estado nutricional dos portadores do vírus hiv em

Propaganda
ESTADO NUTRICIONAL DOS PORTADORES DO VÍRUS HIV EM GUARAPUAVA
E REGIÃO
Débora Giaretta (Nutrição -UNICENTRO), Silvana Franco Kmetiuk (Orientadora –
Dep. de Nutrição/UNICENTRO), e-mail: [email protected]
Palavras-chave: nutrição, HIV, estado nutricional.
Resumo:
Estudo realizado com 18 portadores do vírus HIV freqüentadores do COAS do
município de Guarapuava – PR. O objetivo foi avaliar o estado nutricional e
diagnosticar os sintomas mais freqüentes. Aplicou-se um questionário para verificar
os maiores problemas nutricionais. A maioria apresenta um estado nutricional
adequado, sendo o principal desvio a circunferência da cintura acima do normal.
Introdução
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi descrita pela primeira
vez pelo Centers for Disease Control (CDC) em 1981. E em 1983, os pesquisadores
isolaram o agente etiológico, um retrovirus, que foi chamado de Vírus da
imunodeficiência humana (HIV)¹.
O HIV invade o núcleo genético das células CD4+ ou linfócitos T helper, os
principais agentes envolvidos na proteção contra infecções, tornando o organismo
altamente susceptível ao desenvolvimento de tumores e ao aparecimento de
infecções oportunistas¹.
Na última década de 80, a epidemia de AIDS no Brasil atingia, em sua
maioria, pessoas do sexo masculino e de alto nível socioeconômico. A partir de
1990, constatou-se uma transição do perfil epidemiológico observando-se um
aumento da incidência em mulheres e em indivíduos com baixa escolaridade².
O objetivo desse estudo foi diagnosticar o estado nutricional dos portadores e
verificar as enfermidades predominantes.
Materiais e Métodos
Participaram desta pesquisa 18 pacientes HIV positivos, sendo 12 do sexo
feminino e 6 do sexo masculino, com idades entre 20 e 70 anos, que freqüentam
COAS (Centro de Orientação e Aconselhamento Sorológico) em Guarapuava. Todos
os participantes que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido.
Medidas antropométricas: O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado
como a razão entre a medida do peso em quilos e o quadrado da estatura em
metros (kg/m2). O peso corporal foi avaliado através de balança mecânica. A
estatura corporal foi medida através da distancia entre os dedos médios das mãos
utilizando-se de fita métrica flexível. Considerou-se Desnutrição grau II IMC entre 16
e 16,9, desnutrição grau I entre 17 e 18,4, eutrofia IMC entre18,5 e 24,9 e sobrepeso
quando IMC entre 25 e 29,9 e obesidade grau I entre 30 e 34,9 kg/m2, conforme
recomendação da Organização Mundial de Saúde³.
Utilizou-se a circunferência da cintura (CC) como indicador de obesidade
abdominal. A CC foi obtida medindo-se a distância ao redor da menor área abaixo
da caixa torácica e acima do umbigo com uso de fita métrica inelástica, que avalia o
teor de gordura abdominal¹. Definiu-se caso de obesidade abdominal a partir dos
pontos de corte por risco aumentado para complicações metabólicas decorrentes da
deposição de gordura no abdômen, sendo para homens CC >94 elevado, > 102
muito elevado e para mulheres > 80 cm, > 88 cm muito elevado³.
Utilizou-se a circunferência do braço (CB) como indicador de desnutrição. A
CB foi obtida através da medida no ponto médio entre o processo do acrômio da
escápula e a ponta do cotovelo¹. O resultado obtido foi comparado aos valores de
referência do NHANES (National Health and Nutrition Examination Surveys)
demonstrados em tabela de percentis por Frisancho4.
Após a obtenção das medidas atropométricas, foi aplicado um questionário
simples sobre o estado de saúde dos pacientes. Os dados foram organizados na
tabela 1.
Resultados e Discussão
Dos portadores participantes do estudo, observou-se que 44,4% e 27,7%
apresentam náuseas e vômitos, respectivamente, 27,7% relatam diarréia, e 27,7%
obstipação. (ver tabela1).
