MT) e Pedro Taques (PDT-MT) apoiaram e concordaram com o discurso. De acordo com Paim, ao desejar que a presidente tenha um bom mandato no que se refere ao combate à corrupção, Simon está defendendo o país. Maggi disse esperar que a presidente aja da mesma maneira com as denúncias contra a COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) como agiu frente às denúncias contra o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). - A atitude que foi tomada no Dnit deve ser tomada na CONAB - declarou Maggi. Pedro Taques também disse apoiar a "faxina" que a presidente da República estaria promovendo em ministérios e outros órgãos. O escândalo na Agricultura - (Artigo) jornal Folha de SP A primeira reação pública da presidente Dilma Rousseff às denúncias de grossa corrupção no Ministério dos Transportes foi a de dar um voto de confiança ao seu titular Alfredo Nascimento, a ponto de lhe atribuir o comando das investigações dos malfeitos. Dois dias depois, quando se revelou que o patrimônio de uma empresa do filho de Nascimento havia crescido inimagináveis 86.500% em dois anos, a presidente deu o dito pelo não dito. Ou, nas palavras do já ex-ministro, ao depor no Congresso, retiroulhe o apoio prometido. A história - ou, pelo menos, a sua primeira parte - se repete. No domingo, um dia depois de a revista Veja noticiar que um influente lobista aboletado no Ministério da Agricultura, Júlio Fróes, teria uma gravação na qual o secretário executivo da pasta, Milton Ortolan, exigiria 10% de propina para renovar o contrato de uma gráfica com o órgão, o Planalto informou que a presidente "reitera sua confiança" no ministro Wagner Rossi, que está tomando "todas as providências necessárias". A essa altura, Ortolan, que se declara amigo de Rossi há 25 anos e foi seu chefe de gabinete, havia se demitido, embora protestando inocência. O ministro também soltara uma nota dizendo não ter a menor ideia de quem era Fróes, o lobista. Na semana anterior, Rossi já tinha sido colocado na berlinda por um ex-diretor financeiro da CONAB, Oscar Jucá Neto, demitido por mandar pagar uma fatura de R$ 8 milhões a uma empresa fantasma. Irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá, ele afirmou que "só tem bandido" na pasta e na CONAB. Rossi foi se explicar a uma comissão da Câmara - conforme instrução da presidente a todos os ministros em situação similar -, onde foi tratado na palma da mão pelos correligionários do PMDB, parceiros da base aliada e até parlamentares da oposição. Mas, à parte a confiança de Dilma, as coisas mudaram de figura para o apadrinhado do dirigente da sigla e vicepresidente, Michel Temer. Em primeiro lugar, o relato da Veja não ficou na acusação de Fróes. Fala dos espaços de que ele dispunha, fazendo lembrar o poder exercido nos Transportes por um pseudosservidor que agia a mando do deputado Valdemar Costa Neto, um dos chefões do PR que controlavam a pasta. Entre outros feitos, Fróes chegou a redigir o equivalente à minuta de um contrato de R$ 9 milhões com a Fundação São Paulo, presidida por ele mesmo e mantenedora da PUC paulista. Rossi autorizou a contratação a toque de caixa. Depois, testemunhas teriam visto Fróes distribuindo pastas com dinheiro aos que o ajudaram no contrato. Além disso, segundo a Folha de S.Paulo e O Globo, Rossi - que dirigia a CONAB havia três anos quando foi promovido a ministro por Lula em março de 2010 - transformou numa sesmaria peemedebista, com vagas para o PTB e o PT, o organismo com um orçamento da ordem de R$ 2,8 bilhões. Nos seus cabides estão pendurados um filho do senador alagoano Renan Calheiros, um neto do senador cearense Mauro Benevides, um sobrinho do falecido político paulista Orestes Quércia e a ex-mulher do líder do partido na Câmara, Henrique Alves. Rossi, oriundo do quercismo, voltará a depor no Congresso amanhã, desta vez na Comissão de Agricultura do Senado. Mas, enquanto não se materializar o espectro que ronda todas as autoridades na mira da imprensa - um letal "fato novo" -, ele tem as costas quentes. A sua queda não interessa nem à presidente nem aos sócios da coalizão governista, a começar do