Prot 1759 1 enc autores pós revisão técnica – em 16-05-14 ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS DE RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO EM TRATAMENTO Larissa Soares Mariz1, Carla Campos Muniz Medeiros2, Bertha Cruz Enders3, Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira4, Allyne Fortes Vitor5, Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira6 Categoria do artigo: Original. Autor correspondente: Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira Avenida Senador Salgado Filho, 3000 Bairro: Lagoa Nova CEP: 59.078-900, Natal, RN, Brasil Telefone: (84) 9476-9229 E-mail: [email protected] Prezados autores: - Nas informações dos autores na nota de rodapé, favor incluir endereço completo e telefone de todos os autores. Caso alguma das autoras participe de grupos de pesquisa, é importante incluir essa informação. 1 Enfermeira doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: [email protected]. Rua José do Ó, 814, Alto Branco. Campina Grande – PB, Brasil. Fone: (83)8812-9931. Grupo de pesquisa: Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem. 2 Médica. Doutora. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (UPE/UEPB) e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública (UEPB). E-mail: [email protected]. Rua Agamenon Magalhães n 230 apto 1302. Alto Branco Campina Grande/PB. telefone: (83)3342-2525. Líder do Núcleo de estudo em pesquisa epidemiológicas e do Grupo de estudo em doenças metabólicas. Fone: (83)8893-4552 3 Enfermeira. Doutora. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Bolsista de Produtividade do CNPq. E-mail: [email protected]. Rua Pedro Fonseca Filho, 9041-Ponta Negra - Natal, RN, CEP: 59090-080. Telefone: (84)3215-3857. Grupo de pesquisa UFRN/CNPQ: Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem (PAESE). 4 Enfermeira. Doutora. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: [email protected]. Av. Senador Salgado Filho, 3000 / sala 14 / 1o andar / Campus Universitário. Bairro Lagoa Nova. CEP: 59078-970 Natal (RN), Brazil. Telefone: (84)3215-3857.Grupo de pesquisa: Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem. 5 Enfermeira. Doutora. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: [email protected]. Av. Senador Salgado Filho, 3000 / 1o andar / Campus Universitário. Bairro Lagoa Nova. CEP: 59078-970 Natal (RN), Brazil. Fone: (85) 33668455. Grupo de pesquisa: Pesquisa e desenvolvimento. 6 Enfermeira doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]. Avenida Amintas Barros, 1420, apto 903 Taurus. Natal-RN, Brazil, CEP 59.062-195. Fone (84)9476 9229. Grupo de pesquisa: Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - Para as notas de rodapé, a partir da segunda página, usar os seguintes símbolos e nesta sequência: †,‡,§,††,‡‡, §§, †††, etc. (Inclusive para tabelas). - As referências, em língua estrangeira, não precisam estar em itálico. - Na referência 17, a qual foi retirada da internet, colocar data de acesso e link de onde ela está disponível. - Recomenda-se evitar o uso de citações na conclusão. - Dar preferência para artigos derivados das teses e dissertações citadas. ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS: RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO EM TRATAMENTO (centralizar) RESUMO: Analisar o estado nutricional e hábitos dos responsáveis por crianças e adolescentes com excesso de peso em tratamento. Estudo exploratório, descritivo, transversal e abordagem quantitativa com amostra de 109 responsáveis por crianças e adolescentes em atendimento no Centro de Obesidade Infantil em Campina Grande, Paraíba, Brasil. Aplicouse um questionário estruturado entre Fevereiro e Abril de 2011. O projeto foi aprovado por comitê de ética. Os resultados evidenciaram que 74,3% dos responsáveis tinham excesso de peso. A prática de atividade física era realizada, na maioria da população, de forma imprópria e a alimentação foi classificada por eles como regular. O hábito de comer frituras, biscoito e massas foi considerado ruim. Percebeu-se que os hábitos de vida analisados nos responsáveis foram identificados como inadequados. O que pode refletir no estado nutricional das crianças e adolescentes, por isso sugere-se que o atendimento de enfermagem envolva a família, através da sua inserção no tratamento. DESCRITORES: Sobrepeso; Obesidade; Criança; Adolescente; Enfermagem INTRODUÇÃO Dentre os problemas de saúde que acometem crianças e adolescentes está o