Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas 1- Introdução O avanço e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na sociedade são extremamente significativos e o seu contínuo desenvolvimento se dá numa velocidade sem precedentes. Tal processo traz, inevitavelmente, conseqüências e questões a serem pensadas na Educação. As instituições de ensino são consideradas, formalmente, responsáveis por cuidar da formação e da aprendizagem dos sujeitos. As transformações tecnológicas atuais, no entanto, impuseram novos ritmos, novas percepções e racionalidades múltiplas, de maneira que surgiram novos comportamentos de aprendizagem. Se antes a tarefa de ensino-aprendizagem era exclusiva da escola, hoje são múltiplas as agências que possibilitam informações e conhecimentos a que se pode ter acesso (Kenski, 1997). Neste ponto, podemos pensar então na importância de expandir o repertório tecnológico dos docentes como meio de instrumentalizá-los para uma prática pedagógica fundamentada em um novo paradigma, diferente do tradicional, que mantêm distantes alunos e professores. Para além de uma questão técnica de capacitar as instituições de ensino com equipamentos tecnológicos, trata-se mais profundamente de tornar o docente um profissional crítico, reflexivo e competente para o domínio das novas tecnologias educativas. Superar o paradigma tradicional ainda hegemônico implica, entretanto, (re) pensar o papel e as competências docentes para lidar com necessidades atuais de formação bem como a organização da sala de aula, já que sua configuração não é mais a mesma de anos atrás. Implica também criar consistentemente uma nova cultura do magistério na perspectiva de que o uso das tecnologias não seja algo exógeno à docência, mas inerente a ela e necessário ao processo abrangente de formação integral do ser humano. Neste contexto, algumas questões fundamentais, relativas à prática e a formação do professor para a utilização de tecnologias digitais na Educação, surgem: Quais são as novas competências necessárias para o trabalho docente no cotidiano de sala aula? A introdução das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem contribui na qualidade do ensino? Quais saberes os professores precisam ter para lidar com as tecnologias? A utilização de tecnologias é imprescindível na Educação? As respostas a essas perguntas são importantes para elucidar caminhos na formação e também para contribuir com a superação de mitos que muitos docentes possuem em seu imaginário sobre o uso da tecnologia na educação. A resistência de muitos professores em relação ao uso das tecnologias se dá, muitas vezes, em decorrência da descrença das contribuições da tecnologia ao processo de ensino-aprendizagem e também do medo de que sua função seja superada. No entanto, as novas tecnologias não substituirão ou diminuirão a importância do professor, pois o que elas fazem é ampliar e intensificar as possibilidades cognitivas e interativas no processo de construção de conhecimentos (Assmann, 2000). Levando em consideração que a preocupação central é a formação de qualidade, temos que ter em mente que o docente em processo de formação, seja inicial ou continuada, não pode simplesmente vivenciar processos acríticos de utilização da tecnologia, o que acarretaria na introdução e utilização indiscriminada de tecnológicas nas salas de aula sem intencionalidade pedagógica. Neste sentindo, Kenski (1997, p.70), faz uma importante consideração ao abordar os impactos na formação docente: É preciso que este profissional tenha tempo e oportunidades de familiarização com as novas tecnologias educativas, suas possibilidades e limites para que, na prática, faça escolhas conscientes sobre o uso das formas mais adequadas ao ensino de um determinado tipo de conhecimento, em um determinado nível de complexidade, para um grupo específico de alunos e no tempo disponível. Um dos pontos relevantes posto pela autora diz respeito à necessidade de refletir sobre os cursos de graduação, no sentido de prever momentos em que os sujeitos em processo de formação possam ter oportunidades de iniciar e aprofundar suas relações (sobretudo pedagógicas) com a tecnologia. Não é possível vivenciar na prática aquilo que desconhecemos tampouco é possível promover a aprendizagem de conteúdos que não se domina, que não se teve a oportunidade de construir (MELLO, 2000). Esta mesma preocupação também está presente na Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas (2002) quando aborda o conceito de simetria invertida, apontando a relevância da experiência enquanto aluno como parte constitutiva de sua prática futura como professor. Assim, o documento oficial evidencia a necessidade do futuro profissional experienciar em uma situação invertida, como aluno, modelos didáticos, atitudes e modos de organização que se espera que venha a ter ao exercer a docência. Recente pesquisa desenvolvida na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas1 demonstrou que 85% de uma amostra de 253 professores de ensino médio da rede estadual de Campinas sentem-se inseguros quanto ao uso de tecnologias em sala de aula. Portanto, alunos que vivenciam durante seus processos de formação acadêmica momentos em que podem fazer uso pedagógico das tecnologias, possuem maiores chances de compreender e utilizar futuramente tais tecnologias, sentindo-se mais seguros em relação ao seu uso. Saber fazer escolhas conscientes sobre qual tecnologia deve ser