O PRIVILÉGIO DE CONVIVER COM AS DIFERENÇAS Resumo O texto a seguir objetiva contribuir no processo de aprendizagem nos níveis escolares, respeitando o tempo, a individualidade através de atividades pedagógicas adequadas à faixa-etária; desenvolver habilidades motoras básicas, proporcionando aprendizado através de esquemas de pensamento, ou seja, quando vivenciada uma situação há aprendizagem. O ESTÁGIO II (nas séries iniciais do ensino fundamental – terceiras séries) com crianças de faixa etária heterogênea demonstra a realidade a ser enfrentada na maioria das escolas públicas, para alcançar as metas referidas ressalta-se o planejamento, que teve de ser flexionado, atendendo as exigências físicas e psicológicas das turmas atendidas, bem como a postura educadora frente às crianças. O que se pretendeu é que durante o processo existisse: a importância do que o aluno sabe fazer, entenda o que faz, como aprende, como pode continuar aprendendo sobre aquilo que o interessa, ampliando seu olhar sobre as práticas da cultura corporal, podendo apreciá-las e entendê-las de forma não preconceituosa e, assim, capacitando-se a criticar os valores transmitidos como verdades finais. Durante as aulas destaca-se o aperfeiçoamento, o autoconhecimento, o aprender, o reaprender e finalmente, porém não acabada a certeza da clientela, do público a trabalhar, a dedicar-se. Levando em consideração todas as especificidades, as individualidades e a reformulação do material didático pedagógico, é possível afirmar: "Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças", não se pode controlar ou adivinhar como trabalhar da maneira perfeita, mas é dever do educador físico pensar nas mais diversas propostas de organização do ensino para que isto ocorra, então a palavra “INCLUSÃO” deixará de ser tão exclusiva para ser emancipatória, na medida em que todos são diferentes e que da diferença se constrói “APRENDIZAGEM”. Palavras-chave: Habilidades. Aprendizagem. Inclusão. Expressões: Habilidades motoras básicas. Educação Física nas séries iniciais. Aprende-se com a diferença. A Educação Infantil em seu Projeto Político Pedagógico prioriza a integração, o afetivo, a inclusão e o aprender através do brincar, estando de acordo com a LDB- Lei de Diretrizes e Bases educacionais, lei n° 9394, no que tange a Educação Infantil no seu artigo 29 - A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Levando em consideração as constatações de Piaget, e privilegiando as crianças de 4 e 5 anos, do CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL SÃO JOSÉ, da turma de JARDIM A, as quais serão a especifidade desta experiência, o estágio de desenvolvimento do pensamento infantil: o Estágio pré- operacional, que vai mais ou menos de 2 a 6 anos, nesta fase da criança desenvolve a capacidade simbólica; "já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue. O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar de nele predominar a fantasia, a atividade psico-motora exercida acaba por prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o "faz de conta", mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Por essa via, quando a criança estiver mais velha, é possível estimular a diminuição da atividade centrada em si própria, para que ela vá adquirindo uma socialização crescente. Na sua integridade as aulas pretendem proporcionar vivências de aprendizagem e exploração motora ludicamente, facilitando o desenvolvimento da independência e da iniciativa pessoal. Assim como o ambiente, a atividade sensorial e motora desempenha função essencial. Ou seja, dar vazão à tendência natural que a criança tem de tocar e manipular tudo que está ao seu alcance. Os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as diversas formas de ginástica estão presentes na nossa cultura, influenciando o comportamento, transmitindo valores, fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, seja como prática nos momentos de lazer, seja como possibilidade para a atuação profissional ou de apreciação na mídia. Na escola, o ensino da Educação Física pode e deve incluir a vivência dessas modalidades como conteúdos, ampliando as possibilidades de os alunos compreenderem, participarem e transformarem a realidade. É preciso acrescentar que Vygotsky (1998), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Esta afirmação dá o suporte para que as crianças que, por motivo ou outro, não possam ou não tenham sido oportunizadas situações de aprendizagens contruídas através do “brincar”, “jogar”, da