excesso de peso. Sua origem é multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo relacionado ao desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético(1). Sua está associada à obesidade e a outros agravos, tais como: doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, alguns tipos de neoplasias e doenças mentais, como depressão e ansiedade(2). Apesar de suas causas serem passíveis de prevenção, é o agravo em maior evolução no mundo. No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, o sobrepeso esteve presente em 16,0% dos adolescentes entre 13 e 15 anos, e a obesidade em 7,2% para o conjunto das capitais (3). Outra avaliação realizada através da Pesquisa de Orçamentos Familiares indicou que 33,5% das crianças brasileiras têm excesso de peso. E nos últimos 20 anos, o percentual de meninos acima do peso mais do que dobrou: passou de 15% para 34,8%. Entre as meninas, a taxa quase triplicou e passou de 11,9% para 32%(4). Essa crescente prevalência entre os mais jovens está relacionada, principalmente, às atividades de lazer sedentárias, práticas alimentares inadequadas e fatores genéticos(1). A influência familiar está mais relacionada ao compartilhamento de hábitos, do que pela herança genética. Indivíduos da mesma família compartilham fatores ideológicos, culturais que influenciam a formação do hábito alimentar, a percepção de fome, apetite e saciedade(5). Estudo demonstrou a influência do componente familiar sobre o risco para obesidade infanto-juvenil, uma vez que a criança depende das escolhas de seus pais e familiares com relação à compra, modo de preparo dos alimentos, hábitos alimentares e incentivos à prática de atividade física(6). Por isso é importante estudar a estrutura familiar e sua influência sobre o estado nutricional, com vista a identificar determinantes do excesso de peso(2). A fim de oferecer subsídio para a atenção integral à família com excesso de peso, em 2002 o Ministério da Saúde lançou o manual do crescimento e desenvolvimento infantil com o objetivo de melhorar e monitorar o estado nutricional, entre os quais: baixo peso e excesso de peso(7). Somado a isto, em 2007, foi estabelecido o decreto 6.286, que instituiu o Programa de Saúde na Escola, no qual se estabeleceu que as ações em saúde previstas para crianças e adolescentes passaram então a ser desenvolvidas articuladamente com a rede de educação pública básica, compreendendo, entre outras ações, a avaliação nutricional(8). Neste âmbito, o enfermeiro age como promotor de saúde. Além de proporcionar a prevenção das complicações causadas pelo excesso de peso é importante ressaltar que assistir essa clientela significa não apenas enumerar condutas, mas entender o seu contexto social e familiar. Esta pesquisa justifica-se por abordar um tema atual, que está inserido nas prioridades das políticas públicas do país, especialmente as relacionadas à Política de Promoção da Saúde. Compreende-se promoção da saúde além do estímulo às práticas saudáveis e atividades oferecidas pelos serviços de saúde, mas sim no apoderamento de toda a sociedade no próprio processo saúde-doença. Com isso, espera-se a coresponsabilização e transformação do contexto em que o indivíduo está inserido, a fim de modificar favoravelmente seu meio e satisfazer suas necessidades particulares de saúde(9). Em 1986 foi realizada a primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, a qual definiu promoção da saúde como o processo de capacitação da comunidade para atuar como agente ativo na melhoria de sua saúde e controle desse processo. E para atingir um estado de bem-estar espera-se que esses indivíduos identifiquem suas aspirações, satisfaçam suas necessidades e modifiquem favoravelmente o meio em que vivem(10). O estudo justifica-se também por possibilitar uma reflexão sobre o papel profissional do enfermeiro no processo de organizar e planejar sua assistência essa clientela, com um olhar mais abrangente ao considerar a influência do componente familiar. Partindo deste pressuposto, objetivou-se analisar o estado nutricional, hábitos alimentares e atividade física dos responsáveis por crianças e adolescentes com excesso de peso em tratamento. MÉTODO Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com delineamento transversal e análise quantitativa, realizado em um serviço de saúde situado em cidade do interior da Paraíba, referência no tratamento de crianças e adolescentes com excesso de peso, o Centro de obesidade Infantil (COI). Esta pesquisa faz parte de um estudo, realizada em Campina Grande, Paraíba, no período de Novembro a abril 2011 em que se acompanhou por um ano o tratamento interdisciplinar de crianças e adolescentes com excesso de peso, cadastrados no COI que incluiu investigar os hábitos dos responsáveis. Foram considerados como responsáveis aqueles que tinham mais de 18 anos, que conduziam frequentemente a criança/adolescente ao atendimento no COI ou que se responsabilizavam pelo paciente na maior parte do tempo em casa. Esses responsáveis responderam um questionário proposto na pesquisa. Conforme consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança o indivíduo com menos de 11 aos e adolescente o indivíduo entre os 12 e 18 anos de idade(11). O processo de amostragem ocorreu por método acidental e a amostra foi composta por 109 responsáveis por crianças e adolescentes com excesso de peso, entre 3 e 19 anos. Os responsáveis foram recrutados mediantes cadastro no COI. As variáveis sob estudo foram: Índice de Massa Corpórea (IMC); horas por dia de atividade física; hábito de tomar café da manhã; concepção dos acompanhantes sobre a classificação da alimentação como ótima, boa, regular ou ruim; disponibilidade de mudança da prática de atividade física e alimentar no auxílio ao tratamento da criança/adolescente; mudanças nos hábitos alimentares em casa após a inserção no tratamento do excesso de peso e perfil alimentar. Aplicou-se um questionário estruturado aos responsáveis pelas crianças e adolescentes em tratamento no COI, abordando o estado nutricional e hábitos dos adultos. O instrumento abordou condutas e mudanças adquiridas na família após o ingresso do paciente no COI. Após responder o questionário foram coletados os dados antropométricos (peso e estatura), por dois examinadores separadamente, sendo considerado o valor médio das duas aferições. Para obtenção do peso utilizou-se uma balança digital tipo plataforma da marca Welmy com capacidade para 150 kg e precisão de 0,1 kg. A altura foi aferida através de um estadiômetro da marca Tonelli com precisão de 0,1 cm. Durante a aferição, o indivíduo vestia roupas leves. Para a classificação do estado nutricional foi calculado o IMC conforme as recomendações do CDC (2000), que define as seguintes categorias: obesidade grave (IMC ≥ percentil 97), obesas (percentil 95 ≥ IMC < 97) e sobrepeso ( 85≥IMC<95)(12). A prática de atividade física foi mensurada pela quantidade de horas de atividade aeróbica durante a semana (atividades físicas regulares, competitivas, individuais ou coletivas). Considerou-se como sedentário o hábito de não praticar o mínimo de 150 minutos durante a semana(13). A frequência alimentar dos responsáveis foi classificada como recomendado, aceitável e ruim. Foi considerado como recomendado para os alimentos protetores consumo de cinco ou mais dias por semana, aceitável de quatro dias por semana e ruim quando abaixo de quarto dias. Para os alimentos de risco foi considerado recomendado o consumo de zero a uma vez por semana, aceitável duas vezes e ruim três ou mais vezes por semana(14). Os dados foram digitados por duas pessoas em uma planilha eletrônica do EXCEL. Após em um programa de análise estatística foi executada a análise descritiva mediante frequência absoluta e relativa das variáveis. O protocolo do estudo foi previamente analisado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba sob o nº 0040.0.133.000-08, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, em vigor na época do estudo. Os responsáveis firmaram o compromisso através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS De acordo com os dados da pesquisa os responsáveis, que acompanhavam os pacientes ao ambulatório, eram predominantemente as mães, possuíam em sua maioria entre 2 e 3 filhos e eram casadas. Em relação às condições sócio-econômicas, 39,4% tinham renda familiar entre 1 a 2 salários mínimos (Tabela 1). TABELA 1 - Características sócio-demográficas dos responsáveis por crianças e adolescentes cadastradas no Centro de Obesidade Infantil, Campina Grande-PB, 2010-2011 (n=109) (espaçamento entre linhas do título é simples – corrigido) CARACTERÍSTICAS n % Responsáveis Mãe 89 81,6 Pai 6 5,5 6 Outros 11 10,1 Não sei 3 2,7 Número de filhos 1 29 26,6 2 35 32,1 3 34 31,2 4 6 5,5 5 2 1,8 6 3 2,7 Renda familiar (SM†) 1/4 a 1/2 7 6,4 1/2 a 1 20 18,3 1a2 43 39,4 2a5 34 31,2 >5 4 3,7 Não soube informar 1 0,9 Estado civil Casado 73 66,9 Solteiro 14 12,8 