Educação de pessoas surdas

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SURDEZ, SOCIEDADE E
EDUCAÇÃO
Prof. Eder Barbosa
O Sistema Auditivo
Anatomicamente, o sistema auditivo é comumente divido em ouvido externo,
ouvido médio e ouvido interno. Cada uma destas três partes apresenta estruturas
e funções diferenciadas.
O Sistema Auditivo
 A primeira, o ouvido externo, é formada pelo pavilhão auricular, a que chamamos
orelha, e pelo conduto auditivo. Sua função é a de captar e conduzir as ondas
sonoras até o ouvido médio.
O Sistema Auditivo
 A segunda, o ouvido médio, é formada pelo tímpano e por um conjunto de três
pequenos ossos: o martelo, a bigorna e o estribo. Ele tem a função de conduzir as
ondas sonoras até o ouvido interna.
O Sistema Auditivo
 E a terceira, o ouvido interno, é formada pela cóclea e pelo nervo auditivo, cuja
função é receber as ondas sonoras conduzidas pela orelha média e transformá-las
em impulso nervoso enviando-as ao córtex cerebral.
Como funciona a audição?
Quando
falamos, cantamos, ou fazemos
qualquer barulho estamos emitindo
vibrações, que em meio especializado
costumam ser chamadas de ondas sonoras.
Percurso das ondas sonoras
no Sistema Auditivo
As ondas sonoras adentram a orelha pelo conduto auditivo (1) e fazem vibrar o
tímpano (2), que por sua vez, faz vibrar três ossinhos que se localizam ali perto: o
martelo (3), a bigorna (4) e o estribo (5).
Percurso das ondas sonoras
no Sistema Auditivo
Este último transmite aquelas vibrações para a cóclea (6) onde, através do nervo
auditivo (7), as células cocleares enviarão uma mensagem para o cérebro que
reconhecerá os sons: fala, música ou barulho.
Como funciona a audição?
Todas
estas etapas que acabamos de ver do
caminho seguido pelas ondas sonoras que
emitimos, ou que são emitidas por não importa
qual fonte, constituem o ato de ouvir e
acontecem em frações de segundos.
Se
um indivíduo apresenta algum problema
auditivo significa dizer que ele apresenta
alguma anomalia em umas das estruturas
mencionadas.
Níveis de surdez

São quatro os níveis de surdez: leve, moderada, severa
e profunda.

Uma pessoa com Surdez Leve apresenta uma perda
auditiva entre 20 e 40 dB, uma grande dificuldade para
aprender fonemas agudos e aprenderá a falar com vários
erros articulatórios. Geralmente, este nível de surdez é
descoberto no momento em que se está aprendendo a ler
e a escrever.

Uma pessoa com Surdez Leve só escutará sons se eles
estiverem mais altos que o comum.
Níveis de surdez

Já uma pessoa com Surdez Moderada apresenta
uma perda auditiva entre 40 e 70 dB, neste caso,
devido à perda auditiva ser um pouco maior, ela é
diagnosticada mais cedo do que aquela primeira. Este
diagnóstico acontece no momento em que o
indivíduo deveria estar começando a falar, uma vez
que, com este nível de surdez haverá atraso da fala.

Uma pessoa com Surdez Moderada, quando
conversa, pergunta muito “hem?” e ao telefone troca a
palavra ouvida por outra com sonorização
semelhante.
Níveis de surdez
Na
Surdez Severa a perda auditiva fica entre 70
e 90 dB e o diagnóstico é bastante precoce, pois o
indivíduo apresentando este nível de surdez é capaz
de perceber, apenas, alguns ruídos.
Uma
pessoa com Surdez Severa só é capaz de
ouvir sons muito altos como os da turbina de um
avião, do latido de um cachorro ou de uma serra
elétrica, contudo, se ela utilizar um aparelho auditivo
terá uma possibilidade de ouvir a voz humana.
Níveis de surdez
E
a Surdez Profunda é aquela onde a
perda auditiva é superior a 90 dB, aqui o
Indivíduo não ouve, sequer, ruídos.
 Uma
pessoa com Surdez Profunda só
escutará sons ditos graves que
transmitem vibração como o som de um
helicóptero, de um avião ou de um trovão.
Causas da surdez

Quanto às causas da surdez, elas são várias, partindo de fatores
genéticos a ambientais. Estes fatores podem causar a perda de audição
nos períodos pré-natal, peri natal ou pós-natal. No período Pré-natal
(ocorrido durante a gestação) a surdez pode ser causada por Fatores
Hereditários, onde se terá o fator familiar (concernente a herança
genética, que pode conter uma anomalia que provoque a surdez) e
síndromes.

E por fatores não hereditários, tais como: Rubéola, Sífilis,
Citomegalovírus e Má Formação de Cabeça e Pescoço. No período Peri
natal (ocorrido durante o nascimento), a surdez pode ser causada por
anóxia (falta de oxigenação), por prematuridade ou por traumas do
parto.

E no período Pós-natal (ocorrido depois do nascimento), a surdez pode
ser causada pela manipulação de drogas ototóxicas (medicações que
podem causar surdez); por infecções bacterianas, tais como encefalite e
meningite; por traumas no crânio encefálico; por doenças virais, como
caxumba e sarampo; e por icterícia ou hiperbilirrubinimia.
Educação de pessoas surdas

O célebre filósofo Aristóteles postulava que: “Os surdos
de nascença são igualmente todos mudos. Eles emitem
sons, mas não têm linguagem”, escreve ele em seu
Historia dos animais.