usada para se trabalhar um determinado assunto parece então ser uma competência importante que está relacionada não somente com o uso em si, mas também ao (re) conhecimento da tecnologia e suas potencialidades para se trabalhar um conteúdo específico. Acreditamos que a discussão dessas questões é fundamental para superar o desencontro entre professores e tecnologias e promover uma reflexão consistente sobre a necessidade de formação, inicial e continuada, capaz de construção de novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas. 2- Tecnologia digital interativa: esclarecendo conceitos Interatividade é um conceito técnico do universo da informática e refere-se ao diálogo possibilitado pela máquina e seu programa. A interatividade pode assumir funções diferentes e no contexto da educação importa quando ocorre uma interação significante, isto é, sai de algo mecânico para algo que dá sentido à ação humana. Quando o objetivo perseguido é a aprendizagem, é intencional e o sujeito sabe o porquê utiliza determinado programa, então as capacidades interativas da máquina possibilitam interações humanas significativas (Dalaunay, ) Veraszto et al (2009) analisaram as definições existentes de interatividade para, assim, compreender melhor o papel das TIC no contexto educativo. Segundo os autores, 1 Para ter acesso ao trabalho completo ver Tese de Doutorado: “Autoeficácia de professores para utilizarem tecnologias de informática no ensino”, de Cacilda Encarnação Augusto Alvarenga. os principais indicadores de tecnologia interativa envolvem (p. 657): “o intercâmbio entre as máquinas, o intercâmbio entre os usuários e o software, as oportunidades de aprendizagem, entretenimento, aquisição de informação, comunicação em tempo real, comunicação remota, sistema dinâmico, poder de decisão, feedbacks, animações, vídeos, música, hipertexto, jogos, simulações holográficas, similaridade com o real, imersão passiva ou ativa, individual ou coletiva e, transformações do entorno virtual”. Pessoal, abaixo são apenas trechos de textos que ajudam a definir digital e interatividade. Sobre Interatividade É o modo de comunicação que vem desafiar professores e gestores da educação, igualmente centrados no paradigma da transmissão, a buscar a construção da sala de aula onde a aprendizagem se dá com a participação e cooperação dos alunos. Este texto vem mostrar que interatividade é fundamento da educação presencial e à distância em sintonia com era digital e com a construção da participação cidadã. Interatividade é um conceito de comunicação e não de informática. Pode ser empregado para significar a comunicação entre interlocutores humanos, entre humanos e máquinas e entre usuário e serviço. No entanto, para que haja interatividade é preciso garantir duas disposições basicamente: 1. A dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares na co-criação da comunicação; 2. A intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da mensagem ou do programa abertos a manipulações e modificações. Marco Silva, http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/4727/1/NP8SILVA3.pdf Os princípios da interatividade podem ser encontrados em sua complexidade nas disposições técnicas do computador online. São três basicamente: a) participação-intervenção: participar não é apenas responder "sim" ou "não" ou escolher uma opção dada, supõe interferir no conteúdo da informação ou modificar a mensagem; b) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção, é co-criação, os dois pólos codificam e decodificam; c) permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações. Marco Silva http://www.thefreelibrary.com/Cibercultura+e+educacao%3A+a+comunicacao+ na+sala+de+aula+presencial+e...-a0197040684 Sobre Digital Nesse contexto, o digital é responsável por uma revolução tecnológica e cultural sem precedentes, a partir da transformação de átomos em bits que dá origem à "vida digital" (Negroponte, 1996). A codificação digital contempla o caráter plástico, fluido, hipertextual, interativo e tratável em tempo real do conteúdo da mensagem. A transição do analógico para o digital permite a criação e estruturação de elementos de informação, as simulações, as formatações evolutivas nos ambientes online de informação e comunicação que permitem criar, gerir, organizar, fazer movimentar uma documentação completa com base em textos, imagens e sons. Ao retirar a informação do mundo analógico - o mundo 'real', compreensível e palpável para os seres humanos - e transportá-la para o mundo digital, nós a tornamos infinitamente modificável. [...] Nós a transportamos para um meio que é infinita e facilmente manipulável. Estamos aptos a, de um só golpe, transformar a informação livremente - o que quer que ela represente no mundo real - de quase todas as maneiras que desejarmos e podemos fazê-lo rápida, simples e perfeitamente. [...] Digital significa, portanto, uma nova materialidade das imagens, sons e textos que, na memória do computador, são definidos matematicamente e processados por algoritmos, que são conjuntos de comandos como disposição para múltiplas formatações-intervenções-navegações operacionalizadas pelo computador. Uma vez que a imagem, o som e o texto, em sua forma digital, não têm existência material, podem ser entendidos como campos de possibilidades para a autoria dos interagentes. Isto é, por não terem materialidade fixa, podem ser manipulados infinitamente, dependendo unicamente de decisões que