A eficácia da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta Reginaldo Damas dos Santos Fundação Educacional de Além Paraíba Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro Faculdade de Fisioterapia Graduação em Fisioterapia Orientador: Jurandyr Nascimento Silva Jr. Professor Doutor Eduardo de Paula Monteiro Professor Além Paraíba 2008 FOLHA DE APROVAÇÃO Reginaldo Damas dos Santos A eficácia da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta Monografia submetida ao corpo docente da Faculdade de Fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro da Fundação Educacional de Além Paraíba, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Fisioterapeuta. Aprovado por: _________________________________________________ Prof.° Doutor Jurandyr Nascimento Silva Júnior (Orientador) _________________________________________________ Profº Eduardo de Paula Monteiro _________________________________________________ (Prof. convidado) Ficha catalográfica SANTOS, Reginaldo Damas dos. A eficácia da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta/ Reginaldo Damas dos Santos. Além Paraíba: FEAP/Fac. SaúdeArth, Graduação, 2008. Monografia – (Graduação em Fisioterapia) - Fundação Educacional de Além Paraíba, Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro, 2008. Orientação: Prof.° Doutor Jurandyr Nascimento Silva Júnior Profº Eduardo de Paula Monteiro 1. Fisioterapia. 2. Ligamento cruzado anterior. 3. Cinesioterapia – Monografia. I. Silva Jr, Jurandyr Nascimento (Orient.) II. Fundação Educacional de Além Paraíba. Faculdade de Fisioterapia. III. Título. Dedicatória A Deus por tudo: pela vida, pela esperança, pela família e amigos. Aos meus pais que sempre estiveram presentes, e que renunciaram de seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus. Aos familiares e amigos por fazer parte da minha vida. Aos amigos pelo apoio e colaboração. Agradecimentos Ao Professor Doutor Jurandyr Nascimento Silva Junior pela orientação preciosa, possibilitando a elaboração deste trabalho. Ao orientador Professor Eduardo de Paula Monteiro exemplo de competência profissional, pela sua paciência e dedicação a este trabalho. Ao corpo Archimedes docente Theodoro, da Faculdade Faculdade de de Ciência da Filosofia Saúde pelos ensinamentos consistentes, colaborando para meu crescimento acadêmico. “O homem possui um sentido que o permite conhecer a inclinação de seu corpo, assim como também possui a capacidade de reajustá-lo e de corrigir todo desvio em relação à vertical”. Nancy Gann Resumo SANTOS, Reginaldo Damas dos. A eficácia da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta. Além Paraíba, 2008. Monografia (Graduação em Fisioterapia) – Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro da Fundação Educacional de Além Paraíba. . Abstract SANTOS, Reginaldo Damas dos. A eficácia da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta. Além Paraíba, 2008. Monografia (Graduação em Fisioterapia) – Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro da Fundação Educacional de Além Paraíba. Sumário Página INTRODUÇÃO..........................................................................................................10 CAPÍTULO I –ANATOMIA DO JOELHO........................................................................12 1.1 – Osteologia.......................................................................................12 1.1.1 – Fêmur........................................................................................13 1.1.2 – Patela........................................................................................14 1.1.3 – Tíbia.........................................................................................16 1.2 – Meniscos........................................................................................16 1.3 – Músculos........................................................................................18 1.4 – Biomecânica..................................................................................20 II – LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR E CINESIOTERAPIA........................................................................................................ 2.1– Lesão do Ligamento cruzado anterior........................................ 2.2.– Cinesioterapia.................................................................................. CONCLUSÃO............................................................................