cooperação e do faz-de-conta, possam passar por estas experiências, na medida em que a elas forem possibilitadas. Embasando assim a idéia de que o educador físico é o mais indicado para possibilitar, aguçar e realizar atividades que proporcionem: o respeito ao tempo, às potencialidades, as peculiaridades, os avanços, a caminhada, a história de cada um no contexto educativo, sendo a criança parâmetro de si mesma em suas conquistas, e ajudada para o crescimento nas suas frustrações e construções. A experiência com Jogos Cooperativos permite uma consciência de que cooperar é possível, assumindo esta postura nas relações humanas e com o meio. O intuito é propagar uma nova maneira de estar no mundo mais cuidadoso com o processo, mais cooperativa com o meio e que permita a todos “venSer” juntos (Fábio Otuzi Brotto). Para melhor trabalhar estas atividades os jogos e as brincadeiras lúdicas são as respostas para a demanda desta idade (O a 6 anos), de expressar-se e aprender sem compromisso, no entanto, não menos importante do que no aprendizado formal, porém essencial para formação de um adulto feliz, cidadão, incluso, cooperativo. Enquanto para Vygotsky “As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (Vygotsky, 1998). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa . Dentro da duas perspectivas os jogos são priorizados, acrescentam na metodologia e fazer pedagógico das aulas, contemplando a brincadeira como princípio norteador das atividades didático-pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais encontrarem significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o mundo. Respeitando os autores, reafirmo a importância do educador físico na educação infantil e sua plasticidade em percorrer todas as áreas do conhecimento, do afetivo, do social, do ser parte de um grupo, do interagir, da “COM-VIVÊNCIA”, como princípios básicos da relação da criança com o ambiente escolar, estimulando as crianças na sua TOTALIDADE. Jogo Infantil é uma atividade física e mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal como a sociabilidade, de forma integral e harmoniosa. A criança evolui com o jogo e o jogo da criança vai evoluindo paralelamente ao seu desenvolvimento, ou melhor dizendo, integrado ao seu desenvolvimento. Independente de época, cultura e classe social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos, onde realidade e faz-deconta se confundem. (Kishimoto, 1999). O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo. Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade”. Em sua visão, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal favorecendo e permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento real já alcançado permitindo-lhe novas possibilidades de ação sobre o mundo. Para ele o desenvolvimento do indivíduo era resultado de uma interação permanente entre os processos internos e as influências do mundo exterior. Seu pensamento ficou sendo conhecido como sócio-interacionismo. Dessas possibilidades de interação (brinquedo, brincadeira, jogo e habilidades) está o desenvolvimento da coordenação motora, elemento central nas habilidades básicas, pode ser definida como a ativação de várias partes do corpo para a produção de movimentos que apresentam relação entre si, executados numa determinada ordem, amplitude e velocidade. Coordenação é a relação espaço-temporal entre as partes integrantes do movimento (CLARK, 1994). Segundo Turvey (1990), a coordenação envolve necessariamente relações próprias múltiplas entre diferentes componentes, definidas em uma escala espaço-temporal. A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Não se pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 1a a 4a séries. Brasília. MEC/SEF, 1997. LOPES, Josiane.Jean Piaget: A lógica própria da criança como base do ensino REVISTA NOVA ESCOLA, São Paulo, Fundação Victor Civita, n.95, anoXI, agosto 1996. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1994. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente.; REVISTA NOVA ESCOLA, FONSECA, D.G., Para dentro e para além do movimento;FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. Coleção: GONÇALVES, M. C., Aprendendo a educação física. ARRIBAS, T.L., A Educação física de 3 ao 8 anos; VÁRIOS AUTORES. Repensando a educação física; www.brasilescola.com/biologia/coordenacao-motora.htm. site: amagiadeaprender.blogspot.com/2008/02/coordenao-motora.html. Parâmetros Curriculares Brasília:1997. Nacionais (PCNs). Educação Física. V.7.