Até o século XVIII, quando o assunto era a educação de
pessoas surdas, a opinião que prevalecia era a de que
seria impossível lhes fazer aprender qualquer coisa, idéia
herdada do pensamento de Aristóteles.

Naquela época o pensamento que emanava era que
aqueles que não ouviam não falariam nunca e nem
poderiam adquirir os conhecimentos que vem do ouvido,
ou seja, da língua oral.
Educação de pessoas surdas
 Mais
tarde, no século IV, é a vez de Santo
Agostinho, quem a partir da informação de
que São Jerônimo ensinava o evangelho aos
surdos através dos sinais, chega mesmo a
afirmar que os sinais constituíam uma
verdadeira linguagem que era transmitida de
geração para geração entre os surdos e que
através dos sinais eles podiam aprender e
ensinar tudo.
Educação de pessoas surdas
A
partir do século XVI filósofos e pedagogos
relançarão a questão da integração escolar
dos surdos. Neste período, na Espanha, o
beneditino Ponce de Léon toma para si a
tarefa de ensinar a escrita para duas crianças
surdas de uma rica família espanhola, ele
consegue fazê-las aprender a escrever, e uma
vez que, a surdez destas crianças não era tão
acentuada, ele consegue, também, lhes fazer
falar de maneira razoavelmente correta.
Educação de pessoas surdas
 Do
século XVI ao século XVIII, os pioneiros
da educação dos surdos são, com exceção
de Etienne de Fay, ouvintes e preceptores de
crianças de famílias ricas. Seu ensino, muito
individualizado, repousa sobretudo na
educação da fala. Estas crianças, não mais que
seus mestres, não têm contato com a
comunidade lingüística surda (INSTITUT
NATIONAL DE JEUNES SOURDS DE
PARIS, 1990: 33.Trad. minha).
Educação de pessoas surdas

O século XVIII é um momento marcante na história
dos surdos, onde um nome não pode deixar de ser
mencionado: o do abade Michel de l’Epée.

Na ânsia de que todas as crianças surdas de todas as
condições aproveitassem as benfeitorias da instrução
para que se tornassem bons cristãos e bons
trabalhadores, ele funda em Paris em 1760 a primeira
verdadeira escola para surdos. Michel de l’Epée
entendeu a importância capital da comunicação visualgestual na instrução e na vida cotidiana dos surdos
(INSTITUT NATIONAL DE JEUNES SOURDS DE
PARIS, 1990).
Educação de pessoas surdas
 Michel
de l’Epée não se propõe a fazer falar
os mudos, a lhes fazer chegar à oração, à
enunciação sonora. Pois os surdos pensam e
vivem no discurso dos outros. Se o
pensamento é um verbo interior, a voz não é
a representante privilegiada do sujeito
(INSTITUT NATIONAL DE JEUNES
SOURDS DE PARIS, 1990:34.Trad. minha).
Educação de pessoas surdas
A
partir das iniciativas do abade de l’Epée
surgirá em março de 1794, após sua
morte, o Institut National de Jeunes
Sourds-Muets de Paris – Instituto
Nacional de Jovens Surdos-Mudos de
Paris (hoje Instituto Nacional de Jovens
Surdos
de
Paris),
o
primeiro
estabelecimento público francês de
instrução para surdos.
Educação de pessoas surdas
 Em
1855 o professor E. Huet, do Instituto
Nacional de Jovens Surdos de Paris, chega ao
Brasil, no Rio de Janeiro, e apresenta ao
Imperador Dom Pedro II um relatório, onde
exprimia a pretensão de criar aqui no Brasil um
estabelecimento para surdos.
 Pretensão
que se tornará realidade dois anos
depois com a inauguração do Instituto Nacional
de Educação para Surdos, hoje com 151 anos de
atuação no cenário da educação de surdos do
Brasil (ROCHA, 2007).
Educação de pessoas surdas
A
instrução de surdos é sim possível, a
própria história dos surdos nos mostra isso.
Hoje, encontramos surdos professores,
advogados, psicólogos, enfim seguindo a
profissão que lhes melhor apetecer.
 Quanto
à mudez ter algum laço com a
surdez, trata-se de um mito que deve ser
extinto das mentes dos professores que
trabalham com alunos surdos.
Educação de pessoas surdas
 Os
surdos nascem com seus aparelhos
fonadores normais e permanecem com eles
intactos, o fato de não poder ouvir, que lhes
isenta do banho lingüístico a que estamos
expostos nós ouvintes, os impede de
modular sua voz em uma língua oral. Uma
vez
que
há
um
acompanhamento
especializado
os
surdos
podem
perfeitamente vir a oralizar (GRÉMION,
1990).
O fato de o professor não estar devidamente preparado para
receber o aluno surdo é realidade, e acontece com a maioria
dos professores de escola regular. Assim, quando o professor
recebe esse aluno, muitas vezes exibe idéias preconcebidas ou
concepções equivocadas a respeito da surdez, muitas vezes
atribuindo ao aluno imagens depreciativas. (SILVA & PEREIRA,
2008)
A imagem* que o professor cria em torno da surdez será refletida em
sua prática cotidiana, por isso, é muito importante que ele esteja devidamente
informado sobre o que é a surdez para que ele possa entendê-la e abstraí-la tal
como ela é e atuar de maneira efetiva no processo de ensino-aprendizagem do
aluno surdo.
Fim...
Muito obrigado.
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