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ ANEXO...................................................................................................................... 11 INTRODUÇÃO Durante o estágio1 constatei a incidência de pacientes com lesões oriundas de uma intensa sobrecarga imposta pelo treinamento esportivo, principalmente sobre as articulações do joelho. Por um espaço de tempo, tais lesões acabaram por impedi-los de praticarem esportes. As mais comuns são lesões de ombro, cúbito, tornozelo e de joelho, ruptura de tendões, principalmente no tornozelo e no joelho. No joelho os ligamentos são os que mais sofrem de lesões pelo excesso de carga. Baseado no fato de que a maioria dos pacientes portadores de lesão do ligamento cruzado anterior necessitam de reabilitação, surgiu o interesse em aprender mais sobre o tema em questão para auxiliá-los em sua reabilitação. O exercício terapêutico é considerado um elemento central na assistência da Fisioterapia, complementado por outras intervenções, com a finalidade de aprimorar a função da parte lesionada. Questiona-se neste trabalho: quais os benefícios da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta? Tal questionamento surgiu a partir das considerações de que o trabalho cinesioterapêutico, a reabilitação e o reequilíbrio das forças mecânicas atuantes proporcionam uma melhora da qualidade de vida, reduzindo incapacidade do paciente. Neste sentido, o propósito desta pesquisa é apontar os benefícios da cinesioterapia na lesão do ligamento cruzado anterior no atleta para sua reabilitação. Para tal, reconhecer que os exercícios são formas de terapia: reduzem a incidência de deformidades e seqüelas, Estágio em questão realizado no Centro de Reabilitação e Reintegração Física – CRER – Fisioterapia sob orientação de Sarah Furtado Lontra em Além Paraíba- MG no período de fevereiro de 2007 à outubro de 2008. 1 12 proporcionam ao paciente condições de funcionalidade e autonomia, além de reintegrá-los às suas atividades da vida diária, laborativa e recreacional. Em se tratando de uma pesquisa teórica, cujo objetivo básico é a discussão dos conceitos apresentados no tema proposto, a metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico em livros, revistas científicas, meios eletrônicos de autores clássicos e contemporâneos que trabalham com o assunto com o objetivo de descobrir os fenômenos, causas e mecanismo da lesão. Aborda-se a prevenção e reabilitação, bem como, explicitação da cinesioterapia na reabilitação da lesão ligamento cruzado anterior no atleta. Assim, a pesquisa foi dividida em dois capítulos. No primeiro demonstra a anatomia do joelho onde esclarece sobre a lesão. No segundo capítulo apresenta maiores esclarecimentos da lesão do ligamento cruzado anterior no atleta, a intervenção fisioterápica para sua reabilitação, proporcionando ao paciente condição de funcionalidade e autonomia, reintegrando-o as suas atividades da vida diária. 13 CAPÍTULO I Anatomia do joelho O equilíbrio corporal é fundamental no relacionamento espacial do homem com o ambiente. É uma complexa interação entre o sensorial e o motor que previne quedas e fornece o equilíbrio. Porém, quando ocorre uma alteração em um de seus componentes, surgem alterações que caracterizam o desequilíbrio e que podem, inclusive afetar a qualidade de vida do indivíduo. E para um melhor entendimento da lesão do ligamento cruzado anterior no atleta é importante mostrar a anatomia do joelho, formada por três ossos: fêmur, tíbia e rótula, uma vez que o joelho é a articulação mais acometida por lesão do corpo humano e a mais importante articulação para o membro inferior, pois promove a estabilidade. 1.1 Osteologia O membro inferior humano é adaptado para sustentação de peso, locomoção e manutenção da exclusiva postura reta bípede. Para todas essas funções muito mais força e estabilidade são exigidas. Os ossos do membro inferior são mais robustos e maiores do que as estruturas ósseas do membro superior e variam nas suas características em relação ao desenvolvimento muscular e a complicação corporal. Os ossos que fazem parte da articulação do joelho são o fêmur, patela e tíbia. 