Perceber e Atentar Luciana Chequer Saraiva Messa FAEV REVENDO CONCEITOS • Resposta (R): aquilo que o organismo faz. • Estímulo (S): aspectos do mundo com os quais o organismo interage. Exerce influência sobre o organismo. • Contingências (relações funcionais): interação entre o organismo, o que ele faz e o ambiente. Um modificando o outro. ESTÍMULOS (S) • Devem fazer parte da contingência. • Podem atuar de modo antecedente (Sd modifica a probabilidade de respostas semelhantes voltarem a ocorrer) ou consequente (Sr). ESTÍMULOS (S) • Embora o estímulo seja um evento ambiental, nem todos os aspectos do ambiente necessariamente relacionar-se-ão com o comportamento do organismo. Há casos em que as diferenças na maneira como dois organismos reagem ao mesmo evento dependem de fatores que podemos chamar de perceptuais. • Cada espécie tem uma capacidade e limitações quanto à percepção dos sentidos. Com o ser humano não é diferente. • Ainda: uma pessoa pode atentar para algo que outra nem sequer notou! • Percepção em termos de estimulação, por isso.... Porém... • Se o corte for algo marcante, deve-se observar as fontes para a desatenção do rapaz. Então... • O que significa dizer que uma pessoa “percebeu” ou “atentou” para algo? • Descrever (emitir respostas verbais) relações consistentes estabelecidas entre organismo e ambiente. • Porque “perceber” e “atentar” e não percepção e Atenção? • Não se limita a um aparato fisiológico determinante. • Os 2 últimos devem se referir a áreas de investigação. • Em que contexto os analistas do comportamento falam em perceber e atentar? Perceber Diferenças e Semelhanças!!! Perceber • O que há em comum entre esses diversos usos do verbo perceber é que regularidades e/ou diferenças do ambiente podem controlar o comportamento de um individuo. O perceber, então, diz respeito ao responder (ou não) a certos eventos ambientais. O que caracteriza o perceber? • Contingências de reforço. • História da espécie (filogênese). • Prática Cultural. • Para o analista do comportamento, não faz sentido falar em termos de uma “realidade a priori' e de “representações internas da realidade”. Somente é possível falar em estímulo como parte de uma relação organismo/ambiente (i.e., comportamento) e, portanto, nunca como um evento independente que se impõe sobre um organismo “percebedor” passivo. Vamos aos exemplos • Poligamia • Jacob Zuma - África do Sul • 1942 até hoje. • O atual presidente do país segue a tradição tribal dos zulus. Em janeiro, aos 67 anos, chegou ao quinto casamento - mas calma lá, ele tem "apenas" três esposas (uma morreu e outra pediu divórcio). A opinião pública só se voltou contra Zuma Quando - ele admitiu que tinha ainda um filho ilegítimo com outra mulher, fora do(s) matrimônio(s). Aí é demais! • Então, conclui-se que perceber diz respeito a entrar em contato com parcelas do ambiente ou de relações consistentes entre parcelas do ambiente, mas sem considerar o organismo como um receptor passivo de estimulação. Isto é, o que é percebido se constrói na historia das relações entre o organismo e o seu mundo. • Perceber = responder discriminativamente a. • A existência de uma fisiologia capaz de detectar alterações anátomo-fisiológicas não é suficiente para que os indivíduos respondam discriminadamente a essas alterações; são necessárias contingências que propiciem o estabelecimento do comportamento. • Ex: Comunidade Verbal. Você viu isso? Atentar • Prestar atenção é um comportamento operante, controlado por suas consequências e estímulos antecedentes (Dinsmoor, 1985; Skinner, 1968; 1971). • Ao atentar para um estimulo do ambiente, o organismo pode ter a chance de responder de maneira apropriada na sua presença. • Por essa ótica, não seria mais possível dizer que alguém não aprendeu determinado conteúdo acadêmico porque não prestou atenção, como se fosse uma questão de “vontade” do individuo. O aprendizado, pelo contrario, dependeria de um arranjo de contingências que favorecesse o atentar do aluno aos estímulos relevantes de determinado conteúdo. Resposta de Observação • Ao se estabelecer um estimulo discriminativo para uma determinada resposta, esse estímulo passa a exercer funções reforçadoras condicionadas que mantém, como consequência, a ocorrência de respostas (Dinsmoor, 1983). Em decorrência desse valor reforçador do estímulo discriminativo, respostas que o produzam tem a probabilidade de ocorrência aumentada. Experimento com Pombos Manipular Relações de