28 5 – PROBABILIDADES A teoria das probabilidades tem raízes na teoria matemática dos jogos de azar iniciada em 1654, quando o jogador De Mère propôs ao matemático Pascal suas célebres perguntas a respeito dos jogos de azar. De início a teoria das probabilidades ocupava-se apenas com dados, lances de moedas, retiradas de cartas de um baralho, loterias, etc. Com o passar do tempo ela passou, pouco a pouco, constituir o fundamento da estatística da atuária, (parte da estatística que investiga problemas relacionados com a teoria e o cálculo de seguros numa coletividade) e outros ramos do conhecimento. Havia sido observado que em todos os jogos habituais com dados, cartas, etc, a freqüência de determinado resultado de um jogo parecia tender para um valor definitivo quando o jogo era repetido um grande número de vezes. Observado essa tendência os matemáticos Pascal, Fermat, Huygens, e James Bernoulli desenvolveram seus estudos. Mais tarde, o mesmo tipo de regularidade foi verificado com dados demográficos de vários tipos. Gradualmente, o campo de observação do referido fato empírico - conhecido pela denominação de estabilidade das freqüências relativas em longa série de observações - foi se ampliando a ponto de hoje ser considerada uma característica geral dos experimentos causais realizados sob condições uniformes. 5.1 - DEFINIÇÕES E TEOREMAS SOBRE PROBABILIDADES 5.1.1 – ESPAÇO AMOSTRAL Denominamos espaço amostral ao conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento. Por exemplo, se o experimento for lançar um dado o espaço amostra é o conjunto E = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }. Suponhamos que o experimento seja lançar uma moeda três vezes. Seja c = cara. O espaço amostral é o conjunto k = coroa e E = {kkk, kkc, kck, ckk, kcc, ckc, cck, ccc}. 5.1.2 - EVENTO Denominamos evento a qualquer subconjunto de um espaço amostral. Por exemplo, lançar um dado e obter números pares. O evento é o conjunto A = {2, 4, 6}. Outro exemplo, lançar três moedas e obter duas coroas. O evento é formado por todos os resultados possíveis que apresentarem duas coroas. Ou seja B = {kkc, kck, ckk}. p( A) n x 29 5.1.3 – PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE UM EVENTO Consideremos um experimento com espaço amostral E contendo n elementos. Seja A um evento de E contendo x elementos. Então a probabilidade de A ocorrer é dada por p ( A) x n Exemplo 5.1. Se o experimento for lançar uma moeda três vezes e o evento for A = {obter duas coroas}, a probabilidade é p ( A) 3 0,375 8 Isso significa que se repetirmos o experimento 100 vezes em 37,5 devermos obter duas coroas. 5.1.4 - PROBABILIDADE CONDICIONADA Suponhamos que numa sala, fazendo um curso, estão presentes 25 homens e 30 mulheres. Entre eles há um aniversariante. Ninguém do grupo, exceto o próprio, sabe quem é o felizardo. Vamos denominá-lo “y”. Sorteando um dos presentes qual a probabilidade do aniversariante ser sorteado? A o problema é solucionado da seguinte forma: 1 – Estabelecemos o espaço amostral. Isto e’, E = {25 homens, 30 mulheres}. 2 – Estabelecemos o evento. Isto é, A ={ y é aniversariante}. Assim, p ( A) x 1 0,018 n 55 Ou seja, a probabilidade de acerto não chega a ser 2%. Suponhamos que a secretária do curso chega e comunica que uma das mulheres é a aniversariante. Com essa nova informação, qual a probabilidade da aniversariante ser sorteada? A solução do problema é dada como anteriormente. 1 – Agora o espaço amostral é M = {30 mulheres}. O evento A = { y é mulher} Assim, x 1 0,033 n 30 Note que agora a probabilidade do aniversariante ser sorteado passa de 3%. p ( A) Essa nova probabilidade é denominada probabilidade condicionada. Essa denominação deve-se ao fato dela estar condicionada a informação dada pela secretária do curso. 