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Aula 10 – Lagarta
Elasmo e Gafanhotos
Cenário
LAGARTA ELASMO
Elasmopalpus lignosellus - A lagarta elasmo ou broca
do colo é potencialmente importante na formação da
pastagem. O risco será maior quando, após a
semeadura, prevalecer período quente e seco.
Assim, recomenda-se atenção redobrada quando de
plantios antecipados e/ou tardios (no início ou final da
estação chuvosa)
Biologia
Trata-se de inseto de ampla distribuição geográfica,
passível de ocorrer em todos os estados brasileiros. A
lagarta, que é a fase responsável pelos danos, é
pequena,
atingindo,
quando
completamente
desenvolvida, de 12-15 mm de comprimento.
Apresentam coloração verde claro, sempre com bandas
ou faixas (tipo anéis) transversais escuras. É
característico dessa lagarta, quando perturbada,
movimentar-se vigorosamente, contorcendo-se e,
mesmo saltando para trás, na tentativa de se esquivar
de possíveis agressores.
Biologia
Inicialmente, no geral até o terceiro instar, alimenta-se na
superfície de folhas e raízes, vivendo no interior de um
túnel de seda no solo ou sob restos vegetais na
superfície do solo.
Posteriormente, a lagarta perfura o colmo da gramínea
penetrando no seu interior avançando no sentido
apical. Essa perfuração ocorre ligeiramente abaixo, ou
mesmo ao nível da superfície do solo.
Biologia
Outra característica desse inseto, é que a lagarta não
permanece todo o tempo no interior do colmo, na
realidade ela constrói um tubo de seda com partículas
de solo (grãos de areia) externamente, que lhe serve de
invólucro protetor.
Este tubo permanece preso junto ao colmo, justamente
encobrindo a abertura feita pela lagarta. É no interior
do mesmo onde a lagarta transforma-se em pupa e, de
onde, emerge como inseto adulto.
Biologia
Os adultos são pequenas mariposas alongadas de
coloração escura, tendo as asas dobradas sobre o corpo
quando em repouso. Devido ao pequeno tamanho e
sua cor uniformemente escura, é inexpressiva,
passando facilmente despercebida.
Identificação
Identificação
Identificação
Identificação
Identificação
Biologia
• Os adultos são pequenas mariposas que medem de 8-10
mm de comprimento (Figura 3). As fêmeas depositam
ovos no solo ou diretamente nas plantas de arroz. Uma
fêmea produz mais de 100 ovos que eclodem em quatro
dias. As larvas broqueiam o colmo na sua base, próxima
da superfície do solo. Cinco a sete dias após, as plantas
de arroz já exibem sintomas de “coração morto” (Figura
4). Uma única lagarta pode matar vários colmos de
arroz. A fase depupa ocorre no interior de um casulo
que permanece ligado à planta. Seu ciclo biológico dura
de 22 a 27 dias. Surtos da praga são mais freqüentes em
solos arenosos, quando predominam precipitação baixa
e temperatura elevada. Ataques da praga podem ser
esporádicos e localizados ou devastar grandes áreas da
lavoura.
Biologia
• Adulto: A mariposa mede de 15 a 25 mm de
envergadura, com as asas de coloração cinza.
• Lagartas: Completamente desenvolvidas
medem 15 mm de comprimento. São de
coloração verde-azulada e muito ativas.
Inicialmente alimentam-se das folhas para em
seguida localizar-se na parte inferior do colmo,
rente ao solo. Após penetração nas plantas
constroem galerias.
Prejuízo
Broca do colmo se aloja no interior do colmo de gramíneas
Prejuízo
Broca do colmo também ataca o colmo da soja.
Prejuízo
Broca do colmo também ataca o colmo da soja.
Danos
Os danos, então, são causados pela lagarta que funciona
como uma broca minando o interior das plântulas das
gramíneas, causando o murchamento, atraso no
desenvolvimento, mas principalmente redução
do stand, pela morte das plantas em fase inicial de
desenvolvimento (sintoma denominado "coração
morto").
Danos
• Importância econômica - é uma praga
esporádica com grande capacidade de
destruição num intervalo curto de tempo.