Divorciado 16 14,7 Viúvo 4 3,6 Não informou 2 1,8 † Salário Mínimo em 2011 era de R$545,00. As Tabelas 2 e 3 refletem os hábitos e perfil nutricional dos responsáveis pelos pacientes atendidos no ambulatório. Mais da metade (74,3%) apresentou IMC nas classificações de sobrepeso e obesidade. Com relação à prática de atividade física, a maioria (76,1%) afirmou não fazer nenhuma atividade e dentre os que realizavam alguma atividade, a maioria (79,0%) o faziam 1 a 2 vezes por semana. Sobre a alimentação eles se autoclassificaram como boa (47,7%). Um total de 60,6% destes acompanhantes afirmou ter mudado o hábito alimentar da família junto à criança ou adolescente tratado. TABELA 2: Estado nutricional e hábitos dos responsáveis por crianças e adolescentes cadastradas no Centro de Obesidade Infantil, Campina Grande-PB, 2010-2011 (n=109) (espaçamento entre linhas do título é simples, sem ponto final – corrigido) ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS n Índice de massa corporal Obesidade grave 19 Obeso 28 Sobrepeso 34 Eutrófico 22 Atividade física (horas/dia) Nenhuma 83 1a2 21 3a4 1 5a6 0 >6 2 Não sei 2 Hábito tomar café-da-manhã Nunca 2 Raramente 2 Às vezes 11 Sempre 92 Não soube informar 2 Como classifica sua alimentação Ótima 8 Boa 52 Regular 33 Ruim 14 Não informou 2 Mudaria alimentação para ajudar o paciente Sim, sem dificuldade 79 Sim, com dificuldade 27 Não 1 Não soube informar 2 Mudaria hábito de atividade física para ajudar o paciente Sim, sem dificuldade 74 Sim, com dificuldade 31 Não 2 Não soube informar 2 Houve mudanças nos hábitos de casa? Não 17 % 17,4 25,7 31,2 20,2 76,1 19,3 0,9 0,0 1,8 1,8 1,8 1,8 10,1 84,5 1,8 7,3 47,8 30,3 12,8 1,8 72,5 24,8 0,9 1,8 67,9 28,4 1,8 1,8 15,6 Sim Pouco 66 26 60,6 23,9 Dados da Tabela 3 mostram que o hábito de comer frituras, biscoito e massas foi considerado predominantemente como ruim e o consumo de refrigerantes estava em, metade da população, sendo consumido de forma aceitável. Por outro lado, identificou-se um bom consumo de frutas e verduras. TABELA 3: Perfil alimentar dos responsáveis por crianças e adolescentes cadastradas no Centro de Obesidade Infantil, Campina Grande-PB, 2010-2011 (espaçamento entre linhas do título é simples, sem ponto final – corrigido) CONSUMO ALIMENTAR Frutas Recomendável Aceitável Ruim Verduras Recomendável Aceitável Ruim Fritura Recomendável Aceitável Ruim Doces Recomendável Aceitável Ruim Biscoito Recomendável Aceitável Ruim Massas Recomendável Aceitável Ruim Refrigerante Recomendável Aceitável Ruim n % 57 4 48 52,3 3,7 44,0 69 5 35 63,3 4,6 32,1 23 40 46 21,1 36,7 42,2 50 30 29 45,9 27,5 35,8 39 21 49 35,8 19,2 45,0 16 30 63 14,7 27,5 57,8 33 58 18 30,3 53,2 16,5 DISCUSSÃO No presente estudo, a maior parte dos responsáveis foi classificada como renda baixa. O fator socioeconômico dos pacientes é um importante para que a enfermagem identifique o contexto familiar, o qual influência o processo saúde-doença. Com essa observação é possível identificar uma família com equilíbrio e funções adequadas, ou inadequadas, que pode contribuir para prevenir ou desenvolver doenças. A estrutura familiar estabelece e sustenta as regras para prática alimentar infanto-juvenil(15). Para contemplar a problemática do excesso de peso se tem que avançar além da questão nutricional. Os resultados indicaram que a prática de atividade física estava abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, que é o mínino de 150 minutos semanais(15). A maioria não praticava nenhuma atividade física. Este dado é preocupante, visto que, para evitar o excesso, é necessário estimular atividade física de crianças/adolescentes e de seus responsáveis(16). Por outro lado, os responsáveis afirmaram ter alguns hábitos que foram consideradas como positivos, por exemplo, a maioria possuía o hábito de tomar café da manhã diariamente, e mais da metade tinha mudado o hábito alimentar familiar de acordo com as orientações dos profissionais de saúde, a fim de auxiliar no tratamento das crianças e adolescentes. Também foi um resultado positivo o consumo de frutas, verduras, doces e refrigerantes. No entanto, o hábito de comer frituras, biscoitos e massas foram considerados ruins. Assim, é possível perceber que, quando a criança/adolescente tem que conviver com uma oferta diária de alimentos calóricos em casa e na escola, torna-se mais difícil manter o objetivo de perda peso. É importante a inserção dos profissionais de saúde, em especial de enfermeiros, em