ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA MÓDULO 6 O COMPOSTO DE MARKETING Índice 1. O Composto de Marketing ......................................... 3 1.1. O produto ................................................................... 4 1.2. O preço ...................................................................... 4 1.3. A praça ...................................................................... 5 1.4. A promoção ................................................................ 5 2. Escopo de marketing ................................................ 5 3. O marketing é uma ciência ou não: o conceito de ciência 7 4. Sinopse da evolução dos conceitos de marketing ........... 8 2 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing 1. O COMPOSTO DE MARKETING O composto de marketing, também conhecido com mix de marketing, ou, no inglês, marketing mix, ou simplesmente conhecido como 4P’s, representativos das siglas de conteúdo, pode ser entendido como o conjunto de ferramentas de marketing que as organizações e instituições usam para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo (Kotler, 2000, p.37). E. Jerome McCarthy é o autor norte-americano criador dos “4P’s”, produto, preço, praça e promoção, que formam o “composto de marketing”. O conceito foi depois popularizado por Philip Kotler. McCarthy é professor de marketing da Universidade Estadual de Michigan, das Universidades de Oregon e da Notre Dame, autor de vários livros-texto utilizados até hoje em Universidades e Faculdades de Administração e Marketing no mundo todo. Além disso, ele também é conhecido pelas inúmeras consultorias de estratégia de marketing prestadas a muitas empresas norte-americanas e estrangeiras. No Brasil, o livro Marketing essencial (publicado pela editora Atlas e em coautoria com William D. Perreault) é uma ótima fonte de pesquisa sobre marketing. O composto de marketing é conhecido no escopo mercadológico como 4P’s porque cada “P” representa seu próprio conteúdo, o que facilita bastante sua compreensão. A saber: • produto (product); • preço (price); • praça (place); • promoção (promotion). Segundo McCarthy, para as organizações alcançarem a sua missão, é necessário que realizem a interação entre cada um dos “P’s” citados acima. Como resultado desta interação, advirá o resultado financeiro positivo; isso, claro, se o uso do composto de marketing for coerente, portanto, estruturado e condizente com a realidade da organização, seu mercado, seus clientes, fornecedores etc., frente a sua proposição de mercado (missão que cada negócio propõe atender a partir de si mesmo – sua identidade). Esquematicamente, o composto de marketing frente à missão da organização e seus objetivos, na figura dos 4P’s, pode ser assim representado: 3 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing Para se entender a importância dos 4P’s, é necessário compreender que, para satisfazer as necessidades dos clientes-alvo, é indispensável a interação entre os 4P’s; por exemplo, para a organização oferecer produtos ou serviços, é necessário que estes possuam qualidade, modelos e estilos atrativos para o cliente, nome, uma marca, estejam disponíveis para consumo, tenham praça, preço que atenda ao valor esperado pelo cliente e que se estabeleça uma comunicação para saber o que é vendido, a quem é vendido, onde, quando e como é vendido (Giuliani, 2003, p.26). Seguem, resumidamente, as definições de cada um dos elementos do composto de marketing (4P’s): 1.1. O PRODUTO Em suma, o produto refere-se ao que os homens de marketing da concepção de estratégias oferecem ao cliente com o propósito de trocar, podendo ser produto (bem) ou serviço (intangível); portanto, faz-se necessário que esses produtos sejam possuidores de qualidade, estilos característicos que atendam ao cliente, marca bem-posicionada, embalagens atraentes e sedutoras, e com composto de serviços de marketing que assegure benefícios pessoais, os quais são bons sentimentos que os clientes experimentam pela compra, propriedade e uso de produtos, ou pelo reconhecimento de serviços (Giuliani, 2003, p.27). Logo, tenha em mente que o produto não se limita a bens físicos (McCarthy, 1997, p.46), assim como citado acima. É importante também relembrar que o produto ou o serviço deve satisfazer algumas necessidades dos consumidores, sendo esta portanto, sua função maior. 1.2. O PREÇO De forma ampla, o preço constituí a quantidade de dinheiro, ou outros recursos, que deve ser utilizada para a realização de uma troca; com a entrega do dinheiro, obtém-se o produto ou serviço almejado. Nesse aspecto, é relevante considerar os custos e as despesas na formação do preço, em qual segmento está concentrado, procurando utilizar estratégias de preço alto, médio ou baixo. Os preços oferecidos agregam valor aos clientes; o desconto e o prazo de pagamento são atrativos. 