• Seus danos estão associados a à estiagem logo
após a emergência das plantas, condições que
aumenta a susceptibilidade da planta pelo atraso
no desenvolvimento da planta e favorece a
explosão populacional de lagartas na lavoura.
• Maiores danos são observados em solos leves e
bem drenados, sendo sua incidência menor sob
plantio direto.
Danos
• Ataca as plantas de milho com até 30 cm de
altura e, pela destruição da gema apical, ocorre
a morte da folha ainda enrolada. Este sintoma é
conhecido como coração morto.
• Ocorre com maior frequência em solos arenosos
e em períodos secos após as primeiras chuvas
• Os maiores prejuízos são causados nos primeiros
30 dias após a germinação das plantas.
Prejuízo
Região do coleto da planta, onde inserem-se os perfilhos.
Prejuízo
Sintoma do “coração morto” em arroz.
Prejuízo
Sintoma do “coração morto” em milho.
Prejuízo
NÃO
CONFUNDA
Atípico ataque da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em
plântulas de milho recém germinadas – Fazenda em Nazareno/MG.
Prejuízo
NÃO
CONFUNDA
Ataque da lagarta rosca (Agrotis ipsilon)
Prejuízo
NÃO
CONFUNDA
Orifício de entrada e saída da broca da cana-de-açúcar (Diatraea
saccharalis) no colmo da cana.
Prejuízo
NÃO
CONFUNDA
Broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) abrindo galeria no
interior do colmo da cana.
Prejuízo
Galerias formadas pela alimentação das lagartas no colmo da cana.
Prejuízo
Sintoma típico do ataque da broca-da-cana: plantas com as folhas
centrais secas (“coração-morto”).
Prejuízo
Uma outra alternativa de controle biológico é o uso da vespinha
Trichogramma galloi, que parasita os ovos da broca-da-cana. A
associação das vespinhas C. flavipes e Trichogramma tem
garantido excelente controle, visto que estas atuam em diferentes
fases de desenvolvimento da praga (ovo e lagarta). Três liberações
semanais consecutivas de T. galloi e uma de C. flavipes acarretam
uma diminuição de mais de 60% no índice de intensidade de
infestação causado pela broca.
Liberação da vespinha Cotesia flavipes em copos contendo 1.500 adultos.
Controle Químico
• Controle: Lembrar que se trata de praga esporádica e de
importância localizada. Ocorre mais freqüentemente em
solos mais leves e bem drenados, durante períodos mais
secos do ano e mesmo logo após queimadas. Assim,
redobrar a atenção, monitorando as áreas quando
prevalecerem tais condições.
• O controle é difícil, considerando o hábito do inseto, ora
sob o solo, ora no interior do colmo. Recomenda-se, no
entanto, controlá-lo quimicamente logo após sua
constatação, evitando que os danos se expandam na área.
• Os danos no colmo são permanentes, mesmo que
eventual aplicação de inseticida contribua para a redução
do número de lagartas, há de se avaliar a necessidade de
replantio na área inicialmente atacada.
Controle Químico
• Métodos de controle - em áreas de risco, deve ser
usado o tratamento de sementes com inseticidas
sistêmicos à base de tiodicarb (Semevin, Futur),
carbofuran (Furadan) ou imidacloprid (Gaucho).
• Sob condições de estresse hídrico mesmo esse
tratamento não é efetivo, recomendando-se a
aplicação de um inseticida de ação de contato e
profundidade como os a base de clorpirifós
(Lorsban, Vexter, Astro, Sabre, Nufos, Clorspirifos,
Klorpan, etc) .
• A alta umidade do solo contribui para reduzir os
problemas causados pela lagarta-elasmo no milho.
Cenário
• Gafanhotos - Orthoptera: Acrididae
• Schistocerca spp. - gafanhoto migratório sul-americano
• Rhammatocerus spp. - crioulo ou tucura
• Os estados de Rio Grande do Sul, Mato Grosso, São
Paulo, Paraná e Santa Catarina, são os mais atacados
por esta praga.
Cenário
• Os gafanhotos são ortópteros (Orthoptera, do grego
orto - pteros, asas retas) são uma ordem de insetos que
possuem as asas superiores retas e coriáceas,
recobrindo as asas inferiores mais largas, dobradas no
seu sentido longitudinal.
