Finanças Internacionais I

Propaganda
Fundação Getulio Vargas
Graduação em Economia
Finanças Internacionais – 2o semestre 2009
Prof: Marcio Janot
Gabarito da Lista de Exercícios 4
Questão 1
Julgue os itens abaixo como verdadeiro ou falso e justifique.
a. De acordo com os modelos de ataque especulativo de 1ª geração, o ataque
especulativo ocorre no momento em que as reservas internacionais da economia chegam
ao fim.
R.: Falso. Se as reservas internacionais da economia chegassem ao fim, haveria um
salto na taxa de câmbio nominal (desvalorização do câmbio). No entanto, antes que as
reservas acabassem todos iriam querer comprar moeda para ter um ganho no momento
da desvalorização cambial. Mas se todos fazem isso, a taxa de câmbio se desvaloriza
antes mesmo do fim das reservas do governo. Portanto, o ataque especulativo ocorre
antes que as reservas internacionais da economia cheguem ao fim.
b. De acordo com modelos de 2ª geração, quanto maior o conservadorismo de um banco
central menor a probabilidade de ataque especulativo.
R.: Verdadeiro. Quanto maior o conservadorismo de um banco central, maior será seu
empenho em defesa da taxa de câmbio e, conseqüentemente, maior será a taxa de juros
estabelecida. Taxas de juros mais altas atrairão capital externo o que reduzirá a
probabilidade de ataque especulativo.
Questão 2
Considere a seguinte função perda do governo:.



L  s   s    s E  s  C (s)
Em que s é a taxa de câmbio ótima que maximiza o bem-estar da economia e os
agentes formam a expectativa s E sobre a taxa de câmbio,  é um parâmetro positivo e s
é taxa de câmbio vigente na economia. C( s ) representa o custo de uma variação
cambial.
2
(a) Interprete a equação dada. Analise os principais determinantes sobre o bem-estar
da economia.
R.: A função de perda do governo depende da taxa de câmbio vigente e de sua relação
com a taxa esperada de câmbio ( s E ) e a taxa de câmbio ótima ( s ). A taxa de câmbio
ótima seria a taxa de câmbio, sustentável a longo prazo, que maximiza o valor presente
de uma função de bem-estar da economia. Quanto mais distante o câmbio vigente de
seu valor ótimo, maior a perda do governo, por razões óbvias. Quando se discute a
possibilidade de ataques especulativos, a situação é sempre de um câmbio por algum
motivo sobrevalorizado. Nos casos tratados por esse modelo o câmbio vigente será
sempre menor (mais valorizado) do que o câmbio ótimo.
Por outro lado, quanto mais distante o câmbio vigente do seu valor esperado
pelos agentes econômicos, também maior será a perda do governo. Da mesma forma,
aqui quando o câmbio esperado for diferente do vigente, será porque há uma expectativa
de desvalorização cambial. Quanto maior a desvalorização cambial esperada pelos
agentes, maior o custo de se manter a taxa de câmbio fixa. Maior deve ser a taxa de
juros para atrair capital externo, por exemplo, o que aumenta o custo da dívida pública e
tem efeito negativo sobre o nível de investimento e sobre o nível de atividade
econômica.
Além desses dois efeitos, supõe-se que o governo incorre em um custo ao deixar
o câmbio variar. A interpretação desse custo é a perda de credibilidade do governo por
deixar de perseguir a política previamente anunciada de câmbio fixo.
(b) Como se daria a escolha do governo entre regimes cambiais? Por simplificação
considere a seguinte função custo:
se s  0
0,
C (s)  
c, caso contrário
R.: O governo decide se mantém o câmbio fixo ou se desvaloriza comparando a perda
no caso em que mantém o câmbio fixo com a perda se desvaloriza. Se o câmbio é
mantido fixo, a perda do governo será:



LFIX = s   s    s E  s ,
enquanto que, ao desvalorizar e deixar o câmbio flexível, a perda será:
2
LFLEX = c
O governo irá desvalorizar se:
LFIX > LFLEX
ou
s  s    s
E
s

2
>c
A decisão de desvalorizar ou não depende do quão desalinhado está o câmbio, da
expectativa de desvalorização dos agentes econômicos, e do custo incorrido pelo
governo ao desvalorizar.
Podemos dividir a magnitude do custo de desvalorizar em três regiões:
Região I: c < s  s  2: o custo de desvalorizar é tão baixo que, mesmo que ninguém
espere uma desvalorização, vale a pena desvalorizar.


Região II: c > [  s E  s ]2: o custo de desvalorizar é tão alto que, mesmo que todos
esperem uma desvalorização até o câmbio ótimo s , não vale a pena desvalorizar.


Região III: s  s  2 < c < [  s E  s ]2: nessa região há dois casos possíveis:




se todos esperam uma desvalorização, teremos [  s E  s ]2 > c, e então vale a
pena desvalorizar
se ninguém espera uma desvalorização, teremos s  s  2 < c, e então não vale a
pena desvalorizar.
Questão 3
a) Explique o mecanismo de transmissão dos choques para a economia real dos modelos
de crises cambiais de terceira geração, que não estavam presentes nos modelos de 1 a. e
2a. geração.
R: Slide 3 e 30 da aula 11, sendo que o canal de transmissão da depreciação cambial
para o nível de atividade se dá via balance sheet effects (perda patrimonial), devido ao
fato das empresas terem descasamentos cambiais em seus balanços. Ao sofrerem uma
redução do patrimônio líquido, passam a sofrer restrições de crédito, pois devido a
imperfeições no mercado de crédito, o custo do financiamento das empresas é uma
função positivamente relacionada ao patrimônio líquido. Se defrontando com tais
restrições, as empresas vão reduzir seus investimentos, impactando negativamente a
demanda e o PIB.
b) O que consiste a abordagem patrimonial de crises financeiras e cambiais?
R: Ver nos slides da aula a resposta.
5) Ordenando as alternativas de 1 a 11, temos que a resposta correta é:
3 (VIX), 4(Fluxos), 6(Banco JP), 8 (Bancos), 9 (Banco Central)
Download