cada interagente toma ao lidar com seus periféricos de interação como mouse, tela tátil, joystick, teclado. Há uma "geração digital" (Tapscott, 1999) transitando da tela da TV de massa para a tela do computador online, cujas disposições comunicacionais requerem das escolas e das universidades qualitativos investimentos na docência e na gestão da educação via Internet. Em particular, a educação online vive uma grandiosa oportunidade com o computador online que oferece disposições técnicas que contemplam a expressão de fundamentos essenciais da educação como diálogo, compartilhamento de informações e de opiniões, participação, autoria criativa e colaborativa. A disponibilização dos conteúdos de aprendizagem e das atividades de um curso via web precisará se dar conta de que pode potencializar a comunicação e a aprendizagem e não subutilizar as interfaces online que reúnem um conjunto de elementos de hardware e software destinados a possibilitar aos estudantes agregações, associações e significações como autoria e co-autoria. Pode integrar várias linguagens (sons, textos, imagens) na tela do computador online. Ou seja, para garantir qualidade em sua autoria, o professor precisará contar não apenas com o computador online, mas com o design de um curso capaz de favorecer a expressão do diálogo, do compartilhamento e da autoria criativa e colaborativa. Marco Silva http://www.thefreelibrary.com/Cibercultura+e+educacao%3A+a+comunicacao+ na+sala+de+aula+presencial+e...-a0197040684 Aqui estariam as definições de Tecnologia, Digital e Interatividade Autores que eu encontrei para abordar essa temática: Antonio Medina (espanhol, fala sobre as competências, mas aqui pegaríamos sua definição de interatividade. Ele se baseia no Lemos) André Lemos (aparece em tudo que é referência! Deve ser “o cara”. Define também interatividade) Ver: Anjos interativos e retribalização do mundo. Sobre interatividade e interfaces digitais. [http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/interac.html] Marco Silva (fala sobre sala de aula interativa – muito bom! Está nas referências de Medina, define interatividade e digital) Sims (aparece na referência de Marco Silva e Veraszto. Está em inglês. Seria bacana pra dar um Up no artigo) Veraszto et al (defendeu o doutorado aqui na Unicamp. Escreve junto com o Dirceu e Sérgio Amaral, define interatividade) PS. Acredito que esses são autores centrais. Se vocês conhecem outros acrescentem na lista. Outros autores secundários podem colaborar. Ex: Freire, Moran, etc.. 3- Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas As tecnologias digitais interativas trazem uma revolução antropológica, mais do que tecnológica, pois novas relações entre o ambiente e os humanos são desencadeados pelos seus atributos técnicos. A intersecção do real e do virtual exige o desenvolvimento de formas mais dinâmicas, participativas e descentralizadas das práticas pedagógicas, fomentando a autonomia dos discentes. Para Amaral (2008), a linguagem digital interativa, no contexto educativo, está presente quando há a possibilidade, por parte do professor e do aluno, de desenvolver e produzir meios para suas próprias mensagens. Da mesma maneira, poder analisá-las, pois o aluno deve atuar com este conteúdo de forma crítica. O diálogo é um aspecto fundamental da comunicação. Esta nova competência comunicativa requer dos educadores, segundo o autor, três tarefas (p.17): “a compreensão intelectual do meio digital, a leitura crítica de suas mensagens e a formação para seu uso livre e criativo”. É importante esclarecer que essa expansão do repertório tecnológico de docentes não significa apenas o domínio da técnica de diferentes tecnologias. Medina et al (2011) esclarece que são duas as competências-chave para o desenvolvimento da prática educativa: a competência didático-pedagógica e a competência tecnológica-digital. Um olhar mais demorado sobre essas duas competências exige a reflexão de alguns conceitos importantes para se pensar no trabalho educativo envolvendo as tecnologias. Marco Silva ( ) apresenta algumas sugestões para a docência interativa presencial e online Antonio Medina (fala sobre as competências) Perrenoud (vai definir competência) Vasco Moretto (fala sobre competências e habilidades) Vygotsky (Zona de desenvolvimento proximal) Vygotsky (Zona de desenvolvimento proximal) PS. Acredito que esses são autores centrais. Se vocês conhecem outros acrescentem na lista. Não conheço outros que falem sobre competências. 4- Processo de investigação sobre o uso das tecnologias digitais por professores do Ensino Superior Aqui explicaríamos o questionário, seus objetivos e o processo e contexto de aplicação. 5- Análise e Discussão Aqui são as análises e discussão dos resultados. 6- Considerações finais Arremate final a partir de tudo que escrevemos e pesquisamos. 7- Referências BRASIL. Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas.Jornal da Unicamp. Ano XXV. Nº 488. Campinas, de 28 de março a 3 de abril de 2001 KENSKI, V. M. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente. In: Revista Brasileira de Educaçã, nº 07. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Jan.-abr., 1997 MELLO, G. N. Formação Inicial de Professores para a educação básica: uma (re) visão radical, 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n1/9807.pdf>. Acesso em: 04/08/2010. SILVA, M. Educación interactiva: enseñanza y aprendizaje presencial y on-line. Madrid: Gedisa, 2005.