• Tais insetos possuem pernas posteriores longas e
possantes, apropriadas para saltar, o aparelho bucal e
mastigador. Pertencem a esta ordem os insetos
conhecidos popularmente como grilos, gafanhotos,
esperanças e paquinhas. Esses insetos possuem o
terceiro par de pernas do tipo saltatorial, sendo esse o
caráter que os separa das demais ortopteróides
(baratas, louva-a-deus e bichos-paus).
Gafanhotos possuem o terceiro par de pernas do tipo saltatorial.
Cenário
• A infestação de pastagens por gafanhotos é um
problema complexo.
• São várias as espécies que podem causar danos em
pastagens e que podem se espalhar por áreas muito
extensas, indo além dos limites da propriedade,
tornando, por vezes, inócuas as eventuais medidas
localizadas de controle.
• Com exceção feita às infestações generalizadas, como
as constatadas no Estado de Mato Grosso e em estados
do Nordeste, cujas tentativas de controle têm sido
coordenadas pelo governo federal, os danos em
pastagens podem ser ocasionais
Cenário
• Neste caso e em áreas com histórico de infestações,
recomenda-se uma permanente vistoria da área, para
se detectarem focos iniciais.
• O controle das formas jovens (ninfas, saltões) é mais
eficiente, pois nessa fase a capacidade de dispersão é
menor, se comparada à dos adultos.
• Apesar dos esforços da pesquisa em avaliar métodos
alternativos de controle, incluindo inimigos naturais,
atualmente o controle tem sido feito exclusivamente
pela utilização de inseticidas químicos.
Biologia
• O adulto de Schistocerca spp. mede cerca de 45 mm de
comprimento, asas anteriores são marrom
avermelhadas e as posteriores são amarelo claras. A
postura é feita no solo (50 a 120 ovos), sendo que à
medida que a fêmea vai retirando seu abdome do solo,
ela libera uma secreção espumosa, que secando, forma
uma espécie de tampa protetora e impermeável.
• A este conjunto (ovos + camada protetora, dá-se o
nome de "cartucho").
Biologia
• Após 30 dias surgem as ninfas, que durante suas duas
primeiras trocas de pele recebem o nome de
"mosquito" (12 mm de comprimento), a partir da
terceira muda recebem o nome de "saltões" (18 mm de
comprimento).
• Possuem cinco trocas de pele, findo as quais estarão
com 45 mm de comprimento.
• Os mosquitos são de coloração amarelo clara e não
apresentam nenhum vestígio de asas.
Troca de pele de gafanhotos.
Biologia
• Após este período surgem os saltões com rudimentos
de asas, e de coloração amarelo escura.
• Estas tecas alares vão desenvolvendo-se com as trocas
de tegumentos até que após a última muda, surgem os
adultos alados.
• O ciclo evolutivo completo é de aproximadamente 100
dias.
• Com relação a espécie Rhammatocerus sp., ocorre
principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais,
Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Identificação
Espécie Rhammatocerus sp
Identificação
Espécie Rhammatocerus sp
Identificação
espécie Rhammatocerus sp
Identificação
Schistocerca gregária
Identificação
Schistocerca gregária
Identificação
A forma gregária dos gafanhotos (à esq.) e a solitária (à dir.) (Foto: Tom Fayle/Divulgação)
uma das principais diferenças entre a forma solitária dos insetos e a forma gregária, que
vive em imensos bandos, é a quantidade de serotonina, três vezes maior nos bichos de
vida grupal.
Prejuízo
• As formas jovens de Schistocerca sp. se alimentam de
plantas rasteiras e, posteriormente, atacam arbustos e
até árvores. Permanecem sempre reunidas e se movem
em conjunto; somente à noite, em tempo muito frio ou
em épocas de calor muito intenso permanecem
estacionadas procurando abrigos.
• Os "mosquitos" causam pequenos danos, porém à
medida que se desenvolvem ("saltões") os danos são
mais severos.
• Os adultos reunidos em grandes nuvens, são
extremamente vorazes, não se podendo conter a sua
marcha invasora.
Prejuízo
Nuvem de gafanhotos extremamente vorazes.
