Documento 193714

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Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas
1- Introdução
O avanço e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
na sociedade são extremamente significativos e o seu contínuo desenvolvimento se dá
numa velocidade sem precedentes. Tal processo traz, inevitavelmente, conseqüências e
questões a serem pensadas na Educação.
As instituições de ensino são consideradas, formalmente, responsáveis por
cuidar da formação e da aprendizagem dos sujeitos. As transformações tecnológicas
atuais, no entanto, impuseram novos ritmos, novas percepções e racionalidades
múltiplas, de maneira que surgiram novos comportamentos de aprendizagem. Se antes a
tarefa de ensino-aprendizagem era exclusiva da escola, hoje são múltiplas as agências
que possibilitam informações e conhecimentos a que se pode ter acesso (Kenski, 1997).
Neste ponto, podemos pensar então na importância de expandir o repertório
tecnológico dos docentes como meio de instrumentalizá-los para uma prática
pedagógica fundamentada em um novo paradigma, diferente do tradicional, que mantêm
distantes alunos e professores. Para além de uma questão técnica de capacitar as
instituições de ensino com equipamentos tecnológicos, trata-se mais profundamente de
tornar o docente um profissional crítico, reflexivo e competente para o domínio das
novas tecnologias educativas.
Superar o paradigma tradicional ainda hegemônico implica, entretanto, (re)
pensar o papel e as competências docentes para lidar com necessidades atuais de
formação bem como a organização da sala de aula, já que sua configuração não é mais a
mesma de anos atrás. Implica também criar consistentemente uma nova cultura do
magistério na perspectiva de que o uso das tecnologias não seja algo exógeno à
docência, mas inerente a ela e necessário ao processo abrangente de formação integral
do ser humano.
Neste contexto, algumas questões fundamentais, relativas à prática e a formação
do professor para a utilização de tecnologias digitais na Educação, surgem: Quais são
as novas competências necessárias para o trabalho docente no cotidiano de sala aula? A
introdução das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem contribui na qualidade
do ensino? Quais saberes os professores precisam ter para lidar com as tecnologias? A
utilização de tecnologias é imprescindível na Educação?
As respostas a essas perguntas são importantes para elucidar caminhos na
formação e também para contribuir com a superação de mitos que muitos docentes
possuem em seu imaginário sobre o uso da tecnologia na educação.
A resistência de muitos professores em relação ao uso das tecnologias se dá,
muitas vezes, em decorrência da descrença das contribuições da tecnologia ao processo
de ensino-aprendizagem e também do medo de que sua função seja superada. No
entanto, as novas tecnologias não substituirão ou diminuirão a importância do professor,
pois o que elas fazem é ampliar e intensificar as possibilidades cognitivas e interativas
no processo de construção de conhecimentos (Assmann, 2000).
Levando em consideração que a preocupação central é a formação de qualidade,
temos que ter em mente que o docente em processo de formação, seja inicial ou
continuada, não pode simplesmente vivenciar processos acríticos de utilização da
tecnologia, o que acarretaria na introdução e utilização indiscriminada de tecnológicas
nas salas de aula sem intencionalidade pedagógica.
Neste sentindo, Kenski (1997, p.70), faz uma importante consideração ao
abordar os impactos na formação docente:
É preciso que este profissional tenha tempo e oportunidades de familiarização
com as novas tecnologias educativas, suas possibilidades e limites para que,
na prática, faça escolhas conscientes sobre o uso das formas mais adequadas
ao ensino de um determinado tipo de conhecimento, em um determinado
nível de complexidade, para um grupo específico de alunos e no tempo
disponível.
Um dos pontos relevantes posto pela autora diz respeito à necessidade de refletir
sobre os cursos de graduação, no sentido de prever momentos em que os sujeitos em
processo de formação possam ter oportunidades de iniciar e aprofundar suas relações
(sobretudo pedagógicas) com a tecnologia.