14 1.1.1 Fêmur O fêmur é o osso mais longo e mais volumoso do corpo humano, e localiza-se na coxa. Sendo o osso mais resistente, suportando uma pressão de 1230 Kg por centímetro quadrado sem se ferir. O fêmur consiste da diáfise, da epífese proximal que se prolonga, através de um pescoço, até uma cabeça esférica, que o articula com o osso do quadril e da epífise distal que se divide em dois côndilos, que se ligam à tíbia, a patela e a fíbula (PALASTANGA et al, 2000, p.381). A extremidade superior do fêmur consiste me uma cabeça, um colo, um trocânter maior e um menor, a cabeça ligeiramente maior do que a meia esfera, intermitente e lisa, cobertta de cartilagem articular. O colo do fêmur é achatado nas suas superfícies anterior e posterior, formando um bordo superior e inferior ambos arredondados, o superior côncavo no seu eixo longo, a diáfise na linha intertroconteriana e posterior, na crista grande do tubérculo quadrado. A diáfise é a parte do osso que tem crescimento primário, ou seja, cresce longitudinalmente, alongando-se. É a parte mais longa, compreendida entre as extremidades. Nos ossos longos a diáfise é composta de grande quantidade de osso compacto, com pequena quantidade de osso esponjoso, mais profundamente. Ela também delimita o canal medular. É formada por tecido ósseo compacto (KONIN, 2006, p.157). A extremidade inferior do fêmur consiste em dois grandes côndilos, cada qual projetando-se para trás, além da superfície posterior da diáfise, o lateral sendo mais incorporado do que o medial. Sendo que a superfície lateral do côndilo lateral é enrugada e marcada imediatamente abaixo do seu centro pelo epicôndilo lateral, de baixo da qual há um sulco liso para a passagem do tendão poplíteo, a superfície medial do côndilo medial 15 também é enrugada e novamente marcada abaixo pelo centro do epicôndilo medial (DANGELO e FATTINI, 2000, p.194). 1.1.2 Patela A patela é um pequeno osso chato, aparentemente ovóide possuindo um ápice e uma base, tendo a face anterior convexa situada na face posterior do tendão terminal do quadrícepes. Articula com o fêmur, cobrindo e protegendo a parte anterior da articulação do joelho e atua como um eixo para aumentar a alavanca do grande músculo quadríceps femoral, cujo tendão está fixado à tuberosidade tibial da perna. É um osso curto, do tipo sesamóide e apresenta uma camada de substância compacta revestindo a substância esponjosa (KONIN, 2006, p.157). A patela proporciona uma vantagem mecânica ao aparelho extensor por dois mecanismos: ligação, pois a patela une quadríceps e o tendão patelar que vai se inserir na tíbia, permitindo a geração da força necessária para a extensão do joelho, do quadríceps para a tíbia; e desvio, pois a patela desvia essa ligação tendão quadríceps- tendão patelar para longe do eixo de rotação do joelho. Podemos fazer uma relação análoga à de uma polia, o que aumenta a força extensora do joelho (DANGELO e FATTINI, 2000, p.194). A patela tem como função mais importante a facilitação da extensão do joelho, aumentando a distância do aparelho extensor, em relação ao eixo de flexão e extensão do joelho. A cartilagem hialina, com sua firmeza e coeficiente de fricção dificilmente modificáveis, é indispensável para transmissão da força do quadríceps em torno do fêmur distal e da tíbia, ou seja, aumentar a distância do braço de força. A patela atua como um guia para o tendão quadriciptal, ao centralizar as forças divergentes de seus quatro 16 músculos, transmitindo-as para o tendão patelar, diminuindo as forças de compressão lesivas para o tendão do quadríceps no momento da flexão do joelho. Isto diminui a possibilidade de deslocamento do aparelho extensor e controla a tensão capsular do joelho. A patela articula-se com as superfícies anterior e distal em forma de sela e também protege a cartilagem da tróclea assim como os côndilos, atuando como uma cobertura óssea (PALASTANGA et al, 2000, p.381). A face posterior é articular, com duas facetas articulares separadas por uma crista, exceto no seu quarto inferior. As bordas, externa e interna, são convexas e arredondadas, sendo a interna mais grossa formando uma saliência mais acentuada que facilita os traumatismos. Nas bordas inserem-se as aletas patelares e os fascículos inferiores dos músculos vastos. A patela é muito móvel, sendo mantida no lugar principalmente pelas aletas, complexos fibrosos muito resistentes inseridos nas bordas patelares (KONIN, 2006, p.157). As aletas são formadas por complexo fibroso muito resistente, principalmente na sua parte medial, inserido nas