PT. Para Dilma, um coisa é afrontar o PR - e ainda assim, mordendo e assoprando -, outra é provocar o PMDB de Michel Temer, unido como nunca esteve, cujos 78 deputados e 20 senadores fazem da sigla a maior força do Congresso. O PT, por sua vez, tem um motivo capital para não criar marola. É o fundamentado temor de que, à primeira denúncia que espocar contra um companheiro, os aliados darão à oposição as assinaturas para a CPI sobre escândalos que o governo barrou no caso do PR. "É perigoso dar um tratamento isonômico a situações diferentes", teoriza o senador petista Walter Pinheiro. Mas o deixa-disso deixa Dilma cada vez mais debilitada diante da tigrada. PESQUISADORES DA UNESP FAZEM MAPEAMENTO GENÉTICO DO BOI ZEBU – reportagem publicada em: 09/08/2011- Globo Rural | da Redação A pesquisa vai permitir um controle melhor na seleção dos animais. O gado zebu representa hoje 90% do rebanho nacional. O mapeamento genético do gado zebu foi feito por um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, na unidade de Araçatuba, noroeste de São Paulo. O trabalho levou dois anos para ser concluído e envolveu 30 pesquisadores do Brasil e do exterior. O gabo zebu representa hoje 90% do rebanho nacional e os pesquisadores acreditam que o mapeamento genético poderá acelerar o aprimoramento da raça. O trabalho científico foi feito com base em células de um touro batizado de Futuro. A espécie tem origem na Índia e é conhecida pela grande resistência. Segundo José Fernando Garcia, professor da Unesp, com o mapeamento genético, é possível saber tudo sobre o bezerro, como o peso que ele deve atingir na idade adulta, se a carne será macia e quando ele estará pronto para o abate. Os dados foram armazenados em chips e vão servir de parâmetro para comparar o código genético dos animais. Assim, com um exame de DNA, o pecuarista vai saber qual touro tem ou não as características desejadas, como ganho de peso, maciez e índice de gordura da carne. Só os melhores serão usados como reprodutores. O estudo também teve colaboração de cientistas da Europa e dos Estados Unidos. Para Tad Sonstegard, pesquisador do Departamento Americano de Agricultura, o melhoramento genético é fundamental para garantir a produção de alimentos no futuro. A pesquisa durou dois anos e foram gastos US$ 500 mil. Pecuária avalia impacto da crise dos EUA – Marcela Caetano para o portal DBO Dirigentes não descartam a possibilidade de queda de exportações de carnes com a crise na maior economia mundial A crise nos Estados Unidos, em razão do rebaixamento da nota de crédito do país pela agência internacional de risco Standard and Poor´s, na quinta-feira, derrubou bolsas no mundo todo nesta segunda-feira. O impacto na agropecuária deste momento da economia norte-americana divide opiniões entre as lideranças do setor. Para o Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Carlo Lovatelli, ainda é cedo para avialiar o quanto a crise deve perdurar. “Mas um país que começa ter um problema desse tipo começa a cortar gastos. É tendência natural se perdurar a crise”, avalia o dirigente. A avaliação foi feita durante o 10° Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado nesta segunda-feira, 8, em São Paulo. Segundo ele, se a maior economia do mundo tem problemas sérios, isto fatalmente atingirá o Brasil dentro da sua performance de exportação. “Os mercados vão ficar mais encolhidos, mais seletivos, reduzidos às opções locais e vão tentar não importar”, disse. Para ele, o Brasil deve trabalhar para manter os custos de seus produtos baixos, para que o país não corra o risco de não colocar os produtos no mercado externo. “E quase rezar para que a economia no Hemisfério Norte não sofra o abalo sísmico esperado por alguns especuladores.” Por outro lado, o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, destacou que a demanda continua firme, no caso da carne, e os países capazes de atendê-la continuam poucos. “E o Brasil, sem dúvida, é o que mais tem condições de fazer isso.” Sebastião Costa Guedes, diretor de Sanidade Animal do Conselho Nacional de Pecuária de Corte, (CNPC), cocnorda. Ele acredita que a crise “é de secundária importância no aspecto prático para a pecuária. Mercado de fertilizantes orgânicos cresce e se diversifica no país - EPTV Emissoras Pioneiras de Televisão Embora o Brasil seja o mercado de fertilizantes que mais cresce no mundo, o cenário dos orgânicos está mudando para melhor. Com a modernização industrial e investimentos em tecnologia e pesquisa, o mercado orgânico oferece cada vez mais opções além das tradicionais hortaliças e leguminosas. Atualmente, é possível encontrar nas prateleiras uma crescente variedade de produtos como bolachas, sucos, pães, carnes e cosméticos. De acordo com a Associação Brasileira de Orgânicos (Brasilbio), há cinco anos, os preços dos orgânicos eram, em média, 70% superiores aos convencionais. Hoje, o valor é 30% maior. “O mercado está com um crescimento anual que varia entre 20% e 30%, o que é bastante promissor”, conta Sandra Caires Sabóia, gerente comercial de alimentos orgânicos de uma rede de supermercados. Para uma parcela da população, a falta de informações e os preços ainda elevados em relação aos produtos convencionais são empecilhos para aumentar o consumo de orgânicos. Além disso, produtores da área dizem que há falta de apoio e incentivos por parte do governo e da legislação vigente, que não estimula o crescimento da produção brasileira de orgânicos. Mas no exterior, principalmente na Europa, o cenário é diferente. “Diferentemente do que acontece por aqui, os governos europeus incentivam os produtores a trabalhar com orgânicos”, afirma Sandra. “A produção brasileira ainda é muito pequena, e é muito caro abrir o negócio. O governo precisa investir mais nos produtores rurais, por meio de uma legislação favorável e medidas de incentivo que impulsionem a nossa produção.” Câmara aprova prazo para laticínio enviar preço do leite - DCI - Diário do Comércio & Indústria Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou proposta que obriga o laticínio a informar ao produtor de leite o preço pago pelo litro do produto até o dia 25 do mês anterior à entrega. A proposta tramita em caráter conclusivo e seguirá para o Senado, a menos que haja recurso para ser votada pelo Plenário. O texto foi aprovado na forma de substitutivo da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural ao Projeto de Lei 547/03, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). Pela proposta, caso descumpra a determinação, o laticínio terá de pagar ao produtor o maior preço praticado no mercado. Tecnologia da Embrapa eleva qualidade do café - DCI - Diário do Comércio & Indústria e MAPA Brasília - Depois de onze anos, a Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está chegando ao estágio final da pesquisa sobre o uso do estresse hídrico em café irrigado. A técnica desenvolvida consiste em deixar as plantas sem água, na condição de estresse hídrico, durante um período de 72 dias, sendo o período ideal entre 24 de junho e 4 de setembro. Nesta situação, a floração se dá de maneira uniforme e os grãos cereja aparecem ao mesmo tempo. De acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Antônio Guerra, com a utilização desta tecnologia foi constatado um aumento de frutos cereja superior a 50%. "Isso proporciona melhoria na qualidade do produto, tanto no aspecto físico, quanto na qualidade da bebida". Com relação à produtividade, os ganhos chegam a 15%, "devido ao melhor enchimento de grãos e à redução de grãos defeituosos", explica o pesquisador. O modelo também promove a queda no custo da produção. Cerca de 35% da água e da energia necessárias para a irrigação são economizadas. Para Guerra, trata-se de uma ótima alternativa ao produtor. "Não há necessidade de investimento e é possível usar a água economizada para outras finalidades", explica. O pesquisador é engenheiro agrícola e PhD em engenharia de irrigação. Cafeicultores da Bahia, Goiás e Minas Gerais participam da pesquisa. A Embrapa estima que mais de 10 mil hectares de café sejam cultivados com o método. O produtor Guy Carvalho usa a técnica há 5 anos e confirma a eficácia. "Melhorou a qualidade do nosso café e colaborou com a produtividade", comemora.