Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira MATERIAL DE APOIO DA AULA SEGURIDADE SOCIAL Objetivos dos autores sobre o tema: Discutir a emergência e historicidade da seguridade social como política social nos marcos da consolidação do capitalismo monopolista historicamente determinada pela relação entre capital e trabalho. Principais autores: Aldaísa Sposati, Elaine Behring, Ivanete Boschetti, Laurell, Mª Carmelita Yasbeck, Mª Lúcia Verneck, Potyara Pereira, Sonia Fleury, Sonia Draibe, Vivente Faleiros etc. Algumas definições Política Social: dos anos gloriosos até a década de 80 Keynesianismo-fordismo e a generalização da política social. Consolidação da política social → pós Segunda Grande Guerra. Ergue-se o Estado social→ “anos gloriosos ou anos de ouro”. Modificações intensas no mundo da produção. Novos produtos e processos de produção, além da indústria bélica (Guerra Fria) - base da expansão dos direitos sociais. •John Maynard Keynes – defendia a intervenção do Estado com vistas a reativar a produção e reestabelecer o equilíbrio econômico Base da ação estatal: •Gerar emprego via produção de serviço públicos, além da produção privada; •Aumentar a renda e promover maior igualdade, por meio da instituição de serviços públicos, dentre eles as políticas sociais. Princípios do Welfare State - apontados no Plano de Beveridge (1942, Inglaterra) – propõe uma nova lógica para a organização das políticas sociais, a partir da crítica aos seguros sociais bismarkianos: 1) Responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos por meio: •Regulação da economia de mercado para manter elevado nível de emprego; •Prestação de serviços sociais universais (educação, segurança social, assistência médica e habitação) •Conjunto de serviços sociais pessoais; 2) Universalidade dos serviços sociais; 3) Implantação de uma rede de segurança ”de serviços de assistência social 1 Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira Princípios fundamentais do sistema beveridgiano: •Unificação institucional; •Uniformização dos benefícios. Reconhecimento das desigualdades sociais exige: • ações compensatórias (para aqueles impossibilitados de trabalhar), cobertura nas situações de riscos do trabalho (doenças, acidentes, invalidez e desemprego temporário) e manutenção da renda (benefícios, aposentadoria e pensões formadoras de uma política social. Inscreveu o reconhecimento das necessidades de manutenção e reprodução da força de trabalho na esfera dos direitos sociais. Classificações a) Políticas contributivas, contratuais e mercadorizáveis: •atendimento de necessidades apresentadas por cidadãos inseridos no mercado de trabalho (privado ou público) e/ou no sistema previdenciário contributivo •organizadas sob uma forma de seguro •b) Políticas distributivas, não contratuais e desmercadorizáveis: • desenvolvidas sob a forma de prestação de benefícios e serviços sociais públicos, total ou parcialmente custeados pelo Estado, independentemente de prévias contribuições, inserção no mercado de trabalho ou, em alguns casos, da renda dos beneficiários Pode-se dar de 2 formas: •Monetária → transferência de auxílios em dinheiro aos cidadãos destituídos de renda, com os quais possam obter bens e serviços básicos. Dar exemplos (auxílio moradia, benefício de prestação continuada, etc) •Não-monetária → serviços e benefícios gratuitos nos campos da educação, saúde, assistência social ou outras provisões em grande parte custeadas ou subvencionadas pelo Estado. Estado do Bem-Estar Social ou Estado-providência (Welfare State) •O que é? •um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia •o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a nação em questão •Origem → Grande Depressão (1929). •Desenvolveu-se: •com a ampliação do conceito de cidadania, •com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo, fascismo etc.) 2 Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira •com a hegemonia dos governos sociais-democratas e, secundariamente, das correntes euro-comunistas, com base na concepção de que existem direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer cidadão •Desenvolveram-se principalmente na Europa - onde seus princípios foram defendidos pela social-democracia (inaugurado na Inglaterra, anos 40) •sob a orientação do economista e sociologista sueco Karl Gunnar Myrdal •cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população Princípios: • todo o indivíduo teria o direito, desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente através do Estado ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil •Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, recursos adicionais para a criação dos filhos etc. 3 fases de implementação do Estado Providência •1. Experimentação: alargamento do direito de voto e o aparecimento de segurança social, impulsionada por Otto Von Bismarck (Alemanha) → pré I Guerra Mundial •2. Consolidação: o Estado →intervir através da criação de emprego (Franklin Roosevelt) •3. Expansão: pós II Guerra Mundial. Patrocinava um acordo social em três partes: o proletariado (representado pelos sindicatos), o patronato e o Estado, o mediador A política Social no Brasil pós 30:marco decisório •Cobertura de riscos → regulação dos acidentes de trabalho, aposentadorias e pensões, auxílios doença, maternidade, família e seguro-desemprego → família incluída Caráter corporativo e fragmentado – distante da perspectiva da universalização de inspiração beveridgiana Trabalho: legislação de proteção ao trabalho •30-37: fase de grande agitação política •Estado → estabelece as condições e os limites básicos do mercado de força de trabalho •1934: 1ª Constituição Federal → inaugura-se a política populista •1937-45: regime ditatorial civil → mistura de repressão e paternalismo ↓ •Estado na relação Capital e Trabalho → versão corporativa 1940: Acumulação urbano-industrial Estado evita confronto direto entre Capital e Trabalho: •Fixação do salário mínimo •Opção pela empresa pública •Criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) → imposto sindical •Avanços na previdência social 3 Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira •1930-45: era dos direitos sociais e organização sindical →apoio dos trabalhadores •Cidadania → resultante da passividade como um favor em troca de lealdade •IAP’s – sistema público de previdência Cobertura de riscos ligados à perda da capacidade laborativa (velhice, morte, invalidez e doença) - 1 º - marítimos Anos 50 •Grande influência dentro da estrutura sindical → greves importantes •Empresários e militares → reação contrária → conspiração para derrubar Vargas •Pós morte → golpes e contra-golpes •Juscelino Kubtischek → governo dinâmico →vasto programa de industrialização → inclusão do capital estrangeiro Anos 60 •Movimento dos trabalhadores intenso e com tendências esquerdistas →várias greves ou ameaças → em favor das REFORMAS DE BASE •Novidade →mobilização política vinda do campo com voz própria (Ligas Camponesas) •1963: promulga-se o estatuto do Trabalhador Rural •1964: formação da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Pós 64: autocracia burguesa •Reação pelos militares e antecipam o golpe militar •Política trabalhista → pouca evolução no período democrático •Pós 64: ampliação dos direitos sociais - cobertura previdenciária → família incluída •Radicalização das oposições de esquerda e direita Direitos Civis e políticos restritos pela violência do governo militar •Regime autoritário 3 fases •1ª fase) 1964-68: Governo Costa e Silva e Castelo Branco Expansão dos Direitos Sociais 2ª fase (1968-74): Governo Médice •1969 promulga a nova Constituição incorporava os AI’s •1971 universalização da previdência •Excluídos aqueles de mercado informal •Acaba a estabilidade no emprego •1974 criado o Ministério Previdência e Assistência Social •Justificativa: perigo comunista 3ª fase (1974-85): Governo Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo •Características: promove um lento retorno à democracia •Abertura inicia em 1974 revoga o AI 5 (1978) revolta dos exilados •Governo do grupo dos liberais conservadores •Retomada e renovação dos movimentos opositores 4 Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira Nova República •Surgimento do MST •1 salário p/ o Benefício de Prestação Continuada (BPC) •introduz licença paternidade •Educação instrumento p/ exercer os direitos civis e políticos •Cria o Programa Nacional dos Direitos Humanos (1996) e o Juizado de Pequenas Causas (1985) •política neoliberal minimização do custo do Estado aumento das desigualdades sociais •urbanização surgem grandes metrópoles desemprego, cresce o trabalho informal e geração de rendas ilícitas (tráfico de armas e drogas) Constituição 88 (Constituição Cidadã) •Liberal-democrática-universalista → expressando as contradições •Faz conviver as políticas estatais com as políticas de mercado •Seguridade Social → amplia a visão bismarkiana de seguro social •Compreende direitos universais ao tripé (saúde, previdência e assistência social) Seguridade Social na Const. 88 Definição: •“conjunto integrado de ações de inciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência socia” (art 194) Objetivos da Seguridade Social (Lei Orgânica da Seguridade Socia/91) •Universalidade da cobertura e do atendimento; •Uniformidade e equivalência dos benefícios às populações urbanas e rurais; • seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; •Irredutibilidade do valor dos benefícios e serviços; •Eqüidade na forma de participação no custeio; •Diversidade de base de financiamento; •Caráter democrático e descentralizado na gestão administrativa, com aparticipação da comunidade, em espeial de trabalhadores, empresários e aposentados. Direitos Socias (Const. 88) •Educação; •Saúde; •Moradia; •Trabalho •Lazer; •Segurança; •Previdência social; •Proteção à maternidade e à infância e, •Assistência aos desamparados. 5 Preparatório INSS – setembro 2008 Seguridade Social 2 Profa. Ana Cristina Oliveira Política pública •Linha de ação coletiva que concretiza direitos sociais declarados e garantidos em lei •É mediante as PP que são distribuídos ou redistribuídos bens e serviços sociais •Direito que fundamenta é coletivo e não individual •Intensa participação da sociedade civil •Novos interlocutores no campo da política social→ controle social Referências bibliográficas BEHRING, E. R. Política Social no capitalismo tardio. São Paulo: Cortez, 1998. BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília, 1988 BRAVO, M. I e POTYARA A. P. P (orgs). Política Social e democracia. 2ª ed. São Paulo: Cortez, Rio de Janeiro: UERJ, 2002 CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho- 3ª ed. Rio de Janeiro: civilização Brasileira, 2002. FALEIROS, V. P. A Política Social do Estado Capitalista. São Paulo: Cortez, 3ª ed., 1980. FLEURY, S. Novas bases para a retomada da Seguridade Social. In: Praia Vermelha: estudos de política e teoria social/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-graduação em Serviço Social – vol 1, n1. UFRJ: Escola de Serviço Social, 1997. POTYARA, A.P.P. A política social no contexto da Seguridade Social e do Welfare State: a particularidade da assistência social. In: Serviço Social e Sociedade nº 56. São Paulo: Cortez ano XIX, março 1998. YAZBEK, M. C. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo: Cortez, 1993 6