Controle de Estímulos • Busca-se compreender quais propriedades dos estímulos e da relação entre estímulos levam o individuo a atentar para as características que irão permitir que ele se comporte da maneira adequada em determinada situação. • Foi a essa relação de controle que se estabeleceu entre o estímulo discriminativo e o responder que Reynolds (1961) chamou de atenção, sugerindo que um determinado estímulo só exerce controle discriminativo sobre uma resposta caso o organismo atente para ele. • É perfeitamente possível que o organismo atente para apenas parte das propriedades presentes e, a rigor, apenas a propriedade que controla o responder pode ser chamada de estimulo. A Relação entre Perceber e Atentar • E possível notar que as situações a que nos referimos como perceber e atentar são muito sutilmente diferenciadas, de tal maneira que, muitas vezes, ambos os termos parecem estar sendo usados praticamente como sinônimos. Isso ocorre porque as contingências que envolvem o perceber e o atentar são entrelaçadas, mutuamente dependentes e compartilham um elemento comum, um estimulo com dupla função. • A contingencia principal, desenhada horizontalmente, mostra o estímulo discriminativo, a resposta principal discriminada e sua consequência reforçadora. A segunda contingência, desenhada verticalmente, mostra a Resposta de Observação, que tem, como consequência, a produção do estimulo discriminativo da contingência principal. • Quando o enfoque da analise recai sobre o responder principal sob controle discriminativo, normalmente estamos nos referindo ao comportamento de perceber ao organismo. Por outro lado, quando focamos a análise na resposta de observação, geralmente estamos nos referindo ao comportamento de prestar atenção do organismo. • No exemplo de um motorista que freia o carro diante de um acidente, pode-se dizer que, ao ver o acidente (SD) e frear (Rp), ele “percebeu” a situação. Quando ele fixou o olhar na direção do acidente (RO), pode-se dizer que ele “atentou” a essa situação de perigo. Nesse exemplo, nota-se que falar em atentar ou perceber depende de qual resposta (RO ou Rp respectivamente) está sendo focada. • A diferença está em qual contingencia está sendo focalizada na análise. Perceber diz respeito a desempenhos diferenciados controlados por diferenças ambientais e a desempenhos semelhantes controlados por ambientes indiferenciados. Atentar diz respeito a como o organismo entra em contato com essas diferenças e igualdades. • Perceber: “o que” . • Atentar: “como”. Aplicação • Quais as vantagens em se estudar o perceber e atentar como comportamento? • Ensino: facilitar o aprendizado no ambiente escolar. • Pessoas com desenvolvimento Atípico. • Exemplo experimental: Teoria de Coerência de Topografias de Controle de Estímulos. • Nos estudos envolvendo controle de estímulos, o pesquisador tem que garantir as condições para que o sujeito preste atenção aos aspectos relevantes da situação experimental. • A super seletividade de estímulos (autismo) é um fenômeno importante de ser estudado e controlado, mas o ensino de pessoas que não tem esse problema, sejam elas com desenvolvimento típico ou atípico, também é de suma importância. Experimento para ensino da leitura e escrita (Módulo 1 - típico). • Apos 6 meses de ensino da primeira turma de alunos, comparou-se o repertorio de leitura dos mesmos com os alunos que não passaram pelo currículo suplementar. • Observou-se que, enquanto os alunos do projeto liam praticamente 100% das palavras ensinadas e cerca de 67% reconheciam palavras novas (nunca ensinadas), os alunos que não passaram pelo projeto liam aproximadamente 23% dos dois conjuntos de palavras. • Esse é um resultado interessante, que mostra o potencial para o ensino das pesquisas envolvendo controle de estímulos. Conclusão • Esperamos ter demonstrado que essa diferença conceitual (processos relacionais em vez de processos internos) não é uma diferença trivial. Sobretudo no âmbito da educação, nossas estratégias de ensino podem ser muito melhor direcionadas se entendermos que o comportamento esperado não ocorreu porque o individuo jamais entrou em contato com as contingencias esperadas, ou porque contingencias alternativas ou incompatíveis estavam em vigor, ou simplesmente porque o organismo não era sensível a alguma parcela do ambiente projetado pelo professor. VOCÊ SABIA? • A caixa pesada e as cores. • O azul e a claustrofobia. • Amir Klink e o Diamante Negro.