Prejuízo
Prejuízo
Prejuízo
Prejuízo
Prejuízo
• Rhammatocerus sp. ataca gramíneas nativas do
cerrado, seguindo-se as culturas de arroz, cana, milho,
sorgo, pastagens, soja e feijão.
• Em 1971 teve-se registro de prejuízos nas pastagens de
São Paulo ao redor de 30%, com uma densidade média
de 60 indivíduos/m².
• Em Mato Grosso as nuvens de gafanhotos são do tipo
estratiforme, medindo 39 km de comprimento por 2
km de largura, estendendo-se do nível do solo até 30
metros de altura.
Controle
• Táticas e estratégias utilizadas no MIP das pragas
gerais em pastagens:
• Controle mecânico:
• pode-se fazer barreiras (lonas plásticas na vertical, de
cerca de 0,5 m de altura) para contenção do avanço das
ninfas (mosquitos e saltões).
Controle Químico
• para gafanhotos, deve-se controlar tanto os mosquitos",
como "saltões" e adultos. Para "mosquitos" e "saltões"
têm-se:
• a) marcar rigorosamente os locais de oviposição, bem
como as dimensões das áreas e datas das posturas,
• b) evitar revolver a terra onde os gafanhotos colocaram
os ovos,
• c) quinze dias após a postura, observar diariamente o
nascimento dos "mosquitos",
Controle Químico
• d) iniciar o controle logo após o nascimento, antes que
se espalhem,
• e) caso já tenham espalhado, localizar os locais de
reunião e iniciar o controle ao anoitecer ou ao
amanhecer, pois ficam concentrados devido ao frio e o
controle é bem mais fácil,
• f) o controle pode ser feito por meio de iscas ou
pulverizações utilizando-se fenitrotion (UBV) ou
triclorfon.
Controle
• Controle químico
• As iscas podem ser de dois tipos:
• iscas à base de inseticidas: farelo de trigo, arroz ou milho
(100g); triclorfon 80% (5 kg); açúcar mascavo (4 kg) ou
• melaço (8 l) e água (60 - 70 litros).
Controle Biológico
• O Brasil é reconhecido internacionalmente como o
maior exportador de tecnologia em controle biológico
de pragas.
• O caso dos gafanhotos, que atacam lavouras no mundo
todo, é exemplar. Pesquisadores da Embrapa
descobriram um fungo que é inimigo natural dos
gafanhotos e o reproduziram em laboratório.
• Pronta para ser lançada no mercado, a nova arma contra
a praga é um fungo, reproduzido no laboratório do
centro, que penetra pela "pele" do inseto quando ocorre
o contato.
Controle Biológico
• Em poucos dias, esse fungo germina, ramifica e solta
toxinas, destruindo os órgãos vitais do inseto e
amadurecendo até lançar esporos (sementes) interna ou
externamente.
• A morte do gafanhoto contaminado ocorre em nove
dias, e a eficiência desse tipo de controle biológico é de
80% a 90%, comemoram os pesquisadores.
• A conta compensa: "Por dia, os gafanhotos podem
comer 80 toneladas de plantação", diz Bonifácio
Magalhães, chefe-adjunto de pesquisa. A tecnologia
hoje é exportada para dezenas de países.
Controle Biológico
• A Organização para a Alimentação e Agricultura das
Nações Unidas, FAO, confirmou que uma fração de um
enxame típico pode comer tanta comida em um dia
tanto quanto 2.500 pessoas podem consumir.
• Os gafanhotos podem mover-se até 320 quilômetros em
um dia e chegar a áreas que podem estar até 2.000
metros acima do nível do mar.
• No entanto, não é seguro confiar em normas, gafanhotos
atingiram, entre 2005 e 2007, o vale de Zanskar na Índia,
o qual está localizado a 3.500 metros.
• As Américas viveram seus efeitos devastadores em várias
ocasiões, acredita-se que os insetos vieram voando sobre
o Atlântico, numa viagem de apenas 10 dias.
Controle Biológico
• Em 1993, o "Controle Biológico de Gafanhotos" foi
encomendado pela Organização das Nações Unidas para
a Agricultura e Alimentação (FAO), que o financiou por
um ano.
• A preocupação da entidade era a de encontrar um
método natural para dizimar a praga, já que o controle
químico, também financiado por ela em vários estados
brasileiros, fatalmente trazia conseqüências ambientais
negativas, alem de contar com resistências de
organizações ambientalistas.
