VINHETAS – PEDRO 1 - João e Mariana, estudantes do 7º período de medicina são namorados. Estão no mesmo serviço e sua atividade inclui examinar os pacientes, redigir o relatório de evolução e discutir os casos com o preceptor. Observa-se que João protege Mariana, assumindo para si as suas próprias tarefas e as dela. Nas discussões, Mariana não tem iniciativa e não parece ter grande conhecimento do caso de que é encarregada, mas é gentil e educada. Temas: - Como ativar no estudante as habilidades cognitivas, afetivas e motoras desejadas nesse processo de ensino/aprendizagem - O trabalho com os impasses, conflitos e crises 2 - Faz parte da rotina do serviço que em certo dia da semana o preceptor discuta com os internos um texto científico previamente divulgado e considerado de interesse e complexidade adequados àquele grupo. Na hora da discussão, uma única aluna abre o caderno e começa a ler um resumo do texto, ante o silêncio dos demais. Os outros alunos, interrogados, dizem que não leram o texto ou deixaram o resumo em casa. Temas: - O processo de ensino/aprendizagem na formação dos profissionais de saúde - Conceitos, métodos e metodologia que norteiam esse processo - O manejo do trabalho com grupo - O trabalho com os impasses, conflitos e crises 3 - Na segunda feira pela manhã uma interna pouco aplicada e com faltas freqüentes comparece à enfermaria com sinais de embriaguez. Tema: - O trabalho com os impasses, conflitos e crises Cláudia Setta, Márcia Bomfim, Dilva Monteiro UNIDADE 1 – Processo de ensino e aprendizagem na formação de profissionais de saúde Vinheta 1 Maria, João e Clara são preceptores médicos do Serviço de Emergência e conversam sobre o trabalho com os internos durante seus plantões. Maria diz: - “Trabalhar com internos na emergência é muito difícil, eles tumultuam o meu serviço, fazem mil questionamentos...” João, mais enfático, afirma: - “Eu odeio internos na emergência! Prefiro que não tenha internos no meu plantão.” Clara comenta: - “Gosto de trabalhar com eles no início do turno, quando o movimento é ainda pequeno e eu consigo dar-lhes atenção e orientá-los de forma adequada”. Vinheta 2 - “No plantão de segunda-feira não temos problemas com os internos porque Joana os coordena tão bem e com tanta satisfação que nós até a apelidamos de ‘a Dra encantadora de internos’”. Vinheta 3 - “Deveríamos ter professores no setor para acompanhar os alunos durante os atendimentos. Eles conhecem as técnicas de ensino e estão na Universidade para isto. Eu não sou professor!” Vinheta 4 Um interno diz ao seu preceptor na emergência: - “Não vou ficar comendo fila de atendimento. Não sou mão-de-obra barata! E estou aqui para aprender.” Vinheta 5 - “Não me importa o número de internos”, diz um chefe de enfermaria, “não sei nem o nome deles! A enfermaria funciona mesmo é com os residentes.” Vinheta 6 - “Esses internos ficarão aqui nesta enfermaria. Fica de olho neles porque a maioria não quer nada!” Vinheta 7 Durante o round, o preceptor solicita que um interno descreva a evolução das últimas 24h do paciente que acompanha. O interno inicia seu relato sem muita objetividade, de maneira lenta e insegura. O preceptor faz, então, algumas perguntas visando orientar o raciocínio clínico, quando é interrompido por um residente que faz, apressadamente, um relato sucinto e objetivo do caso. Vinheta 8 Uma interna, ao receber o paciente para internação com diagnóstico de histiocitose intestinal pergunta ao preceptor: - “Que doença é essa?” E o preceptor responde: - “Eis uma boa pergunta... Pegue o prontuário, leia a história e a condução do caso até o diagnóstico e, depois, vamos aos livros.” Vinheta 9 Um interno chega pela manhã na enfermaria e dirige-se ao paciente que acompanha para realizar a evolução diária. Após a conversa e o exame clínico, digita a evolução no computador e, sem se