Centros Educacionais, onde estes têm a possibilidade de realizar diversas ações, de forma contínua e permanente junto às crianças, adolescentes, pais ou responsáveis e funcionários da instituição, voltadas para a detecção de problemas de saúde, ações de promoção da saúde e prevenção de agravos ou complicações(17). Quanto ao estado nutricional dos responsáveis, verificou-se que mais da metade tinha excesso de peso, sendo 31,2% com sobrepeso e 25,7% obesos. Revisão sistemática afirmou que as causas e fatores desencadeantes da obesidade infantil são diversos, dentre eles estão a hereditariedade e o ambiente familiar, os quais foram denominados de contexto potencial envolvido com a obesidade infantil(18). Outro estudo concluiu que o peso dos pais influencia seus filhos, por exemplo, mães obesas exercem maior controle no consumo dos filhos e o IMC das crianças está associado ao dos pais(16). Por isso, sugere-se que o enfermeiro, como promotor da saúde e agente ativo no tratamento do excesso de peso, interaja com os responsáveis a fim de conhecer seu conhecimento acerca das consequências desse problema em crianças e adolescentes, para assim identificar a visão sobre o estado nutricional dos filhos. Sugere-se também que seja esclarecido que o tratamento é um processo lento e de envolvimento de toda família(19). Os responsáveis devem estar atentos às atividades do dia-a-dia como as compras do supermercado, mostrar e incentivar a compra de verduras, frutas e legumes, oferecer alimentos variados, e acompanhar o peso e a altura da criança/adolescente periodicamente(19). Ao enfermeiro, como parte da equipe multiprofissional no atendimento a essa clientela, sugere-se: reservar um espaço de tempo para esclarecimento de dúvidas dos pacientes ou dos responsáveis; ouvir os medos, ansiedades e objetivos de ambos; fornecer orientação para consumo de alimentos saudáveis e menos dispendiosos, compatível ao alcance econômico da família; e estimular a prática de atividade física para o paciente e família. No caso, a família é o paciente a ser atendido e não apenas a criança e adolescente. CONCLUSÃO Conforme constatado pelo estudo ora elaborado, os participantes eram predominantemente responsáveis classificados como baixa renda. Percebeu-se que alguns hábitos dos responsáveis por crianças e adolescentes com excesso de peso eram inadequados, podendo refletir no estado nutricional dos pacientes cadastrados no COI, o que conduz ao entendimento de que o acompanhamento multiprofissional precisa envolver toda família, a fim de inserí-los no tratamento. Verificou-se que os maus hábitos alimentares e a prática de atividade física dos filhos podem ser influenciados pelos responsáveis e, portanto, fazem-se necessárias medidas de integração dos responsáveis na implementação da atividade física orientada. Desta forma, reforça-se a ideia de que o excesso de peso infantil está interligado ao microambiente em que a criança/adolescente vive, sendo pertinente aprofundar estudos sobre a estrutura familiar e sua influência sobre o estado nutricional, com vistas a identificar determinantes do excesso de peso e quiçá contribuir no atendimento de enfermagem a essa clientela. Diante dos altos índices e das consequências associadas ao excesso de peso, enfatizase a importância do diagnóstico precoce, acompanhamento e encaminhamento para tratamento multiprofissional, quando necessário, se possível em serviço de referência. Nesse contexto, ressalta-se ainda o valor do acompanhamento multiprofissional a crianças e adolescentes com excesso de peso, onde se destaca o papel da enfermagem como promotora da saúde, uma vez que, conforme entendido, a orientação isolada não permite o tratamento do indivíduo como um todo. Como dificuldade no desenvolvimento do estudo esperava-se maior participação dos pais, mas parte relevante da amostra foi composta por avós e tios. O que representou também uma limitação, porque a falta da participação de todos os pais impossibilitou a análise da influencia genética, que seria avaliada através das variáveis de peso, altura e percentuais corporais de gordura, água e músculo, através do exame da bioimpedância. Vale destacar que as políticas de atenção a família são enfatizadas na atenção à crianças e adolescentes com excesso de peso, visto que a participação dos responsáveis no seu tratamento auxilia na caminhada para o êxito na redução de peso. REFERÊNCIAS 1. Queiroz CRL. 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