Não é possível vivenciar na prática aquilo que desconhecemos tampouco é
possível promover a aprendizagem de conteúdos que não se domina, que não se teve a
oportunidade de construir (MELLO, 2000). Esta mesma preocupação também está
presente na Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas (2002) quando aborda o
conceito de simetria invertida, apontando a relevância da experiência enquanto aluno
como parte constitutiva de sua prática futura como professor. Assim, o documento
oficial evidencia a necessidade do futuro profissional experienciar em uma situação
invertida, como aluno, modelos didáticos, atitudes e modos de organização que se
espera que venha a ter ao exercer a docência.
Recente pesquisa desenvolvida na Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas1 demonstrou que 85% de uma amostra de 253 professores de
ensino médio da rede estadual de Campinas sentem-se inseguros quanto ao uso de
tecnologias em sala de aula.
Portanto, alunos que vivenciam durante seus processos de formação acadêmica
momentos em que podem fazer uso pedagógico das tecnologias, possuem maiores
chances de compreender e utilizar futuramente tais tecnologias, sentindo-se mais
seguros em relação ao seu uso.
Saber fazer escolhas conscientes sobre qual tecnologia deve ser usada para se
trabalhar um determinado assunto parece então ser uma competência importante que
está relacionada não somente com o uso em si, mas também ao (re) conhecimento da
tecnologia e suas potencialidades para se trabalhar um conteúdo específico.
Acreditamos que a discussão dessas questões é fundamental para superar o
desencontro entre professores e tecnologias e promover uma reflexão consistente sobre
a necessidade de formação, inicial e continuada, capaz de construção de novas
competências docentes frente às tecnologias digitais interativas.
2- Tecnologia digital interativa: esclarecendo conceitos
Interatividade é um conceito técnico do universo da informática e refere-se ao
diálogo possibilitado pela máquina e seu programa. A interatividade pode assumir
funções diferentes e no contexto da educação importa quando ocorre uma interação
significante, isto é, sai de algo mecânico para algo que dá sentido à ação humana.
Quando o objetivo perseguido é a aprendizagem, é intencional e o sujeito sabe o porquê
utiliza determinado programa, então as capacidades interativas da máquina possibilitam
interações humanas significativas (Dalaunay, )
Veraszto et al (2009) analisaram as definições existentes de interatividade para,
assim, compreender melhor o papel das TIC no contexto educativo. Segundo os autores,
1
Para ter acesso ao trabalho completo ver Tese de Doutorado: “Autoeficácia de professores para
utilizarem tecnologias de informática no ensino”, de Cacilda Encarnação Augusto Alvarenga.
os principais indicadores de tecnologia interativa envolvem (p. 657): “o intercâmbio
entre as máquinas, o intercâmbio entre os usuários e o software, as oportunidades de
aprendizagem, entretenimento, aquisição de informação, comunicação em tempo real,
comunicação remota, sistema dinâmico, poder de decisão, feedbacks, animações,
vídeos, música, hipertexto, jogos, simulações holográficas, similaridade com o real,
imersão passiva ou ativa, individual ou coletiva e, transformações do entorno virtual”.
 Pessoal, abaixo são apenas trechos de textos que ajudam a definir digital e
interatividade.
Sobre Interatividade
É o modo de comunicação que vem desafiar professores e gestores da
educação, igualmente centrados no paradigma da transmissão, a buscar a construção da sala
de aula onde a aprendizagem se dá com a participação e cooperação dos alunos. Este texto
vem mostrar que interatividade é fundamento da educação presencial e à distância em
sintonia com era digital e com a construção da participação cidadã.
Interatividade é um conceito de comunicação e não de informática. Pode ser
empregado para significar a comunicação entre interlocutores humanos, entre humanos e
máquinas e entre usuário e serviço. No entanto, para que haja interatividade é preciso
garantir
duas disposições basicamente:
1. A dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e
complementares na co-criação da comunicação;
2. A intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da mensagem ou do
programa abertos a manipulações e modificações.