4 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing Ao fixar um preço, McCarthy (1997) destaca que os profissionais de marketing devem considerar o tipo de concorrência no mercado-alvo e o custo total do composto de marketing. Devem também tentar estimar a reação do consumidor a possíveis preços. Além disso, é importante que conheçam práticas atuais, como mark-up, descontos e outras condições da venda. 1.3. A PRAÇA Também conhecida como canal de distribuição, refere-se a como os produtos e serviços são entregues aos mercados para se tornarem disponíveis para troca, não deixando faltar produto em nenhum mercado importante. Para isso, devem-se selecionar depósitos, fábricas, distribuidores para suprir as necessidades de consumo através de recursos que fazem com que o produto chegue ao mercado no momento certo. O canal de distribuição, portanto, pode ser entendido, resumidamente, como qualquer conjunto de empresas (ou indivíduos) situado entre o produtor e o consumidor ou usuário final, sendo que tais indivíduos podem estar ligados diretamente ou indiretamente à organização produtora, à organização repassadora e/ou, ainda, ser o usuário ou cliente final (consumidor). 1.4. A PROMOÇÃO A promoção refere-se ao uso, de forma inovadora e criativa, das ferramentas promocionais, como a propaganda, a publicidade, a venda pessoal, a promoção de vendas, as relações públicas, o merchandising e o marketing direto na busca por formar, convencer e lembrar os clientes sobre produtos ou serviços. Trata-se de comunicar o mercado-alvo sobre o produto certo e nas condições certas. Ela ainda pode ser entendida como composto de comunicação. Os elementos que compõem o composto de marketing não devem ser separados. Sua atuação é coordenada e conjunta, e deve mobilizar os recursos da organização (humanos, instrumentais e conhecimentos) para fazer face às ameaças e oportunidades advindas dos fatores externos à organização ou instituição — fatores ou variáveis incontroláveis. 2. ESCOPO DE MARKETING A definição de escopo de marketing é abrangente, pois envolve áreas bastante diversas dentro do contexto de ação do marketing. Segundo Cobra (1997, p.24), o escopo do marketing envolve: • • • • • • o composto de marketing (4P’s: produto, preço, praça e promoção); o comportamento do consumidor; as compras; a administração de vendas; a gerência do produto; a comunicação mercadológica; 5 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing • o marketing comparativo; • o marketing social; • a eficácia da produtividade do sistema de marketing; • o papel do marketing no desenvolvimento econômico; • a embalagem; • as vias de distribuição e a distribuição física – portanto, a logística envolvida; • a pesquisa mercadológica; • os aspectos sociais e ecológicos no marketing; • o varejo; • o atacado; • a responsabilidade social do marketing, dentre outros aspectos. Sem dúvida, a visão de Cobra sobre o escopo de marketing é abrangente. Neste sentido, ajuda a compreender que o escopo de marketing envolve as ações e responsabilidades de marketing; com isso, descreve – de certa forma – a que o marketing se destina. É importante destacar que os 4P’s de McCarhty foram mencionados por Cobra assim como são mencionados por muitos outros autores que corroboram tal ideia. Aliás, muitos concordam que os 4P’s representam um dos significativos esforços para definir e explicar o escopo de marketing. Em 1972, surgiram, na Conferência de Inverso da American Marketing Association (AMA), alguns comentários de Kotler concernentes à desejável classificação dos fenômenos de marketing, usando os conceitos de micro, macro, normativo e positivo. Kotler (1972) então propôs o esquema em que, em marketing, todos os fenômenos, fatos, problemas, modelos, teorias e pesquisas podem ser classificados em três categorias dicotômicas, de: • setor que visa ao lucro ou setor que não visa ao lucro; • micro ou macro: micro refere-se às atividades de marketing de unidades individuais, normalmente organizações individuais (firmas) e consumidores ou domicílios. Macro refere-se ao nível de agregação, usualmente sistemas de marketing ou grupos de consumidores; • positivo ou normativo: a dicotomia “positivo/normativo” prevê categorias baseadas em focos de análises primariamente descritivas ou prescritivas. O marketing positivo adita a perspectiva de tender a descrever, explanar, predizer e entender as atividades de marketing, processos e fenômenos atuais. O