30 A pergunta óbvia, nesse caso, é: poderíamos determinar tal valor através de uma fórmula própria? A resposta é sim. Vamos lá. Seja E = { 25 homens, 30 mulheres} o espaço amostral. Sejam os eventos : A = { y é aniversariante} e M = { y é mulher}. Escrevemos p(A/M) - lê-se p(A) dado M - para indicar probabilidade de ser sorteando o aniversariante y condicionada a informação de y ser mulher. Assim, temos a fórmula. p( A / M ) p( A M ) p( M ) Logo, 1 p( A M ) 55 1 p( A / M ) 0,033 30 30 p( M ) 55 Assim a probabilidade do aniversariante ser sorteado condicionado a informação y é mulher é 3,3% 5.1.5 – EVENTOS INDEPENDENTES Sejam A e B dois eventos. Dizemos que A e B são independentes quando a ocorrência do evento B não é influenciada pela ocorrência do evento A, ou vice versa. Exemplo 5.2: O evento A = {Paulo ganhou na loto} não dependeu do B = { Paulo foi sorteado para uma viagem de férias nas ilhas do Caribe}. Por outro lado, o evento A = { Paulo contraiu AIDS } depende do evento B = { Paulo teve contato com algum agente transmissor da AIDS}. 5.1.6 – EVENTOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES. Dois eventos A e B são mutuamente excludentes quando a interseção entre eles é vazia. Exemplo 5.3: Sejam os eventos A = {pessoas nascidas em SC} e B = { pessoas nascidas em SP}. Então a interseção entre A e B é vazia. 5.1.7 – TEOREMAS PARA CÁLCULO DE PROBABILIDADES I - Sejam A e B dois eventos mutuamente excludentes então p(A U B) = p(A) + p(B). - Se forem vários eventos mutuamente excludentes então: p(A U B U ......U Z) = p(A) + p(B) + ........+ p(Z) 31 A e B dois eventos não mutuamente excludentes então p(A U B) = p(A) + p(B) - p(AB). - A , B e C não são mutuamente excludentes, então p(A U B U C) =p(A) + p(B) + p(C) -p(A U B) - p(A U C) - p(B U C) + p ( A B C) III A e B dois eventos independentes então p(AB) = p(A) p(B). II - EXERCÍCIOS RESOLVIDOS. 1 - O primeiro filho de um casal foi um menino. Qual a probabilidade do segundo filho também ser um menino? Solução: Temos como espaço amostral E = {menino, menina}. Os eventos são: A = { primeiro filho menino} e B = { segundo filho também menino}. Como primeiro e segundo filhos são meninos queremos p(AB). Sendo os eventos independentes vem p(AB) = p(A) p(B) ou seja p(AB) = (0,5)(0,5) = 0,25 ou seja, 25%. 2 – Lançando um dado suponhamos que Paulo seja ganhador se der os números 3 ou 5. Qual a probabilidade de Paulo ser vencedor? Solução: Temos como espaço amostral E = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Os eventos favoráveis a Paulo são A = {3} ou B ={5}. Tais eventos são mutuamente excludentes. Logo, p(A U B) = p(A) + p(B) ou seja p(A U B) = 1/6 +1/6 = 2/6 = 1/3 = 0,3333. Isto é 33,33%. 3 – De um baralho contendo 52 cartas, Paulo será vencedor se retirar uma carta de paus ou um ás. Qual a probabilidade de Paulo ser vencedor? Solução: O espaço amostral é E ={52 cartas}. Os eventos são A = {Paulo tira uma carta de paus} ou B = {Paulo tira um ás}. Como sabemos, num baralho de 52 cartas existem 13 cartas de paus e 4 ases. Nesse problema, o ás de paus está presente nos dois eventos. Logo, A e B não são mutuamente excludentes. Portanto, p( A B) p( A) p( B) p( A B) 13 4 1 16 0,3777 52 52 52 52 Portanto, a probabilidade de Paulo ser vencedor é 37,77% EXERCÍCIOS 1 – A probabilidade de determinado teste para AIDS dar resultado negativo em portadores de anticorpos contra o vírus ( falso negativo) é 10%. Suponhamos que os falsos negativos ocorrem independentemente. Qual a probabilidade de um portador de anticorpos contra o vírus da AIDS, que faz o teste três vezes ter resultado negativo nas três vezes? 