comunicar com o restante da equipe, senta-se num canto do posto e fica estudando em apostila de curso preparatório para a prova de residência. Ao ser questionado por seu preceptor sobre a situação do referido paciente, descreve o quadro clínico de maneira sucinta, demonstrando desconhecer 2 dados importantes, como os resultados radiológicos executados na tarde anterior. de exames laboratoriais e Vinheta 10 Um interno comenta com outro colega: “Agora vou ter que comprovar que dou plantão em algum lugar na minha folga semanal para poder ter direito a ela! Que absurdo! Eu não dou plantão fora! Apenas estudo para a prova de Residência!” Vinheta 11 Conversa entre internos: - Você acredita que ontem, conversando com um médico conhecido sobre Sarcoma de Mama, ele não sabia me responder quais eram os medicamentos de primeira linha para o tratamento e seus efeitos colaterais!?” - É mesmo? Que absurdo! Saiu um artigo sobre isso anteontem na New England!! Será que ele não se informa? Unidade 2 – Trabalho Unidade 3 – Saúde Unidade 4 - Avaliação Vinheta 1 Um interno, ao fim da graduação, solicita a ajuda de um antigo preceptor na seguinte questão: sua prova prática obrigatória havia sido marcada por duas vezes com um determinado professor que não havia comparecido em ambas as datas. O aluno já havia tentado contato por e-mail e telefone com o referido professor, sem êxito nas tentativas. Ao procurar auxílio da coordenação do curso, foi sugerido que ele procurasse a ajuda de alguém que se propusesse a lhe ajudar, algum antigo preceptor, talvez... O interno argumenta que o professor havia oferecido a seguinte orientação: escolher qualquer paciente, fazer a história e o exame, e deixar tudo pronto para o dia da prova. E, seguindo esta orientação, o interno afirmava acreditar que o preceptor nem precisaria se preocupar com isso naquele momento. Beth (a) Paciente se queixa de dor nas costas. O preceptor ajuda a paciente a se colocar em uma posição melhor. Logo após, o interno questiona se isso não é papel da enfermagem. (b) Preceptor comunica a seus alunos a decisão tomada em relação à evolução clínica da paciente: será necessário amputar sua perna. O interno 3 fala: “não quero estar presente. E se ela chorar, gritar ... como vamos agir, o que vamos dizer?” (c) No round, o M10 têm dúvidas quanto aos procedimentos adotados frente ao quadro clínico do paciente Z. Logo em seguida o residente se dirige à ele: “se vc não tivesse faltado não estaria com dúvidas”. Aspectos considerados - Preceptor: sua postura pode permitir que os alunos tenham uma outra compreensão de seu papel como profissional da saúde. - Complexidade do trabalho na saúde: dificuldades pessoais têm reflexo no atendimento a ser oferecido. - Diferenças nas trajetórias de seus alunos e a necessidade de integrá-los interação e comunicação mediatizada. Situações-problema – por Sílvia Reis em 10/07/08 1. Enfermaria lotada e chegam 3 novos internos por volta das 08:15h de uma segunda-feira. O chefe da enfermaria recepciona os alunos e explica a rotina do serviço e a importância da pontualidade, enquanto os residentes passam visita e fazem a prescrição. Os internos são distribuídos e iniciam suas atividades práticas. Às 10:30h eles se despedem, uma vez que têm atividades teóricas curriculares. O chefe da enfermaria então combina discutir os casos no round do dia seguinte. No outro dia, um aluno chega às 8:00, mas é folga dos outros dois alunos; chegam mais 3 alunos novos. 