Das enfermidades mais comuns, foi relatado que 11,1% apresentam
hipercolesterolemia, dislipidemia caracterizada pela elevação isolada do colesterol
total ou LDL-colesterol, diabetes caracterizada por altos níveis de glicose sanguínea,
causada por defeitos na secreção de insulina, na ação ou ambos e
hipertrigliceredemia caracterizada pela elevação isolada do triglicerídeos, 27,7
relatam hipertensão arterial, pressão sistólica igual ou superior a 130mmHg ou a
pressão diastólica igual ou superior a 85mmHg ou ambas5. (ver tabela1).
A tabela 2 relata o estado nutricional dos portadores. Observa-se que
segundo o IMC apenas 5,5% possuem desnutrição, e segundo o CB 44,4%, dado
significativo, visto que o portador desnutrido é alvo fácil de inúmeras infecções. A
eutrofia esta presente em 55,5% dos casos de acordo com o IMC e 50% com o CB,
aspecto favorável, pois indica que o estado nutricional esta adequado, tornando o
organismo mais resistente contra doenças infecciosas. O sobrepeso acomete 27,7%
segundo o IMC e 5,5% com o CB, a obesidade 11,1% segundo IMC, e não foram
relatados casos de acordo com o CB, índices preocupantes, pois o peso elevado é
uma causa determinante de doenças graves como diabetes mellitus, hipertensão
arterial, alteração nos níveis de triglicérides, colesterol, infarto, etc.
Preocupa também o fato de 44,4% dos portadores apresentarem a
circunferência da cintura elevada ou muito elevada, este tipo de alteração do estado
nutricional aumenta o risco de diversas doenças crônicas, destacando-se as
doenças cardiovasculares, o diabetes melito tipo II e certos tipos de câncer.
Tabela 1. Sintomas e enfermidades freqüentes.
Sintomas
e enfermidades
Náusea
Vômito
Diarréia
Obstipação
Diabetes
Hipercolesterolemia
sim
n
8
5
5
5
2
2
%
44,4
27,7
27,7
27,7
11,1
11,1
não
n
10
13
13
13
16
16
%
55,5
72,5
72,2
72,2
88,8
88,8
Hipertensão arterial
Hipertrigliceredemia
5
2
27,7
11,1
13
16
72,2
88,8
Tabela 2. Estado nutricional.
Desnutrição
Moderada
n
%
1
5,5
Desnutrição Eutrofia
Sobrepeso
Leve
n
%
n
%
n
%
0
0
10
55,5 5
27,7
Obesidade
IMC
Desnutrição
Grave
n
%
0
0
n
2
%
11,1
CB
1
1
6
0
0
5,5
5,5
33,3 9
50
1
5,5
___________________________________________________________________________
Conclusão
Os resultados encontrados demonstram que os portadores do vírus HIV em
sua maioria estão eutróficos e apresentam náuseas, caracterizada pela
desagradável sensação de vontade de vomitar. A obesidade abdominal é o principal
desvio nutricional nesta população, mudando assim, a imagem de um paciente
desnutrido e caquético que se faz do paciente sorológico.
Referências
1. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia.
11. ed. São Paulo, SP: Roca, 2005.
2. RODRIGUES-JÚNIOR, A. L.; AYRES CASTILHO, E. A epidemia de AIDS no
Brasil, 1991-2000: descrição espaço-temporal. Disponível em: < http://www.aids.
gov.br> Acesso em:13 nov. 2007.
3. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global
epidemic. Disponível em: < http://www.scielo.br> Acesso em:11 nov. 2007
4. FRISANCHO, A.R. New Standards of weight and body composition by frame size
and hight for assessment of nutritional status of adults and the elderly. American
Journal of Clinical Nutrition, p.40, 808-819, 1984.
5. SOUZA LEÃO, L.; REBELLO GOMES, M. do C. Manual de nutrição clínica. 7. ed.
Petrópolis, RJ: vozes, 2003.
Download