32 2 – Suponha que a probabilidade de uma pessoa ser do tipo sangüíneo O é 40%, ser A é 30% e ser B é 20%. Suponha ainda que a probabilidade de Rh+ seja 90% e que o fator Rh independe do tipo de sangüíneo . Nestas condições, qual a probabilidade de uma pessoa da população, tomada ao acaso, ser : a) ( O, Rh+), b) (A, Rh- ) c) ( AB, Rh- ). 3) Um grupo de médicos estão distribuídos conforme a tabela abaixo Cardiologistas Homens Mulheres Total 92 101 193 Oftalmologistas Otorrinolaringologist as 35 47 33 52 68 99 Total 174 186 360 I) Qual a probabilidade de ser escolhido um médico ao acaso e ele ser: a) Homem cardiologista? b). Mulher oftalmologista? II) Escolhe-se uma médica ao acaso. a). Qual a probabilidade dela ser otorrinolaringologista? b). Ser cardiologista? III) Escolhe-se um cardiologista ao. Qual a probabilidade de Ter sido escolhido um homem? 4) O levantamento de 500 estudantes que freqüentavam um ou mais curso de Álgebra, Física e Estatística, durante um semestre revelou os seguintes números de estudantes de cada matéria indicada: Álgebra 329 Álgebra e Física 83 Física 186 Álgebra e Estatística 217 Estatística 295 Física e Estatística 63 Quantos estudantes estão freqüentando a) todas as 3 matérias b) Álgebra, mas não Estatística c) Álgebra, mas não Física ou Estatística 6. PARTIÇÃO Dizemos que os eventos B1, B2,....Bk representam uma partição do espaço amostral S, quando a ) Bi B j para todo i j k b) Bi S i 1 c) P( Bi ) 0 para todo i p(A) = p(A/B1). p(B1) + p(A/B2).p(B2) + ......+ p(A/Bk).p(Bk) 33 7. TEOREMA DE BAYES Seja B1,B2 ,...., Bk uma partição do espaço amostral S e seja A um evento qualquer associado a S, então: P( A / Bi ).P( Bi ) P( Bi / A) k P( A / Bi ).P( Bi ) i 1 8. VARIÁVEIS ALEATÓRIAS E DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADES Até agora, ao descrever o espaço amostral de um experimento, não especificamos que o resultado individual seja um número. Contundo, em muitas situações, estaremos interessados na mensuração de alguma coisa e no seu registro com um número. Definição Seja E um experimento e S o espaço amostral asssociado a E. Uma função x, que associe cada elemento s S um número real, x(s) é denominada variável aleatória. Ss x(s) Definição Seja x uma variável aleatória. Se o número de valores possíveis de x for finito ou infinito numerável, denominaremos x de variável aleatória Discreta Satisfazendo 1) p(xi) 0 2) p ( xi ) 1 i 1 A função p (as vezes denominada f) recebe o nome de função de probabilidade da variável aleatória x, e o conjunto de pares (xi, p(xi)) é denominado de distribuição de probabilidade de x Definição : Seja x uma variável aleatória, se x pode assumir todos os valores que pertencem a um intervalo da forma a < x < b, denominaremos x como uma variável aleatória contínua. A sua função densidade de probabilidade (f.d.p.), deve satisfazer: a) f ( x) 0 para todo x a x b b b) f ( x) dx 1 a 34 Definição Seja x uma variável aleatória discreta n ou continua. Define-se a função F, denominada função distribuição acumulada ou função acumulativa, como: F ( x) p ( X x) k Se x for uma V.A. Discreta F ( x k ) p( X x k ) p ( xi ) i 1 a Se x for uma V.A Continua F (a ) p ( x a ) f ( x)dx 9.Valor Esperado Seja x uma Variável Aleatória Discreta, defini-se valor esperado de x, representado por E(x) como E ( x ) xi p ( xi ) i 1 Se x for uma Variável Aleatória Continua E ( x) x . f ( x) dx Propriedades do Valor Esperado a) E(c)= c onde c é uma constante b) E(c.x) = c.E(x) onde c é uma constante e x é uma Variável Aleatória c) E(x + y) = E(x) + E(y) onde x e y são Variáveis Aleatórias 10. Variância Seja x uma Variável Aleatória (discreta ou continua), a variância de X é V(x) V ( x) E[ x E ( x)] 2 Com V ( x) E ( x 2 ) [ E ( x)] 2 Propriedades a) V(c) = 0 onde c é uma constante b) V(x + c) = V(x) onde c é uma constante e x uma V A 2 c) V(c.x) = c V(x) onde c é uma constante e x uma V A 35