marketing normativo, em contraste com o marketing positivo, tende a estabelecer o que as organizações de marketing devem ter e que espécie de sistemas de marketing uma sociedade deve ter. Já em 2006, na 12ª edição de seu livro, Administração de marketing, Kotler (p.6-7) aponta o composto de marketing de maneira menos complexa, mas não menos clara, apresentado que o marketing aplica-se a: • • • • bens; serviços; eventos; experiências; 6 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing • • • • • • pessoas; lugares; propriedades; organizações; informações; ideias. Nota de leitura: leitura sugerida: leia o capítulo 1 do livro Administração de marketing (12ª edição, em 2006), de Philip Kotler e Kevin Lane Keller (editora Pearson-Prentice Hall). As proposições de Kotler, em 1972, acabaram por produzir uma discussão bastante significativa sobre o marketing: “marketing é ou não é uma ciência?”. 3. O MARKETING É UMA CIÊNCIA OU NÃO: O CONCEITO DE CIÊNCIA Sabe-se que a ciência refere-se à investigação profunda e técnica, portanto, acurada (lógica) ou o estudo da natureza, buscando a constatação ou descoberta da verdade. A investigação é, ou deve ser metódica, ou seja, de acordo com o método científico, que é um processo de avaliar o conhecimento empírico. Nesse sentido, a ciência refere-se à pesquisa. A ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico. O conhecimento científico depende muito da lógica. Sabe-se também que as áreas da ciência podem ser classificadas em duas grandes dimensões: • pura (o desenvolvimento de teorias) versus aplicada (a aplicação de teorias às necessidades humanas); ou • natural (o estudo do mundo natural) versus social (o estudo do comportamento humano e da sociedade). Menos formalmente, a palavra ciência, geralmente, abrange qualquer campo sistemático de estudo ou o conhecimento obtido desse. Pode ser usada genericamente. As ciências, no estado em que se encontram atualmente, são o resultado de tentativas ocasionais e de pesquisas cada vez mais metódicas e científicas nas etapas posteriores. A ciência é, portanto, uma das poucas realidades que podem ser legadas às próximas gerações. Cada época elabora suas teorias, segundo o nível de evolução em que se encontra, substituindo as antigas, que passam a ser consideradas como superadas e anacrônicas – ultrapassadas ou fora de moda (Cervo; Bervian, 2002, p.5). Segundo Robert Buzzell, a ciência é um conjunto classificado e sistematizado de conhecimentos. Ela é organizada através de uma ou mais teorias centrais e um número de princípios gerais, que são, normalmente, expressos em termos quantitativos, conhecimentos que permitem a predição 7 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing e, sob certas circunstâncias, o controle de eventos futuros. Para Buzzell, o marketing detém os requisitos centrais da teoria para ser classificado como ciência (Cobra, 1997, p.26). Já para Kenneth D. Hutchinson, existe uma razão real pela qual o campo de marketing tem se desenvolvido lentamente, como um conjunto único de teoria. E isso é simples: marketing não é uma ciência. Ele é, antes, uma arte ou uma prática, e, como tal, mais fechada; mais comparável com a engenharia, a medicina e a arquitetura do que com a física, a química e a biologia. A profissão do médico estabelece, por exemplo, que seus membros são denominados “praticantes” da medicina, mas não “cientistas” (Cobra, 1997, p.26). Na tentativa de assumir o marketing como ciência ou não, Shelby Hunt faz a seguinte análise e conclui: “Se por exemplo, o domínio conceitual do marketing é lucrativo/micronormativo e provavelmente o marketing não pode ser uma ciência. Se, no entanto, o domínio conceitual do marketing inclui ambos os fenômenos micropositivo e macropositivo, então marketing é uma ciência. Se a amplitude do marketing inclui comportamento do consumidor, marketing de instituições, canais mercadológicos e a eficiência de sistemas de distribuição, então não há razão para que os estudos desses fenômenos não sejam designação de ciência” (Hunt, 1976). Enfim, talvez seja mais seguro assumir a posição de que marketing não é uma ciência; com isso, pelo menos se pode dizer que ele se apropria de condições ou métodos científicos em muitos momentos para se fazer valer. Pense nisso. 4. SINOPSE DA EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE MARKETING Veja, no quadro a seguir, uma sinopse das principais definições do marketing. Tal quadro poderá contribuir substancialmente com a forma como se compreende o mesmo no tempo. 8 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing 9 Administração Mercadológica - Módulo 6: O Composto de Marketing