bordas laterais da patela, no ligamento patelar, nas bordas das cavidades glenóides tibiais e nas porções posteriores dos côndilos femurais. Esse complexo fibroso é formado por aponeurose superficial, reforçada por fora pelas fibras do músculo tensor da fascia lata e, por dentro, por fibras do sartório, pela expansão do músculo quadrícepes e por fibras profundas diretas da patela até os côndilos. As aletas impedem o deslocamento para a frente da articulação e os deslocamentos laterais da patela. Além de atuar na manutenção da estabilidade articular, as aletas disseminam por todos os contornos antero – laterais da patela as inserções do quadrícepes, aumentando muito a ação extensora do potente músculo. 17 1.1.3 Tíbia A tíbia é o segundo maior osso do esqueleto humano, sendo o maior o fêmur, já citado anteriormente. formando o joelho. A extremidade superior articula-se com a patela e o fêmur, Lateralmente, nas duas extremidades, articula-se com a fíbula e inferiormente com o astrágala. Sua forma é prismóide, com um prolongamento em cima, onde entra no conjunto do joelho, no terço inferior. Nos homens, sua direção é vertical e paralela com o osso do lado oposto; já nas mulheres ele tem uma direção ligeiramente oblíqua para baixo e para o lado, para compensar a maior obliquidade do fêmur (HALL, 1993, p.156). A extremidade inferior da tíbia é expandida. Possui um maléolo medial proeminente contínuo com a superfície medial da diáfise, projetando-se para baixo a partir do seu lado medial. Medialmente é contínua com a superfície articular do maléolo e é usualmente voltadas para cima sobre a superfície lateral onde se torna côncava anteriormente para a articulação da fíbula. Tem uma forma triangular rugosa para uma fixação do ligamento interósseo (PALASTANGA et al, 2000, p.377-380). 1.2 Meniscos Os meniscos são estruturas fibrocartilagens que repousam sobre as superfícies articulares da tíbia. Cada joelho possui um par de meniscos, um para cada superfície articular da tíbia (medial e lateral). O menisco medial de um modo geral tem a forma de um "C", é mais largo na sua porção posterior. Inserido na área intercondilar posterior. O corno anterior está inserido na área intercondilar anterior da tíbia, e o seu corno posterior, 18 inserido na área intercondilar posterior. Este menisco está diretamente fixado ao ligamento colateral medial (LCM), que é uma faixa achatada forte que se estende do epicôndilo medial do fêmur, passando para baixo e ligeiramente para frente, fixando-se no côndilo medial da tíbia e no lado medial da sua diáfise. O LCM foi encorado como tendo sido formado a partir de uma inserção tibial original do músculo adutor magno (SHIMITH et al, 1997, p.354). O menisco lateral é fibrocartilaginoso e decresce um círculo quase completo, se comparado a um "D", ele é bem menor, e apresenta maior mobilidade em relação ao menisco medial. Os cornos anterior e posterior estão inseridos próximo às áreas intercondilares anterior e posterior (SPENCE, 1991, p.173). Os meniscos transmitem metade da força de contato no compartimento medial e uma porcentagem ainda mais elevada de carga de contato no compartimento lateral, sendo que a perda da sua função resulta em efeitos significativos no osso subcondral, na substância esponjosa da tíbia proximal e no córtex tibial, bem como na cartilagem articular. Os meniscos são avasculares, não têm suprimento sanguíneo na porção interna da fibrocartilagem, de modo que quando ocorre puptura, a cicatrização é quase impossível. Existe algum suprimento na porção externa do menisco, tornando possível a cicatrização da estrutura (HAMIL, 1999, p.228). Pelo fato de LCM inserir-se no menisco medial, estiramento ou ruptura do ligamento pode resultar em lesão associada ao menisco. A ruptura do menisco é a lesão de joelho mais comum, sendo a do menisco medial dez vezes mais freqüente que a do menisco lateral. O mecanismo de lesão freqüentemente envolve uma rotação corporal, enquanto o pé é mantido fixo no solo, durante a sustentação do peso (HALL, 1993, p.123). Os meniscos apresentam três funções primordiais na articulação tibiofemoral: 19 estabilidade, nutrição e absorção de impacto. A estabilidade articular ocorre porque os meniscos formam uma fossa para os côndilos femorais convexos situados superiormente. Isto se deve ao fato de os meniscos apresentar forma de cunha com a borda interna mais baixa e a externa alta. Assim se forma um soque que controla a translação na articulação. Os meniscos também direcionam o fluxo do líquido sinovial dentro da cavidade articular, de modo que existam volumes ideais entre as superfícies tibial e femoral. Este movimento do líquido sinovial facilita a distribuição de substâncias nutritivas necessárias para suprir as estruturas intra-articulares em todas as articulações sinoviais (KONIN, 2006, p.163). 