Controle Biológico
• Quando grupos ecológicos do Rio Grande do Sul
entraram com mandado de segurança contra o
programa da FAO, tornou-se necessário buscar uma
alternativa à aplicação dos agrotóxicos.
• O inseticida mais comumente utilizado nas lavouras até
hoje é o Fenitrotion, que provoca a morte de animais,
como pássaros, e intoxicação de mananciais de água,
alem de matar inimigos naturais do gafanhoto.
• Ao detectar a importância da continuidade dos estudos
com o fim do contrato, a Embrapa decidiu mantê-lo.
Hoje, é a própria empresa quem banca o projeto.
Controle Biológico
• O gafanhoto é considerado uma das piores pragas da
agricultura brasileira. E também não é para menos, visto
que pode chegar a causar danos em áreas de até dois
milhões de hectares, como aconteceu no Mato Grosso,
um de seus habitats favoritos.
• Além de gregário, já que só anda em bandos, esse inseto
é bastante guloso (chegando a comer o correspondente
a seu peso por dia) e tem uma dieta alimentar muito
variada, que inclui desde gramíneas e pastagens - seus
pratos prediletos - até roupas e móveis.
• E, por isso, não é à toa que o governo brasileiro gasta
anualmente cerca de um milhão de dólares em
inseticidas químicos para controlar o gafanhoto.
Controle Biológico
• Diante dessa situação, a Embrapa - Recursos Genéticos e
Bitecnologia, situada em Brasília-DF, com o apoio da
Empresa Agropecuária do Rio Grande do Norte EMPARN, da Universidade Federal do Mato Grosso UFMT e da Delegacia Federal de Agricultura do Mato
Grosso, vem desenvolvendo um projeto de pesquisa.
• O objetivo é controlar biologicamente o gafanhoto,
através do uso de inimigos naturais da praga,
principalmente fungos e protozoários. Esses são capazes
de controlar o gafanhoto, sem causar danos ao meio
ambiente e à saúde das populações.
• Além disso, é possível reduzir drasticamente os gastos
necessários ao uso de produtos químicos.
Controle Biológico
• O projeto desenvolvido pela Embrapa consiste
basicamente no seguinte: os pesquisadores coletam os
microrganismos na natureza, isolando-os e
caracterizando-os em laboratório, para depois testar a
sua capacidade de patogenicidade sobre os insetos.
Atualmente, a equipe da Área de Controle Biológico da
Embrapa - Recursos Genéticos liderada pelo pesquisador
Bonifácio Magalhães, mantém três espécies de
gafanhotos.
• Elas foram coletadas no Distrito Federal, Mato Grosso e
Rio Grande do Norte (Rhammatocerus schistocercoides,
Stiphra robusta e Schistocerca pallens,), locais onde há
maior incidência dessa praga, apesar de ocorrer também
em Minas Gerais, Tocantins e Rio Grande do Sul
Controle Biológico
• Segundo Bonifácio, fungos de várias espécies têm sido
testados para controlar o gafanhoto, como Metarhizium
anisopliae, Metarhizium flavoviride e Beauveria
bassiana.
• Entre esses, o que vem apresentando melhores
resultados é o Metarhizium flavoviride, não só por sua
virulência elevada e pela resistência a altas
temperaturas, como também pelo fato de ser facilmente
produzido em condições de laboratório.
Controle Biológico
• O primeiro indício da existência de um agente biológico
letal para os gafanhotos no Brasil foi descoberto pelo
pesquisador Bonifácio Magalhães, chefe do projeto do
Cenargen. Ao percorrer uma área atingida pela praga no
Rio Grande do Norte, Magalhães achou alguns
exemplares do inseto no solo, recobertos por uma
espécie de mofo.
• As análises laboratoriais mostraram que a morte dos
gafanhotos havia sido causada pelo ataque de um fungo
do gênero Metarhizium, e a partir daí iniciou-se a
pesquisa sobre a sua reprodução em laboratório, bem
como a utilização e a eficiência na formulação de um
inseticida biológico.