2. O resultado de um exame complementar importante realizado há alguns dias ainda não está disponível no prontuário/sistema e o chefe da enfermaria solicita ao interno do leito que se dirija ao laboratório/RX/SME para verificar o ocorrido e trazer o resultado. O interno desconhece o local e, mesmo após a explicação, demonstra má-vontade, uma vez que o problema “é a bagunça do hospital e esta não é função do aluno” 3. Enfermaria lotada de pacientes, novos residentes na sala. Os internos e residentes saíram às 11h, já atrasados para outras atividades curriculares. O chefe da enfermaria está revendo os prontuários quando chegam os especialistas que foram chamados para dar parecer em um paciente; estes chegam com seus residentes e pós-graduandos. Fazem uma discussão interessante a respeito do caso em questão e indicam a realização de procedimento invasivo, de baixo risco; o chefe da enfermaria conversa com o paciente e com o familiar presente, explica detalhadamente o problema, tira as dúvidas e estabelece relação empática. Obtém o consentimento informado e realiza o procedimento. Os alunos não estavam na enfermaria enquanto tudo isso acontecia. 4 4. Depois de oito semanas na enfermaria, os alunos são avaliados pelos preceptores por meio de uma escala de competências aplicada pelo chefe de enfermaria e fazem uma prova teórica de múltipla escolha. Os chefes de enfermaria receberam o programa da disciplina, mas este é vago demais e as escalas não dão conta de discriminar a performance dos alunos; sentemse meio perdidos e frustrados. Os alunos reclamam que o que eles aprendem não é o que cai na prova. E/OU Depois de oito semanas na enfermaria, os alunos são avaliados por meio de uma escala de competências aplicada pelo chefe de enfermaria e fazem uma prova prática com outro avaliador. Os chefes de enfermaria receberam o programa da disciplina, mas este é vago demais e as escalas não dão conta de discriminar a performance dos alunos; sentem-se meio perdidos e frustrados. O preceptor gostaria de poder ter a oportunidade e condições adequadas para avaliar o aluno como um todo. Situações-problema – Leonam 1. Durante o round, o preceptor percebe situações que o deixam preocupado: a. Os internos expressam suas opiniões acerca do caso de modo informal, sem foco na resolução das questões pertinentes ao caso e sem arriscar a proposição de condutas diagnósticas e terapêuticas que lhe pareçam apropriadas. Apresentam o resumo do caso de forma fragmentada, não fazem a revisão detalhada do prontuário, não trabalham em parceria com o residente do leito e fica evidente que o que sabem da história é o que leram no resumo de admissão, feito pelo plantonista do andar na véspera ou pelo plantonista da emergência, isto é, ele próprio não tentou diretamente coletar uma história com a paciente. b. Em todo momento, outros internos e, principalmente, os residentes, fazem perguntas e emitem comentários entre si, tornando o round tão desorganizado quanto uma conversa de bar. O tempo passa, o round prossegue lentamente, às custas de várias interrupções do staff para pedir atenção e, a um certo momento, alguns internos e residentes avisam que será necessário que se retirem pois está na hora dos compromissos da tarde. c. Após o round, que se estendeu muito além do horário previsto, adentrando na hora do almoço, internos e residentes comentam entre si que gostariam que fossem marcados temas para discussão. d. Os residentes R2 ficam sabendo superficialmente dos casos, pois não chegaram à beira do leito em nenhum momento durante a manhã, mas as prescrições foram feitas por eles, e o staff percebe uma série de inconformidades. 5 2. Chega ao final da rodada de 6 semanas do interno Sandro e o staff se vê na situação de ter que dar uma nota. Ele não quer prejudicá-lo, mas também não quer ser injusto atribuindo conceitos semelhantes para ele e seus colegas, que tiveram desempenho e aproveitamento diferentes. Na verdade, ele se sente incapaz de fazer esta diferenciação adequadamente. Seu contato com os internos é principalmente o round, mas neste o foco maior da atenção do staff é o paciente, isto é, tomar as decisões que possam levar o paciente a evoluir seu quadro da melhor maneira possível. 6