1.3 Músculos Os músculos do joelho são fortíssimos, possibilitando movimentos de flexão e extensão amplos e potentes. Os extensores da perna, abrindo o ângulo tíbio-femural, estão representados pelo quadrícepes crural com os componentes reto anterior, vastos interno e externo e crural. As fibras desses músculos inserem-se em vários pontos da patela e terminam unindo-se para formar o tendão patelar. Também são extensores o tensor da fascia lata e o músculo parameral. Os flexores têm as suas formações terminais no oco poplíteo e são o sartório ou costureiro, o bícepes femural, o semi-tendinoso e o semimembranoso (PALASTANGA et al, 2000, p.280). Os músculos isquiotibiais incluem os músculos bíceps femoral (cabeça longa), semimembranoso e semitendinoso. Em geral, este grupo muscular atua flexionando o joelho. Entretanto, outras funções podem ocorrer. Por exemplo, como estes músculos (exceto a cabeça curta do bíceps femoral) se originam na tuberosidade isquiática, eles colaboram na extensão do quadril em um grau significativo. Os músculos 20 semimembranoso e semitendinoso também produzem rotação medial tibial em cadeia aberta e rotação lateral femoral em cadeia fechada, em conjunto com os músculos poplíteo, como resultado de suas fixações distais. A amplitude de movimento média no joelho é de aproximadamente 1400 de flexão, limitada pela aproximação dos tecidos moles (KONIN, 2006, p.159). O grupo muscular quadríceps femoral inclui os músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio e vasto lateral. Porém, o vasto medial exibe uma parte funcional isolada, denominada vasto medial oblíquo (VMO). Em conjunto estes músculos formam o aparelho extensor do joelho. Os quatro ventres musculares do quadríceps femoral produzem extensão do joelho, ao passo que o músculo reto femoral também atua na flexão do quadril. Isto se deve à sua origem na espinha ilíaca ântero-inferior (PALASTANGA et al, 2000, p.280). Outros músculos que atuam sobre a articulação do joelho incluem os músculos sartório, grácil, adutor magno, glúteo máximo, tensor da fáscia lata, gastrocnêmios e plantar longo. A principal função do sartório é flexionar o quadril, porém ele também atua na flexão do joelho e na rotação medial da tíbia, através de sua fixação tibial medial. Da mesma forma, o músculo grácil atua na flexão do joelho, além de realizar sua função principal como adutor do quadril (HAMIL, 1999, p.232). O músculo adutor magno não atua diretamente sobre a função do joelho, uma vez que ele se fixa no tubérculo adutor do fêmur e, portanto, não cruza a articulação do joelho. Todavia, as fibras do vasto medial oblíquo (VMO) originam-se em parte de seu ventre. A facilitação ou inibição do músculo adutor magno pode afetar a função do vasto medial oblíquo (VMO) e, conseqüentemente, influenciar a mecânica patelofemoral (PALASTANGA et al, 2000, p.280). Juntos, os músculos glúteo máximo e o tensor da fáscia lata formam um tendão 21 comum, denominado trato iliotibial (TIT) que acompanha a face lateral do fêmur até a face lateral do joelho e apresenta algumas fibras que se fixam ao retináculo lateral que circunda a cápsula do joelho. Os músculos gastrocnêmios e plantar longo contribuem para a flexão do joelho, uma vez que apresentam fixação na parte posterior do fêmur. Eles oferecem uma pequena colaboração aos músculos isquiotibiais, especialmente nas atividades em cadeia fechada (KONIN, 2006, p.160). O único estabilizador medial dinâmico do joelho é o vasto medial oblíquo (VMO), é ativo em toda a extensão do joelho; entretanto, sua função primária é neutralizar a tração dos estabilizadores laterais ativos e passivos da articulação. 