Controle Biológico
• Apesar de dar preferência ao corpo dos gafanhotos para
a sua reprodução, o fungo também se desenvolve bem
em um substrato feito de arroz branco cozido
assepticamente, explica o pesquisador Marcos Faria,
membro da equipe de Magalhães.
• Inoculado no arroz, protegido de contaminação externa
e sob temperatura controlada, o Metarhizium
amadurece em cerca de 12 dias.
• Separados do substrato, os esporos, uma poeira fina de
coloração verde-escura, são dissolvidos em uma mistura
de óleo de soja e querosene, e, grosso modo, está
pronto o inseticida biológico.
Controle Biológico
Cultivo de Metarhizium anisopliae
Controle Biológico
• "Num primeiro momento, tentamos fazer o inseticida à
base de água, mas tanto as plantas quanto os
gafanhotos têm uma substância hidrofóbica que repelia
o produto, fazendo com que a contaminação dos
insetos, que ocorre através do contato direto com o
fungo, acabasse sendo baixa", conta Faria.
• Já o óleo apresentou várias vantagens. Além de grudar
nos animais e nas folhas da lavoura – os gafanhotos
também se contaminam ao andar sobre as plantas, a
sobrevida do fungo aumentou (no campo, a validade do
produto é de 72 horas) e ele consegue germinar em
condições de baixa umidade do ar.
Controle Biológico
• "Também aplicamos um método para desidratar os
esporos do fungo, o que dá uma vida de prateleira de
cerca de um ano ao produto.
• Isso é muito importante, já que o consumo desse tipo de
inseticida não é grande.
• Para uma indústria, manter a validade do produto por
mais tempo é uma questão de sobrevivência
econômica", diz Faria.
Controle Biológico
• O Metarhizium não elimina os insetos imediatamente,
como o pesticida.
• A morte ocorre apenas nove dias depois da
contaminação pelo fungo, mas no terceiro os gafanhotos
já param de comer.
• Mais caro que o uso dos produtos químicos, o controle
biológico tem a grande vantagem de livrar o meio
ambiente, os produtores e os consumidores dos efeitos
dos agrotóxicos. "No mercado internacional isso está se
tornando cada vez mais importante. A Austrália, por
exemplo, já adotou o controle biológico como bandeira
nacional”, diz Magalhães.
Controle Biológico
• Segundo os pesquisadores do Cenargen, o inseticida
biológico para controle de gafanhotos está pronto para
ser produzido comercialmente, e a Embrapa já está
negociando a fabricação com indústrias interessadas.
• O controle dos gafanhotos através do fungo
Metarhizium deve ocorrer na fase em que os insetos
acabaram de eclodir dos ovos.
• A aplicação do inseticida biológico é igual ao do produto
químico, – com pulverizadores manuais ou tratorizados
– e deve ser feita tanto sobre os insetos quanto nas
áreas suscetíveis ao ataque, nesse caso quando for
detectado algum bando nas proximidades.
O Diretor-Geral da FAO José Graziano da Silva enfatizou que a prevenção – e ação rápida, nesse
caso em que a prevenção falhou – é o que Madagascar precisa: “o custo das operações de
controle da praga de gafanhotos do deserto em Sahel em 2003-2004 foi mais de US$ 500
milhões, sem mencionar os danos em termos de perda de cultivos e ajuda alimentar. Esse valor
poderia ter financiado 170 anos de prevenção”.
“Em Madagascar”, adicionou Graziano da Silva, “o controle tempestivo do surto de gafanhotos
teria custado US$ 7 milhões em 2011/2012. Se não agirmos agora, a praga irá durar vários anos,
terá um custo maior e afetará severamente a segurança alimentar, nutrição e meios de vida”.
Os 1,5 milhões de hectares que precisarão ser tratados durante a campanha em 2013/2014 são
basicamente equivalentes a metade do tamanho da Bélgica. Mais de 2 milhões de hectares
terão que ser tratados com pulverização aérea até 2016 – cada ano, a área tratada irá diminuir
assim que as populações de gafanhotos forem reduzidas.
De acordo com estimativas da FAO, pode haver perdas na produção de arroz de até 630.000
toneladas, ou cerca de 25% da demanda total por arroz em Madagascar.
O arroz é o principal cultivo no país, onde 80% da população vive com menos de um dólar por
dia.
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