Marco
Silva,
http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/4727/1/NP8SILVA3.pdf
Os princípios da interatividade podem ser encontrados em sua complexidade nas
disposições técnicas do computador online. São três basicamente:
a) participação-intervenção: participar não é apenas responder "sim" ou "não" ou
escolher uma opção dada, supõe interferir no conteúdo da informação ou modificar a
mensagem;
b) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e da
recepção, é co-criação, os dois pólos codificam e decodificam;
c) permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias
de conexões e liberdade de trocas, associações e significações.
Marco Silva
http://www.thefreelibrary.com/Cibercultura+e+educacao%3A+a+comunicacao+
na+sala+de+aula+presencial+e...-a0197040684
Sobre Digital
Nesse contexto, o digital é responsável por uma revolução tecnológica e cultural sem
precedentes, a partir da transformação de átomos em bits que dá origem à "vida digital"
(Negroponte, 1996). A codificação digital contempla o caráter plástico, fluido, hipertextual,
interativo e tratável em tempo real do conteúdo da mensagem. A transição do analógico para o
digital permite a criação e estruturação de elementos de informação, as simulações, as
formatações evolutivas nos ambientes online de informação e comunicação que permitem criar,
gerir, organizar, fazer movimentar uma documentação completa com base em textos, imagens
e
sons.
Ao retirar a informação do mundo analógico - o mundo 'real', compreensível e palpável para os
seres humanos - e transportá-la para o mundo digital, nós a tornamos infinitamente modificável.
[...] Nós a transportamos para um meio que é infinita e facilmente manipulável. Estamos aptos
a, de um só golpe, transformar a informação livremente - o que quer que ela represente no
mundo real - de quase todas as maneiras que desejarmos e podemos fazê-lo rápida, simples e
perfeitamente. [...]
Digital significa, portanto, uma nova materialidade das imagens, sons e textos que, na memória
do computador, são definidos matematicamente e processados por algoritmos, que são
conjuntos de comandos como disposição para múltiplas formatações-intervenções-navegações
operacionalizadas pelo computador. Uma vez que a imagem, o som e o texto, em sua forma
digital, não têm existência material, podem ser entendidos como campos de possibilidades
para a autoria dos interagentes. Isto é, por não terem materialidade fixa, podem ser
manipulados infinitamente, dependendo unicamente de decisões que cada interagente toma ao
lidar com seus periféricos de interação como mouse, tela tátil, joystick, teclado.
Há uma "geração digital" (Tapscott, 1999) transitando da tela da TV de massa para a tela do
computador online, cujas disposições comunicacionais requerem das escolas e das
universidades qualitativos investimentos na docência e na gestão da educação via Internet. Em
particular, a educação online vive uma grandiosa oportunidade com o computador online que
oferece disposições técnicas que contemplam a expressão de fundamentos essenciais da
educação como diálogo, compartilhamento de informações e de opiniões, participação, autoria
criativa e colaborativa.
A disponibilização dos conteúdos de aprendizagem e das atividades de um curso via web
precisará se dar conta de que pode potencializar a comunicação e a aprendizagem e não
subutilizar as interfaces online que reúnem um conjunto de elementos de hardware e software
destinados a possibilitar aos estudantes agregações, associações e significações como autoria
e co-autoria. Pode integrar várias linguagens (sons, textos, imagens) na tela do computador
online.
Ou seja, para garantir qualidade em sua autoria, o professor precisará contar não apenas com
o computador online, mas com o design de um curso capaz de favorecer a expressão do
diálogo, do compartilhamento e da autoria criativa e colaborativa.