1.4 Biomecânica O joelho apresenta seis tipos movimentos: três translações (antero-posterior, médiolateral, céfalo-caudal), e sobre estes três eixos ocorrem três rotações (flexo-extensão, rotação interna-externa, varo-valgo), criando um movimento complexo ao joelho2. A mobilidade do joelho ocorre simultaneamente em mais de um eixo, por exemplo, a translação anterior e a rotação ocorrem conjuntamente no plano sagital e são, obrigatoriamente, associadas a rotações em outro eixo (HALL, 1993, p.123). Biomecanicamente, os meniscos limitam o movimento entre a tíbia e o fêmur. Na flexão e extensão, os meniscos movem-se com os côndilos femorais. Na medida em que as pernas flexionam-se os meniscos movem-se posteriormente, devido ao rolamento do fêmur e à ação muscular dos músculos poplíteos e emimenbranoso (HAMIL, 1999, p.228). 2 Anexo figura 1. 22 No final do movimento de flexão, os meniscos preenchem a porção posterior da articulação, agindo como um tampão. O movimento contrário ocorre na extensão, quando o quadríceps femoral e a patela assistem no movimento dos meniscos para frente sobre a superfície. Além disso, os meniscos seguem a tíbia durante os movimentos de rotação. Os movimentos dos meniscos são, durante a flexão tracionados para trás; durante a extensão, os meniscos são tracionados para frente; durante a rotação interna o MM posterioriza e o ML posterioriza; durante a rotação externa o MM posterioriza e o ML anterioriza (HALL, 1993, p.159). As principais funções dos ligamentos do joelho são estabilização, controle da cinemática e prevenção dos deslocamentos e rotações anormais que podem causar lesões da superfície articular. O LCA é um restritor primário do joelho e sua principal função é impedir a translação anterior da tíbia em relação ao fêmur. Ele atua secundariamente na restrição da rotação tibial e em menor grau na angulação varo-valgo quando o joelho está estendido, o que não ocorre em flexão. O LCA não possui ação na restrição da translação posterior da tíbia (idem, p.162). A força compressiva entre a patela e o fêmur aproximadamente de 0,5 a 1,5 vezes o peso corporal durante a caminhada. A articulação patelofemoral absorve forças compressivas do fêmur e as transforma em forças tensivas nos tendões do quadríceps e patelar. Em atividades vigorosas, em que ocorrem altas forças de aceleração negativa, a força patelofemoral é também alta (GARDNER, 1988, 156). A força compressiva patelofemoral é máxima em 50° graus de flexão e declina na extensão aproximando-se de zero na medida em que a patela quase escapa do fêmur. A área de contato mais larga com a patela é entre os ângulos de 60° a 90° graus de flexão de joelho, e 13 a 38% da superfície patelar suporta o peso quando existe carga sobre a 23 articulação. Felizmente, há uma ampla área de contato quando as forças compressivas patelofemorais são grandes, reduzindo a pressão(GARDNER, 1988, 156). Atividades que utilizam ângulos de joelho mais pronunciados geralmente experimentam grandes forças compressivas patelofemorais. As atividades com altas forças patelofemorais devem ser limitadas ou evitadas por indivíduos que experimentem dor patelofemoral. A força compressiva patelofemoral e a força do quadríceps femoral pode aumentar na mesma freqüência que a flexão de joelho no apoio de peso. Se a perna se estende contra uma resistência tal como um aparelho de extensão para pernas ou bota com pesos, a força do quadríceps irá aumentar, mas a força patelofemoral irá diminuir da flexão para a extensão. Em ângulos de flexão de joelho maiores que 60° graus, a força do tendão patelar é somente metade a dois terços da força do tendão do quadríceps (KONIN, 2006, p.237). 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar: para o estudante de medicina. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2000. GALERIA virtual. Imagens anatômica do joelho Disponível em: <http://www. fisioweb.com.br>. Acesso em: 30 out. 2008. GARDNER, E. Anatomia: Estudo regional do corpo humano. 4.ed. Tradutor: Rogério Benevento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. HALL, S.J. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1993. HAMIL, J. Bases Biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manole, 1999. KONIN, J.G. Cinesiologia prática para fisioterapeutas. Tradução: Eliane Ferreira. Rio de janeiro: Koogan, 2006. PALASTANGA, N. et al. Anatomia e movimento humano: estruturas e função. 3.ed. São Paulo: 2000. SHIMIT, L.K. et al. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 5.ed. São Paulo: Manole, 1997. SPENCE, A. P. Anatomia humana básica. ed. 2. São Paulo: Manole, 1991. 25 Anexo Figura 1 – Translações e rotações articulares nos três eixos de coordenada Fonte: www.fisioweb.com.br 26