Marco Silva
http://www.thefreelibrary.com/Cibercultura+e+educacao%3A+a+comunicacao+
na+sala+de+aula+presencial+e...-a0197040684
 Aqui estariam as definições de Tecnologia, Digital e Interatividade
Autores que eu encontrei para abordar essa temática:
 Antonio Medina (espanhol, fala sobre as competências, mas aqui
pegaríamos sua definição de interatividade. Ele se baseia no Lemos)
 André Lemos (aparece em tudo que é referência! Deve ser “o cara”.
Define também interatividade)
Ver: Anjos interativos e retribalização do mundo. Sobre interatividade e
interfaces digitais. [http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/interac.html]
 Marco Silva (fala sobre sala de aula interativa – muito bom! Está nas
referências de Medina, define interatividade e digital)
 Sims (aparece na referência de Marco Silva e Veraszto. Está em inglês.
Seria bacana pra dar um Up no artigo)
 Veraszto et al (defendeu o doutorado aqui na Unicamp. Escreve junto
com o Dirceu e Sérgio Amaral, define interatividade)
PS. Acredito que esses são autores centrais. Se vocês conhecem outros acrescentem na
lista. Outros autores secundários podem colaborar. Ex: Freire, Moran, etc..
3- Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas
As tecnologias digitais interativas trazem uma revolução antropológica, mais do
que tecnológica, pois novas relações entre o ambiente e os humanos são
desencadeados pelos seus atributos técnicos. A intersecção do real e do virtual exige
o desenvolvimento de formas mais dinâmicas, participativas e descentralizadas das
práticas pedagógicas, fomentando a autonomia dos discentes.
Para Amaral (2008), a linguagem digital interativa, no contexto educativo, está
presente quando há a possibilidade, por parte do professor e do aluno, de
desenvolver e produzir meios para suas próprias mensagens. Da mesma maneira,
poder analisá-las, pois o aluno deve atuar com este conteúdo de forma crítica. O
diálogo é um aspecto fundamental da comunicação. Esta nova competência
comunicativa requer dos educadores, segundo o autor, três tarefas (p.17): “a
compreensão intelectual do meio digital, a leitura crítica de suas mensagens e a
formação para seu uso livre e criativo”.
É importante esclarecer que essa expansão do repertório tecnológico de docentes
não significa apenas o domínio da técnica de diferentes tecnologias. Medina et al (2011)
esclarece que são duas as competências-chave para o desenvolvimento da prática
educativa: a competência didático-pedagógica e a competência tecnológica-digital.
Um olhar mais demorado sobre essas duas competências exige a reflexão de
alguns conceitos importantes para se pensar no trabalho educativo envolvendo as
tecnologias.
Marco Silva ( ) apresenta algumas sugestões para a docência interativa presencial e
online
 Antonio Medina (fala sobre as competências)
 Perrenoud (vai definir competência)
 Vasco Moretto (fala sobre competências e habilidades)
 Vygotsky (Zona de desenvolvimento proximal)
 Vygotsky (Zona de desenvolvimento proximal)
PS. Acredito que esses são autores centrais. Se vocês conhecem outros acrescentem na
lista. Não conheço outros que falem sobre competências.
4- Processo de investigação sobre o uso das tecnologias digitais por professores
do Ensino Superior
Aqui explicaríamos o questionário, seus objetivos e o processo e contexto de
aplicação.
5- Análise e Discussão
Aqui são as análises e discussão dos resultados.
6- Considerações finais
Arremate final a partir de tudo que escrevemos e pesquisamos.
7- Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas.Jornal da Unicamp. Ano XXV.
Nº 488. Campinas, de 28 de março a 3 de abril de 2001
KENSKI, V. M. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os
impactos no trabalho docente. In: Revista Brasileira de Educaçã, nº 07. Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Jan.-abr., 1997
MELLO, G. N. Formação Inicial de Professores para a educação básica: uma (re)
visão radical, 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n1/9807.pdf>.
Acesso em: 04/08/2010.
SILVA, M. Educación interactiva: enseñanza y aprendizaje presencial y on-line. Madrid:
Gedisa, 2005.
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